terça-feira, 15 de junho de 2010
Crise e Europa
(toda a Europa e não só a UE)
Confesso um certo cansaço na abordagem da crise.
Parece que tudo já foi dito e explicado e que tudo é perceptível por todos.
Parece.
Mas assim não é de facto, porque se o fosse não seriam possíveis os resultados que as sondagens atribuem a Passos Coelho e ao PSD.
Como é possível a este, que ainda por cima preconiza o que de mais velho e esfarrapado foi feito e que contribuiu para a situação em que nos encontramos, granjear da simpatia da maioria dos inquiridos?
Tal só é possível à luz de uma realidade bem mais grave que por diversas vezes tenho abordado por aqui e que se associa a uma quebra ou mesmo perda de valores, de energia e de vontade de agir, em suma, por força de um crescente processo de alienação.
Mas não é um processo que ocorra em exclusivo em Portugal.
Indicadores de igual ou maior gravidade vão surgindo com origem nos mais diversificados pontos desta Europa desenhada.
Da Holanda em que nos falam do crescimento eleitoral de um partido xenófobo, da Bélgica que muitos analistas consideram estar em vias de extinção, de Espanha que se prepara para regressar ao PP, de Itália onde é legítimo perguntar se ainda há significado para democracia, da Hungria, da Eslováquia, da República Checa e…
Existe uma União Europeia ou só já subsiste a sua ideia, ou melhor que ideia vingou no processo de construção europeia seguido?
Vinte e sete países, um número maior de povos, 23 línguas (oficiais) e dezenas de dialectos, várias moedas, 374 milhões de cidadãos … não acharão ainda os burocratas europeus que forçaram unicidade onde deveriam ter estimulado a convivência harmoniosa da diversidade?
Nesta Europa de 27, só Portugal; Espanha e Grécia têm Governos assentes em maiorias (relativas) de partidos socialistas (e que socialistas são, sabemo-lo por triste e dura experiência própria), mas de qualquer forma não deixa de ser um indicador do rumo em curso.
Será por caso que são precisamente estes os países que têm estado na berlinda por força da crise?
Garantidamente não estamos a construir a Europa dos povos e esta crise criada pode ser só o principio do seu fim.
Terá alguém no velório?
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