terça-feira, 21 de setembro de 2010
Números redondos
Tanta crise, tanto número, tanta desfaçatez, tanta insensibilidade social, tanta grosseria…
Agora (envergonhados?) põem a falar das medidas que eles tomam, directores gerais e de institutos que falam de pessoas como se estivessem a falar de coisas e transformam cada beneficiário de uma determinada prestação social num miserável, corrupto, oportunista que vai ter que ir para a fila de abate provar que não é assim tanto e até tem uns laivozinhos de ser honesto.
Talvez…talvez e sendo assim, bem…temos que ser caridosos, não é?
Socialistas, hein?
Agora gabam-se de terem poupado tostões nos cortes canalhas que fizeram às prestações sociais … e vão cortar mais!
Anunciam baixas no preço dos medicamentos (em 6%) mas tudo indica que os mais usados vão aumentar de preço e os idosos carenciados vão passar a pagar sobre eles o que até agora não pagavam.
Porque aqui é usual dizermos: “é preciso ter lata”!
Perante todo este nevoeiro em que nos entretêm e nos exploram, procurei alguns indicadores pois hoje tudo nos é apresentado em percentagem ou em números tão redondos que redundam em redondo.
E assim fiquei a saber:
Os submarinos tridente custam qualquer coisa como mil milhões de euros. Brinquedos de almirante que ninguém questiona.
Mas questionam os 2,4 mil milhões de euros que parecem custar (no percurso em território nacional) a ligação TGV de Lisboa a Madrid. Será porque a mesma passa pelo Alentejo, tem uma estação em Évora e é um investimento que pode contribuir para o desenvolvimento desta região?
E calmas que estão agora as águas (aproveitando e dando sequência à questão dos submarinos), depois da patriótica intervenção do nosso 1.º Ministro em defesa dos interesses estratégicos da pátria economia - Negócio PT /Vivo / Telefónica - e quando vão entrar (onde?) 4 dos 7,5 mil milhões (o resto virá para o ano), quanto vai entrar nos cofres do Estado?
Se aplicado o IRC era expectável que entrassem 0,8 mil milhões (agora) e (0,7 mil milhões) para o ano.
Pois…, era expectável, mas a verdade é que não vai entrar um cêntimo.
Porquê? Ora porquê?! Porque… o que é preciso é combater os usos indevidos do RSI.
E acabar com o investimento público.
E acabar com o Estado Social.
E acabar com os serviços públicos (Escola, Serviço Nacional de Saúde…)
E acabar com essa mordomia que consiste na impossibilidade de alguém ser despedido sem justa causa.
Desde que se passe para lei a causa (e tão fácil que é) então passará a ser possível legalmente despedir por: “causas legalmente aceitáveis”.
Quem quiser saber a diferença entre justiça e lei tem aqui um bom exemplo.
Nós sabemos bem quão injustas são tantas leis…
Que texto mais redondo!!
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