Um som de fundo preenche as ruas.
O vento de sul, que arrasta consigo nuvens negras, traz também esporádicas e grossas pingas.
À mistura, arrasta o som das vendedeiras de cuecas, peúgas, atoalhados e outros bens.
No Rossio há mercado. E gente.
E nós percorremos as ruas, quase desertas.
Apesar de tudo, o comercio tradicional, quase todo, fechou portas.
Apesar disso, encontrarmos, aqui e ali, alguns comércios abertos.
As lojas dos chineses, essas lá estão,(religiosamente – coisa estranha de dizer) à espera de nós.
Encontramos amigos que nos dizem haver enchentes nas grandes superfícies da periferia.
Nada que não tivéssemos previsto.
Na melhor estratégia Goebelsiana haviam anunciado descontos soberbos.
Canalhas.
Fascistas.
E as gentes miseráveis da minha cidade acorreram como feras esfomeadas...
Venderam-se por meio prato de lentilhas.
Mas nós fomos para o desfile... para a luta.
Nem um café comprámos.
Quantos éramos???
Perante o desalento, alguém me lembra os ditos de um homem simples:
«Há pobres desgraçados, que são pobres em tudo!…».
Lamento, mas hoje estou muito desanimado.
Só me confortam as palavras cantadas de Sergio Godinho:
...não é por mim que eu me queixo....
Quem me lê, sabe o resto.
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