terça-feira, 26 de junho de 2012

À espera de um espojinho

 

Quem já viu um dia um espojinho - sim, eles veem-se - sabe bem da sua imprevisibilidade.
Basta uma tarde quente, bem quente, naquelas tardes em que tudo parece estar quieto - como agora se registam - e sem saber como, nem porquê, eis que se forma um espojinho, por vezes bem inho, noutras já bastante irrequieto, levantando poeiras e pastos.
E depois podem passar-se semanas, meses e nada.
Este espojinho, não foge à regra.
Desde Maio que não se apresenta.
Talvez para não perturbar as fogueiras populares de António, João e Pedro.
Quem sabe para não empoeirar as sardinhas sobre as brasas.
Ou só, simplesmente por preguiça.
Entretanto, na Grécia com engendraria e outras artes tudo voltou à «normalidade» tão «normal» que os fascistas lá  estão à espreita.
Em Espanha que não, mas que sim.
Itália, nem pensar, mas talvez sim.
Portugal, Irlanda já há muito que sim.
Chipre, sim.
E de todos estes sins, resultam milhões no desemprego, falências, misérias.
E os fascistas à espreita.
Em todas as esquinas desta Europa caduca.
E nós - aquele imenso nós que não abarca nós -  vamos gozando o sol…rezando para mais uma vitoriazinha da seleção e procurando aguentar a passagem do mau tempo.
E os fascistas à espreita.

Que passe por aqui um espojinho, daqueles já grandinhos, que escancare portas e janelas e tire dos abrigos os nós abrigados e os traga para as ruas para dizer não a esta  imundice de sins canalhas  e que corra com os fascistas que estão expectantes nas nossas esquinas.

É a minha esperança nestes dias quentes…

Que venha esse espojinho.