domingo, 21 de fevereiro de 2010
Para a Madeira, com todo o respeito
Quando continuamos a assistir a imagens aterradoras da força de uma natureza, que impiedosa fustiga e pune, garantidamente os inocentes, não é fácil abordar outros temas.
Quantos são neste momento, os que na Madeira choram os seus mortos, contabilizam os prejuízos e se abrigam sob telhado amigo?
E eu aqui, sossegadamente, pretendendo reflectir sobre o mundo e as suas gritantes contradições. Ou até mesmo sobre coisas mais terrenas, mesmo que seja.
Apela o senhor que na Madeira julgava tudo controlar para não dramatizarmos a situação. Não o faremos garantidamente, o drama por si já é suficientemente grande.
E não é escondendo a dor que ela passa mais depressa.
Diz depois, que agora vai pôr tudo bonitinho. Acredito que sim. Nas campas dos que agora morreram as famílias irão pôr flores.
E na Madeira, assim como nos Açores e no Continente outros dramas continuam.
Assim como continua a gula de uns quantos - quantos deles não enriqueceram em negócios sem escrúpulos de construção em leito de cheia - que agora choram lágrimas de crocodilo e que às perguntas concretas, sobre a disponibilidade de atribuir algumas migalhas das suas enormes riquezas, respondem evasiva e hipocritamente: … pois todos nós iremos ajudar.
A grande maioria dos portugueses acredito que sim.
Alguns, mesmo que disponibilizem «maquias generosas» parece que só estarão a repor parte (ínfima) do saque.
É verdade e repito: é preciso tratar dos vivos e respeitar o luto.
Mas é urgente responsabilizar os responsáveis.
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