sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Verdade, verdadinha



Qualquer um de nós, possuirá os registos mais diversos sobre as afirmações das verdades.
Dos mais beatos: «deus sabe que o que estou a dizer é verdade», aos científicos: «é verdade, não há duvida, está cientificamente provado», aos ontológicos «é verdade, isto foi sempre assim»; aos ditatoriais. «claro que é verdade e não admito que duvidem da minha palavra».
Entretanto, surgiram nos últimos tempos, no léxico econofinanceiro dominante, novas versões.
Mesmo no plano semântico as verdades destes senhores passaram a ter uma outra significação e uma amplitude que se dirá…quase mítica.
Ou seja, não só é verdade, como é inevitável, inadiável, imutável. Em suma…Sagrado!
Quem assim não pensa, não sabe o que diz.
Só há este caminho para a economia, dizem.
Mesmo o mais caloiro do econofinanceiro, acabadinho de sair da faculdade onde venerou o econofinanceiro sénior, proclama: «É assim, não há volta a dar».
Encontramos no entanto, econofinanceiros de dois tipos:
Um, implacável, que assevera que os danos sociais provocados são meros danos colaterais, necessários ao sucesso da «medida» e outro, mais sensível, que toma as mesmas posições mas que afirma ter dores em tudo o que é sitio por as ter tomado.
E falam-nos de entidades intangíveis. Algumas tenebrosas, sendo a mais tenebrosa de todas a que eles denominam de “mercados” e que parece ter um apetite insaciável.
A discussão paradigmática aceitável cinge-se em aplicar um ou dois por cento sobre a taxa de iva e em saber se a margarina e o leite com chocolate passam da taxa reduzida para a taxa máxima.
Toda e qualquer outra ideia é inaceitável, impraticável, utópica.
Não tem enquadramento na verdade dominante da esplendorosa «nova ciência» econofinanceira.

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