segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Palavras e com(textos)
Televisões, rádios e jornais abriram os seus noticiários de hoje com a bombástica «caixa» : «Chavez perdeu a maioria».
Ontem, num trabalho marcado pelo rigor informativo publicado num diário da nossa praça, um jornalista proclamava: «A partir de hoje, o Parlamento Venezuelano perderá a hegemonia vermelha» .
A constatação de «hegemonia vermelha» assenta que nem uma luva nos contextos anteriores (recentes) em que Chavez tinha sempre o epíteto de ditador.
É preciso ler depois as «miudinhas» para saber que afinal, Chavez ganhou com maioria absoluta de mandatos (90 em 165) as eleições legislativas, não tendo conseguido atingir o objectivo a que se tinha proposto de uma maioria qualificada de 2/3.
Mas a mensagem passou. Para o cidadão comum intoxicado, a conclusão é simples: O ditador Chavez perdeu as eleições. Nem perderá um minuto (porque o grau de alienação já não lho permite) a tentar perceber: «como é que um ditador perde eleições?».
Assim como não perderá para procurar saber que a hegemonia vermelha que existia no Parlamento se devia ao facto de «os democratas» incapazes de aceitar o veredicto do povo, se terem recusado (em 2005) a apresentar-se perante o eleitorado.
E tinham sido esses mesmos democratas que já haviam tentado de tudo - inclusive a prisão do Presidente democraticamente eleito - para através de golpadas assegurarem o poder e assim perpetuar os seus desumanos privilégios.
Há na América Latina sobejos exemplos dessa escola democrática.
E são esses «democratas» que a comunicação social idolatra em Portugal (para situarmos as coisas).
E idolatram os estrangeiros e os seus comparsas nativos.
A Comunicação Social é a voz do dono e o dono é desse calibre - tem essa formação «democrática».
Por isso nada nos admira.
As palavras não têm para eles qualquer importância, o que conta é a sua «contextualização».
E assim, para eles e porque têm de agradar aos donos, democratas são os que exploram, escravizam e aniquilam a dignidade dos povos.
«Ditadores» os que - mesmo errando - abrem as portas da esperança aos povos sempre oprimidos.
Mas há quem tenha dicionário e vos saiba decifrar e muitos vão aprender também a fazê-lo e então, quando assim acontecer, as palavras voltarão a ter a importância que sempre deveriam ter tido.
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