terça-feira, 10 de junho de 2014

Redondos discursos

Entretemos-nos por vezes, em redondos discursos sobre a natureza humana.

Redondos, pomposos, retóricos, empolgantes.

Mas…

Mais do que eloquência discursiva, de mais ou menos retórica, com mais ou menos audiência, preocupa-me, isso sim e unicamente, procurar saber em que plano nos situamos quando lemos que uma mulher foi linchada no Brasil após ter circulado no Facebook o boato de que se dedicaria a práticas de bruxedo?

E quando ficamos a saber que uma mulher foi condenada à morte por enforcamento, no Sudão, por se ter recusado a renegar a sua fé cristã?

E quando um responsável governamental, na Índia, perante crimes horrendos que nos chocam, desdenha das vítimas e defende a violação?

E quando se cravam no chão bicos metálicos para impedir assim que os sem-abrigo ali possam pernoitar?

E quando se considera que o vírus Ébola pode ser um bom aliado para impedir a emigração agora não desejada?

Para quem precisar de saber o que é um fascista, procure saber a forma como se responde a estas questões. Bastará.

Ou mesmo a outras.

Diga-me por exemplo o que pensa de uma pessoa (do aparelho no poder), que afirma que é preciso ponderar a criação de mecanismos judiciais (sanções judiciais) para os casos em que os poderes do Tribunal Constitucional são extravasados?

E de um general ou de um coronel que manda calar o protesto popular em nome do respeito pelo país, isto na sequência do “piripaque” de SEx. ?

E de outros que afirmam que no futuro têm de ter mais cuidado na escolha dos juízes?

Restarão ainda dúvidas?

Pois eu não as tenho. O fascismo está aqui já.

Por enquanto, em pele de cordeiro.

Mas da boca já sobressaem os seus carnívoros dentes…

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