Proibir
Dou por mim a interrogar-me sobre as causas para a apetência
natural, que nestes dias tem tido expressões diversas, pelo uso da palavra e do
ato de proibir.
No âmbito da Administração Pública e das forças policiais
são mais que evidentes essas expressões de apetência e até um certo gostinho
pelo uso.
Do confinamento como dever cívico ao confinamento
obrigatório está a proibição que alguns querem fazer à livre circulação.
Se a coisa pega, o voto como dever cívico passa a
obrigatório (assunto que até é de interessante discussão) num abrir e fechar de
olhos.
Mas não se cinge às forças policiais e à administração
pública. Veja-se o entusiasmo e até a exaltação de certos pivôs com que
pronunciam o verbo e fazem questão de generalizar, para depois, quase em
surdina, referirem a excepções.
A partir de amanhã o uso da máscara passa a ser obrigatório
– um exemplo – quase gritado e em tom de meter medo ao susto, para depois
referirem, na surdina a que aludi, ...«nos transportes públicos, em espaços
públicos e fechados».
Nas forças policiais podemos aceitar que hajam razões
assentes em defeitos de formação, no dever de obediência sem questionar e até
mesmo numa determinada herança genética.
Agora o que não se compreende é que essa apetência venha de
jornalistas, que precisam da liberdade como o motorista precisa de ter carta de
condução.
Na resposta à pandemia, começámos bem. Interiorizámos
comportamentos e agimos responsavelmente, mas estamos a descambar e a praticar
e a permitir que se pratiquem atos inqualificáveis de violação da liberdade de
cada um de nós.
Que nunca, mas mesmo nunca, estas apetências e práticas me
empurrem para atitudes que em alguma forma ou conteúdo se possam assemelhar a
atitudes que renego.
A liberdade é um valor supremo.
Alguns e algumas deram a vida por ela.
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