quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O mundo do faz de conta


Vivemos no mundo de faz de conta e faz de conta que acreditamos.

Todos sabiam (fez até mesmo questão que assim fosse, que todos soubessem) mas …, fizeram questão de fazer de conta e…votaram (ou não) em Trump.

De que importaram as boçalidades, as provocações mais grosseiras à dignidade das mulheres, as declarações inumanas sobre negros, mexicanos, a tudo o que fosse diferente, se as mulheres, os negros, os mexicanos votaram nele? (ou não).

De que importa sabermos que os media nos mentem todos os dias, a todas as horas?

Sabemos, pois não somos estúpidos, que é mentira que em Alepo os Sírios bombardeiam durante dias seguidos um edifício onde estão 100 crianças (só 100 inocentes crianças, separadas dos familiares, mais ninguém) mas fazemos de conta que não sabemos, que é mentira.

Porque bombardeiam os Sírios um edifício onde só estão crianças?

Porque o bombardeiam e ele (o edifício) não colapsa?

Porquê, apesar da ferocidade dos ataques, ainda continuam 100 crianças, no edifício que os sírios continuam a bombardear?

Porquê, tendo passado dias, semanas, meses, a bombardear edifícios (com 100 inocentes crianças) hospitais (onde estavam velhos e crianças) escolas (onde estavam velhos e crianças), os Sírios derrotam os rebeldes (sim, em Alepo, são rebeldes e em Mossul os mesmos são EI)?

A toda a hora, com diretos que não sabemos de onde, somos nós os bombardeados.

Bombardeados com mentiras que sabemos que são mentiras, mas fazemos de conta que não sabemos.

Este mundo de faz de conta, já é perigoso.

Mas fazemos de conta que não sabemos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

É obra...


Há dias, um blogue do burgo, sob venenosa insinuação – que não fica nada bem aos pergaminhos ditos revolucionários dos seus autores – afirmava que o Alentejo tinha perdido, nos últimos 40 anos, metade da sua população.

Os 40 anos a que se referia, eram os 40 anos do Poder Local Democrático, balizados entre as primeiras eleições autárquicas (12/12/1976) e a presente data.

À afirmação, acrescentava: «é obra».
Insinuação tão primária e tão sem sentido.

Mas, concentremo-nos na afirmação.

A operação censitária mais próxima do início do intervalo, é a realizada em 1970. Nela, segundo o INE apurou, o Alentejo tinha então, 531191 residentes.

Em 2011, de novo por operação censitária, o INE apurou 509849. Portanto, menos 21342 (-4,01%).

A vontade de fazerem a insinuação foi tão grande que perdeu a noção do ridículo.

A perda de efetivos que o Alentejo regista a partir dos anos 90 é um problema grave. Não tem é (felizmente) a gravidade catastrófica que o bloguista lhe quis colar.

Se quiserem analisar a dinâmica demográfica recente (para além das perdas iniciadas em 90) podem analisar o êxodo dos anos 60 (e nem mesmo aqui atingiu as proporções que referem), assim como o crescimento muito positivo verificado nos anos 80 (precisamente a década de implantação do Poder Local Democrático).

Mas façam-no com rigor analítico.

Sem insinuações rasteirinhas.