Os mais pobres não estiveram lá.
E ele tem razão, porque sabe bem onde estão eles – estão no gueto social para onde ele e os seus comparsas empurram cada vez mais os portugueses.
Os pobres, que não estiveram em Alcântara:
Estiveram a trabalhar para os belmiros amigos do sr. ministro por tuta e meia abençoada - a renda da casa e a garrafa de gás assim o exigem.
Outros e outras, a lavar, a arrumar, a passar a ferro, a limpar o pó das casas e palacetes dos senhores e senhoras do tempo do tempo do sr. ministro.
Outros fazendo biscates depois de uma semana de escravidão, para acrescentar um pouco de pão na mesa da família.
Outros cavando na beira das estradas à espera que a terra lhe devolva o suor, em cenouras e batatas e temendo que a qualquer momento lhe surja uma besta berrando: «fora daqui que a terra é minha».
Outros vendendo ilusões em feiras onde vão os pobres e onde de tempos a tempos aparece o sr. ministro vendedor de banha de cobra: quando quer espoliar o voto dos pobres.
Outros retemperando-se de mais uma noite dormida sobre papelões e esticando a mão para a esmola dos outros.
Outros, porque estavam longe, fora do país, à procura daquilo que aqui não encontram: trabalho e dignidade.
Mas estavam lá outros sr. ministro.
Estavam lá aqueles que ainda não foram para o gueto.
Aqueles que o sr. ministro ainda não conseguiu pôr no gueto mas para o qual se esforça diariamente.
Estavam lá aqueles que querem assegurar a dignidade.
Os que sabem e praticam os valores da solidariedade.
Os que são homens com aga e mulheres com eme.
O sr….
O sr. devia ter tido vergonha na cara antes das baboseiras, mas pedir-lhe o impossível não abona a meu favor.
Continue com a sua caridadezinha da treta…
A mamã, as titis e os outros gostam muito de ver o menino ser assim…
D’ o Jardim de Diana
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