sábado, 2 de janeiro de 2010

A que cheiram certos discursos?




O senhor PR no seu discurso de votos de Bom Ano, uma das tradições políticas a que nos habituaram, traça um quadro de preocupação face ao crescimento do desemprego e da dívida externa e apela a uma ampla convergência no sentido de evitar o desastre.
É também quase tradição, serem intocáveis as posições dos PR (s) sejam eles quem forem. Como em muitas outras, não me apetece integrar o espírito dessa tradição.
E não me apetece porque, todos sabemos e o senhor PR também por força do «todos», o sabe, que só convergem os que procuram atingir o mesmo fim (os afluentes convergem num mesmo rio que se dirige para o mar).
Como podem convergir os desempregados com quem os despediu?
Os que procuram aumentar os lucros à custa da redução do custo dos salários, com os que já têm salários curtos?
Os que tudo têm com os que têm a miséria toda?
E os partidos, os destinatários do apelo do senhor PR são a representação política destes posicionamentos divergentes e o senhor PR sabe-o bem. Ao que o senhor PR apelou foi para a capitulação daqueles que se batem pelos menos favorecidos.
E por outro lado fica também a interrogação: quem causou a situação em que nos encontramos?
Não têm nome, os responsáveis?
Quem têm sido os que têm conduzido os destinos do País? Não encontraremos também o nome do senhor PR como timoneiro mor desta barcaça durante quase uma década?
Quer continuar esta convergência senhor PR?
Pela minha parte advogo antes ruptura como solução.
Uma ruptura que leve a uma novo caminho.
Estes discursos da convergência cheiram-me a bafiento.
Estamos a convergir há tempo demais.

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