sexta-feira, 31 de agosto de 2012

GRANDES TIRADAS

 

Inspirados, creio, nas lufadas de saber que sopram das universidades por aqui abertas por esta semana, falo de Castelo de Vide e Évora, foram produzidas também por aqui,  duas grandes tiradas (as de cortiça já acabaram) a que humildemente me sinto no dever de dar o meu contributo para o seu relevo (estou a referir-me ao relevo devido às tiradas…)

Primeira Tirada

O Professor (qual professor? O Professor) com aquele ar cândido de quem transpira por todos os poros inteligência de pacote, atirou: «Há aqui lugar para a agricultura» e logo virou manchete.
Sábia frase.

Pois então não é que aqui na imensidão destes campos do Alentejo, há lugar para a Agricultura..

Há pois há, ouvi logo a muitos, basta ver. Mas o que não há é agricultura.
E o Professor até é amigalhaço e correligionário dos homens donos desses lugares onde há lugar para a agricultora, mas onde não há agricultura.

Segunda tirada

Um dinâmico deputado, da mesma área do Professor, passou uma noite num serviço de urgência básica de uma pequena cidade aqui próxima e concluiu «Em média afluem ao serviço, no período entre as 00 e as 07 duas pessoas para serem atendidas».
Terá o Sr. Deputado de rever o conceito de média - e cuidado com a definição de «rever» (não vá o sr. deputado apresentar para esse fim alguma proposta de lei… e como têm a maioria…) - e depois deverá também estudar métodos e técnicas de constituição de amostras.
Mas mesmo tendo em conta esta «média de duas pessoas», não explicou o sr.  deputado  a medida que sugere para os cuidados médicos que merecem, mesmo estas «médias» baixas.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

OUTRA VEZ?

 

Pejados de bons exemplos, dos quais se podem destacar: Afeganistão, onde ainda hoje foram decapitados 15 homens e duas mulheres por heresia (???); Iraque onde ainda hoje parece não ter havido carnificina; Líbia onde ainda hoje se seguem as peugadas do Iraque , trazendo à liça só intervenções recentes e assumidas e inspirados nos exemplos internos oriundos da Arábia Saudita, Turquia e Israel, os convencidos senhores do mundo, falam da possibilidade de intervirem diretamente na Síria, por receio do arsenal químico que esta ameaça (?) usar.
Outra vez???
Irra.
A história repete-se e no caso só ganha novos interpretes.
E um desses novos intérpretes - dando já o Nobel da Paz como caso perdido - é precisamente um homem em que muitos depositaram esperanças recentes - Holland - o homem das esquerdas (?) francesas.
Irra.
Que o povo custa a aprender.

Aprenderá?

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Terras de doutores

 


De uma assentada, duas Universidades por aqui nesta terra de gente sábia, mas iletrada.
Nestas terras onde ainda se tiram as penas aos frangos que se comem e sabe-se a cor dos porcos que deram as fêveras que vão para a brasa e onde não se  conhecem ainda as sopas rápidas e muito menos os cursos de bastar misturar água mexer e já está.
Pois é precisamente por aqui que vão abrir duas universidades
Logo duas.
Uma em Castelo de Vide e outra em Évora.
Quantos doutores vão sair dali?
Na primeira delas, julgo estar integrado mestrado à bolonhesa, já que dura uma semana inteira.
Não consultei o programa do curso mas estou em crer que haverá uma cadeira sobre «Canudos instantâneos»  na segunda, uma mera licenciatura (também bolonhesa) e uma forte componente geográfica já que dedicam especial atenção aos caminhos.
Afirmam reitor, pró reitores e outros ores desta segunda universidade que há outro caminho.
Mas se é isso que têm para ensinar, podiam arrumar já o estojo e dar de frosques.
Porque, que há outro caminho (sendo eles a ensinar-nos) todos sabemos,  e esse é aquele que nos trouxe até aqui, a este pântano onde nos encontramos.


Ai doutores… doutores, estamos fadados com estes doutores.


E o ênfase que eles gostam de dar a isto dos doutores…já vem pelo menos do tempo do outro, o das bandas da Santa Comba.
Às vezes até lhe acrescentam professor…professor doutor.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Coisas pequenas e pequenas coisas


Há e muitos que fazem grandes discursos em torno das coisas pequenas. São os que não querem moengas e que se cansam perante as coisas grandes.
E os que fazem grandes discursos sobre as coisas pequenas e que não querem moengas sobre as coisas grandes, são tão pequenos, como pequenos são os instigadores dos seus discursos.
Porque são distraídos e tendem à burrice, para o caso de algum ou alguma estar a ler(???) estas linhas, esclareço que o tamanho a que me refiro é o tamanho do carácter e o carácter é aquilo que diferencia os homens e as mulheres daquelas coisas semelhantes, mas pequenas.
Já não suporto ouvir esta gentalha pequena, às vezes armada em gente que se diz com algumas preocupações de esquerda (confesso que não sei o que é) desenrolar as ladainhas tipo: «desemprego…, desemprego…precisei de alguém que me ajudasse lá na quinta e ninguém quis ir lá fazer umas horas…» ou  «porque carga de águas é que se deve estar a pagar subsídio a malandros…» ou…
Se mais atentos, se mais intervenientes, se conseguissem um dia libertar-se das lianas que os arrastam para a selva, talvez um dia fizessem outro tipo de interrogações e exercessem dignamente as condições de cidadãos.
Deixo-os com um pequeno leque de outras coisas «pequenas» com que se podem entreter:
Quantos serão os telemóveis de serviço, pagos por nós, que estarão neste momento em «serviço» no Algarve?  Imaginemos perto de 30 000 (sim e sem exagero algum) chefes de divisão, de departamento, assessores de tudo e mais alguma coisa, operacionais de todo o tipo de operações nesta função pública onde cabe tudo e que sempre foi «casa de campo» para os amigalhaços de sempre. Custos? Contando os tais 30 mil, com um gasto médio mensal de 30 (para não me chamarem exagerado) teremos cerca de 900 000.
Quantos subsídios sociais davam para pagar?
E, quanto custam as mordomias armadas (não vou falar de submarinos, tanques, aviões e metralhadoras) - eu prometi falar de coisas pequenas -  expressas nas sumptuosas messes, nos motoristas privados com viatura para todo o serviço - levar filhos, netos, enteados à escola, as esposas ao cabeleireiro, as criadas às compras, os cães ao veterinário - os gabinetes pessoais de generais  e outros que tais no e fora do ativo?
Custos? - estimando de novo por baixo - mais um milhãozinho?
Dava para pagar quantos subsídios de desemprego?
E, quantas casas, palácios e palacetes propriedades do Estado estão abandonados ou sub sub aproveitados e quantas casas, palácios e palacetes estão arrendados, pagando por isso, o Estado,  chorudas rendas?
Porque muitos zeros baralham, fiquemos de novo pelo cálculo de outro milhãozinho.
Quantos «abonos de família» daria para pagar?
Convém lembrar que estes milhoezinhos estimados, o são, por mês.
Acho que por agora, chega de «pequenas coisas» não acham?
Mas há mais…muitas mais coisas pequenas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

PALAVRAS

 

Aqui, venho depositar as palavras que já ninguém pode ouvir.
Por isso, sempre usei de reserva  em relação a este espaço.
Cedi, na sua segurança por momentos e disso me arrependo.
Mas, apesar disso, continua a ser o sitio onde considero minimamente seguro depositar as palavras, que quero proteger.
Eu gosto das palavras.
Umas, valem por si só.
Outras, sabiamente articuladas, são demolidoras.
E por isso, por vezes é necessária uma retirada, estratégica. Uma proteção.
Confrange-me o uso desmesurado que alguns fazem delas. Usam as palavras da mesma forma simplória e marialva  com que se borrifam em after shave  adidas.
Querem preencher o espaço e deixam-no a tresandar.
Um odor insuportável.
Por isso, trago para aqui as palavras que gosto.
Para as proteger.
E para as usar, quando tal for necessário e útil.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

UM ABRAÇO

 

Em tempo recente, noutro espaço  que por vezes frequento, escrevinhando, escrevi palavras de adeus a dois camaradas. A dois amigos.
Não foi fácil.
Hoje, tenho a tarefa facilitada.
Vou escrever não para dizer adeus mas para expressar um abraço e dar os parabéns a um camarada.A um amigo.
Eu sei que há um ligeiro atraso, mas sabes  sei que sabes, que não é propriamente o dia que conta, mas o que fizemos em todos os dias desde  então, sendo o então, o dia primeiro das nossas vidas.
Há uns tempos, uma escrita destas não era mais que uma perfeita lamechice, hoje assumo-a e faço-a na perspectiva de que seja um tributo, não só pessoal mas alargado a outros que tal como tu, também fazem da vida e da participação cívica empenhada  uma razão de ser para os dias.
Tu fizeste-o e fazes, na aldeia (Santana tem sorte), na colectividade, na política, no futebol, na salvaguarda de um património cultural em risco de perda.
Gostei de aí ter ido e de me ter juntado a outros,  aos teu amigos que não conhecia e aos que partilhamos.
Estavam fresquinhas as cervejas e quentinho o fim de tarde.
Retenho que não dedicámos muito tempo ao passado (e tantas estórias que teríamos para lembrar e recriar do tempo em que juntos constituímos uma equipa (equipa, mesmo) fantástica  de direção sindical (passe a imodéstia a que me sinto no direito).
Não perdeste a oportunidade de mandar um abraço à Fernanda, assim de mansinho como quem não quer a coisa.
Do jeito de tu fazeres as coisas.
Mas …mesmo num simples abraço de parabéns, há um mas…interrogo-me sobre o «desperdício» que alguns fazem sobre os teus atributos (e de outros) em detrimento de «vontades e empenhos» tipo  papas rápidas que vão proliferando nas nossas órbitas.
Mas esses podem ficar a saber que estão perdendo muita generosidade e uma garra danada de entregas desinteressadas.
Mas, isso são os mas…
Um abraço José Manuel e muitos parabéns.
E ao contrário do outro, desejo-te que contes, pelo menos, outros tantos.
Eternamente jovens, como teimas. Como teimamos.
Um abraço

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ESTRANHO


Hoje, os jornais nada dizem da Síria. Mas será que algum dia disseram?
E tanto que eu gostaria de saber.
Com verdade e imparcialidade.
Mas não sei e não me dizem e o que infelizmente todos sabemos é que por ali, morreram e morrem diariamente, homens, mulheres e crianças, por força de uma guerra estúpida (como estúpidas são todas  as guerras).
Começaram por me falar (uns) de uma luta de libertação ao mesmo tempo que (outros) falavam de provocações armadas por  mercenários de países vizinhos (e não só).
Falaram primeiro de massacres de inocentes e apresentaram sempre os mortos como vitimas só de uma das partes e logo de seguida (sem pudor) falavam de financiamento, entrega de armas e apoio logístico à outra parte,  por parte das “democracias” vizinhas (atente-se por exemplo no exemplo democrático da Arábia Saudita).
Ficámos também a saber que a base militar de uma das partes, se situava na Turquia. (outro exemplo de tolerância …os curdos que o testemunhem).
Lembram-se do episódio do avião militar turco abatido pela Síria? Não teria sido ensaio para outro tipo de escalada?
A Turquia correu a gritar pela sua condição de membro da NATO e a pedir a intervenção desta.
E com certeza todos sabemos,  que para chegar onde pretendem (Irão) é preciso construir caminhos. Mesmo que esses caminhos sejam abertos entre sangue derramado e cadáveres de vitimas inocentes.

Mesmo que se inventem primaveras árabes para entretenimento intelectual de alguns.


A liberdade dos povos que se lixe.
Como podem ditadores promoverem a liberdade de outros povos ao mesmo tempo que a aniquilam aos seus próprios povos?
Não há limites para a canalhice?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

BURROS

 


Na Antena 1, ouvi hoje Mafalda Lopes da Costa , sobre a expressão : «a pensar morreu um burro».
Sem conseguir perceber porquê e muitos menos porque carga de águas (talvez me repita…burrice), a imagem do burro renitente entre saciar a sede ou a fome acompanha-me desde manhã, (acompanha-me, salvo seja…embora a companhia de um burro (de quatro patas) até possa ser simpática).
E inspirado na indecisão fatal do dito cujo, dou por mim a pensar na melhor forma de transferir um burro de um curral para outro.
Isto a propósito de outras coisas recentes.
Ou seja, de outras burrices…
Mas é simples.
Provoca-se grande estardalhaço no curral onde está o burro, abrem-se  as portas desse curral e espera-se que o burro saia, se dirija à manga que está em frente e por aqui siga até ao próximo curral.
E se o burro, teimoso como sabemos, mesmo assim não se mexer?
Simples.
Acenamos com uma vistosa cenoura.
E se o burro, porque é burro, mesmo assim não quiser ir ?
Simples.
Damos-lhe um enxerto de porrada.
Que alternativas tem então o burro, já que nem sequer tem a possibilidade de fazer como o outro, o que ficou a pensar…?
Simples.
Espetar um par de coices (dois) um em cada curral e ir à sua.
Isto, não fosse a burrice…