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A formiga no carreiro
A formiga no carreiro
Vinha em sentido cantrário
Caiu ao Tejo
Ao pé dum septuagenário
Larpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas àguas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
(Zeca Afonso)
Nesta inconstância destes textos inconstantes regresso a casa.
À cidade que me adoptou e a que hoje chamo de minha.
Uma cidade, austera, seca, pouco dada a espontaneidades , mas que sei hoje: autêntica.
E não são bons os ventos que a fustigam, aliás se fossem bons, não a fustigavam, acariciavam-na numa suave aura.
Enquadrável numa perspectiva inexplicável de renegação do património cultural, procuram os excelentes senhores que lhe gerem o destino, fechar o novel museu do artesanato e instalar nele, uma mostra de um coleccionador privado, de design.
Não valorizemos, nem desvalorizemos as diferentes expressões artísticas.
A Arte é plural.
Mas é necessário este duelo? É necessário que um morra para que o outro vingue?
Não existem, disponíveis, numa cidade cada vez mais vazia, outros espaços?
Não gosto de ver esta cidade como palco de semelhante duelo.
Ela é também plural.
Esta medida, parece enquadrar-se numa aversão geral para com as questões patrimoniais, que se expressa no poder instalado.
Prá frentex, propalam, que o património é coisa do passado.
Claro, património é coisa do passado e no futuro que construímos assim queremos que continue a ser.
Mas como é que alguém pode insinuar que sabe para onde quer ir e falar-nos de futuro, se não sabe sequer de onde veio?
O património desta cidade é a consciência colectiva adquirida da importância do seu Património.
Sabemos de onde viemos e para onde queremos ir.
Enganámo-nos foi no caminho (alguém se enganou), mas vamos corrigir.
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