Sobre o vernáculo: Crise
Quando classifiquei de vernáculo o vocábulo crise fi-lo, partindo de duas ordens de razão, a saber:
Uma, por o considerar de uso próprio a uma determinada tribo e uma outra, assumindo aqui a minha luneta, na perspectiva ideológica.
A tribo de que dele faz uso é a tribo da alta finança, dos jogadores de roleta, dos homens e mulheres sem escrúpulos.
A ideologia que lhe associo é a ideologia dominante, a que enquadra os discursos recorrentes através dos quais justificam as medidas que pretendem e que nada mais não do que baixar salários, destruir direitos, aumentar os lucros.
Se Pessoa dizia que a sua pátria era a língua portuguesa, a pátria dos membros desta tribo é o dinheiro.
E a sua honra é aquela que lhe vimos e que se expressa nos expoentes máximos de isaltinos, oliveiras e costas, duartes lima.
E que se expressa também naqueles que não têm pudor nenhum em terem recebido rios de dinheiro vindos do mixordeiro do bpn.
É com esta honra que impõem aos honrados que paguem o que eles desbarataram.
Sobre as vitimas que votam nos carrascos
É um trabalho interessante e sempre adiado: Procurar saber as razões subjetivas que determinam o sentido de voto.
Mas, com recurso aos mecanismos do senso comum, pode-se fazer a tipologia seguinte:
Tipo I - O sentido de voto é consequência de um estado de maturação ideológica já devidamente elaborado e traduz-se regra geral numa fidelização das opções. Representam uma pequena parcela dos eleitores. Não se verificam grandes oscilações.
Tipo II - O sentido de voto corresponde a uma apreciação a cada momento e obedece a adaptações circunstanciais diversas. São os que são mais influenciáveis pelos candidatos em detrimento dos seus programas. Esta influência pode resultar da tentativa de equiparação a modos de vida, ser resultado de influência de familiares e amigos. Apresenta elevados valores de volatilidade. Não representam um número muito expressivo de eleitores.
Tipo III - O sentido de voto é facilmente fabricado. As televisões, as sondagens, a onda. São largamente maioritários e oscilam em torno os dois principais pilares do arco. Ou agora é PS ou logo é PSD.
Tipo IV - Os antipolíticos fabricados. Os anti tudo. Os que proclamam sempre: «eu cá não votei neles» ou «eu quero lá saber, eles são todos iguais». São muito numerosos e há uma clara tendência de crescimento. Dividem-se entre votantes e abstencionistas crónicos. Quando votam (retirando quase sempre inexpressivas variações) comportam-se como o eleitor Tipo III.
Tipo V- Grupo muito reduzido de eleitores responsáveis que ainda procuram o sentido do seu voto.
Para quem como eu, partilha o sentido da plena responsabilidade dos eleitores (ou seja, se vota é co- responsável pelo resultado) merece especial atenção (e grande preocupação) a constatação de que a grande maioria dos eleitores se enquadram nas tipologias III e IV.
Há um longo percurso a percorrer.
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