terça-feira, 25 de outubro de 2011

Intencionais tolices

 

Estou em crer (e desta forma dou mais um contributo na intrigante amálgama de ditos inseridos nas teorias da conspiração) que não são inocentes tantas tolices promovidas.
E nestas, não incluo as ditas nas paragens dos autocarros, nas barbearias e cabeleireiros e nos tascos de bairro e aldeia. E não incluo, porque nestas, por vezes, ainda encontramos rasgos de subtil ironia, enquanto naquelas que  hoje aqui quero trazer à estampa só encontro tolice pura (esforçando-me para não dizer, como se diz na minha terra: parvoeira pura).
Esclarecida a tipologia e cingindo-me às que são promovidas (através de estrondosas ressonâncias na comunicação social) dou destaque:

  • A Constituição? Para que serve a constituição? Você janta com a Constituição?

Tolice dita por: velho espalha brasas, que por falta de visão atira em todas as direções, tendo transformado os próprios pés em passadores)
Apraz dizer:Não, não janto, mas talvez devesse jantar com o Código Penal para verificar se a tolice é punida.

  • Portugal, enquanto unidade política, pode não existir daqui a 30, 50 ou 100 anos!.


Tolice dita por: Eloquente afiador de perinhas que toda a gente não quer ter como amigo.
Apraz dizer:Ou 200, acrescente-se para tão douta previsão.

  • É preferível baixar salários a eliminar empregos!


Tolice dita por: Patrão dos patrões com estágio em barrica pseudo-sindical).
Apraz dizer: Claro, desde a escravatura que se sabe quão certa está esta tirada.

  • O destino de Portugal não está decidido e o nosso caminho ainda está por escrever.


Tolice dita por: Adivinho  disléxico - diz uma coisa e faz outra -  a quem entregaram alguns, o destino do País.
Apraz dizer: Pois, só que com as cartas que está a virar, corremos o risco de já estar decidido sim senhor e ser muito igual ao presente. Quanto aos  caminhos, de facto só escritos, porque não haverá dinheiro para os fazer de facto (nem de betão, nem de ferro…).

Depois disto, não me digam que não há intenção nas tolices.
Ai há, há. (como às bruxas).

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Kadhafi

Coisas

Há pouco, há muito pouco, recebiam-no de braços abertos e beijaroca lamecha, deixavam-no instalar tenda no melhor dos jardins.
Adoravam fotografar-se junto dos seus ares bizarros.
Visitavam-no assiduamente e recordavam por mil e uma noites os idílicos desertos e as frescas tâmaras
Recebiam os dinheiros que ele sacava ao povo, vendiam-lhe armas e consumiam o petróleo.
O mesmo se passava em relação a outros facínoras vizinhos.
No Iraque, no Egipto, na Tunísia, exemplos de uma longa lista que poderia ser aqui apresentada, o cenário era igual.
E aí, nesses países e em outros, haviam povos subjugados, a viver sob ferozes ditaduras e a sofrer das consequências. Muitos a apodrecer em prisões, outros a pagar com a vida a ousadia de quererem ser livres.
E aí, como um pouco por todo o mundo, eram (e são) comunistas que também eram lutadores.
Homens, mulheres e jovens corajosos. Muito corajosos.
E agora, os amigos dos senhores tiranos, vestiram roupas primaveris e dizem-se amigos dos povos e até insinuam que os amigos ocidentais destes tiranos são os que são e sempre serão os companheiros solidários daqueles que lá lutavam.
Tenham vergonha.

A mesma vergonha que falta a quem, tendo dado cobertura para uma intervenção externa (a ONU) clama agora por um inquérito.

É de supor que com o inquérito queiram apurar o avião e o piloto que atirou a bomba certeira, ou o nome do mercenário que disparou a bala fatal.

Para efeitos de medalhas, é claro.


Não verterei uma lágrima por Kadhafi, mas não esperem que aplauda o vosso comportamento.


Li agora que o funeral foi adiado e fico a pensar que talvez se fique a dever  a necessidades das vossas agendas.
Sim porque creio que são esperados. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Adivinhação

 

Se  a incontornáveis figuras, mais a propósito figurões, da nossa  pobre e triste intelectualidade, é desculpável o recurso à adivinhação e se com o mais completo despropósito se põem estes a adivinhar que é possível que nos próximos 30, 50 ou 100 anos  Portugal não exista enquanto unidade política, então a mim, mero escrevinhador de linhas, mais desculpável será tal exercício.
E assim, de costas quentes, eis me a adivinhar.
Já tinha ficado desconfiado com a convocatória para a reunião do Conselho de Estado. Mais desconfiado fiquei com algumas declarações  posteriores de SE o PR e agora não só estou desconfiado como estou  abespinhado  ou como será mais adaptável, em pulgas: o que preparam estes senhores?
Refiro-me aos cortes nos subsídios dos funcionários públicos anunciados no  OE (Orçamento de Escândalo). Todas as objecções políticas, económicas, sociais já haviam sido apresentadas, mas agora SE o PR pronunciou-se e disse que tal corte se constituía como uma violação do principio básico da equidade fiscal.
SE o PR, não é um qualquer. Se está convicto da violação não se lhe espera outra coisa que não seja que intervenha para eliminar essa violação de princípios básicos  e é com base nesse pressuposto que entro no reino da adivinhação:

  • SE o PR insiste na denúncia da violação deste principio básico e ganha para este campo a posição do Conselho de Estado;
  • Perante tão consistente objecção o Governo entende proceder a alterações do que propõe e alarga a todos os trabalhadores por conta de outrem o  criminoso corte que só pretendia aplicar à função pública.
  • Obtém desta forma (assim planeia) forte contestação (não contra as suas medidas, mas contra os funcionários públicos - essa casta de privilegiados…).

No meio da poeira assim criada, cria as condições para desferir o golpe de morte nos direitos constitucionais de proteção do emprego dos funcionários públicos, o que verdadeiramente prossegue (100 mil que o gago quer despedir, não é?),  e ainda por cima consegue para tal desiderato apoio popular ou no mínimo forte fragmentação da contestação socia.l .

E faz mais uns cobres, que dão sempre jeito (aos esbanjadores do dinheiro dos outros)

Espero que as contas lhes saiam furadas…
Também foi uma simples adivinhação, não é verdade?….

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Por mim, se puder, vou a todas

Reflexões (breves) em torno do conceito de unidade


Perante uma ofensiva tão brutal, como a que está em curso sob batuta da direita no Governo e empurrada pela direita na Europa, seria expectável que aqueles que são as vítimas e são muitos, cerrassem fileiras e deixassem para depois as naturais divergências.


A guerra aos trabalhadores, com principal intensidade contra os funcionários públicos, aos pensionistas e a todos os jovens que não sejam filhos de papás, só pode ter o aplauso daqueles que se preparam para com ela, como seu resultado,  encher ainda mais os bolsos, aos seus acólitos e cães de fila que se contentam com sobras e a uma massa disforme de tolos que aplaudem a ida do chicote sem conseguirem perceber que na vinda vão levar com ele.
E se assim é, interrogo-me sobre a intensidade com que alguns sectores dos que estão do lado certo da barricada e na luta, colocam nas divergências que sempre partilharam.
E interrogo-me sobre o conceito de unidade.
Para além da sua aplicação na matemática, na física e em outras ciências, concentro-me em duas das suas definições que mais se enquadram na abordagem social, uma:

  • Que define unidade como caracter do que é uno, do que forma um todo orgânico,  e outra:
  • Que a define como a conformidade de sentimentos, de opiniões, de objectivos a alcançar.

Temo que parte importante no campo dos lutadores esteja subordinada à primeira em detrimento da segunda e que isso seja a expressão de uma perigosa deriva sectária que parece em curso.

Por mim, opto pelo conceito que encarna a conformidade.

Tenho consciência plena de que a luta é dura, prolongada, que exige persistência, firmeza de princípios e ideológicos e que tal não se compagina com uns ou outros rasgos repentistas  e mais ou menos mediáticos, no entanto, não estou com disposição para perguntar ao meu companheiro que chegou agora à trincheira se está para ficar ou se só está de passagem e com muito menos disposição estou, para o deixar lá sozinho enquanto discuto princípios, na caserna.

Se ali estamos, lutemos, que a luta é dura.
Por mim, se puder, vou a todas.

A todas as lutas que tenham como objectivo derrotar esta asquerosa política de direita.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Caros amigos, reencaminhem por favor

Peço aos meus amigos que me leem e nos quais não se incluem aqueles a quem me dirijo, o favor de procurarem fazer chegar a estes, os ditos seguintes:

Para os homens e mulheres, que arrastam penosamente esta condição.
Para todos os que já não vislumbram para além do quadro de miséria (material e moral) para onde os empurraram.
Para os empertigados, que qual jogo de futebol, cantaram vitória quando se anunciava a sua própria desgraça.
Para os que agora estão atónitos, talvez cegos pela sua própria ingenuidade.
Para os mal intencionados e invejosos.

Eis o resultado das vossas ações. Eis o Governo do PSD e do CDS no seu melhor.

Para o caso de já não conseguirem reparar, são os mesmos que vos falaram de velhinhos desprotegidos, de pensões de miséria, da injustiça de baixos salários.

Podem continuar a entreter-se com joguinhos reles tipo: «isto só  toca os privilegiados da função pública, pois cheguem-lhe…»
Não vale a pena sequer lembrar-vos Brecht pois não sabem quem foi e muito menos o que disse.
Não vale a pena chamar-vos à razão porque esta é algo que também desconhecem.
Só me dirijo a vós para vos dizer:
Vocês não serão mais olhados por mim como vítimas.

Vós sois culpados.

Continuem pois no vosso pequeno mundo de invejinhas estúpidas consumindo-se na miséria que vos definha.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mãe, tenho fome. Dorme que isso passa…filho.

 

Não aconselho a ninguém a leitura dos comentários que são feitos nas edições on-line dos jornais. São de uma pobreza franciscana, malcriados, mal escritos e de certa forma representativos da saúde social (e mental) dos portugueses.
Na taberna da aldeia onde cresci, o nível era bem mais elevado.
Muitos cobardes utilizam o anonimato para se imaginarem grandes.
Mas não passam de grandes m…

E foi por não ter seguido o conselho, que agora escrevo o que escrevo e foi ainda e principalmente por ter sentido tanto ressabiamento em relação aos funcionários públicos.

Mas em certa medida alguns deles merecem.
Muitos julgaram-se imunes.
Outros superiores e hoje são o que sempre foram… vitimas.

Assim como julgo que merecem hoje, todos os sacanas que votaram no PSD e no CDS (e passam agora com os outros as passinhas do Algarve)  porque (desculpavam-se antecipadamente),  diziam, não havia alternativas!!!

Para mim são tão culpados os atores como os mentores.
Somos todos crescidos e todos sabíamos o que nos esperava.

Não havia alternativa e votaram Cavaco ( o esbanjador construtor de auto estradas, desmantelador da frota pesqueira e da agricultura e atual defensor acérrimo da produção nacional).

Não havia alternativa e votaram Portas e Coelho.

Não havia alternativa e votaram Jardim.

E ainda há quem os queira fazer passar por vítimas e desculpar os seus atos. Votaram ? Assumam!

São tão sacanas como os sacanas que vos e nos lixam.

Mãe, estes gajos traíram-me!
Já devias estar habituado meu filho. Toma uma alkastzer que isso não te passa.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

MEDOS

 

São inúmeros os medos dos homens. Medo de aranhas, de répteis, de  andar de avião, de carro, de comboio, a pé, medo dos outros homens - principalmente daqueles que são estranhos aos seus olhos, medo do medo.
E assim sendo, muitos sabem usar  de forma muito eficaz esses medos e exacerbam-nos, conduzindo os comportamentos a verdadeiras e alienantes fobias.
Há na história dos homens inúmeros exemplos dos resultados trágicos do uso por parte de alguns, do medo dos outros.
Na atualidade, a projeção desses medos alienantes, ocorre mais ao nível económico. A crise, a crise, a crise…
E há reluzentes e redondas figuras, que festejam os resultados que obtêm por força dos medos que incutiram.
Recentemente, nas terra de um senhor espalhador do medo, parte expressiva do povo de lá, optou por escolher de novo esse senhor (do medo).
Há empregos por segurar (nas autarquias, nas empresas públicas, nas empresas dos amigos do senhor do medo), pequenas regalias a garantir.
Existem as vozes silenciadas, os jornais amordaçados.
Existe todo o espetáculo folclórico com que se procura disfarçar (o medo).
E depois, existem as demagogas e revoltantes expressões: «o povo decidiu…».
Alienado, o povo não decide. Aceita subjugado.
Mas por aqui, não é muito diferente.
Primeiro, tiram tudo e depois dizem temer tumultos.
Assustam-nos com as imagens da Grécia.
Quando aqui e exceptuando as imagens de violência gratuita das quais fizeram imensas cópias, o que acontece é que há povo que não teme e não se deixa alienar pelos medos.
Outros, atirando barro à parede, afirmam: «em 2012 precisamos dos vossos subsídio de férias e de natal, por inteiro».
Logo de seguida, um daqueles pensadores grandes em tamanho lateral, atenua um pouquinho, dizendo: «precisamos pelo menos de umas “”parcelitas”».
Um outro, talvez enraivecido por ter perdido para outra aberrante figura, o honorífico título de professor, proclama afiando a sua sábia pera: « daqui a 30, 50 ou 100 anos Portugal pode não existir».
Pode não ser o professor, mas quer o título de “advinhador” oficial do reino e só há duas possibilidades, ou sim ou não.
Eu por mim desejo, que antes, muito antes desses prazos, o meu país deixe de ser um país de medos.
E para vencer os medos, sabemos que temos cada um, algo a fazer.
E todos sabemos a boa sensação que se obtém quando o conseguimos.
Não podemos é continuar a desculpar eternamente os que  não se libertam dos medos… às vezes só com base em mesquinhos e egoístas interesses…