Just vouloir
Já que tanto prezamos estrangeirismos, pelo menos rendo-me em francês...
Hoje participei numa ação de rua com os meus companheiros de trabalho (alguns). As razões são as conhecidas: destruição de direitos, baixos salários, desprezo por quem trabalha.
Juntámos-nos numa praça, fingimos escutar atentamente o longo discurso de sempre, trocámos opiniões, acrescentámos lamentos aos lamentos e interrogámos-nos sobre as saídas possíveis.
Um de nós, pessimista, afirmou não acreditar em soluções e dizia: «e tantos... tantos de nós, sofremos...mas vamos a correr dar o nosso voto, ah o sócrates é que era um bandido, depois acreditei no passos, outro, mas agora o seguro, não tem nada a ver, é outra coisa...) ou por vezes: «eu é que já não vou em cantigas...são todos iguais».
Um de nós, o outro, dizia: «quando um dia acreditarmos, quando todos tomarmos consciência da nossa força, as soluções vão surgir».
E esta dual conversa entre quem se encontra a percorrer o mesmo caminho, empurrou os meus pensamentos para Rousseau e Hobbes, quando o primeiro considerava a bondade humana corrompida pela sociedade e o segundo que o homem é lobo do homem. Aviso desde já que não tomarei partido, mas se tivesse de o fazer, fá-lo-ia (se subordinado à escolha do pensamento dos dois) pelo filósofo «francês» nascido suíço.
Mas, quando é que o homem cordeiro, toma consciência de que a «sociedade» abusa dessa sua condição e que reforçando-a, faz dele um eterno apascentado, um joguete nas mãos dos pastores e seus cães?
Permitam-me ainda uma outra nota de reportagem – quando abandonava o plenário, ao passar por dois polícias ouvi de um deles: «vêm prá aqui queixar-se que não têm dinheiro e além ao fundo é só empinarem cervejas...».
Pois...talvez se julgue lobo, este agente da psp...mas não passa de mais um cordeiro.
Mas era verdade... lá ao fundo alguns bebiam cerveja... e era manhã...
Eram quatro ou cinco, mas o agente da psp entendeu por bem generalizar assente no exemplo deles...
Mas, quando é que os bebericam cerveja, os que ficaram nos gabinetes, os que olhavam das janelas, os envergonhados distantes, os que aproveitaram e não chegaram a lá pôr os pés, todos, todos os cordeiros deste imenso rebanho escravizado, tomam consciência de si e fazem aos pastores um enorme ...borrego, ou mais popularmente, um enorme manguito?
Não creio, mas desejava imenso que sim fosse já no próximo dia 22.
Por isso e agora em português (nesta língua partilhada por vários povos):
SIM, NÓS PODEMOS!
QUANDO QUIZERMOS!
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