terça-feira, 29 de setembro de 2015

Registo


Porque a política é cada vez mais arte e menos ciência e porque acima de tudo ela é cada vez mais, a arte de faltar à verdade, e porque pressinto que no próximo domingo, os perdedores vão querer esganiçar cantos de vitória, deixo aqui o presente registo, trazendo previamente um apontamento em jeito de interrogação: «se eu tiver quinhentos euros (em notas de 100) na carteira que perdi e depois a encontrar, não com os quinhentos, mas com trezentos, eu ganhei 300 ou perdi 200?».

Por isso e falando de resultados eleitorais realcem-se os números saídos das eleições de 2011:
PPD/PSD: 2 159 742 votos, 38,65%, 108 deputados;
PS: 1 568 168 votos, 28,06%, 74 deputados;
CDS: 653 987 votos, 11,7%, 24 deputados;
PCP/PEV: 441 852 Votos, 16 deputados;
BE: 288 973 votos, 5,17% 8 deputados.
Os restantes partidos somaram:4,28%.
Registaram-se 2,66% de votos brancos e 1,43% nulos.
Votaram 5 588 594, 58,07% dos 9 624 133 inscritos.
Considerando que para as eleições de domingo, PSD e CDS concorrem juntos e geraram PaF, o resultado desta, tem que ser comparado com a soma das partes, que é: 2 813 739, 50,35% e 132 deputados.
Isto é o que têm em carteira.

Isto é o que lhes tem permitido infernizar a vida dos portugueses que não são banqueiros nem acólitos de banqueiros.

Tudo o que for a menos, são perdas.
Mas eles já se preparam para dizer que será vitória ter uma votação, que as sondagens (mesmo estas) apresentam com valores inferiores ao que o PSD (sozinho) obteve.
Por isso aqui fica este registo.
Ganha quem ficar com mais do que o que tem.
Perde quem ficar com menos do que o que tem.

Mas…como a política é cada vez mais…

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Efemérides


“ Gripe A, Crise, Afeganistão, bombas, hipócritas nobéis de pazes bombardeadas, patetices pseudo literárias e acima de tudo Évora e o (des) governo da urbe são temas em turbilhão neste espojinho que agora se levanta” «espojinho 29.10.2009».

Assim escrevi, na primeira publicação. Quase seis anos passaram, entretanto.
Pouco mudou.
Passámos a falar menos de gripe A e mais de Ébola, continuámos a falar e a sofrer com a crise, ao Afeganistão juntaram-se (juntaram) outros dramas, os hipócritas nobéis de pazes continuaram a bombardear povos. Creio que continuaram as patetices pseudo literárias. 
A cidade mudou de governo.
Hoje, esta é a publicação quinhentos. Quinhentos textos lidos por quase 46 mil vezes. Pouca coisa. A coisa possível.
Havia dito a mim que pensaria em dar por concluído este espaço de desabafos quando atingisse as quinhentas publicações ou as 50 mil visualizações de página.
Está cumprido o primeiro desiderato.
E não dei ainda por concluído se vou ou não dar continuidade ao «espojinho».
Por agora, ele aqui está.
Perdeu no entanto a capacidade de se espantar que marcaram os primeiros textos.
Vê imagens do «gorila» húngaro a passar em revista crianças e repara que uma menina levanta os braços e na sua infantil ingenuidade julga que o «gorila» a iria abraçar.
Não, ele ia ver se ela tinha facas, bombas, metralhadoras sob a sua blusinha de menina.
E já não se espanta.
Lê declarações do novo dono da pt em que este afirma que não gosta de pagar salários e que os que paga, paga pelo valor mais baixo que possa.
E continua e continuamos clientes.
E já não se espanta.
Assiste ao descaramento de um primeiro ministro que vê o deficit aumentar quase 3,5 pontos por força das negociatas do bes (que ele havia e continua a jurar que não teriam custos para os contribuintes) e que diz: «não há problema, é dinheiro que está a render».
E por força do deficit cortou salários, pensões, eliminou direitos, cortou nas pensões sociais dos mais miseráveis.
E não se espanta.
Porque vivemos tempos de espantamentos (de maus espantamentos) contínuos.
Parece valer tudo.
Haverá um tempo em que lembraremos como efeméride o tempo destes espantamentos?
Um tempo, em que estes tempos serão recordados, para que nunca mais aconteçam?
Nas próximas eleições podemos iniciar o caminho em direção a esse tempo de negação destes espantamentos.

Mas nada me espanta…

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Malabaristas


Ei-los, agora por aqui, logo ali, mais logo na tv. Em toda a parte eles estão.
Gesticulam e com os dedos argumentam.
O indicador direito para cima – aumenta as exportações; indicador esquerdo para baixo – diminuiu o desemprego, médio direito…
A balança é favorável, os desempregados são menos, os empregos são mais, a divida sobe mas é para depois descer, pedimos cada vez mais mas agora o preço do dinheiro está a preço de saldos, há mais investimento.
E à memória vem aquela anedota sobre um individuo que pede dinheiro a um amigo para comprar uma sandes e este lhe responde que não é digno de um amigo emprestar dinheiro para uma sandes, quando ele merece uma boa refeição. Só que, nem sandes, nem refeição ele obtém do dito amigo.
É evidente que a anedota tem mais desenvolvimento…malabaristico.
Mas a coisa não está para anedotas.
As verdadeiras anedotas são estes malabaristas que conduziram a grande maioria dos portugueses para situações calamitosas e agora não só querem dourar a pílula como ainda nos querem fazer crer que o pior já passou. 
E pior ainda. Querem apresentar-se como a solução para o problema quando são eles o problema.
Eu gosto de malabaristas.
No circo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Outono apressado?


Acredito que o verão ainda não se foi, mas por estes dias, o que marca a paisagem, é um céu com nuvens, uma temperatura que por vezes já convida a um trapinho suplementar e o chão já com folhas prateadas caídas dos plátanos onde ainda há dias verdejavam.
Parece ter pressa em se despedir, este verão.
Será?
Por mim, acredito que não.
Quem dera a nós que outras coisas e outras pessoas tivessem essa pressa. Claro que me refiro às coisas e às pessoas desagradáveis. Às coisas e às pessoas que causam coisas desagradáveis às pessoas.
O que também se parece ir despedindo são os blogues aqui do burgo.
Lamento que assim seja, porque apesar de todas as objeções, pelo menos alguns de entre eles, desempenhavam um papel informativo e crítico de relevo.
Tal facto leva a que o «espojinho» questione por vezes a necessidade de passar a ter um caracter mais informativo, o que não deseja.
Acompanhemos.
Mas, não se dedicando à informação, pode vir a dedicar por vezes alguma atenção critica a aspetos da vida quotidiana da cidade.
Como por exemplo os associados à discussão sobre a construção ou não construção de um Centro Comercial (ou deverei dizer shopping?). Também deveria ter dito, construção de um novo, porque um já está quase construído ali para os lados do Parque Industrial.
E assaltam-me duas perguntas, de sentidos diferentes, mas sem contradição:
Porque sim?
Porque não?
Não se trata de investimento público e assim sendo, porque me devo pronunciar.
A construção de tal aglomerado comercial vai provocar profundas alterações no tecido comercial da cidade, dizem.
E qual é o problema?
As pessoas deixarão de frequentar o Centro Histórico, dizem.
Será? E porquê?
Dantes visitávamos o Castelo de S. Jorge, os Jerónimos, a Torre de Belém e deixámos de o fazer quando construíram o Colombo, onde agora se vai?
A alteração no comércio local impõe-se e com urgência. Algumas práticas dos comerciantes locais são inadmissíveis e são estas é que conduzem à asfixia. Só breves exemplos:
-É prática encomendar um produto, acertar dia e hora para o levantar e chegados estes e confrontarmo-nos com o esquecimento, ou haver inúmeras razões inventadas, para o não cumprimento do acordado.
- Encontrar o estabelecimento fechado e na porta o típico volto já. Por vezes com nº de telemóvel, para o qual ligamos, sendo informados que estão a chegar e meia hora depois ninguém ter ainda chegado.
- Sentarmo-nos numa esplanada, pedir uma cerveja (caseira – logo cara), esta vir quase morna e logo que entra em contacto com o copo ficar quente. Para companhia...nem um tremocito, um amendoim, nada de nada.
- Entrarmos num qualquer snack para picar qualquer coisa, pedirmos duas doses (somos três) e sermos logo admoestados – duas doses para três?!
-Sentarmo-nos numa esplanada em plena praça às 18,55 de uma tarde de verão e ouvirmos: desculpe…vamos fechar!
Pois, com ou sem CC, o facto é que a forma como o comércio é feito, tem que merecer uma profunda alteração.
Vai longa a coisa, mas prometo voltar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Cara.Coroa

Cara.
Coroa.
Cara.
Coroa.

Resiliencia

Resiliência
Reconheça-se a este «espojinho» (se outros atributos não tem) a sua capacidade de resiliência.
Anda por aqui, neste redemoinho de aragens, já há uns anos. Por vezes parece não ir largar nem mais um sopro, mas logo surge redemoinhando, trazendo mais um grito, uma revolta muda, um desabafo.
Por vezes, são desabafos tão íntimos, que ninguém os percebe.
Mas foi assim que ele foi concebido.
Aturemo-lo assim. É um «espojinho».
Teima em ser blogue. À maneira antiga.
Por aqui, conhecemos outros (blogues) que também já tiveram melhores dias. Alguns, parece que encerraram portas.
Mas, o «espojinho», já disse é resiliente.
Creio que o vendaval de «poucas vergonhas» que atravessa o mundo é de tal forma que por isso, ele não sabe a qual delas deve dar atenção.
É a «pouca (nenhuma) vergonha dos eurocratas face ao drama (que provocaram) na Síria e que faz com que centenas de milhar de homens mulheres e crianças fujam para onde possam (e nas condições que conhecemos) para fugir da morte.
É o indiscritível comportamento dos indiscritíveis chefes húngaros.
São os muros (lembram-se dos muros, quando só se falava de um muro?) que crescem como cogumelos barrando com arame e chumbo o caminho a milhões que só querem ter o direito a viver.
E sobre as terras de onde fogem eles, os senhores hipócritas lançam mais bombas. E armam rebeldes para combater rebeldes e para ajudar outros rebeldes e que depois matam, violam e saqueiam os povos inocentes e sem culpa nestes joguinhos de interesses dos senhores que depois constroem muros para não deixar passar os que fogem…
Cansa não é? Imaginemos então o cansaço de quem lá está, de quem ouviu o deflagrar de uma bomba, perto , bem perto do seu miserável casebre, de quem ouviu dizer que eles estão perto da aldeia e que chacinaram quase toda a população da aldeia vizinha.
E ali no seu casebre, onde abriga mulher e filhos, pensa que tem de pôr os pés ao caminho.
Pode ser que o mar não esteja muito agitado esta noite…
Pode ser.
Cansa, não cansa?!

sábado, 5 de setembro de 2015

Ausencia

Vai longa esta ausencia.
Vai longa.
Tao longa como longa é a hipocrisia dos que largam bombas sobre os povos e depois estranham que estes fujam delas.

Aqui quieto. Quase quieto.
Confrontando-me com mais uma ausencia.
Não, nao pude de novo, ir à Festa.
Mas dou por mim a pensar que talvez nao tenha sido assim tao má, essa ausencia.

Se de onde me ausentei esteve presente quem esteve e assim se propagandeou, pois talvez esteja justificado que o melhor que fiz foi nao estar presente.