Penso que posso tratar-te por amigo sem que alguma vez nos tivéssemos visto ou trocado uma palavra que fosse, assim como penso que não te zangarás se te forem contar que te trato por tu.
E se te chamo amigo é porque sei que temos em comum muitos amigos. Se te trato por tu é por sentir que partilhamos ideias e concepções de vida.
Por aqui e por muitas outras partes do mundo, aqueles que nunca incluiria no grupo de amigos e muito menos daria os parabéns, chamam-te ditador.
É uma prática corrente, os ditadores chamarem o que são àqueles que os desmascaram e que contra eles lutam.
Muito mais aguerridamente o fazem àqueles que como tu saem vitoriosos nessas lutas.
Habituei-me a ver aumentada a minha estima por ti à medida que via os que por quem eu não tenho estima nenhuma chamarem-te ditador.
Quando quem te chama ditador são os senhores da guerra, os senhores que matam milhares com base em argumentos construídos pelas suas mentiras, os senhores que vendem armas aos assassinos de crianças para matarem mais crianças, os senhores que têm espalhado a fome, terror e morte por onde quer que ponham as patas, quando assim é, sinto-te cada vez mais amigo.
Sei que nem tudo no teu país é um mar de rosas. Também sei que te rodeiam alguns sacanas que batem no peito fidelidades e cantam revolução mas que simplesmente a usam e atraiçoam.
Por aqui, noutra escala, também há disso.
Mas também sei que deste um grande contributo para que o teu país passasse de um bordel para ianques a um país soberano e senhor de si.
Um país onde as mulheres e os homens podem percorrer de cabeça erguida os seus caminhos.
De onde foi erradicado a analfabetismo. Onde se verifica a mais baixa taxa de mortalidade infantil da américa. Onde se registam altos valores de desenvolvimento humano.
Nesse teu país acolheste para tratamento gratuito milhares de vítimas de Chernobil. Formaste médicos para Timor Leste. Fizeste da solidariedade para com o povo sul-africano em luta contra aquela coisa ignóbil do apartheid uma prática concreta e não mera retórica.
Os homens como tu são cada vez mais raros. Aguenta–te amigo.
Para que nós nos possamos aguentar por força do teu exemplo.
Parabéns, amigo pelos teus 88 anos de vida.
Parabéns Fidel.
DE-Depois de escrito A quem ler este texto, recomendo a leitura, também aqui no «espojinho» sob a etiqueta «Cuba», dos textos de 18 de novembro de 2009 «Cuba» e de 17 de setembro de 2010 «Confissão». Podem crer e sei que creem que não é por uma questão de ego. É por uma questão de...TEMPO.
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