segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Eles andam aí…

Sim.

Cada vez mais perigosos…e descarados.

Quem por aqui passa, sabe que por mais que uma vez, se chamou a atenção para o facto de estar em marcha um processo de perda continuada dos valores democráticos e consequentemente, em construção, um sistema ditatorial.

Nessas chamadas de atenção referimos que os contornos dessa ditadura não seriam observáveis à luz da comparação com as práticas conhecidas e associadas à ditadura do nosso passado recente.

Não precisarão de chicote, prisões, torturas, denuncias.

Citámos Boaventura Sousa Santos e falámos daquilo que este define como fascismo social.

PSD e CDS coligados no governo estão profundamente empenhados nesse processo. Os ataques quase frenéticos que vêm fazendo à Constituição, os desafios e afrontas diários e o eco de que precisam fazer reunir (declarações de António Barreto, por exemplo) são a clara expressão dessa vontade.

A Constituição é só um dos últimos obstáculos que têm de ultrapassar…

Maioria já têm, governo já têm, presidente já têm, comunicação social amestrada já têm e os magnatas das finanças já têm tudo isto.

E nós, cada vez menos direitos…

E eles até nos podem manter o direito de expressão…desde que nos expressemos dentro das ordens estabelecidas… nada de perturbação da ordem pública!

E esta, pode ser a ideia aqui desabafada, mas o que é um facto é que ela começa a ser partilhada por muitos.

Exclusivamente por razões associadas ao espectro ideológico de partida, refiro as tomadas de posição recentes de Jorge Miranda e Freitas do Amaral. O primeiro considerou impróprios de um estado de direito os ataques dirigidos à Constituição e ao Tribunal Constitucional e o segundo alertou que, a continuarmos assim, qualquer dia estamos em ditadura.

Atentemos…

D´o Jardim de Diana

sábado, 26 de outubro de 2013

OUTONICES…

 

A chuva tem andado por aqui. Por vezes forte.

É outono, diz-nos ou procura lembrar-nos.

E esse não sei quê de outono sente-se também na forma como vamos enfrentando as agruras da vida.

Aviso vermelho para mau tempo – orçamento para 2014 – chuva forte de redução de salários, ventos ciclónicos de impostos a varrerem o país de lés a lés, demissão das funções sociais do estado, tudo isto acompanhado de trovoadas de tiques fascistóides.

E os meteorologistas de serviço, protegidos das agruras, anunciam como medidas de precaução: mais chuva, mais ventos, mais tempestades.

Um pensador a metro, que tem pensado em tudo desde que julga que pensa, que é pago em produtos de mercaria, anuncia com a pompa que lhe é habitual: «É inevitável: temos que rever a Constituição».

Claro.

Aproveitando a temática meteorológica lhe digo: «Vá pró raio que o parta!»

Por mim, aproveito o outono, asso no forno uns marmelos e umas batatinhas doces, vou procurar um sitio no campo que não esteja aramado e apanho nas terras leves os primeiros espargos.

Convido os amigos. Bebemos um tintinho e retemperamos forças.

Amanhã, ainda por cima, transformam – gente sem rosto – os dias curtos em dias ainda mais curtos e fazem com que anoiteça mais cedo.

Para que seja de novo primavera temos que passar por isto.

D´a Mesa do Pobre

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Quem suporta os custos?

 

É muito habitual ouvirmos, de quem estacionou onde não devia e foi multado, de quem excedeu o limite de velocidade e sofreu igual penalização, ou de quem conduzia e telefonava, que assim: «é uma vergonha…isto é caça à multa».

Da mesma forma se comportam os ministros e o seu chefe primeiro.

Planeiam e agem contra a Constituição e depois culpam o Tribunal Constitucional.

E fazem-no com o maior dos descaramentos.

Há dias, no México, sentado à direita do seu padrinho, afirmou o chefe: «nós tentámos por todos os meios evitar conflitos com a Constituição».

E o padrinho nem tossiu. Tentaram?!. Mas o cumprimento da Constituição não é algo a que estão obrigados e que foi objecto de juramento?!.

De igual forma fala o condutor «manhoso», ou seja, ele também tenta não ser apanhado.

Nesse mesmo dia, também foi afirmado, no mesmo sítio, só com a pequena “nuance” de, neste caso, este orador estar sentado à direita do senhor que estava à direita da parede, dizia eu que, nesse mesmo dia, esse senhor, que foi eleito para ser o garante do cumprimento da Constituição, afirmou que, em matéria de apreciação de constitucionalidade do orçamento – este ano, assim como no passado – que analisa sempre, em primeiro lugar, os «custos» e só depois, a constitucionalidade.

Julgávamos nós que a responsabilidade dele era para com a Constituição!

Mas mesmo em matéria de custos de que custos fala ele?

E quem suporta os custos de que fala?

Sem outras apreciações, vem logo à memória os subsídios de férias e de natal, subtraídos em 2012 e que o TC considerou a medida como inconstitucional.

Como se sabe, por razões que sabemos (1) quem ficou sem eles foram os  legítimos detentores do direito a eles.

Ele pode ter pesado os custos.

Só que, como sempre, quem os suporta somos nós.

(1) Ele primeiro analisa os custos…

D´O Jardim de Diana

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sim, senhor ministro.

 

Os mais pobres não estiveram lá.

E ele tem razão, porque sabe bem onde estão eles – estão no gueto social para onde ele e os seus comparsas empurram cada vez mais os portugueses.

Os pobres, que não estiveram em Alcântara:

Estiveram a trabalhar para os belmiros amigos do sr. ministro por tuta e meia abençoada - a renda da casa e a garrafa de gás assim o exigem.

Outros e outras, a lavar, a arrumar, a passar a ferro, a limpar o pó das casas e palacetes dos senhores e senhoras do tempo do tempo do sr. ministro.

Outros fazendo biscates depois de uma semana de escravidão, para acrescentar um pouco de pão na mesa da família.

Outros cavando na beira das estradas à espera que a terra lhe devolva o suor, em cenouras e batatas e temendo que a qualquer momento lhe surja uma besta berrando: «fora daqui que a terra é minha».

Outros vendendo ilusões em feiras onde vão os pobres e onde de tempos a tempos aparece o sr. ministro vendedor de banha de cobra: quando quer espoliar o voto dos pobres.

Outros retemperando-se de mais uma noite dormida sobre papelões e esticando a mão para a esmola dos outros.

Outros, porque estavam longe, fora do país, à procura daquilo que aqui não encontram: trabalho e dignidade.

Mas estavam lá outros sr. ministro.

Estavam lá aqueles que ainda não foram para o gueto.

Aqueles que o sr. ministro ainda não conseguiu pôr no gueto mas para o qual se esforça diariamente.

Estavam lá aqueles que querem assegurar a dignidade.

Os que sabem e praticam os valores da solidariedade.

Os que são homens com aga e mulheres com eme.

O sr….

O sr. devia ter tido vergonha na cara antes das baboseiras, mas pedir-lhe o impossível não abona a meu favor.

Continue com a sua caridadezinha da treta…

A mamã, as titis e os outros gostam muito de ver o menino ser assim…

D’ o Jardim de Diana

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Vamos dar alguma ordem aos caos

Sendo necessário, previamente, explicar que como ordem[1] , entendo a definição de um certo rumo.

Após alguns anos de errâncias, da fidelização de amigos e certamente de partilhas, julga-se por bem proceder a alguns arranjos na casa.

Assim, surge a ordem. Que quer dizer rumo e que virá de:

D´a Porta Nova – Um amigo recente, virão comentários, desabafos e certamente algumas parvoíces sobre esta cidade onde nos cruzamos.

D’ o Jardim de Diana – Virão os comentário e desabafos dispersos. Daqueles que por ali se espraiam pelo mundo em pretensas filosofias de ocasião.

D´a Mesa do Pobre – Virão frigideiras de misturas desordenadas de sabores e disparates, adicionadas por memórias presentes e futuras.

Assina: O Espojinho, que pode estar ou não em todas.


[1] Não esperariam outra definição, pois não?. Lagarto…lagarto…lagarto.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

D´a Porta Nova

Tempos novos

Iniciam-se por estes dias tempos novos na forma de governação da minha cidade.

Uma espécie de aragem fresca nestes tempos tão negros que vivemos.

Assim se afirmam. Tempos novos.

E assim o esperam os muitos que empenharam as suas esperanças.

Será trágico. Repito: trágico. Se assim não acontecer.

Se nada de novo acontecer.

Se tudo o que acontecer, for igual ao que no velho acontecia.

Os primeiros vislumbres, agoiram.

Lenine defendia um passo atrás para ganhar as condições para dar dois em frente.

Parece que alguém anda a interpretar mal.

Não creio que recuando – voltando atrás no tempo – se caminhe em frente.

Espero que seja um mero tropeção dos primeiros passos…

Assina: D´a Porta Nova

Espantos

Vivemos um tempo em que não há lugar a espantos.

Cortam-se salários como quem corta lenha, desrespeitam-se contratos com mais à vontade com que se fala ao telemóvel enquanto se conduz, desrespeitam-se as leis, a Constituição e a dignidade de um povo e faz-se tudo isto com aquela cara de parvos, própria dos parvos que têm como adquirido de que é assim, será assim e sempre assim será.

Será?

Não haverá um dia em breve em que os nossos espantos os espantem?

Nada me espantará que esteja para breve o dia esse dia, não o dia da gloriosa madrugada – porque esse, novo, tarda - mas o dia em que os espantos nos espantarão.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

RITUAIS DE PASSAGEM

 


Para chegar a algum lugar, precisamos de passar por outro ou outros lugares.
Ah pois, assim é.
E não creio que seja necessário fazer aqui eco de um desgraçado francês que por tudo e por nada costuma ser chamado a dar ênfase teórico irónico a frases badalhocas como a que hoje aqui trago.
Assim é e creio que serão poucos os que discordarão.
E assim sendo observo  por estes dias interessantes rituais de passagem, aqui por esta minha cidade (que partilho com o mundo).
Esvaziamento de gabinetes, azias de todo o tipo, pseudo ironias de catarse .
Mas, bonito, bonito de observar é a dança dos cisnes.
Ou melhor dos patos velhos.
A essa dança, juntam-se outras aves, de ribalta algumas.
Os patos velhos, procuram dar novas cores às plumagens já descoradas por recurso abusivo ao método.
A estes juntam-se e com outros fins, mas na mesma dança, uma espécie, de pequena estatura,  canora, mas com um comportamento bizarro: enchem o peito querendo fazer-se passar por grandes.
Nestas, nas aves desta espécie, só  o que é grande, é a mania.
Comportam-se como as detentoras de todas as purezas - delas não sai gripe alguma. E  de todas as virtudes.
E os seus grasnares, são cada vez mais parecidos com os grasnares dos passarões.
Por vezes até parece que grasnam em coro.
Estou a começar a ganhar por estas, um certo azedume.
De tal forma que quase me esquecia de que os rituais de passagem de que queria falar eram os que associo  aos dias - por vezes longos - que separam os dias - por vezes curtos - de sol , calor e luz.
Os dias, que agora se iniciam e que de forma a facilitar a conversa, designo por época das chuvas.
E neles, tanto nos dourados que se projetam dos dias solarengos de princípios de outono, como nos dias cortantes de frio de dezembro ou nos dias de chuvas persistentes de fevereiro encontramos os antídotos que nos ajudam enquanto aguardamos pela primavera e pelo verão.
A natureza sabe cuidar-nos. Assim soubéssemos nós retribuir.
E cuida-nos, quando nos põe na mesa as nozes, os dióspiros, o vinho, os marmelos e gamboas, as batatas doces.
Quando nos põe na lareira os grossos madeiros de azinho com que aquecemos e fumamos os corpos.
São bons estes rituais, quando a tudo isto, juntamos amigos, conversa boa, migas e carne frita.
São rituais de passagem.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Respeitar a palavra dada

 

Agora, terminada a batalha das autárquicas, a luta continua.
Foi assim e sem que se tenha ensaiado, que  de forma espontânea  os apoiantes da  CDU responderam à saudação que Jerónimo de Sousa  entendeu por bem vir trazer a Évora.
E a luta, que tem que continuar, deve desenvolver-se em diversas frentes.
A que me motiva a deixar aqui estas notas, prende-se com a necessidade imperiosa de respeitar e fazer respeitar a palavra dada.
É condição de honra não defraudar as esperanças dos que acreditaram.
Aos comunistas - principalmente a estes - não se desculpam «variações», «ziguezagues» e outras «manobras».
Sabemos que aos outros, basta mudar de «rosto».
O PS de Sócrates não presta, substitui-se Sócrates por Seguro.
O PSD de Coelho não presta, troca-se (assim se preparam) por outro.
As  sacanices de um e de outro, ficam assim «atenuadas».
Aos comunistas, o povo não permite isso. As sacanices eventuais de um, são sacanices de todos.
Por isso e sabendo que essa é a vontade, cumpram em cada dia - em cada dia - a palavra dada.
Vai ser árdua a tarefa que vos espera.
Uma Câmara estilhaçada, sem dinheiro, atolada em dívidas, uma estrutura orgânica feita para acolher os «afilhados» e consumir em rodopios internos estéreis as energias e vontades dos que persistiram em tê-las, trabalhadores desmotivados, serviços dispersos., estratégias de estratégia nenhuma.
Ao  iniciarem, façam-no com os olhos postos no futuro. Olhar para trás, só para desminar e responsabilizar, nunca para aí encontrar soluções.
Elas aí não existem.
E este olhar em frente é condição objetiva - não é frase feita.
Ou seja, não reeditem estruturas e chefias que já mostraram a incompetência e contribuíram para que os eleitores se tenham afastado num passado não tão distante.
Tendes a maioria, usai a imaginação.