Sopa de conversa é um prato muito usado, rico de tradições e comum a quase todas as dietas. Na dieta mediterrânica – cinjo-me a esta por uma questão de familiaridade – consiste em juntar um conjunto de tecnocratas com gosto pelo uso profuso da fala, uma sala devidamente equipada para o efeito (data show, quadro, marcadores, ponteiro laser) e um pseudo mandato para ser ingrediente.
As técnicas de confecção vão variando conforme os tempos: trabalho de grupo, introdução das temáticas por «experts»; «focus group»; produção em grupo de análise «swot» (atenção ao termo em espanhol- ou deverei dizer castelhano?) e outras.
As sopas de conversa são muito frequentes na chamada área social e envolvem uma panóplia de instituições ligadas a serviços públicos e a outros, destes dependentes.
Há personagens frequentemente envolvidas.
São habitués e cultivaram uma paixão doentia por se fazerem ouvir. Não cuidam, nem por um momento, em procurar saber o que pensam deles, aqueles que o ouvem.
Não cuidam, nem sentem necessidade de o fazer. Eles são eloquentes, cultos, sabedores (contagiado uso já do mesmo), os outros são simplesmente: ouvintes.
Se alguém diz: é necessário que seja eficaz, logo um deles diz: «não basta» e acrescenta: é necessário antes que seja eficiente. Retorquindo um outro: Não basta que seja eficaz ou até mesmo eficiente, é necessário que seja pertinente.
E assim se vai confecionando a sopa.
Só há um pequeno senão.
É uma sopa ineficaz, ineficiente e impertinente.
Ineficaz porque os resultados obtidos ficam muito aquém dos objectivos apresentados.
Ineficiente porque os recursos empregues são excessivos para os resultados obtidos.
Impertinente, porque desapropriada.
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