quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Coisas escutadas em escutas e vistas de buracos de fechadura




De um momento para o outro eis que tudo parece ganhar um novo alento.
O PSD, que ainda não conseguiu perceber (ou não lhe é para já conveniente perceber) que o chamado campo social democrata já lhe foi ocupado, passa de uma situação de “líder procura-se” para uma profusão de candidatos a líderes.
O PS, ou pelo menos alguns dentro dele, que ainda resistem, timidamente, à onda social democratizante, começa a interrogar-se sobre a candura do seu chefe.
Este, o chefe, e alguns diligentes servidores acantonam-se em palavreado tecnicista em torno de conceitos jurídicos procurando desviar a atenção sobre a essência das coisas.
Não deverão esperar por ventura que a recondução política ocorra no futuro por força de mecanismos jurídicos?
Esperamos que ocorra por força de dinâmicas políticas, assentes na livre escolha de cidadãos livres.
Por isso a questão, para além de ética, é essencialmente política.
Não importa se o que disse foi escutado «ilegalmente». O que importa é que agora é do domínio público e analisa-se pelo seu conteúdo.
Não importa se o que fez foi visto pelo buraco da fechadura, importa pois o que agora se sabe que fez.
Que fronteira é essa entre o ser público e o privado?
Quando escolhemos o público não estamos a pressupor sobre o privado?
Não conhecerá o Sr. Primeiro Ministro o velho ditado: «à mulher de César não basta ser honesta, é preciso que o pareça».
Presume-se que a outra mulher bastará (ser séria), mas à de César não.
Hoje já consegui perceber porque me lembrei do conto do buraco da fechadura que ontem aqui coloquei.
A propósito de novos alentos… o que se passa com o Sr. Ministro das Finanças? A carta de demissão demora assim tanto tempo a redigir?

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