Os números não mentem.
Não, não mentem. Quem mente mesmo, são os artífices que agridem números e as estatísticas até que eles, os números, digam o que eles querem que eles digam.
Poderia utilizar de algum eufemismo e falar em omissão em vez de mentira, mas considerando a «arte» da omissão e os resultados obtidos, só posso mesmo falar de mentira.
Um jornal, cujos mentores apregoam como uma referência para as questões económicas, titula hoje um artigo assim: Salários da Função Pública cresceram, em média 10%, afirmando que tal conclusão se extrai de um estudo publicado pela Síntese Estatística do Emprego Público.
No corpo da notícia, refere depois, ser de 9,9% esse crescimento. Caramba, aceite-se o arredondamento.
Este fenómeno, segundo eles, ter-se-ia dado entre abril e maio. Mesmo as datas precisam de «precisão».
E referem também, não dando a esse facto a interpretação devida, que tais números resultam da correção a que o Governo foi obrigado por força de uma decisão do Tribunal Constitucional.
Por isso, os salários não aumentaram, foram sim repostos, os valores que tinham. E como sabemos, se quisermos ser corretos, nem sequer a reposição foi plenamente feita, porque entre Janeiro e Maio foram efetuados cortes, cujos montantes não foram repostos.
No final do ano, quando se apura o rendimento, os trabalhadores da Função Pública, facilmente (duramente) constarão os números. Os seus rendimentos serão inferiores aos que tiveram no ano anterior.
Também poderiam ter referido, que para alguns, os cortes se mantêm e que são de 3,5%.
Também poderiam ter referido o aumento dos descontos para a ADSE que diminui os rendimentos.
Podiam, mas não querem.
Omitir assim, é mentir.
Pois, como se aproxima o Natal e com profundo espirito natalício, desejemos-lhe iguais aumentos para os seus rendimentos.