sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ANIVERSARIO



Faz hoje um ano que este espojinho se anunciou.
Sabendo ao que vinha não sabia no entanto como viria e quanto tempo se demoraria.
Deambulou, com maior ou menor intensidade, pela sua cidade, pelo seu país e pelo mundo.
Ao sabor de impulsos emocionais e norteado por imperativos morais foi expondo os seus pontos de vista.
E em silêncio, num silêncio cúmplice que se pressente, foi ganhando simpatias e partilhando amizades.
Albergou 194 textos.
1974 (lindo número se o associarmos a uma data) visitas.
2968 páginas visitadas.
560 visitantes de 30 países dos quais se destacam: Portugal (naturalmente), Espanha; Brasil , Venezuela.
Em Portugal, teve visitas oriundas de 43 localidades com destaques para: Évora; Lisboa; Porto; Portalegre; Funchal; Barreiro; Braga; Setúbal e Almada.
Quis, por vezes, assentar. Tornar-se temático, incidir só sobre a sua cidade, mas o turbilhão de acontecimentos impôs-lhe outras opções.
E assim parece que vai continuar a ser.
E mesmo hoje, no seu aniversário, não pode deixar de emitir uma nota, um pequeno comentário:
No dia em que, no 2.º acto da peça encenada em torno do orçamento, os actores saíram de cena anunciando a ruptura, o serviço noticioso da RTP, de certo inspirado na mesma senda melodramática, apresentava-nos os mais tenebrosos cenários. Para os fundamentar recorreu a gráficos, gravações, declarações e a todo a panóplia de instrumentos usados em filmes de terror.
Interessante foi ver a apresentação das contas com as perdas verificadas nesse dia no joguinho da bolsa. Este joguinho, como jogo que é, tem perdas e tem ganhos, é conforme está o vento e mesmo quando muda continua a ser conforme está o vento. Mas naquele dia perderam-se milhões porque não houve acordo.
Só que, no dia seguinte, o vento estava de ganhos. Expressivos disseram, e fiquei curioso por saber a que se deviam e esperei para ver à noite o noticiário da RTP.
Até hoje, aguardo.
Adiante pois, porque hoje o espojinho faz anos.
Tenham um bom fim de semana e continuem preocupados: o país vai ter orçamento.
Aos amigos que têm acompanhado este ano de desabafos, um abraço.
Nós acreditamos e lutamos por melhores dias.
Haverá um dia essa alegria.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

POIS...



Pobres homens do Teatro, para além de todas as sacanices e gravilhices a que têm estado sujeitos, são ainda agora alvo de concorrência desleal na prática da sua actividade.
Aguentem amigos, em muitas outras áreas isso já vinha acontecendo…
Mas têm que admitir que têm concorrentes de peso.
Como actor, aquele fulaninho do Brasil - o que foi barbaramente atingido por uma bolinha de papel - não está nada mal pois não? - Talvez uma melhor coordenação dos tempos, mas caramba o homem não se apercebeu logo da agressão, teve que receber a dica pelo ponto - via telemóvel.
Como encenadores, os homens do PS e os do outro PS com D, são magníficos. O ambiente e a envolvência que criaram em torno do Orçamento é digna dos grandes criadores.
Suspense até ao fim.
Uma carga dramática impressionante.
A bolsa deu um trambolhão.
O gráfico da divida pública subiu vertiginosamente.
Mas, deixando por agora o teatro e voltando ao real, uma pergunta se me impôe: se o que é preciso é ter um orçamento, um qualquer, mesmo um mau orçamento, (dizem) porque não um que:
Não roube salários e pensões.
Não agrave com impostos as precárias condições de vida;
Promova o investimento e o emprego.
Porque não???
Uma pergunta, uma simples pergunta.
Adiante.
Não tendo saído fumos, nem brancos, nem negros, das reuniões dos com e sem D, saiu pelo menos algum que indicia quem são os homens dos «mercados».
Bancos de França e da Alemanha e os seus porta vozes , o senhorinho e a senhorinha, querem dar tautau aos seus embaixadores locais pois temem poder haver aqui alguma interrupção no fluxo da usura que estão a praticar.
Começam a ter nome e rosto os ditos «mercados». Mesmo que ainda só os nomes dos seus ponta de lança sejam por agora conhecidos.
Termino com algumas dados sobre «Economia»:
Lucro da Jerónimo Martins cresce mais que o previsto;
Lucro da GALP sobe 18,4% e bate estimativas;
Lucros do BCP aumentam 22%
Liga dos Clubes teve lucro de 180 milhões.
Pois…

domingo, 24 de outubro de 2010

ABSURDO ?



O Parlamento Europeu , instituiu em 1985, pelas razões que sabemos mas que por agora opto por «deixar para lá», o denominado Prémio Sakharov, para premiar, disseram , pessoas ou organizações que se tenham destacado em acções de defesa dos direitos humanos e da liberdade.
Honrando excepções (Mandela - 1988; Mães da Praça de Maio - 1992 e alguma outras) os galardoados são-no sempre ou quase sempre, escolhidos por força de uma estratégia e de interesses políticos dominantes.
Os que julgam que ganharam a história (e que esta acabou, lembram-se?) a procurarem escrevê-la com os seus próprios caracteres de preconceito, sobranceria , ódio.
Pensando em torno disto e do próprio Nobel e pensando na barbárie e nas milhares de vitimas do canalha ataque ao Iraque (violações, tortura, humilhações de todo o tipo, assassinato de mais de 80 mil homens, mulheres e crianças) pensei em nomes para o próximo laureado com Sakharov:
Busch - O mandante primeiro, o cobarde mentiroso que mandou (resguardado) a matança.
Obama - O mandante das boas falas e da continuidade das mesmas praticas.
Sadam - O ditador (os comunistas iraquianos e o povo iraquiano são os únicos que poderiam usar esta designação por doloroso conhecimento de causa) que acabou por ser vitima.
O prémio honrando-se!
É negro o sarcasmo? É!
Como são negros e horríveis os relatos que nos chegam do que foi feito no Iraque.
Um abraço para os homens e mulheres da minha mítica mesopotâmia, que um dia, tal como nós, hão-de ser livres.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Verdade, verdadinha



Qualquer um de nós, possuirá os registos mais diversos sobre as afirmações das verdades.
Dos mais beatos: «deus sabe que o que estou a dizer é verdade», aos científicos: «é verdade, não há duvida, está cientificamente provado», aos ontológicos «é verdade, isto foi sempre assim»; aos ditatoriais. «claro que é verdade e não admito que duvidem da minha palavra».
Entretanto, surgiram nos últimos tempos, no léxico econofinanceiro dominante, novas versões.
Mesmo no plano semântico as verdades destes senhores passaram a ter uma outra significação e uma amplitude que se dirá…quase mítica.
Ou seja, não só é verdade, como é inevitável, inadiável, imutável. Em suma…Sagrado!
Quem assim não pensa, não sabe o que diz.
Só há este caminho para a economia, dizem.
Mesmo o mais caloiro do econofinanceiro, acabadinho de sair da faculdade onde venerou o econofinanceiro sénior, proclama: «É assim, não há volta a dar».
Encontramos no entanto, econofinanceiros de dois tipos:
Um, implacável, que assevera que os danos sociais provocados são meros danos colaterais, necessários ao sucesso da «medida» e outro, mais sensível, que toma as mesmas posições mas que afirma ter dores em tudo o que é sitio por as ter tomado.
E falam-nos de entidades intangíveis. Algumas tenebrosas, sendo a mais tenebrosa de todas a que eles denominam de “mercados” e que parece ter um apetite insaciável.
A discussão paradigmática aceitável cinge-se em aplicar um ou dois por cento sobre a taxa de iva e em saber se a margarina e o leite com chocolate passam da taxa reduzida para a taxa máxima.
Toda e qualquer outra ideia é inaceitável, impraticável, utópica.
Não tem enquadramento na verdade dominante da esplendorosa «nova ciência» econofinanceira.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

LIDER



Confesso que não é fácil resistir à tentação (quase imperativa) de voltar à temática do orçamento e à encenação bacoca do dramatismo que as figuras instaladas lhe proporcionam.
Estes personagens, senhores imaginados da verdade verdadeira, ditam sentenças com a rapidez da luz, talvez cegos por esta, não vêem para além da sombra das suas anafadas barrigas.
Da Grécia; Espanha; França, Reino Unido (sim); Itália e tantos outros, chegam-nos indicadores que, alguém com preocupações, que saiam do mero campo da sua mesquinhez, é levado a seguir com atenção e procura identificar rumos futuros.
Mas é pedir de mais. Adiante então. Deixo-os por agora à mesa do orçamento.
Dia 24 de Novembro (como antes e depois) eu cumprirei a minha obrigação.
Mas hoje decidi escrever sobre liderança e lideres, ou melhor lider.
É usual, mesmo banal, na CS, apresentarem-nos um pretenso «líder da oposição».
Como andam gastos os conceitos...
Apresentam-nos jogadores de casino e dizem-nos economistas.
Chefes partidários que são funcionários de banqueiros (não confundir com bancários).
Presidentes que antes haviam sido carrascos agora são coveiros.
Malabaristas das palavras que sempre foram mentirosos.
Mas, voltemos a lider.
Líder da oposição? Antes um duplo choque de conceitos desfasados.
Quanto muito é fúhrer do seu partido.
E oposição pressupõe o acto de a algo opor algo.
Mas este não opõe… apõe.

domingo, 17 de outubro de 2010

Revista de Imprensa (com um cheirinho de radio)



Prevenido sobre os riscos (gastrites), vou deixar por agora a declaração de guerra aos mais desprotegidos que se consubstancia no Orçamento por tantos tão desejado e vou procurar fazer aqui uma espécie de revista de imprensa.
Notas soltas deste fim de semana:

Da Bélgica de novo…uma figura sinistra.

Um tal monsenhor, pastor chefe de uma igreja que em vestes de púrpura e coberta de oiro tem por hábito sentar-se à mesa dos tiranos e farta proclamar as suas caridosas preocupações com os pobres e desvalidos, afirmou: «a epidemia da sida é uma forma de justiça imanente».
De batina, com ar de beato e falando em nome de deus…
Um, mais um, bruto de batina.

Na EN 125, nu em Outubro


Um operário foi detido na EN 125 (Algarve) por protestar nu contra o facto da empresa onde trabalha, não lhe pagar salário há SEIS meses.
Tem três filhos a passar fome.
Agitador, deve berrar o caloteiro enquanto bebe o seu uisquezinho de malte…

Viva a liberdade de (dizer bem de mim) na imprensa

O tal produto mal esgalhado, filho do cronista destilado, que apareceu aqui pelo Alentejo (sabemos bem como), acrescenta mais uma ao seu longo corolário de afirmações e comportamentos democráticos.
Ingeriu-se na linha editorial do Diário do Alentejo. A liberdade de imprensa, claro … mas não para dizer mal do fulano.
O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas condenou por unanimidade tal atitude.
Palavras para quê, é democrata, ha! E socialista, logo… de esquerda, não é?!

Sócrates acusa a esquerda

Ou ouvi mal (noticiário de esta tarde na Antena 1) ou pela primeira vez sou obrigado a reconhecer a digna atitude de SE. O PS de Sócrates e do fulano a que se refere o texto acima, não é de esquerda.
Nós já o sabíamos, mas não há como a confissão.
Dizem que atenua…

Faça alguma coisa por este país


Pede um popular à outra SE, Cavaco de seu nome.
Mas o homem já fez.
Durante 10 anos a que está a acrescentar mais 5 e quer outros tantos.
E nós estamos a pagar a factura.

Cheques

Brincaram com cheques (como já o haviam feito antes com cheques e com o respectivo dinheiro) durante o debate na AR. Um dizia que não passava cheques em branco ao governo e o outro retorquia que quem precisava desse cheque era o país (pudera).
Mas o que acaba por acontecer é que vão passar cheque … mate ao país e aos portugueses. ((aos portugueses que pagam as crises).

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

GASTR ITES



Estas coisas da crise, dos orçamentos, das hipocrisias e das pouca vergonhas andam a azedar-me.
Vou ter que me cuidar não vá agravar as coisas com uma gastrite ou qualquer outra coisa terminada em ite, como socratite, cavaquite, bochechite, coelhite.
As ites de sempre, que nos azedam e angustiam.
E assim, para descongestionar, vou dedicar-me por agora à futurologia.
Já dotado dos seus grandes saberes e poderes, posso desde já afirmar, em primeira mão e sem que ninguém mais saiba (porque raio não poderei também usar da redundância?!) que : VAMOS TER ORÇAMENTO - PS sem D vota a favor (novidade?); PS com D abstém-se (convém-lhe); CDS vota contra (para o alarido); BE vota contra, PCP vota contra e Verdes votam contra.
E assim temos orçamento. A BEM DE PORTUGAL.
Votam também a favor: Banqueiros; Especuladores; Jogadores de Casino; Belmiros; Amorins, Confederações Patronais; Bastonário da Ordem dos Advogados; Balsemão; o Mário da Fundação e o seu candidato Cavaco; a minha vizinha tonta que dizia que o aumento do IVA não a afectava.
E todos juntos, com a taça (que pelintrisse), queria dizer com a floot, brindarão e arrotarão vivas a Portugal.
E os portugueses verão agravadas as suas condições de vida e nem gastrites poderão ter, pois neste país fantástico podem-se dar fenómenos como aquele que noticiava hoje um dos serviços televisivos da hora de almoço: «Os medicamentos baixaram hoje em média 6% mas os utentes vão pagar mais».
Cuidado pois com elas: as gastrites, e muitas outras ites.
A propósito, de que país falam eles e a que brindam quando falam de Portugal?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ridícula encenação



Ex presidentes, banqueiros, ex - ministros, figurões de sempre, palradores, governadores de qualquer coisa ainda cá ou já por lá, todos e em todo o momento sabem a sua deixa: é imperioso aprovar o orçamento.
Mesmo que esse orçamento provoque, como é o caso, já demonstrado por diversas entidades, uma recessão na economia.
E que essa recessão acrescente mais desemprego ao exercito de desempregados, mais falências de pequenas e médias empresas, mais pobres e mais miséria.
Imprescindível é ter Orçamento.
Só falta vir o papa, mas conhecendo-se a figura é homem para não recusar dar a sua valiosa contribuição.
O Orçamento é condição para evitar o desastre.
Mas não é por causa deles que estamos como estamos?
Ou seja, não tem havido orçamentos nos anos anteriores?
Não foi nesses orçamentos de «estabilidade» que se consubstanciaram:
4 mil milhões para queimar no BPN .
1,1 mil milhões (há quem diga mais) para afundar em submarinos.
1,5 mil milhões para modernizações da FAP que incluem a compra de aviões de sucata holandesa.
Compra de centenas de viaturas topo de gama (Águas de Portugal e outras ainda mais inquinadas).
Carros blindados que de tão blindados nem andam.
Festas de bar aberto, comemorações de aniversário de agências, festas das maravilhas (que pelo preço, são garantidamente mais de sete).
Administração aberta para os boys.
E assim sendo (porque foi, não foi?) é porque correm o risco de fazerem o mesmo mas em duodécimos que vos preocupa tanto a não aprovação do Orçamento?
As vítimas dos orçamentos anteriores e do que se projecta, os mesmos que são vitimas dos vossos crimes (praticados pelos que lá estão hoje e dos que estiveram antes e hoje fazem o joguinho do voto não voto) essas não temem as vossas ameaças de crises tenebrosas resultantes da não aprovação do orçamento.
O que temem e têm sofrido, é a crueldade e desumanidade dos vossos orçamentos que consubstanciam as vossas tenebrosas políticas.
Por isso, meus senhores …
Deixem-se de encenações…nem para isso têm jeito

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A nossa vida não tem de ser uma merda

Hoje emergem da terra e para a vida os mineiros chilenos.
Bem ajam.
Aproveito para dizer o que sei que sabem: nada mudou de substancial desde o soterramento da vossa saída.
O mundo continua igual. Por aí e por aqui.
Acredito que ao retomarem o contacto pensem, por momentos, que afinal parece que algo mudou.
Tendes um mundo de gente, holofotes, jornalistas e até o presidente à vossa espera.
Mas vós sabeis como são tratados os mineiros
Vós sabeis como ireis ser tratados logo que acabe a febre mediática..
Por aqui, neste meu país de vós distante, as atenções mediáticas convergem para uma encenação dramática que visa, ao invés de salvar, agravar intoleravelmente as condições daqueles que vivem como vós: da força do seu trabalho.
Apresentam uma proposta que visa assegurar que a lei - do Orçamento - consagre o principio da espoliação. Espoliação de direitos, de salários, de pensões, de serviços de saúde.
Bebericam champanhe e saltitam gulosos entre umas delicias de lagosta ou um souflé de cherne e falam de crise.
E encenam o espectáculo. Juntam-se velhos comensais do banquete permanente e babando-se proclamam desgraças sem fim se não «houver orçamento».
Juntam-se as sanguessugas donas do dinheiro impresso com o nosso suor e vão à casa do seu político seu empregado impor-lhe que mande os seus rapazes votar «o Orçamento», senão… desgraça das desgraças…
E os bichos maus ameaçam com outros bichos maus e dizem: «os mercados andam nervosos».
E o «Orçamento» sem o qual todas estas desgraças acontecem ao «País» é tão só a materialização do mais vil e canalha roubo feito a quem trabalha.
O «País» que estas sanguessugas, velhas e novas, falam, é o país centrado nos seus gordos umbigos, de salões de seda empestados a naftalina e tresandando a croquetes rançosos. É o país das coisas boçais. Das pessoas sem escrúpulos e gananciosas.
É o país dos que julgam que sempre assim será.
Não contem.
Há um outro país.
De homens e mulheres solidários. Obreiros disponíveis para construir um mundo novo.
Mais justo e mais fraterno.
O mundo velho está podre.
De França vêm sinais.
Uma jovem dizia: È tempo de agir, se não a nossa vida vai ser uma merda.

domingo, 10 de outubro de 2010

SACRIFICIOS




Os mercados andam nervosos, quais deuses famintos…
Nada lhes amaina os apetites.
Já entregámos em sacrifício as benesses de sempre.
Salários, direitos, funcionários públicos, emprego, reformados… e eles continuam famintos…
Obviamente, resguardam-se os crentes e a fé.
Não se espera que os servidores, sempre fiéis, sempre de acordo, sempre disponíveis, sejam eles próprios entregues em sacrifício, pois não ???
Porque continuam tão nervosos, os mercados, então???
Que mais lhes podemos entregar?
Os deuses pedem mais. Pedem um sacrifício supremo.
Pois que subamos ao Monte Moriá e lhe entreguemos Isaque.
Ou Teixeira…
Ou o próprio José
Mesmo que tal implique uma certa desordem cronológica.
Nada que Saramago não tenha já tratado magnificamente no jogo dos presentes em Caim.

Coisas leves... de domingo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

TEMPESTADES



Vivemos os tempos das grandes tempestades.
As noticias delas aí estão. Monções, chuvadas torrenciais, deslizamentos de terras, inundações.
E desgraças e perdas de vidas.
Habituámo-nos, ao longo do percurso humano, a enfrentar as suas fúrias e a reconstruir o que elas destroem.
Num misto de esperança e determinação convencemo-nos que após elas, vêm as bonanças.
Para alguns, não todos infelizmente, assim parece ser de facto.
E há tempestades, outras tempestades, que não são de chuva, nem vento e que por vezes, são carregadas de esperança.
Que varrem e destroem coisas obsoletas e que permitem construir novo e melhorar a vida dos homens.
Sabemos dessas tempestades, somos mesmo o resultado das novas construções delas resultantes.
Mas não essas as tempestades que agora nos fustigam.
Estas, que não são de chuva, nem vento, não trazem esperança e nenhuma bonança se espera que se lhe possa seguir.
São tempos de perda de direitos, de descaramentos como não há memória, de revanchismo, de hipocrisias, mentiras e engodos.
São tempos em que só a descrição dos factos, a invocação dos indicadores e a própria análise nos criam repulsa.
São os tempos em que com o dinheiro dos nossos impostos se queimam 4 mil milhões no BPN, se afundam 1,1 mil milhões em submarinos para guerras estúpidas e alheias, em que se atiram ao ar 200 milhões para aviões de sucata.
São os tempos em que roubam os salários dos funcionários públicos, em que lhes destroem as carreiras, em que vilmente tiram pensões e obrigam velhos doentes a pagar medicamentos que não podem comprar.
São os tempos em que um velho, sempre engordado e abochechado nos dinheiros públicos, diz candidamente que é fácil pedir mais dinheiro para os salários o e que o difícil é saber de onde vem o dinheiro.
Senil e duplo erro. Não é fácil. A luta é difícil e o dinheiro sabe-se bem de onde vem - dos nossos impostos e sacrifícios - às vezes não sabemos bem é para onde ele vai …
Tal pensamento foi seguido por outros. Um, disse mesmo que este não é o tempo para «agitações».
Talvez para recolher obrigatório seja o tempo que esta triste figura preconiza. As únicas agitações que gostaria de ver seria a de bandeirinhas aplaudindo os seus desmandos…
Mas vão ver outras bandeiras. Vermelhas. De Luta.
Porque estes são tempos de agir.
Porque ainda há quem resista e ainda há quem lute.
Neste tempo de tempestades pode, até com a ajuda de pequenos espojinhos, levantar-se uma tempestade carregada de esperanças, que varra este mundo velho e injusto e que permita aos homens construir um mundo melhor.
O que estes velhos nos apresentam como eterno e inevitável é findável e evitável .Pode ser levado com o vento.
E esse vento é criado por nós, quando brandimos as bandeiras das nossas lutas.