Recordo de nos tempos de menino a estórias terem sempre um velho.
Não acrescentavam nada sobre o dito.
O velho era o velho. Mau para os meninos. Feio. Punidor de toda e qualquer má ação dos meninos.
Recordo os avisos: «não te portas bem, chamo o velho».
E só a breve invocação servia para acalmar a mais feia das birras ou o amuo mais persistente.
Ao crescer, esquecíamos o velho.
Hoje, que quase já tenho idade para ser velho em algumas estórias, sei finalmente quem é o velho.
O velho mau e feio.
O velho que tem atormentado as nossas vidas.
O velho que ao invés de punir as nossas más ações, pune-nos sempre que denunciamos as más ações dele e dos seus amigos.
Hoje sei quem é o velho mau.
Alguém o chamou para as estórias dos últimos (muitos) anos, mas hoje quase todos perguntam:
-Mas quando é que o velho vai embora?
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