quinta-feira, 8 de julho de 2010

ALQUEVA




Enquanto escrevo, através da televisão oiço Marisa esganiçando uns fados tendo como cenário Alqueva.
A Barragem que idealizámos para regar um Alentejo sedento.
E o que vemos? Uma elitezinha e seus apanágios debitando as palminhas da praxe que ecoam no mar de água que sonhámos mar de esperança.
Que bandeira virou hoje Alqueva?
Sempre que uma nova torneira se abre e uns metros de canal se rasgam, eis que surge a pompa.
Lutámos por Alqueva e quando alguém escreveu: “Construam-me Porra!” esperava certamente por um fim diferente.
É que os denominados «fins múltiplos» são cada vez mais só os interesses imobiliários e fundiários associados a grandes projectos turísticos.
A terra continua sedenta, cercada por arames, improdutiva.
As terras abandonadas pelas gentes.
Ficam e regressam velhos os que novos daqui haviam partido.
Alguns, levados por filhos e netos em visita de fim de semana, contemplam o lago, o imenso lago de que lhe falaram.
E voltam e ficam sós de novo.
Um pouco como o Alentejo.
Apesar de Alqueva, do lago, da água, está de novo só.

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