terça-feira, 30 de março de 2010
Modernos...???
Ganhem coragem e de uma vez enfrentem o vosso problema.
Tragam os bulldozers e abram alamedas, rectilíneas, rodeadas de casas rectilíneas (cúbicas), com semáforos, passagens aéreas, relva sintética em pequenos espaços ajardinados e néons, muitos néons, muitos estacionamentos, muitos automóveis…
Mandem abaixo as casas velhas, bolorentas, acabem com as ruas estreitas, sinuosas. Impludam palácios, casas senhoris e pátios.
Construam casinos, estádios, autódromos em vez de teatros e museus. (que fazer às Igrejas?)
Assumam-se plenamente Modernos.
Destruam as vossas memórias, as ruas e becos onde brincastes às escondidas. O recanto do jardim onde se trocaram os primeiros beijos.
Sejais Modernos.
Mas acabemos com esta hipocrisia.
Por cobardia, não fazemos nada disso - não destruímos as cidades, mas deixamo-las nesta triste agonia, no mais desprezível abandono e construímos novo. Construímos sempre, mais.
E as cidades definham.
Mas mesmos tristes, sujas e maltratadas recebem-nos e lembram-nos em silêncio, em tristes memórias ecoadas em conjunto com o som dos nossos passos, o vosso crime.
Os que têm memória, respeitam-vos, cidades gente e com rosto.
E sofrem convosco.
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