quarta-feira, 30 de julho de 2014

RETORNO

 

Confesso que eu próprio julguei não voltar aqui.

Por nenhuma razão especial, esclareço, mas simplesmente porque sim.

Mas hoje decidi o contrário – porque sim – e aqui estou.

Tenho textos do “da Porta Nova” e do “da Sopa dos Pobres” a cujos pedidos não dei sequência.

O primeiro, anda frenético para falar da cidade e para falar de rumos novos que por vezes se confundem com outros que nada têm de novo e o segundo, porque estamos em quase plena fase de esplendor de produção, que lhe permite as deambulações gastronómicas que quer partilhar.

Penso dar em breve seguimento às suas vontades.

Mas hoje sou eu a usar o espaço. Quase só para dizer: olá …retornei!

Mas também para desabafar – este tem sido o meu espaço para esse efeito.

Para falar das minhas preocupações – de algumas delas.

Os tempos, que medeiam a última publicação e o escrito de hoje, têm sido tempos conturbados, dramáticos e que nos remetem para uma profunda apreensão, não – como é useiro dizer-se - sobre o futuro, mas urgentemente, sobre o presente imediato.

E em flash percorro as mentiras sobre o avião abatido sobre a Ucrânia e procuro sentir a dor dos que perderam filhos, amigos, companheiros.

De igual forma imagino a dor dos pais das crianças palestinianas, as vítimas prediletas dos que dizem que estão a lutar contra o terrorismo.

E as imagens de destruição, guerra e morte que chegam da Líbia, do Iraque, do Afeganistão. Tudo territórios sob libertação americana e para onde estes foram levar democracia.

E relembro as palavras do Papa Francisco sobre os crimes económicos sempre que leio as últimas do banqueiro que esteve (não estará ainda?) sempre ao lado do homem do leme, sendo ele, o verdadeiro comandante.

São estas, em traços muito gerais, as condições deste retorno.

Razões também para a ausência.

Por vezes é necessário o silêncio.