segunda-feira, 22 de março de 2010
Qual é a coisa qual é ela?
Que afirmando uma coisa a nega. Que diz tratar de alhos, mas só fala de bugalhos.
Que se dá ares de entendedora em ciências diversas e que se aloja no seio de uma que destrói.
Que fala em ciclos e em depressões.
Que uma vezes parece dominar as ciências médicas e logo de seguida dá ares de entendida em meteorologia.
Que tem estrelas sem luz própria, mas que brilham (como em nenhuma outra área se conhecem) com grande intensidade (por reflexo dos holofotes).
Posso, procurar dar uma ajudinha … é muito dada a, inevitabilidades…
E mais ainda, a certezas gerais e absolutas.
Estranha ciência…
Os seus gurus, passam muito do seu tempo em palestras, são muito bem pagos e ninguém, incluindo muitos deles, sabem muito bem o que fazem.
São convencidos e repetitivos, mas muito coerentes:
Os seus ensinamentos - construções teóricas de grande densidade - giram em torno de três questões centrais:
Aumentar impostos
Diminuir os salários
Flexibilizar o emprego (destruir).
A ordem de aplicação é aleatória, com excepções pontuais provocadas pelo clima.
Os gurus endeusam-se, julgam-se insubstituíveis e protegem a espécie, embora se tivessem já registado aqui algumas excepções, mas sempre para defender… a espécie e o seu habitat.
São muito dados às questões transcendentais.
As crises vem de nenhures, não têm pai nem mãe.
O mercado é uma divindade que nenhum sabe definir mas que invocam por tudo e por nada.
Sobre este, é habitual ouvirmos: hoje está muito volátil, ou (usando por vezes o plural) hoje estão muito nervosos e identificam rapidamente uma causa para o nervosismo.
Abrem em alta, abrem em baixa, são de marés.
O que é conhecida, sobejamente e tristemente conhecida, é a mole imensa das vítimas destes brincalhões.
Qual é então a coisa?
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