terça-feira, 9 de setembro de 2014

Iguais calibres

 

É comum ouvirmos de alguns (não poucos), comentários através dos quais se faz passar a ideia de uma associação ideológica dos funcionários das autarquias às ideologias dos partidos que gerem – através do voto – essas mesmas autarquias.

Assim, se o Presidente de Câmara é PS, logo o funcionário dessa mesma Câmara é PS.

Usei PS, mas poderia ter usado um outro exemplo qualquer.

Convém ter presente que alguns – funcionários – dão importantes contributos para que essa ideia se difunda, mas não é essa a razão para o escrito.

Pretendo, isso sim, falar de profissão e política.

O que quero realçar é o direito à profissão sem perturbação política, sem que ao defender esta ideia esteja a defender pretensas e inexistentes independências.

A política é a forma (para uns, ciência, para outros, arte e para outros, manha) que os homens e as mulheres dispõem para gerir o espaço público, entendido este na pluralidade das relações e implicações que se estabelecem.

Renego a não política e ainda mais os pretensos e «superiores» não políticos. Estes, arvorados em «puros» nada mais são que os peões em uso pelos senhores de sempre.

E partindo do reafirmar destes princípios considero que, no exercício das nossas atividades profissionais, sejam elas exercidas em que contextos forem, mas no caso, quando exercidas numa determinada Câmara Municipal, não sendo «apolíticos» não podemos é ser tratados como agentes políticos do partido (ou dos «não partidos» com que alguns caciques agora se fazem eleger) do Presidente de Câmara.

Somos profissionais e devemos ser tratados como tal.

A não ser assim, cada um dos profissionais que exerce a sua atividade numa determinada Câmara Municipal, estava sujeito a ter que proceder a «resets» ideológicos por força de eventuais alterações políticas determinadas pelos eleitores dos seus concelhos.

É fácil pensar assim. Não é tão fácil agir assim.

A natureza humana usa estratégias para atingir determinados fins que não abonam muito a condição humana.

Esta é uma contradição recorrente e transversal e é um tema que gosto, mas agora abordo-o só de passagem.

E desta contradição resultam episódios de descarados atos de «vira casaca», a par de exercícios indolentes (que de facto estão na natureza de quem os pratica) em nome de uma pretensa ação política.

Vira casacas são vira casacas e valem o que valem.

Preguiçosos e negligentes, são sempre preguiçosos e negligentes.

Sendo isto certo,o que custa constatar é que não são poucas as vezes que vemos serem estes os compensados.

E quando assim é, também é fácil concluir sobre o carácter de quem está no poder e compensa estas atitudes.

São de igual calibre.

0 comentários:

Enviar um comentário