quarta-feira, 21 de abril de 2010

MANIFESTO


Por mero acaso e ainda reflectindo, sobre a citação ontem publicada no Público: “A viagem pode ser uma das formas mais satisfatórias de introspecção” Lawrence Durrel, que acho muito a propósito dos propósitos desta viagem, encontrei, quando depois de mais um desentorpecimento de pernas ao longo das carruagens, voltei ao meu lugar, um texto policopiado e que por me sentir identificado com o seu sentido, passo a transcrever:

Manifesto da Indignação
Ao Sr. Presidente da Câmara de Évora

Porquê o esquecimento?
Porquê este silêncio sobre o aniversário da Liberdade?
Esqueceste-vos que foi a liberdade que permitiu a vossa eleição e que sem liberdade não há eleições?
Já nem o cravo rubro quereis pôr na lapela?
Pois ficai sabendo que nós não esquecemos.
Que amámos e amamos a liberdade como condição de dignidade e de vida.
Que não há cansaço, nem ritualização, nem rotinas.
Que em cada comemoração, renovamos Abril e fortalecemos a liberdade.
Podeis só anunciar na véspera os vossos festejos, porque os nossos, esses estão de há muito agendados nos nossos corações.
Podeis estar certos que a Praça será do povo e que nela voltaremos a ostentar, como símbolo, os nossos cravos vermelhos e entoar em coro, como hino, a grândola vila morena.
Nós vamos comemorar de certeza.
Nós não traímos Abril.
Estamos fartos dos vossos churrascos e festanças pimbas.
E tomai nota deste protesto.
É livre, porque é de Abril.
E é um grito de revolta.
Um Manifesto de Indignação.
Estamos cansados do seu cansaço. Cansou-se V.ª Ex.ª, da vida democrática e optou pela naftalina dos que preferem a obscuridade.
Em contrapartida não se cansou da demagogia e das promessas eternamente repetidas.
Preside a uma cidade que definha, que perdeu o orgulho e que se arrasta sem rumo.
Concebe cultura como um negócio.
Planeamento é só um instrumento de estratégias eleitoralistas.
Ordenamento é em função de entendimentos enviesados e vai-se fazendo por medida e a pedido.
O Desenvolvimento, anunciou V.ª Ex.ª, levantou voo.
Gestão, só de expectativas.
Modernidade: Inovações alheias e Comboios de Alta Velocidade que por imperativos geográficos por aqui têm de passar.
Évora indigna-se, por enquanto em surdina, com a sua actuação Sr. Presidente.
Mas nós, os que subscrevemos este manifesto, estamos certos que em breve, dela sairão e proclamarão decisivamente a sua indignação.

Eu subscrevo

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