quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Contributo para a diminuição do deficit

De forma profundamente patriótica e demonstrando um elevado sentido do dever público o Sr, Ministro das Finanças (e da Administração Pública também, não é?) manifestou-se disponível para fazer baixar o seu próprio salário para assim poder dar o seu contributo directo para a redução do deficit.

Permita-me que aceite, excelência.

Se é necessário? É mais que necessário. O Sr. Ministro bem sabe o que tem pedido aos outros.

Permita-me então uma sugestão. Reduza em 10% a remuneração de todos os detentores de cargos públicos e de nomeação política e obterá uma poupança superior a 12 549 742 €.

Posso facultar ao Sr. Ministro o ficheiro excel onde fiz os cálculos.

Mas adianto os principais vectores no quadro seguinte:




Os custos anuais com estes detentores de cargos e nomeados políticos perfazem 125497424€ pelo que descontando os propostos 10% se obtém o valor já indicado.

Como o Sr. Ministro facilmente verificará, os cálculos foram feitos “por baixo”. Não incluem os Governos Civis e os respectivos gabinetes, assim como não se incluem os vencimentos dos gestores de empresas públicas, institutos públicos e fundações.

Não se incluem os Parlamentos, Governos e Gabinetes das Regiões Autónomas.

Não se incluem os Gabinetes pessoais dos Sr. (s) Ministros e dos Sr.(s) Secretários de Estado, enfim…outros tantos.

Se acolhesse esta singela proposta, que grande serviço prestava ao País, Sr. Ministro e já podia deixar os funcionários públicos em paz.

Aliás, não constitui uma prova cabal de incompetência dos governantes esta prática “baixa” de culpar os funcionários públicos por todos os públicos males?

Quem os recruta? Quem os gere? Quem os avalia? Quem lhes determina objectivo? Quem lhes castra competências e vontades? Quem os aniquila com uma hierarquia de filosofia de chefe?

Quer discutir Função Pública, Sr. Ministro?

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Palavras e orçamento




Às 22,22 de 26 de Janeiro de 2009 foi entregue a proposta de Orçamento para 2010.
Conclui-se assim um penoso processo de «copy paste» muito em uso na administração pública portuguesa, que contou apesar de tudo, nesta edição, com novos recursos cénicos, caracterizados em torno de uma farsa negocial e de forte dramatização.
Garantidas as abstenções dos que não teriam tido pejo nenhum em votar a favor, ou mesmo assinar por baixo, dá-se agora início aos novos actos.
Aumentos zero(???) na Função Pública.
Quebra no investimento público
Diminuição de 0,9 % no deficit.
Crescimento do PIB abaixo de um ponto.
Crescimento do desemprego, fazendo situar este na casa dos dois dígitos.
Recusa em taxar as mais valias especulativas.
São os grandes temas, as palavras que invadem o nosso quotidiano.
Poderíamos abreviá-las e dizer simplesmente…mais do mesmo.
Que querem dizer quando falam de aumentos zero?
O que pretendem fazer quando convocam os sindicatos para discutir os aumentos salariais (?) na Função Pública?
Brincam com as palavras ou já nem sequer os significados destas eles respeitam?
Quem votou PS como mal menor face aos perigos da direita o que pensa agora quando o PS faz a politica que a direita aplaude.
Aliás, até um pouco mais do que ela faria (por complexos) se fosse ela a estar no poder.
Ao PS não basta empertigar-se de esquerda, é preciso no mínimo, parecê-lo.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Contributos para uma reflexão politóloga




Agora que é cada vez mais efervescente a luta interna no PSD - julgo mesmo que a efervescência não tem nada a ver com a liderança - decidi dar o meu pequeno contributo para a necessária reflexão politóloga que julgo necessária.
Elaborei para o efeito umas propostas de tese.
Primeira proposta de tese (PPT):
Apesar de não formalizado existe em Portugal um novo partido político. Nasceu da metamorfose interna de um outro, ou melhor da «cuculidaedização» - termo que irei desenvolver na SPT (segunda proposta de tese) - a que o seu criador procedeu.
Tal facto, agravado por não ter sido assumido - o que é traço distintivo do processo de «cuculidaedização» - tem contribuído, por um lado, quase à extinção dos politólogos - hoje quase totalmente suprimidos - pelos notáveis comentadores comendadores e por outro, ao total descalabro de empresas de sondagens e principalmente a estas. Tal é o desnorte.
Segunda proposta de tese (SPT):
Desenvolve-se em Portugal (tudo indica por contágio continental) um processo que pode ser designado por «cuculidaedização» e que consiste em aproveitar ninho alheio para desenvolver projecto próprio. O progenitor (o cuco), aproveitando ninho de outrem, coloca para gestação as suas propostas, que rapidamente ocupam o espaço e vingam, levando inclusive os progenitores da outra espécie, a alimentar (sem saber ou sem se importarem) os rebentos assim nascidos.
Terceira proposta de tese (TPT):
Parece existirem em Portugal, as condições propícias, para o desenvolvimento de uma nova espécie de indivíduos políticos (os MPQOP - os Mais Papistas Que O Papa).
São em regra originários das escolas de formação de um partido de esquerda (de esquerda de facto), mas que por vicissitudes diversas - que nem os próprios sabem explicar, mas que são de explicação simples - resolvem mudar de ares políticos.
Quase todos aterram em ninho que, para alívio da consciência deles - dizem próximo do seu ninho originário, embora se tenham já registado casos de voos para ninhos mais distantes - e depressa conquistam aí enorme simpatia.
De tal forma que logo são candidatos a deputados, ao de cá e ao de lá e a presidentes de Câmara. Este fenómeno é facilmente identificável em Évora.
Rapidamente se assumem como arautos esganiçados de voos mais altos e depressa são defensores incansáveis do processo de «cuculidaedização» em curso.
Uma crónica de hoje de um destacado MPQOP publicada no Público é disso bastante elucidativo, disse o dito cujo: “ …a sua oposição à modernização social democrata da teoria e da prática política do PS (que o levou a uma afinidade electiva com a esquerda radical…) esclareço que este MPQOP se está a referir a um homem que é militante de longa data do partido a que ele aderiu à pressa… e está também, explicitamente a confirmar o tal processo de nome esquisito que por economia da vossa paciência me abstenho de mais uma vez referir.
Na perspectiva de ter contribuído para o necessário debate em politologia… ou deverei dizer…em ciência política? Aqui vos deixo estas PT (propostas de tese).

domingo, 24 de janeiro de 2010

Certamente por lapso



Insisto nas questões do património (entendido este na perspectiva que aqui já deixei ficar clara) porque o considero um tema da máxima importância.
E é por assim ser que acompanho com atenção todas as iniciativas que o tenham como objecto de análise e discussão, assim como a própria acção dos auto designados patrimonialistas.
E são patrimonialistas os arquitectos; urbanistas, paisagistas, historiadores, arqueólogos, artistas, historiadores da arte e quase nunca aqueles que a ele se dedicam na perspectiva social.
Como se o património fosse algo que deve ser estudado de forma dissociada da sua componente vivencial, como se tivesse surgido do nada, nada representasse no presente e para o nada caminhasse.
Para além daquele universo de frases feitas, tipo «as pessoas também são património» é um facto que hoje ninguém questiona a importância do património imaterial no conjunto dos bens patrimoniais, assim como, são muitos os que entendem que, por exemplo só com a vivificação dos centros históricos
se garante com eficácia a sua preservação.
Que perturbante seria calcorrear as ruas e travessas de um centro histórico sem gente. Como já é perturbante verificar o estado de ruína de muitos dos seus edifícios, constatar que o barbeiro fechou, que a mercearia tem afixado um grande cartaz de vende-se de uma conhecida imobiliária, que a taberna virou snack e que este virou coisa nenhuma.
Só há uma verdadeira política patrimonial se esta tiver no seu cerne e como objecto as pessoas. Pessoas que o salvaguardem, que o projectem, que o usufruam e que o entreguem em bom estado de conservação às gerações futuras.
Não nos esqueçamos que o património é um elo geracional.
O texto de hoje, sendo a este propósito, é também um estado de alma.
Aqui, nesta cidade que em tempos se soube projectar ao estatuto de Património da Humanidade, habituámo-nos a ver o desprezo a que se vota a «galinha dos ovos de ouro», a desprezar-se e a questionar-se a utilidade de investir na salvaguarda do centro histórico.
Aqui o património não se enquadra com a «excelência». E a «excelência»como sabemos é acabar com o cinema, com as iniciativas que preenchiam as ruas, é construir praças de touros em praças alheias e chamar-lhes arenas, é promover o marialvismo e dar a primazia à comedora de croquetes.
Mas não gosto e esse até é o propósito central do texto que, onde esperava que nas questões patrimoniais pusessem em primeiro plano as pessoas, constate que se promovem umas jornadas do património (Montemor-o-Novo) onde estas não estão incluídas.
Vão discutir o património e discutem desde o megalitismo à azulejaria, das espécies autóctones dos Sítios de Cabrela e Monfurado ao Rio Almonsor e não discutem o riquíssimo património imaterial do concelho, as problemáticas associadas ao habitar nos centros históricos, a forma de usufruto patrimonial ou as formas de potenciar o património como factor para o desenvolvimento económico e social.
Acredito que em Montemor é só um lapso.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Processos de tomada de consciência




Interessa-me, melhor, fascina-me, a análise dos processos de tomada de posição individual (ou os chamados processos de tomada de consciência).
Porquê, dois homens (ou duas mulheres), ou um homem e uma mulher (e ou vice-versa por razões do politicamente correcto), nas mesmas condições: económicas, culturais, sociais, conjunturais, estruturais têm, sobre o mesmo assunto, posições diametralmente opostas?
Uns dizem que é determinante a condição social, outros contrapõem com argumentação de ordem genética, outros enredeiam-se nos factores culturais.
Este disederato, que vos prometo abandonar desde já, vem a propósito, para o caso, do Haiti.
Para uns, os mais de 15 000 soldados norte americanos (para pouco mais de 300 socorristas) estão no Haiti para «ajudar».
Incluem-se nestes, a maioria dos agentes dos media e consequentemente, acredito, a maioria dos portugueses.
E alguns colegas e amigos meus.
Estarão certos?
Como era bom acreditar que sim.
Mas muitos duvidam e falam de ocupação.
E eu sou dos que duvidam.
É unânime aceitar a tragédia como consequência natural - já serão poucos, mas ainda existirão os que a julgam como consequência divina - mas há os que afirmam ter a mesma sido consequência de atitude deliberada da marinha norte americana.
Consequência da badalada teoria da conspiração?
A maioria acredita na tese naturalista (e outros na divina).
Tenho colegas e amigos que assim pensam.
E eu duvido desta tese e julgo que não é disparate julgar que ali houve mão humana.
Mas se não a houve no terramoto, houve-a de certeza na potenciação da suas consequências.
O que provoca então semelhantes antagonismos?
Julgo que diferentes estádios de aproximação à verdade.
É neste processo que, os que verdadeiramente não a renegam, devem apostar.
Esforcemo-nos então e façamos o caminho pelos nossos próprios meios - as boleias que se nos oferecem são duvidosas.
Eu esforço-me por fazer o meu próprio caminho.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Promessas




Há oito anos que vivemos de promessas. Ou melhor, um pouco mais, pois elas começaram antes ainda.
Não deixa de ser verdade que eram aliciantes.
Pavilhões de Congressos, Multiusos, Parque de Feiras e Exposições, Complexo Desportivo. Habitação para todos ao preço da uva mijona, empregos aos milhares, fábricas de aviões de todos os modelos, desenvolvimento a levantar voo…Uma cidade de excelência.
De tal forma são as expectativas que hoje, mal uma escavadora remexe umas terras e logo se conclui: já começaram as obras da fábrica dos aviões, até já estão a receber inscrições…ou… já começaram as obras do Fórum…antes do final do ano temos Centro Comercial…ou…
E assim foi quando foram detectadas escavações junto ao IZI. Eis as ambicionadas obras de construção do Fórum…aspirou-se.
Afinal não são.
São de um outro empreendimento.
Mas tudo indica que ainda este ano se iniciarão as obras não do Fórum, mas de um Retail Park, com algumas dezenas de lojas, duas salas de cinema e restauração.
Uma lufada de descompressão pela mão da iniciativa privada.
Pelo menos parece que vamos ter cinema na cidade de excelência.
Mas o que parece ser evidente é que já acabou a embriaguez.
Falta saber como se vai viver a ressaca.
E ela é dolorosa.
Ainda só estamos na fase das náuseas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

HAITI os desabafos e as perguntas a que tenho direito




Já tentei vezes sem conta iniciar este texto.
Já escrevi.
Já apaguei.
E não sei ainda se agora fica.
Quero escrever sobre o Haiti.
E quero, não por capricho, mas por imposição cívica e ética.
Mas que sei eu? Que direito tenho, no abrigo seguro (até agora)do meu lar, a falar ou escrever sobre a dor dos que para a subsistência NADA têm de bom e TUDO têm de mau?
Mas para além do choque que as imagens que nos transmitem me provoca, chocam-me outras «imagens».
A que distância dos EUA está o Haiti? Porque demora tanto o auxílio?
Onde estão os soldados que os EUA dizem ter enviado? O que fazem ? - não quero sequer imaginar que foram para ficar, mas com outros fins.
Não havia um plano de contingência perante as anomalias que afectaram o C130 da Força Aérea Portuguesa?
Se se tratasse de uma (mais uma) invasão militar para anulação de armas de destruição maciça, as coisas processar-se-iam de igual forma?
O que faz o Sr. Clinton, mais conhecido por outras performances, na coordenação logística do apoio norte americano? E o texano que não foi capaz de socorrer os seus concidadãos?
A ONU é só mais um corpo ou é de facto a Organização das Nações Unidas? Não lhe competiria a coordenação e direcção de todo o processo de socorro e apoio?
Depois das perguntas desabafo, retenho como bom, a enorme solidariedade que em todo o mundo se levanta. Cidadãos sem nome que agem, das mais diversas formas, para minimizarem a dor dos que hoje sofrem.
Assim como retenho o papel da AMI, uma gota de água no oceano é certo, mas uma gota a que se juntaram muitas outras.
Conquistaram o meu respeito.
Guardo também, pela negativa, o anúncio de HOJE, da doação feita pelo Patriarcado de Lisboa.
20 mil euros!!!
Bastaria que cada um dos cerca de 80000 que assinaram o abaixo assinado para defender a realização de um referendo sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo - uma intromissão nos juízos e opções de cada um - friso, bastaria que contribuísse com UM EURO, para que a expressão dessa solidariedade não roçasse o ridículo.
É a Igreja que se tem. Cada vez mais distante do seu rebanho.
Pela minha parte não fiz certamente o que se impunha.
Mas fiz.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Cidades









Duas cidades são hoje objecto de especial abordagem pelo «Público» uma no corpo do próprio jornal e outra na Revista Pública que é um seu suplemento.
Duas cidades portuguesas e ambas classificadas cidades Património da Humanidade.
Retive algumas passagens dos textos publicados:
“Durante mais de vinte anos (…) trabalhou para ser reconhecida a nível nacional. Agarrou-se à história e ao património para contornar os problemas estruturais de uma região marcada pela agonia das indústrias tradicionais. Hoje é uma das cidades mais reconhecidas entre os portugueses (…) a afirmação internacional é o próximo passo e (…) quer ser um exemplo de desenvolvimento para as pequenas e médias cidades europeias”
«O ambiente urbano e a cidade também são cultura. A regeneração urbana é um investimento que induz um estar cultural na população - diz Maria Manuel Oliveira, professora Universitária.
Guimarães e é esta a cidade que centra as observações reproduzidas é Capital Europeia da Cultura em 2012. Investe na recuperação patrimonial, projecta residências para criativos e para artistas.
Sobre a outra cidade:
«Em (..) não há nada para fazer. Não há concertos, não há bares giros, não há um cinema» diz uma jovem entrevistada.
«Não há empregos nem uma perspectiva de vida aqui» todos os jovens entrevistados sonham ir para Lisboa.
«Ele apostou (referindo-se uma entrevistada ao Presidente da Câmara) numa ideia de modernidade para a cidade, que nunca se concretizou» - e acrescentou: «Quando vim para cá viver, há 20 anos, havia várias livrarias, havia teatro, havia cinema, agora não há nada. Nem um grande centro comercial como quase todas as cidades médias em Portugal…»
Em (…) ninguém acredita no que diz o Presidente da Câmara. Temos a sensação que ele anda a gozar com as pessoas.
Desgraçadamente estas últimas referências são sobre a nossa cidade.
Já aqui afirmei que Évora é uma cidade deprimida.
O diagnóstico que o trabalho do jornalista Paulo Moura expõe é a confirmação dessa enfermidade e a indicação do seu estado agudo.
Se eu fosse Presidente de Câmara (desta cidade, onde os cidadãos formam esta opinião e outras… muitas outras não já só sobre o trabalho, mas até sobre o carácter) …amanhã, logo na abertura dos serviços, apresentaria a demissão e tudo faria para entregar ao povo o direito à correcção de rumo.
Mas ficar-se-á (ele) só pelas ameaças, por mais meia dúzia de parangonas sobre a cidade do faz de conta em que ele (e só ele) acredita viver e por mais um ou dois ataques de fúria contra todos os que ousem dizer-lhe não.
Uma é Capital Europeia da Cultura - Guimarães.
A outra, a nossa amada cidade de Évora, é desgraçadamente a cidade da não cidade.
Que renega a sua identidade e se projecta para o vazio.

sábado, 16 de janeiro de 2010

ALQUEVA




Pronto, o grande lago está finalmente cheio (a 13 Jan 2010). 250 Km2 de espelho e cerca de 4150 hectómetros cúbicos de água.
Tão cheio que está a proceder a descargas debitando cerca de mil metros cúbicos segundo.
Eis então a grande reserva estratégica de água de que o país precisava.
E que estratégia é essa?
Hidroeléctrica? Agrícola? Turística?
Não tendo vindo nenhum mal de maior (até agora) e bem também é de registo menor, por tal, a verdade é que a expressão maior que se faz sentir é no plano turístico.
Mas a propósito de Alqueva e da aspiração que ao longo de anos ele (o empreendimento) representou para ao Alentejanos (quem não se recorda do famoso: «Construam-me porra») e por um mero imperativo de memória decidi aqui recordar que a decisão da sua construção foi tomada, num Conselho de Ministros de… 1975.
Aliás, é nesse mesmo ano que um outro empreendimento estratégico para a Região e para o País recebe via verde para avançar: a construção da Petroquímica de Sines.
Veja-se…1975.
Quando hoje nos pintam tais tempos, como tempos tenebrosos em que não ficou pedra sobre pedra nem na economia, nem nos valores, recordam-nos depois alguns (teimosos) que afinal foram anos de tentativas de construção de um sonho para quem acabava de despertar de um longo pesadelo.
Para além disso, fica também claro, que foram anos de planeamento.
Não deixa de ser interessante, quando se verifica que a única coisa que os governantes actuais (e próximos) sabem planear é a forma de obter a próxima maioria parlamentar.
Para fazer aquilo que amargamente sabemos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Património, de novo

Parte III

(…) Hey por bem que daqui em diante nenhuma pessoa de qualquer estado, qualidade e condição que seja, desfaça ou destrua em todo, nem em parte, qualquer edifício que mostre ser daqueles tempos [antigos] ainda que em parte esteja arruinado, e da mesma sorte as estátuas, mármores e cipos. (…) «lâminas ou chapas (…) «medalhas ou moedas».
Decreto Régio de D. João V (1721) - Fonte Wikipédia.

Já vem de longe a resposta para a pergunta do articulista.
Adiante então…

A questão do usufruto

O património que não esteja acessível e que não possa assegurar por essa via a sua função cultural só pode ter valor na perspectiva da sua própria manutenção.
Função insuficiente, diga-se.
Alguns casos concretos com Évora como cenário:

Troço das muralhas junto ao Mar de Ar Muralhas. Parece que ficou salvaguardado que havia obrigação de garantir o livre acesso a todos e julgo mesmo que tal nunca foi impedido, mas a verdade é que a arquitectara do espaço criou uma barreira que o dificulta.

Partes do traçado da via romana, nomeadamente os que foram objecto de escavação arqueológica (R. Vasco da Gama). Foram de novo soterrados numa perspectiva conservacionista da mera esfera da concepção arqueológica.

Importante troço da via romana descoberto junto ao Aeródromo de Évora. Para quando a facilitação das visitas?

Poderia citar outros, mas importam como exemplo.


Em relação - de novo - a S. Bento de Castris e na perspectiva de poder contribuir para afastar a ideia da sua inevitável conversão em unidade hoteleira, porque não o desenvolvimento de uma parceria que envolvesse organismos descentralizados da administração central, o município, fundações, empresários, Universidade de Évora e cidadãos individualmente na perspectiva de desenvolver projecto que pudesse apontar para um centro cultural dinâmico e de referência nacional e internacional?
Que se integrasse e contribui-se para desenvolver outros projectos que vivificassem uma vasta área de importantes riquezas patrimoniais que engloba o Alto de S. Bento, o Aqueduto, o Convento da Cartuxa, o Convento de St. António.
Que criasse um «corredor» que a ligasse ao Centro Histórico e por essa forma contribuísse para um maior usufruto patrimonial aos eborenses e aos seus inúmeros visitantes.
É só uma ideia.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A tragédia no HAITI

Continuamos estupefactos e em choque a receber informações sobre a tragédia que se abateu sobre o povo do HAITI.
Se nada mais nos for dado fazer que pelo menos dediquemos um pouco do nosso ocupado tempo para reflectir sobre a finitude do homem e pela importância de dedicar mais respeito à sua vida.
A todas as vítimas e aos seus familiares e amigos o meu pesar.

De novo, a questão do (s) Património (s)



Para evitar sucessivos recursos ao esclarecimento do conceito, informo que abordo, neste texto e nos próximos se não fizer alusão diferente, a problemática do património nas perspectivas histórica e cultural e que conceptualizo estas como enquadrando as vertentes materiais, imateriais e naturais.
Assim integro todo o edificado de valor histórico e cultural de que o Centro Histórico de Évora é expoente, assim como integro o cante e inúmeras «relíquias» de tradição oral (estórias, poesia), certas expressões artesanais, sem descurar a gastronomia e doçaria, assim como, na vertente natural, o maciço rochoso do Alto de S. Bento.
Explicado o conceito e ainda a propósito da dúvida sobre a utilidade de investir na recuperação dos Centros Históricos a que aqui já aludi, pretendo confrontá-lo com a definição «contabilística» para o mesmo e verificar que onde se esperavam grandes contradições, se registam pelo contrário algumas importantes similitudes.
“Património em contabilidade são os bens, direitos e obrigações que uma empresa possui”(fonte Wikipédia) e
“Património Cultural é o conjunto de todos os bens, materiais ou imateriais, que pelo seu valor próprio, devem ser considerados relevantes para a permanência e a identidade e cultura de um povo” Fonte: Lei 13/85 (entretanto revogada pela Lei 107/01).
Investir na preservação, valorização e usufruto dos bens patrimoniais, não pode pois ser objecto da dúvida pela rentabilidade do investimento, mas deve antes constituir-se como obrigação de todos, já que o mesmo não só não é propriedade nossa – só nos foi confiado o uso e a guarda temporária - como ainda este se constitui como elo civilizacional que ninguém nos deu o direito de quebrar.
A própria Lei 107/91 no seu art. 11.º estabelece essa obrigação.
Mas há uma questão importante que friso, sempre que abordo a temática do património e esta prende-se com o direito ao usufruto.
Tem sido recurso, como forma que nos dizem única, para preservar alguns espaços e construções, transformar os mesmos em Unidades Hoteleiras (Os Hotéis Mar de Ar Muralha e Aqueduto e o Hotel Convento do Espinheiro para falar dos mais recentes), se é indiscutível que se salvaguardaram, já não é claro que, o usufruto por todos tenha ficado salvaguardado.
Dizem-nos agora que esta é a solução para o Convento de S. Bento de Castris. Será?
Afinal o Património é ou não um negócio?
O que pode ser rentável, recupera-se (e recebe-se inclusive contrapartidas financeiras por tal facto) o que não se apresenta como tal (inúmeros fogos do C.H.) deixa-se ruir.
Era sobre este Património que o articulista lançava a dúvida sobre se valeria a pena investir na recuperação dos Centros Históricos, não era?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sinais de depressão





O I.N.E. publicou em Novembro de 2009, o Anuário Estatístico da Região Alentejo 2008.
Numa consulta breve aos dados referentes a Évora e independentemente de abordagens mais profundas que se justificam para alguém que quer compreender a sua cidade e a sua região, ressaltam informações, no tocante às questões demográficas, que merecem desde já uma necessária reflexão:
A população residente diminui de 56519 (em 2001) para 54780 em 2008 - Uma perda de 1739 pessoas (3% da população).
Mesmo admitindo, no plano meramente técnico, a insuficiência da estimativa de 2008 e aguardando a confirmação ou infirmação da tendência de diminuição populacional através dos Censos de 2011, a verdade é que estamos na presença de um fenómeno (diminuição ou estagnação populacional) que difere grandemente das projecções demográficas que a CM fez constar dos Relatórios do PDM (projectavam 64614 habitantes para 2011) e que em nada se associa a uma dinâmica propalada de cidade de excelência onde dá gosto viver.
Preocupante é também o facto de, em 2008, se registarem 2456 pessoas a auferir o subsídio de desemprego -logo, o n.º de desempregados é bem superior). Em 2001 eram 1727, ou seja, em 2008, há mais 729 pessoas desempregadas a receber subsídio de desemprego o que representa um crescimento de aproximadamente 30%.
Não havendo possibilidades de comparação com 2001, registamos que em 2008 há 2204 pessoas a receber o Rendimento Social de Inserção e 16568 pensionistas (invalidez, velhice, sobrevivência) + 735 pessoas.
Assim e não disponibilizando o INE ao nível concelhio dados sobre população activa, atente-se nos seguintes factos:
De 46708 indivíduos residentes em Évora com mais de 15 anos, identificámos:
2456 (5%) Auferem subsídio de desemprego;
2204 (4,7%) São beneficiários do RSI
16568 (35,5%) São Pensionistas.
Dos 24480 não referenciados, sabemos que 12029 são trabalhadores por conta de outrem.
Os restantes 12451serão empresários, trabalhadores por conta própria, profissionais liberais, estudantes, desempregados sem auferir subsídio e outras situações.
O intervalo de idades grosso modo correspondente à população activa, apresenta claros sinais de envelhecimento.
Convenhamos que são indicadores que não atestam da vitalidade da cidade e desfazem a argumentação panfletária de uma cidade moderna.
Não partilho das ideias dos que associam sempre desenvolvimento, a crescimento e muito menos a crescimento populacional, no entanto, o que os dados nos mostram é que não só não se verifica crescimento como antes se verifica regressão , isto a par do registo do fenómeno do duplo envelhecimento que vem marcando a Região.
Os dados, são característicos de uma cidade deprimida.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PATRIMÓNIO




A propósito dos custos, e nos tempos que correm parece que tudo se analisa sob esta perspectiva, li hoje, acidentalmente diga-se, um pseudo editorial de um jornal da terra, onde o articulista debita a dúvida, sobre se valerá ou não a pena (tão bom seria que a pena não tivesse debitado tal disparate, mas não há que esperar mais) investir na recuperação dos Centros Históricos.
Não é assunto para desprezar. Ou menosprezar, como alguns, assobiando para o lado, fazem.
À custa dele – o posicionamento face ao Património – pode a CDU encontrar um dos factores que levaram à sua perda de influência política em Évora.
O que o escriba de hoje nos procura dizer, interrogando, quando tem a resposta artilhada, é que o investimento na recuperação patrimonial é um investimento errado.
Recuperar uma casa no Centro Histórico de Évora é mais caro do que fazer uma mansão nos subúrbios, além de que a casa no CH não poderá dispor de piscina, cave para os vinhos e grandes áreas para os churrascos.
Por isso deduz-se, que constará da sua artilhada resposta: abandonem-se os Centros Históricos, ou talvez seja mesmo, deitem-se abaixo os velhos casarios, construam-se avenidas largas e rectilíneas, construam-se altas torres, modernas, elegantes e esguias e então sim, viveremos numa cidade moderna.
Talvez se conservem o Templo Romano, que por razões de marketing territorial insistiremos em denominar de Diana e a Sé de Évora, não vá o senhor Bispo não gostar da nova que projectávamos estilo coche (em similitude à caravela do Restelo). Afinal é preciso guardar algumas lembranças…o resto perpetuava-se através de postais ilustrados.
O património, atente-se na própria designação, é: pertença, identidade, valor e afirmação.
O dinheiro usado na sua conservação e USUFRUTO é investimento.
Voltarei certamente ao assunto, até porque ele me é muito CARO.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Porque hoje é…sexta-feira




A água voltou às torneiras.
Os professores estabeleceram um acordo com o Ministério.
O delgado teve que meter a viola no saco e dizer hoje o que havia contradito ontem.(Não percebo, santo ingénuo, esta coisa das noticias comentadas)
Foi aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Creio que a bolsa está no verde (embora a minha esteja no fundo)
É sexta-feira.
Tudo parece correr bem no reino da dinamarca.
A não ser…
Que ficámos a saber que 600 000 conterrâneos não têm emprego. (e publicassem eles os dados sobre a qualidade do emprego daqueles que têm uma coisa que se assemelha a isso…)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Viva a Economia





Aqui na minha cidade, continua o problema do abastecimento público de água.
Transformaram um bem público num negócio de alguns e agora, todos (quase) sofrem as consequências.
Tenho um fiozinho que o esquentador se recusa a reconhecer.
Ainda por cima o S. Pedro, para ajudar, parou a chuva que sempre dava para aproveitar alguma água dos beirados e mandou o frio de rachar.
Banho assim??? Arre!!!
Há que aguentar e de cara à banda.
Há quem, noutro espaço da blogosfera esteja a tratar e bem do Zé do Cano.
Mas é de negócios que quero falar.
Pela manhã ouvi na telefonia (posso dizer assim, não posso?) um senhor economista vociferando contra os professores porque, dizia ele - sem contraditório, como gostam - que é inadmissível que todos os professores pretendam chegar ao topo das suas carreiras.
Claro, para quem atinge o topo só com golpes de cintura, é inadmissível que os professores se revoltem contra as tentativas de impedir - através de artimanhas regulamentares - a normal progressão na sua carreira.
Mas, como disse, é de economia que quero falar, até porque alguns economistas - as vedetas mediáticas - é que são dadas a falar sobre tudo e com eloquência, além de que não tenho a menor dúvida, que os professores sabem bem melhor falar de si.
E pretendo dizer uma coisa muito simples: Fiz as pazes com a Economia.
Que culpa poderá esta ter, por albergar no seu seio semelhantes araras?
Que culpa poderá ter, se o interesse mediático se centra, não na Economia, mas sim nos porta vozes de serviço ao sistema capitalista?
Que culpa poderá ter se silenciam aqueles que a respeitam?
Que culpa poderá ter de, em seu nome, só se abordarem questões financeiras - fundamentalmente na perspectiva especulativa - e pouco ou nada da ciência económica?
Aos economistas não araras do regime devo um pedido de desculpa.
Por vezes considerei tudo farinha do mesmo saco e há diferenças.
Expressivas diferenças.
Viva a Economia

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Oh natureza, oh santa incompetência




E, arremessando a bíblia, o velho abade
Murmurou:

«Há mais fé e há mais verdade
Há mais Deus com certeza
Nos cardos secos d'um rochedo nú
Que n'essa bíblia antiga... Ó Natureza,
A única bíblia verdadeira és tu!...»

Guerra Junqueiro


Hoje, o adorno mais usado em Évora, foi o garrafão de água. Por ele, travaram-se as mais épicas peripécias.
Sítios houve em que se vendeu tanta água até às 10 horas da manhã como a que se vende num mês inteiro.
Não fora o facto de não ter podido tomar banho, ter simplesmente sarapintado a cara para tirar os restos de espuma da barba, lavado os dentes usando uma pequena garrafa de água mineral, amontoando a loiça suja, contraído as vontades (aquelas) e até tinha achado piada à coisa.
As bicas foram tiradas com água mineral e ganharam um gostinho diferente e as pessoas, todas, transitavam, não de guarda chuva - que até essa parou ao meio dia - mas de garrafanito ou garrafanitos nas mãos.
Uma nova tendência da moda - uma consequência de criatividade certamente resultante do Évora Moda - e que sem dúvida, será seguida nas grandes cidades europeias - cidades de excelência - como Évora.
À hora que escrevo, aguardo a próxima conferencia de imprensa do excelente presidente da câmara desta cidade excelente, a informar que o problema está resolvido e que nas próximas horas o abastecimento de água estará restabelecido.
Convencido, interrompi e fui verificar: nem uma gota ainda…
Dizem que a causa do problema reside nos níveis de alumínio presentes na água da albufeira onde se faz a captação - elevados, por força das enxurradas provocadas pelas fortes chuvas. Parece ser verdade que as chuvas influenciam o fenómeno, o que me intriga é a expressão desse fenómeno, ou seja, seria a concentração de alumínio tão elevada que determinasse uma medida tão drástica? Teria níveis de toxidade tão elevados que não permitisse sequer o seu uso para outros fins que não o consumo?
Por força deste facto, reflecti sobre hábitos, dados adquiridos e acima de tudo sobre a propagada infalibilidade da ciência (quem não ouviu já: está cientificamente provado, por isso não questiones).
À pretensa infalibilidade científica juntou-se a não menos arrogante infalibilidade da técnica. O homem como senhor da natureza.
E entretanto assistimos todos os dias, às vezes com consequências dramáticas, à desmaterialização desta certeza da modernidade.
A Ciência - que alguns quiseram elevar ao estatuto dos dogmas religiosos - um novo Deus - não é mais que uma forma (correcta) de procurar as respostas e de se aproximar do real
O caso de Évora é, uma expressão leve (pela dimensão dos efeitos)do fracasso da técnica e uma demonstração inequívoca da incapacidade dos gestores da cidade.
Apesar de tudo, confio mais na técnica que na capacidade dos governantes da cidade.
Tenho FÉ que amanhã de manhã possa tomar duche.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Nós e os outros





Quando os homens e as mulheres sem emprego, interrompem por momentos a circulação numa estrada para manifestar a sua mágoa, há quem, apressada e finamente logo proteste: «não há razão, por mais razões que julguem ter, este comportamento, é um comportamento bárbaro. Nós temos compromissos e horários» dizem - mesmo que sejam só os de cabeleireiro, sabemos nós.
E têm logo a cobertura da lei feita ou que apressadamente se vai fazer: «estas manifestações são selvagens e como tal são um crime».
Quando enfrentam a Polícia que os desaloja do BPP que ocuparam, correm a bradar: «Não há direito, isto não é próprio de uma sociedade democrática».
E são recebidos na Comissão Parlamentar e têm lugar assente em todos os telejornais.
Quando roubam uma carteira é de certeza obra de um preto criminoso que devia ir para a terra dele (que por acaso é Moscavide).
Quando desfalcam milhões são vedetas nas televisões.
Quando desabam as estufas por causa dos temporais, logo correm ministros e comitivas prometendo mundos e fundos (e só é errado, se não cumprirem, dizemos nós).
Quando desabam as muralhas do Castelo de Campo Maior e 50 famílias ficam desalojadas, logo alguns dizem: só foi pena as pedras não terem caído sobre os ciganos.
Quando os que despedem são os que compram bentleis e iates e planeiam uma viagem espacial.
Quando os que ganham milhões em operações especulativas (sobre as quais não pagam impostos) são os mesmos que consideram inaceitável um aumento de 25 € no salário mínimo.

Quando…
Nós ouvimos cândidos e hipócritas apelos à convergência

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Mais uma receita, do mesmo...papagaios.





“Não há verdadeira redução da despesa sem privatização de serviços” diz Daniel Bessa.

Se não chover vamos ter seca, diz um vizinho meu.

Mas tem chovido tanto…

E eu, apesar de tudo, retenho-me mais na afirmação do meu vizinho - merece-me mais respeito - do que a grande tirada teórica, do grande teórico, professor de tudo e especialista em mais alguma coisa ainda.
É óbvio que sim, porque sim, se o Governo privatizar escolas e hospitais - como advoga o grande professor - diminuem as despesas…do Estado e aumentam as do cidadão.
O problema é que nós pagamos impostos no pressuposto de o Estado assegurar um conjunto de direitos que estão legal e constitucionalmente assegurados.
Assim, se privatizam será legítimo esperar que diminuam os impostos.
Mas não oiço o grande professor advogar tal principio.
O Público de hoje apresenta-nos alguns indicadores macro económicos dos últimos dez anos, p.e.:

Indicador 1999 2009
Número de desempregados 225800 494800
PIB Per Capita 11600€ 12000€
Investimento (% do PIB) 26,8 18,2
Dívida Pública (% do PIB) 51,4 77,4


Apresentado o quadro (cuja fonte é o Público de hoje) e de forma a não prolongar o texto, concluo formulando algumas perguntas:

Sabe o distinto professor quem tem estado à frente dos negócios públicos e quem tem governado o País neste intervalo de tempo?
Quantos anos tem já à sua conta o seu amigo Sócrates?
Não encontraremos o seu próprio nome, distinto professor, na lista dos responsáveis?
Não tem sido sempre esta a escola dominante - aquela onde de que é distinto professor?

Os senhores são os grandes responsáveis.

O distinto professor; o distinto Governador, o outro distinto professor que agora prega às tardes mandando recados, os menos distintos mas seguramente eficazes professores que agora lá estão.
Tenham pelo menos a humildade de o reconhecer.

O meu vizinho diz tinto e eu tenho-o em muito maior consideração.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ai Évora, Évora




Nós sabemos o que temos em Évora, que de Évora nos estamos esquecendo.

Querem pintar-te os lábios, dar um retoque no cabelo, rosar-te as maçãs do rosto, dizem que para embelezar - eu julgo que é mais alisar - a tua Acrópole, mas nada fazem pelo teu corpo que se escanzela a cada dia que passa e onde as casas em ruína marcam as tuas ruas, travessas e recantos.
Na sala de visitas, põem agora toda a tralha que habitualmente guardamos nos quintais. Dizem que para animar o comércio tradicional e este assiste à patinagem e fecha portas ás sete, domingos e feriados, porque eles também são gente.
A chuva tem dado uma ajudinha na lavagem das ruas e o frio também tem retidos os cavalinhos cagões, pelo que aqui não temos por agora que nos queixarmos, já no que toca ao amontoar dos lixos…
A ópera por aqui nem bufa, o ballet mostra-se em Portalegre, o cinema vê-se em Montijo (aquando de uma visita para compras) o almoço toma-se em Arraiolos porque aqui a cidade fechou.
Não há alegria nas tuas ruas e gentes.
Há uma cidade que definha.
E acorda para o novo ano acabrunhada, sem saber o que se esta a passar, de que mal padece.
Pode ser que rapidamente façam mais uma festa do forcado ou que a Caneças tenha saudades dos croquetes e que assim reganhe algum ânimo.
É que cada vez está mais pálida.
Nem com pozinhos lá se vai.
E sua excelência, o Sr. Presidente, fala de ingovernabilidades e de coligações negativas.
Alguém o oiça e dê uma ajudinha (a concretizar as suas ameaças veladas).
É que com esta governabilidade é o que se vê.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A que cheiram certos discursos?




O senhor PR no seu discurso de votos de Bom Ano, uma das tradições políticas a que nos habituaram, traça um quadro de preocupação face ao crescimento do desemprego e da dívida externa e apela a uma ampla convergência no sentido de evitar o desastre.
É também quase tradição, serem intocáveis as posições dos PR (s) sejam eles quem forem. Como em muitas outras, não me apetece integrar o espírito dessa tradição.
E não me apetece porque, todos sabemos e o senhor PR também por força do «todos», o sabe, que só convergem os que procuram atingir o mesmo fim (os afluentes convergem num mesmo rio que se dirige para o mar).
Como podem convergir os desempregados com quem os despediu?
Os que procuram aumentar os lucros à custa da redução do custo dos salários, com os que já têm salários curtos?
Os que tudo têm com os que têm a miséria toda?
E os partidos, os destinatários do apelo do senhor PR são a representação política destes posicionamentos divergentes e o senhor PR sabe-o bem. Ao que o senhor PR apelou foi para a capitulação daqueles que se batem pelos menos favorecidos.
E por outro lado fica também a interrogação: quem causou a situação em que nos encontramos?
Não têm nome, os responsáveis?
Quem têm sido os que têm conduzido os destinos do País? Não encontraremos também o nome do senhor PR como timoneiro mor desta barcaça durante quase uma década?
Quer continuar esta convergência senhor PR?
Pela minha parte advogo antes ruptura como solução.
Uma ruptura que leve a uma novo caminho.
Estes discursos da convergência cheiram-me a bafiento.
Estamos a convergir há tempo demais.