quarta-feira, 19 de maio de 2010

O MUNDO MUDOU



Assim como não quer a coisa, de uma forma totalmente inesperada: o mundo mudou.
E mudou tão repentinamente - mais repentinamente que as mudanças de rumo da nuvem islandesa - que o primeiro ministro de Portugal foi apanhado de surpresa e forçado, por essa forma, a fazer hoje, o que ontem jurava a pés juntos não ter a menor intenção de fazer.
No entanto, só ficámos a saber que mudou mas nada nos foi dito sobre as mudanças verificadas.
Fazem todos (os que dominam os meios para tal - leia-se comunicação social) um ruído tão intenso e permanente que falta tempo para procurar perceber as mudanças e menos ainda procurar perceber-lhes as causas.
Ontem foi a falência de um banco de dois irmãos americanos, depois madof, no dia seguinte a turbulência foi provocada pelas medidas aprovadas no Congresso (EUA) sobre a protecção para a saúde, as bolsas caem, as bolsas sobem, as bolsas tremem e agora estão em chamas (já não em sentido figurado, mas real, pois hoje é o que está a acontecer em Banguecoque).
Ontem a crise era à escala planetária e devia-se ao imobiliário, depois passou para a escala europeia e deve-se aos ataques especulativos ao euro, agora parece cingir-se a economias localizadas e tem origem orçamental.
É curioso constatar que os EUA (antes origem) agora parecem não existir sequer nesta geografia da crise.
De facto, concordo que se verificou uma mudança.
Mudou a aceleração e o ritmo dos ataques às condições sociais dos trabalhadores.
Nunca como agora foram desferidos ataques tão violentos e destruídas tantas regalias sociais.
Por força disso, agora existe um mar de gente disponível para a escravatura e um oceano de homens e mulheres que temem pelo seu futuro.
Esta foi a mudança.
Agora o trabalho é um factor de produção ao preço da uva mijona e disponível para quando e nas quantidades que forem necessárias.
E pelo tempo que for necessário.
E para ela, esta mudança, o primeiro ministro de Portugal deu um importante contributo.
Falando ainda de mudança.
Verificado que está, que efectivamente o mundo mudou, é legítimo supor que o sentido de voto dos portugueses também tenha mudado, não acha senhor primeiro ministro?
E esta previsível mudança não lhe sugere nenhuma medida?
O seu parceiro coelho está ansioso que seja um pouco mais tarde.
Não tem pressa, o senhor está a trabalhar para ele.
Pelo contrário, os trabalhadores portugueses têm muita pressa na mudança.
Mas uma mudança efectiva de rumo.

A bem de Portugal.

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