Repito a ideia que venho perseguido de há um tempo a esta parte e que consiste na constatação de que há um patamar novo na forma de condicionar ideias, através dos órgãos de comunicação social.
Se antes a questão consistia em fazê-lo, mesmo que alternadamente, em torno dos «valores» de um centro (centrão) ideológico, no qual assentavam os pilares do arco governativo, agora que se procedeu a algumas alterações (pontuais) nesse tipo de estrutura, os «valores» difundidos já não incluem «parte» desse anterior centrão e excluem mesmo, de forma por vezes até grosseira, o PS e o Governo.
Do PCP e do Bloco, quando difundem, fazem-no sempre na perspetiva de isso poder ser útil ao objetivo central e este consiste em criar as condições que minem a estabilidade do Governo.
E fazem-no não porque não gostem do PS (gostavam e muito, até há pouco) mas porque não gostam nada da mudança em curso.
O PS bom é o PS igual ao PSD e ao CDS. O PS do centrão e da submissão aos ditames dos chefes da U.E.
Em ciência não há neutralidade axiológica mas há a obrigação de o investigador identificar com clareza o seu ponto de partida para a análise.
Talvez fosse útil colocar aos donos dos órgãos da comunicação social imposição de semelhante valor. Ninguém esperaria que mudassem mas exigir-se-ia que se assumissem.
Talvez assim, o que nos impinge como noticia, se tornasse claro que mais não é do que, opinião ou vontade.
Primeiro foi a ressonância do falso discurso do ganhámos. Depois o eco do discurso do governo ilegítimo, depois o barulho do orçamento, agora a vontade de ver os juros da dívida subir.
Bons patriotas estes senhores donos disto.
Uma nota final sobre a questão dos juros. Fico por vezes com a ideia da ansiedade com que alguns esperam pela abertura dos mercados (de dívida secundária) para «noticiarem»: «juros da dívida sobem».
Fizeram-no ontem (às 08:45, hora de Portugal) e «noticiaram» logo. Só que…ontem os juros baixaram.
Os especialistas nestas matérias sabem e conhecem os mecanismos e sabem que, com base em metodologias diferentes se podem obter resultados não coincidentes.
Veja-se por exemplo:
Hoje, a Bloomberg e a Reuters anunciavam os valores seguintes : dívida a 10 anos – juros de 3,640; dívida a 5 anos – juros de 2,615 e dívida a 2 anos – juros 1,309.
Também hoje, os valores apresentados pela Six International Information eram, respetivamente: 3,442 (menos 0,198); 2,534 (menos 0,181) e 0,846 (menos 0,463).
Com base em:
Económico.sapo.pt/noticias/juros-da-divida-sobem-em quase-todos-os-prazos_242797.html e
www.jornaldenegocios.pt/cotacoes/divida
Peanutes diria alguém.
Mas o que importa é a formatação e não a informação.
Os valores que se lixem…
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