terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Jornalistas

Quando menino, sim, eu também fui menino – por pouco tempo é certo, mas fui, retomando: quando em menino e mesmo sem me perguntarem, eu dizia que quando fosse grande, eu queria ser jornalista.

Hoje agradeço não se ter concretizado este meu sonho.

Estaria agora a vasculhar despachos das centrais de produção de «coisas» publicáveis.

Mortes por estrangulamento, por asfixia, por degolação – as formas mais sanguinárias e terríveis. Estaria a hierarquizar as «coisas» para publicar por força do número de mortos.

Estaria a reproduzir os discursos da conformidade e da submissão aos ditames do patrão dono do jornal e dono da economia do meu país.

Estaria à porta da prisão de Évora – dias, semanas e meses a fio e ao frio, à espera das visitas de Sócrates.

Estaria a fazer perguntas patetas a patetas que falam sobre tudo.

Poderia ser que um dia, num acesso de lucidez ainda possível eu noticiasse a morte da estupidez.

Ou, não sendo tão utópico, noticiasse a existência de, uma grande pandemia a provocar milhares, milhões de mortes de estupidez.

Mas não…noticiaria como ontem vi noticiado: «bombista suicida (?!) é a moeda para troca com refém japonês», ou «Em Nova Iorque (por causa de um forte nevão) as pessoas preparam-se para o fim do mundo».

Ou difundiria até à exaustão que a carne nos talhos está imprópria para consumo.

Ou…

O meu sonho não se concretizou (e, por isso, eu sinto-me feliz).

Mas concretizou-se para muitos.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Contadores de contos negros

O Primeiro Ministro de Portugal que até há pouco desempenhou as funções de Chefe de Secretaria da Troika, alerta os portugueses, os gregos, os espanhóis, os italianos e quiçá o mundo inteiro, para o facto de muitas das promessas do Siryza mais não serem do que contos para meninos. Abençoados meninos gregos que agora parecem ter, quem lhes conte, contos para meninos. Por aqui, os meninos, por enquanto, só conhecem os contos negros, de desemprego dos seus pais, dos avós a quem cortaram as pensões, das escolas que fecharam. Pode ser que os meninos gregos queiram partilhar com os meninos de Portugal, os contos de meninos que agora lhes contam. É que eles estavam, como os meninos daqui, fartos dos contadores de contos negros.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Batismos

Contam-se por aqui as mais diversas estórias sobre nomes, não só sobre nomes dados às coisas, mas também sobre os nomes dados a pessoas. E não estamos a falar de alcunhas. Falamos de nomes. Uma delas é referente a Prantiana. Tal nome teria derivado de uma má audição de um padre quando, em resposta à pergunta que havia feito ao pai da criança, ouviu: «Olhe...prante-lhe Ana. E Prantiana ficou. Recentemente, por razões que agora não vem a propósito, prantaram o nome de extrema esquerda ao partido que acaba de ganhar as eleições na Grécia. Pois agora, assim fica. Extrema Esquerda.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Ordens de grandeza

1 140 000 000 000€

Pois... tenho alguma dificuldade...farei, como fez o outro...olhem, façam vocês a leitura.
É assim qualquer coisa como 60 mil milhões mensais. Ate setembro de 2016.
Nas mãos de banqueiros, zelosos - um gu antes de ze faria mais sentido -  guardadores de dinheiro alheio.
Como é usual ouvir-se:"vão estrapacear mais uns trocos..".
Por mim, podem desde ja guardar os cartoes de credito, os automóveis com financiamento garantido, as ferias financiadas...
É que sabem...eu estou em crise...lembram-se?

20 000

Infetados com ebola na Liberia, Serra Leoa, Guine Conacri.
Quase 9 000 mortos.

Lembram-se?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O pódio

O pódio

O valentão estava cada vez mais gordo.
A força da sua brutidade fazia com que ganhasse sempre todas as provas. Valia-lhe a força e a força da maldade. Se fosse preciso rasteirar, rasteirava, se fosse preciso socar, socava. Tinha era que ganhar.
Impante, construiu um pódio. Ele ocupava o lugar cimeiro, claro. Ele escolhia quem ocupava o segundo e o terceiro, claro.
O bruto andava tão deslumbrado consigo próprio que nem reparava que a tábua do seu lugar cimeiro estava cada vez mais embaulada e apresentava sinais de carcomida.
Um dia…zás.
A tábua cedeu e o brutamontes convencido estatelou-se.

A pílula

“Não estamos a dourar a pílula apenas porque nos aproximamos de um período eleitoral” diz Passos Coelho.
Claro. Alguém iria supor tal coisa?! Que absurdo.
O historial que lhe conhecemos é um historial de respeito absoluto pela palavra dada. Lembremos por exemplo a questão dos salários, dos subsídios, das pensões, dos cuidados de saúde, dos impostos e…
Mas…há pílula? E para que fins?
E porque precisa de ser dourada?
E não está a dourá-la apenas para fins eleitorais?
Quais são também, os outros fins?

A bazuca

Depois das bazucadas que caíram sobre os povos da europa, principalmente sobre os povos do sul, eis que Dragui , Constâncio  e Cia se preparam para mandar mais uma bazucada.
As impressoras foram postas a funcionar a todo o gás e eis milhares de milhões vão cair dos céus da eurocracia.
(cairão no sitio de sempre, como sabemos)
Mas porque não o fizeram antes?
Antes de espalharem miséria, baixar criminosamente salários e direitos, criarem desempregados como não se criam coelhos, destruído o estado social?
Não podiam, as impressoras estavam avariadas

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Copy past


Obama promete virar a página (da crise).

Entretanto:

Solicita autorização para novas intervenções militares no Iraque e na Síria em nome do combate ao terrorismo que eles (EUA) criaram, financiaram e armaram.

Fala de novo em fechar Guantánamo, mas não fecha.

No mundo, 1% detém mais riqueza que 50% da população.

E enquanto a página vira e não vira, por aqui, constatamos:

Os salários baixaram.(22% no setor público e 11% no privado).

As urgências dos hospitais entopem e morre-se nelas após horas de espera.

O desemprego aumenta e para muitos torna-se crónico.

Por razões económicas descuram-se os cuidados médicos e a mortalidade dispara.

Para dar a ideia que vira

A reposição de parte (1/5) do que tiraram nos salários dos funcionários públicos, apresentam como ganho salarial.

Entretêm-nos com o jogo de dá e tira feriados.

Anunciam o pagamento antecipado ao FMI.

E assim lá vamos indo, rindo e brincando.

Acompanhando a novela Sócrates (mas a novela Salgado essa não se publica) e procurando saber pormenores dos namoros de Ronaldo.

O voto está quase aí (e como sabemos ele deve ser usado para que fique tudo na mesma).

O seu uso deve no entanto ser adoçado.

Os rebuçados já aí estão e esperam-se mais alguns.

Vira-se a página e faz-se copy past

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

PODEMOS OU NÃO PODEMOS

As próximas eleições na Grécia andam a perturbar muita gente. A Eurocracia anda nervosa. As perturbações maiores residem na possibilidade real e um partido de fora do «arco» poder ganhar lá as eleições. Importaria, antes de mais, aferir se de facto o Syriza está fora do «arco» ou só ligeiramente desalinhado, mas tal desiderato pode, por agora ser adiado (procrastinado, como agora por aí se diz muito). Em Portugal, onde obviamente não se registam exceções, os eurocratas lusos, para além da perturbação que sentem por força do perigo dessa possibilidade, questionam – seguros que tal perigo aqui não existe – as razões para a não existência de tal fenómeno com nomes e personagens lusos. E teorizam doutoralmente, como o fazem sempre em torno das suas certezas – desenhadas em torno dos seus umbigos – sobre a «natureza» do povo português. A sua honradez. Os seus brandos costumes e a sua eterna gratidão. Como se os outros fossem sem honra, arruaceiros e ingratos. Outros, não menos eurocratas, mas com discurso – com pompa e audiência - de índole anti eurocracia – experimentam de tudo para ver se a coisa por aqui pega e se eles, podem ou não apanhar boleia. O problema, é que o veículo está velho, em mau estado e limita-se a ser assim uma espécie de carrinha de caixa aberta com poucos lugares de cabine. E assim, eles Podem apanhar boleia, mas não Podem ir todos na cabine. Os outros que Podem e têm de ir na carroçaria, logo que podem saltam. Com esta gente não Podemos. A gente Pode. Se assim o quisermos.

TUDO O QUE FOR PRECISO

Alguém disse um dia que se o voto servisse para mudar alguma coisa, o direito ao seu uso não podia ser dado a todos.
A ser dado a alguém, seria somente, aos que o usassem para que nada mudasse.
É assim de facto.
Há quantos anos o usamos sem que do seu uso nada mude?
Só que às vezes surgem fenómenos que ameaçam esta «estabilidade».
Tremem agora de medo (e raiva) os eurocratas com a perspetiva de os gregos virem a usar o voto, para proceder a mudanças.
Sacrilégio dos sacrilégios é preciso cerrar fileiras para que tal dislate não venha a acontecer.
O voto não pode mudar nada.
As coisas são assim e assim têm que continuar.
Porquê?!
Ora porquê?!.
Porque são assim. Pronto.
Atente-se mesmo no sentido patriótico e genuinamente democrático, presente nas declarações do atual ministro da saúde grego, disse ele: “Faremos tudo o que for preciso para impedir que o Syriza ganhe as eleições”.
Este senhor, além de ministro é um dos principais dirigentes da direita no poder (a que os eurocratas querem que continue para que tudo fique na mesma).
Quando diz: “tudo o que for preciso” obviamente que supomos que poderá incluir, porque tudo inclui: “tratar-lhes da saúde .
Não fosse ele ministro da saúde.
Viva a Democracia (e é a deles, Nova).