sexta-feira, 22 de abril de 2016

Caldeirada



A presidência europeia da união europeia, a Holanda, num documento oficial distribuído a propósito de uma reunião daquilo a que eles chamam eurogrupo (designação que o corretor ortográfico teima em não aceitar e faz muito bem) promoveu um jornalista a ministro das finanças do governo de Portugal.
Se promoveu, está promovido. A fotografia do nosso novo ministro corresponde ao jornalista José Gomes Ferreira.
Os parabéns, obviamente, não dou. Mas pronto…eis o nosso novo ministro.
Afinal quem são os donos disto tudo han?!

Ficámos também a saber que o afilhado fica feliz quando o país está bem.
Que bom!
Mas… (adiante).

No Reino Unido – os ilhéus, coitados – teimam em referendar a continuação na união europeia.
Atrevam-se e serão uns infelizes para toda a vida, coitados.
Até Obama está preocupado e prometeu dar uma ajuda.
De facto é preciso dar uma lição aos ilhéus para que se deixem de parvoíces.
Na Síria, na Líbia, no Iraque lançaram democracia sob a forma de bombas.
De que forma enviarão agora sobre os ilhéus a dose de bom senso de que estes precisam?

Há, pois há. Há. Há.
Há plano B sim senhor.
Um esforçado jornalista (sempre eles, esforçados, abnegados, livres, isentos e sei lá que mais) descobriu-o sob a forma das cativações orçamentais.

E continuação da austeridade e subida de impostos?
Também há. Há. Há. Há.
Porque não sei quem da união europeia disse que ia haver, porque uma comissãozita de não sei quê disse que ia haver e porque o comentador de tudo disse na televisão que ia haver e porque um jornalista escreveu que ia haver.

Portanto…

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Nós já vivemos o futuro


Lembram-se?

Ficámos então, nesse futuro vivido, a conhecer os campos e as gentes que julgávamos já conhecer.
Conhecemos e apaixonámo-nos pelos sítios de onde antes queríamos fugir.
Passou a ser bom e a saber bem, viver onde vivíamos.
Receber visitas como recebemos.
Trocar abraços.
Aprendermos novo significado para a palavra camarada.
Aprendemos a cantar, mesmo os que hoje ainda não sabem.
Conhecemos poetas, escritores, revolucionários.
E tratávamo-los por tu.
Como se os conhecêssemos e conhecíamos.
Soubemos a que sabem os beijos.
Aprendemos a amar.
E para esse tempo futuro vivido, não fomos levados por máquinas nem por imaginações.
Não datámos o tempo, mas sabemos que esse tempo, o futuro, foi o tempo que alguns construíram.
Com muito esforço e coragem.
E hoje, com esse futuro tão distante é nos homens e mulheres que construíram esse tempo que penso e a quem quero deixar o obrigado.
Um obrigado a eles e a elas e um lamento por não termos sido capazes de guardar o futuro para os nossos filhos.
Hoje, é de novo passado.
É certo que que por vezes há uma aberta e um rasgo de sol surge tímido por entre as nuvens.
Mas é só uma aberta.
Já não sabemos o que significa a palavra camarada.
Mesmo aqueles que a usam.
Já não nos lembramos dos nomes dos homens e das mulheres que construíram o futuro que vivemos.
Os beijos já não sabem a sal, a sol, a amor.
Os abraços, são de circunstância.
Mas…
Alguns resistem.
Eu quero resistir.
Por isso, estas palavras, nas vésperas (quase vésperas) de nas ruas e praças, se comemorar o dia que foi então o primeiro dia do futuro que vivemos.
E por isso também, uma palavra de gratidão para os homens e mulheres que ajudaram a construir o nosso futuro.
E a esperança de ainda sermos capazes de dizer camarada.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Silêncios

Silêncios

E tantas vozes…

Nomes
Saiu de cena, recentemente e pela porta pequena, um personagem que marcou – negativamente – a história recente do país.
As marcas que deixou ficam gravadas a betão e perpetuam o nome de amigos e colaboradores próximos enlameados nas mais diversas lamas.
É uma perda de tempo lembrá-lo.
Se este apontamento aqui trago é para falar de nomes e no caso das pessoas, só os uso em relação àquelas que fazem por merecer essa condição.
Nunca usei nome para me referir á personagem.
E não tenho a menor intenção de o fazer em relação ao substituto, até porque ele próprio não deve gostar muito do seu próprio nome, já que faz questão de usar sempre cognome.
Chamar-lhe-ei, já que recuso o uso do cognome, afilhado.
E tal designação ocorre em contexto bem português e com significado preciso: «aquele que é apadrinhado por alguém».
Nada mais.
Pois o afilhado, frenético, na ânsia de ganhar agora, o que o eleitorado não lhe deu, todos os dias aparece a falar de qualquer coisa. Mas é mesmo de qualquer coisa, porque das coisas sobre as quais deveria falar, fecha-se em copas.
Nada diz sobre a grosseira e malcriada intromissão do homem das dragagens e da reprografia (onde imprime as notas) nos assuntos internos de exclusiva soberania nacional.
Nada diz sobre as criminosas fugas aos impostos de que se tem somente pequena perceção neste levantar de véu através dos papéis do panamá.
É traço do seu frenesim Julgar que foi eleito para governar.
O convite ao homem das dragagens se outra coisa não configura (submissão) configura pelo menos uma perceção confusa sobre o Conselho de Estado. Trata-se de um Conselho de Estado ou de um Conselho de Chefe de Estado?