sexta-feira, 17 de setembro de 2010
CONFISSÃO
Tenho um vicio diário.
Libertado que estou de um outro, com outro tipo de malefícios (não sei se maiores) mantenho no entanto este que perdura há anos e que se traduz na necessidade imperiosa de ler um jornal antes de começar o dia de trabalho.
A escolha - dado o panorama actual - recai sobre o Público.
E nesta dependência estabeleço quadros de um certo conservadorismo, que me levam a amuar perante uma reformulação gráfica, ou quando diminuem o tamanho dos caracteres nas palavras cruzadas ou quando da retirada (imperdoável) da tira de Calvin.
Apesar de tudo, são menores - ou de menor projecção cénica - as doses de toxicidade a que estou sujeito quando leio o Público, do que as que sou exposto quando vejo televisão ou quando se percorrem certos pasquins.
No entanto…
Há dias em que ao folheá-lo - o Público - ou simplesmente ao segurá-lo, ficamos com as mãos empestadas de imundice. Tal facto ocorre muito às Sextas-feiras. Hoje foi o caso.
Na última página, alguém verteu asquerosamente, todo o seu ódio e raiva de uma forma tão suja que se tornou difícil pegar decentemente no jornal. Fá-lo recorrentemente às Sextas-feiras.
Desta vez embirrou com Fidel (o que também é recorrente), declarou a sua morte (coisa já tão natural) e proclamou, qual Zandinga, o regresso de Cuba ao capitalismo.
Julgo mesmo que já se imagina nos seus bordeis, bebendo rum com Fulgêncio (ou este já morreu mesmo?) enquanto se baba sobre a companhia alugada.
Na sua verborreia, mata uns (Fidel), bate noutros já mortos (Sartre), proclama como verdades inquestionáveis as suas vontades.
Esta insignificante figura gosta de se arvorar em homem culto, conhecedor - o mais culto e mais conhecedor de entre todos os outros insignificantes seres.
Coitado, não consegue distinguir entre «saberes enciclopédicos» - de que ele se constitui como caixa de arquivo bafienta - e a inteligência que permite aos homens articular esses dados e construir assim novos saberes.
E assim, confunde - todo ele é uma confusão - as medidas económicas anunciadas para Cuba, como o reconhecimento inquestionável das supremas qualidades do capitalismo e distorce grosseiramente o que de facto foi dito.
Fidel disse que o modelo económico até agora vigente JÁ não é solução. Ele omite o JÁ.
O regime anuncia a abertura de novas actividades à iniciativa privada. Ele consagra tal facto como o reconhecimento do capitalismo como via salvadora.
Aconselho então que na sua bafienta caixa de arquivo procure definições para capitalismo (qualquer uma) e certamente constatará que o capitalismo é um sistema político - económico (Cuba não deixou de se proclamar como Socialista) e que pressupõe a propriedade plena da propriedade privada e a possibilidade da acumulação de capital por força disso - através de processos brutais de que todos somos testemunhas - (em Cuba, anunciam-se concessões para o exercício de actividade privada - não para a posse plena, coisa bem diferente).
Não aprofundou - porque não sabe articular - e porque o ódio o cega, outros modelos económicos presentes em projectos de Partidos Comunistas, onde estes preconizam a coexistência de uma economia com os pilares privados, públicos e cooperativos.
Em que se enquadram as medidas anunciadas para Cuba.
Conclui, porque lhe convém, que a solução é o capitalismo.
E essa «solução» causou no mundo 1,2 mil milhões de seres humanos em situação de pobreza extrema.(Citando só um dos enormes males que provocou e provoca)
Não creio que se justifique que perca mais tempo com sujeitos desta laia.
Vou lavar as mãos.
E depois pensar sobre o que devo fazer nas próximas Sextas-feiras. Coloco três hipóteses:
1. Continuar a comprar o jornal e assim acompanhar o evoluir do estado de demência do dito.
2. Ignorá-lo, o que é difícil pois ele é tipo sarna e manusear o jornal com luvas.
3. Deixar de comprar o Público.
Obs. A hipótese aventada em 1 não dispensa o uso de luvas e dependendo da evolução, provavelmente, será necessário o uso de máscara.
Vou pensar.
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