O «Da Porta Nova», fez-me chegar este escrito.
Parece um desabafo.
Ou talvez, um grito de alerta.
Não me cabe catalogá-lo. Haverá quem o faça.
Publico-o, simplesmente:
Perpetuamos as perplexidades sem cuidarmos por um momento, por um simples momento, que seja, que razões podem existir para a sua ocorrência.
Desapareceu a URSS, a RDA e todos os outros sonhos de Leste e perplexos, ao invés de procurarmos perceber, perpetuamos essa perplexidade ou de forma pior ainda, procuramos perpetuar a anulação da procura das causas.
E andamos, dizendo que em frente.
Somos até capazes de citar: um passo atrás para depois dois em frente.
E quanto muito, damos dois passos atrás e só um em frente.
E vivemos.
Vivemos hoje na corrente das unanimidades.
Pretensamente.
Sendo talvez, ou melhor, certamente, o tempo:
Das unanimidades das conveniências
Somos unânimes na condenação da política liberal que destrói as nossas vidas.
PSD e CDS são para nós, unanimemente e com cargas de razão, coisas abjectas. São as causas dos nossos males e por arrastamento, dos males do país.
De igual forma, unanimemente, partilhamos da ideia que não é percorrendo de novo os caminhos que nos conduziram ao desastre, que evitamos novo desastre.
E é com essas unanimidades que percorremos os caminhos das lutas. Como hoje, neste nosso 1.º de Maio, unânime.
E lá nos cruzámos.
No mesmo sítio. Com os mesmos objectivos. Mas desconfiados de cada um de nós.
E este não é um bom caminho. Mas é o caminho que percorremos.
Foi o caminho percorrido por outros, talvez na URSS, em que em nome da defesa dos necessários unanimismos, se criaram as clivagens da destruição.
Como é possível que, pensando de forma igual, nos transformemos em coisas tão diferentes no agir?
Como é possível que, sem que nos apercebamos, nos transformemos nas bestas que unanimemente criticámos?
Mas esta merda tem de ser sempre assim?
Mas é mesmo verdade que o poder corrompe o homem?
Mesmo os pequenos poderes?
Bolas.
0 comentários:
Enviar um comentário