segunda-feira, 25 de maio de 2015

Dicionário Eleitoral

E

(entrada aleatória)

Eleição (ões)
Ato de depositar em caixa, a que dão o nome de urna, um impresso que tem à esquerda nomes e símbolos de partidos, coligações ou grupos de cidadãos, que são (uns), dizem-se (outros) e julgam-se (ainda outros) concorrentes a um determinado cargo político.
À direita desses, surge um quadradinho, onde o cidadão eleitor desenha uma cruz.
E quase sempre carrega com ela.
Em Portugal, os cidadãos eleitores – todos os cidadãos com mais de 18 anos – podem participar neste processo que decorre sob determinados âmbitos (e condições):
Âmbito Um: Eleições para a Assembleia da Republica que deveriam ser para escolher uma Assembleia à qual o chefe do partido que fosse mais votado deveria apresentar proposta de programa de governo, mas que sabemos, quase todos tratam como sendo eleições para primeiro-ministro.
São democráticas, mas tem que considerar:
- Ao votar tem que ter em conta que as eleições só valem se houver uma maioria absoluta, de preferência de um só partido e preferencialmente do partido que seja igual ao partido que já lá está e ainda mais preferencial do partido que sempre esteve.
-Pode e isso é garante da condição anterior, votar em qualquer partido do arco. (qualquer miúdo da escola básica lhe explicará o que é isto).
-Se tiver a desfaçatez de votar fora do arco (ou seja, mijar fora do penico) fique sabendo que:
É responsável pelos ataques de fúria da senhora e do senhor alemão.
Que não haverá mais pão cozido para ninguém.
Que a SA portuguesa não dará posse a tal governo (minoritário…pff).
Que entraremos em banca rota, seremos acossados por uma epidemia de sarna gigantesca, o vulcão da Serra da Arrábida (sim, há) entrará em erupção tapando de nuvens a capital e arredores, o Arouca será campeão nacional (da 1ª Liga, claro).

Ver, outras entradas de E (eleições) para os âmbitos: Autárquico; Europeu; Presidencial.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Uma historia banal


Tivesse eu arte e engenho para agarrar em palavras e transformar escritos em literatura e hoje tomaria a notícia que nos diz que um idoso de 92 anos, a quem roubaram a carteira, retirou a queixa que havia apresentado contra a carteirista, uma idosa de 84, e inspirado, escreveria uma linda história de amor.
Ou não.
Talvez uma história de desamores, de desencontros.
Ou uma história do quotidiano em que uma avó, sem outros recursos, faz do rápido e subtil furto, uma forma de sobrevivência e uma forma de pagar as propinas do neto que frequenta o 3.º ano do curso de direito.
Ou, pelas mesmas razões e com fins diferentes. O neto, toxicodependente, precisa crescentemente de mais dinheiro para sustentar o insustentável.
E o idoso, o que fazia ele na queima das fitas?
O neto deste, comemorava o fim do curso.
Ou, cansado da solidão, veio à rua onde via tanta gente nova a divertir-se.
Não sendo possível a transformação literária, partilho convosco este apontamento de uma história, para muitos, banal – não para mim.
Se outra coisa não é e não é certamente, é pelo menos uma história humana a verdejar nesta aridez de desumanidades.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Viva a democracia


Nas próximas eleições…

Não sei se voto para um presidente ou um primeiro-ministro.
Em setembro, ou outubro ou quando S.E. quiser, haverá eleições para a assembleia, não é verdade?
Ou escolhemos simplesmente – de entre um leque de presidenciáveis – uma nova S.E. e essa nova S.E. escolherá o governo maioritário que assegurará… tudo o que houver para assegurar?
Admitindo que, apesar de tudo (contrariados e amuados, condescendem) e haverá mesmo eleições para a assembleia em setembro, ou outubro ou quando S.E. quiser, eu poderei votar em quem quiser ou terei de votar de forma a dar a maioria que S.E. exige?
Se não votar nos partidos do arco, o arco cai-me em cima?
Se não votar a favor dos que estão a favor que sejam alemães e fmis a decidir sobre a minha vida, os alemães e os fmis dão-me uma coça?
Agradeço envio de instruções precisas a tempo de evitar que eu possa tomar atitude ou atitudes que prejudiquem este pequeno protetorado…desprotetorado.
A bem do protetorado humildemente me subscrevo
Viva a democracia

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mente(s) Estatística


Cita-se frequentemente, tão frequente e banalmente, que agora , que também pretendia citar, não o posso fazer convenientemente, ou seja, não sei exatamente como foi afirmado e também não sei quem o afirmou, mas mais coisa, menos coisa, foi afirmado que se trabalharmos bem os números, a estatística irá dizer-nos, exatamente o que queremos que ela diga.
Ao autor a devida vénia e o devido pedido de desculpas.
Mas foi exatamente esta a sensação que tive, quando hoje li artigo, publicado no Diário Economico e que baseado em «estudo» da Síntese Estatística do Emprego Público, titulava: Salário médio na Função Pública cresceu 7 por cento.
Precisava : sobem 6,9% face ao início do ano passado.
Nem mais. Exatamente assim.
Ou seja, os funcionários públicos não viram, mas estatisticamente é assim de facto.
É um pouco como naquela graçola em que estando dois indivíduos e tendo um deles comido um frango inteiro se pode estatisticamente afirmar que em média cada um deles comeu meio frango.
É verdade que o salário dos funcionários públicos foi em Janeiro de 2015 superior ao que foi em janeiro de 2014…pela simples razão que em janeiro de 2014 o Governo tinha acabado de aplicar a monumental mutilação de 2,5 a 12% nos seus salários.
Como sabemos, envergonhadamente e insuficientemente o TC declarou-se pela inconstitucionalidade de tais normas orçamentais, pelo que em maio desse ano a medida (essa) foi anulada (mas os efeitos não corrigidos).
Imaginemos que, para atingir o efeito que agora quer valorizar, em janeiro de 2014 os cortes pretendidos pelo governo tivessem sido de 25%...
Estaríamos agora na presença de um aumento de salários na função pública de 25%.
Uau.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Exemplo



Quando os trabalhadores estavam na rua em festa e em luta, comemorando o 1.º de Maio,  o Sr primeiro-ministro procedia solenemente à inauguração de uma queijaria.
Entusiasmado por ver nessa cerimónia ilustre ministro de Cavaco, logo ali teceu inúmeras loas a tal figura.
Considerou tal figura (ou figurão) um exemplo de exigência e método.
Um empresário de sucesso.
Um exemplo.
Tal figurão, segundo a Revista Visão on-line de 13.05.15, está associado a buracos de largas dezenas de milhões no BPN.
(Milhões esses que os contribuintes penosamente agora pagam…)
As empresas a que esteve ligado, em vez de lucros, apresentam prejuízos.
Este é o exemplo para o sr. primeiro ministro.
Não o é, garantidamente, para a generalidade dos portugueses.

terça-feira, 12 de maio de 2015

A que sabe o xarope?


O primeiro-ministro afirmou que o importante é vencer a doença e não o sabor do xarope.
No que aos portugueses (à generalidade) diz respeito, o xarope soube a amargo. Muito amargo. A alguns, produziu mesmo efeitos tóxicos muito graves.
Atente-se nos seguintes dados clínicos:
A pobreza em Portugal voltou aos níveis que se verificavam há dez anos. Uma em cada cinco pessoas é pobre (20%). A desigualdade na distribuição dos rendimentos agravou-se.
Portugal tem a 5ª mais elevada taxa de desemprego da U.E. 14% da população em idade ativa está desempregada.
A dívida pública passou de 71,7% do PIB em 2008 para mais de 130% nos finais de 2014.
É a 3ª maior dívida pública da U.E.
Eduardo Catroga afirma que o PSD deve um pedido de desculpas ao país por causa do colossal aumento de impostos a que procedeu.
O poder de compra dos salários recuou para níveis de há dez anos.
Nunca – num espaço de tempo tão curto – tantos direitos foram destruídos. Férias. Horários de trabalho, salários.
Nunca – num espaço de tempo tão curto – se aniquilaram tantos direitos sociais.
E o primeiro ministro de Portugal acha sensato falar da doçura do xarope?
Parecendo contrapor que o país está curado com este xarope.
Acha mesmo sensato, adequado, honesto, dizer tais coisas?
O país que está melhor é o que antes já estava melhor e que se expressa nas vendas de carros e casas luxuosas. Nos vistos gold. Nos lucros repugnantes dos bancos que voltam em grande.
O primeiro-ministro é o primeiro-ministro deste país (que estava e ainda está melhor). Não será certamente o primeiro-ministro do país que sofre.
Do país que ele e os amigos fazem sofrer.
Esqueçam o pedido de desculpas.
Vocês não têm desculpa possível.

terça-feira, 5 de maio de 2015

O um e a unidade

Nem sempre o que logo nos parece contraditório o é assim tanto, como julgamos à priori , na sequencia dos nossos olhares apressados e…descuidados.

Escrever sobre um e sobre a unidade, provoca assim, logo essa ideia inicial de contradição. O que há para dizer sobre uma coisa e o seu significado. Que realce? Que importância?
Um é o número e a unidade tem igual expressão.
Se me deixasse levar por um olhar apressado ou descuidado, assim concluiria e nada mais haveria a dizer. Mas procurei evitar esse olhar apressado e descuidado.
E cedo constatei que em torno de um e da unidade havia um vasto e denso caminho a percorrer, preenchido por um universo de temas e autores.
Talvez iniciasse esse caminho pelos clássicos.
E Phideas viria à liça. E Pitágoras. E Da Vinci.
E talvez compusesse o texto com fotografias do Parthenom, ou com o homem Vitruviano de Da Vinci. Talvez mesmo Mona Lisa.
Mas esses são outros percursos e nem mesmo aos ligeiros pretendo agora, para o efeito proposto, dar continuidade.
Quero falar de um (homem, mulher) e unidade (vários homens, mulheres).
E esse um (nesta perspetiva) é ser uno. Pensa. Age. Sente.
E essa unidade (nesta perspetiva) é um conjunto de seres unos que partilham pontos comuns.
Querer fazer da unidade (nesta perspetiva) não o conjunto de seres unos, mas uma coisa abstrata (e abjeta) igual a um, é um processo perigoso.
Unidade é eu e tu, nós, que gostamos de coisas diferentes, de flores e cores e aromas, descer lado a lado as ruas, em Abril ou em Maio, partilhando da mesma vontade e do mesmo crer.
Construir um homem novo e que cada um deles seja uno.
Só há nós, quando há eu(s).