Dizem-me alguns que tenho uma aborrecida tendência para «dramatizar» e quando pergunto por que o dizem logo me fazem notar que esta se expressa na forma trágica com que abordo determinados temas e no «jeito» nada «divertido» de escrever.
Confesso que, mesmo nas situações em que discordo logo, logo encontro um tempinho a sós, em que ajusto contas comigo.
Sim, talvez e talvez seja, por isto, ou por aquilo. Talvez.
Se conto anedotas...são longas, repetidas e sem graça.
Se conto estórias...são confusas e tristes.
Talvez mesmo o indicado seja estar calado.
E até nem é ideia muito absurda.
Antes calado do que pregador em monte ventoso.
Talvez .
Poderia reconfortar-me com a ideia / desculpa , que são só alguns que assim pensam... Pois podia...
Mas o pior é que eu também penso assim.
Vejam só no que me deu para pensar nesta Páscoa:
Nestes dias, por aqui e especialmente na segunda-feira de páscoa, devem ser poucos os que não comem borrego.
Borrego assado, em ensopado, frito, vísceras e sangue em forma de sarapatel, grelhado na brasa, cabeças no forno.
Em casa, a sós, com pouca ou mais quantidade e variedade, regado ou a seco, com vinho ou branco, no campo em festa.
Afinal é a festa.
São milhares os borregos mortos para o festim ou para a mais solitária das formas de dar corpo a uma tradição.
Não me atrevo a dar nome humano à coisa, mas que se trata de uma enorme mortandade de borregos ai isso é inquestionável.
E eu, que também sou cúmplice, dei por mim a pensar em tanta coisa, quando vislumbrei através dos vidros, nos campos quase nada verdes, um rebanho de ovelhas pastando.
Quietas, serenas, nem um brado...
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