quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Bananas

 

Roam-se de inveja, seus incapazes. Seus 10 milhões, e mais uns bons poses, de incompetentes. Vós sois uns bananas.

Então um punhadinho de portugueses consegue aumentar as suas fortunas em 11,1% qualquer coisinha como 7,5 mil milhões de euros – num só ano…num anito - e vós estais desempregados?

Que vergonha.

Ainda por cima, quando muitos de vós…muitos?...a maioria! até se ajeitou, ajeita e se disponibiliza para ajeitar, votando nos rapazes deles e tudo…!

Francamente…

Desempregados, com salários de retalho, preparados para emigrar, com dividas por pagar… pefff….

Façam como eles.

Trabalhem.

Sejam competentes.

Seus invejosos.

Bananas…

É o que vos sois.

Trabalhadores competentes os amorinzinhos pois claro.

Bananas.

Ah e a propósito, o velho garanhão que só pagando iludia a sua condição (de garanhão, claro) ….parece que foi corrido.

E ele foi  corrido de lá, lá para onde tinha ido com o voto (de bananas de lá) que muitos querem de novo lá (bananas).

E o problema de tantas bananas, são as bananadas que provocam….

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

CULTURANDO

 

Em memória do Queimado

Agendei, e preguiçosamente tenho adiado, a leitura de uma entrevista a Elisio Estanque.

De uma percepção rápida – daquelas que resultam das apressadas e enviesadas leituras- extraio a ideia que algumas das ideias por ele expostas, me seriam agora de grande utilidade. Consequências da preguiça.

Julgo ter ele dito “que em Portugal todos nós estamos muito convencidos que sabemos tudo”. Mais coisa, menos coisa.

Pois, integrado nessa «mania», quando falamos de cultura, logo surge uma mole de entendedores, de discursos fáceis, tão elaborados e requi(e)ntados que afastam do tema qualquer incauto (ou qualquer outro) que sobre ele – o tema - pensasse ter algo a dizer.

Não tem não senhor, a cultura não está ao acesso de qualquer um. Dirão em coro os entendidos e excluindo qualquer veleidade de outros procurarem tal estatuto.

Utilizando a moda, poder-se-á dizer que a cultura é no entendimento deles, um produto gourmet.

Para mim, tenho o defeito de a considerar sempre na perspectiva sociológica e considera-la como o conjunto das formas de agir e pensar que são marcas distintivas de um povo, de uma etnia ou grupo.

Outros, complicam-na para lhe dar «charme»… Misturam com economia, com planeamento, com marketing, misturam água, mexem (deveria falar de mix…) e elaboram estudos com curvas de oferta e procura, e fazem planos que chamam de estratégicos e outros de promoção.

Pois façam.

Soube há dias da morte de um velho (utilizando no termo todo o respeito que certas culturas lhe atribuem) que conheci e a quem ouvi muitas histórias. Gostava da maneira eloquente que punha nelas e a forma como nos transportava para o interior dos enredos que contava, fazendo-nos por vezes sentir como personagens desses mesmos enredos.

Há tempos que não frequentava a Praça. A sua Praça.

Era ali o seu mundo. O espaço da sua construção narrativa. Foi ali que me contou os episódios rocambolescos ocorridos em tempos idos entre mouros e judeus ou outros de tempos também idos mas há menos tempo e passados nos campos das suas memórias lá para os lados de Redondo.

A Porta Nova (a quem fui buscar o pseudónimo) foi obra necessária para suavizar as escaramuças entre os já falados mouros e judeus, que ocorriam ali para os lados da Praça que então era rossio, contou-me.

Ter tomado conhecimento, numa noticia simples de necrologia publicada num jornal local, que o Queimado havia partido, reavivou o episódio em que ele, julgando tratar-se de uma entrevista a publicar em jornal, se disponibilizou par ser meu entrevistado, num trabalho de pesquisa que então desenvolvia.

Foi já há algum tempo. Ainda no tempo das cassetes. Espero encontrar a gravação que então fiz.

Porque, senhores da cultura, as memórias deste homem e de muitos outros homens como ele, com quem nos cruzamos e sobre os quais alguns de vós emprestam ar emproado, são depositários de uma memória e de uma oralidade de fortíssima carga cultural.

Não basta citar e tantas vezes mal, porque por aqui, também quando morre um velho, é uma biblioteca que arde.

Mas ao contrário do que ocorria no Mali e aos fulas (que se perdia quando morria um deles), aqui, se quisermos e se perdermos a sobranceria, podemos encontrar formas de salvar essas bibliotecas.

O D´a Porta Nova

domingo, 17 de novembro de 2013

Sai uma água com gás, por favor

(ou como alternativa, uma boa alternativa…um chazinho – infusão, claro – de erva de s. roberto)

Está na moda a gastronomia. E essa moda passa muito mais pela vertente da culinária, do que propriamente pela dimensão mais alargada da gastronomia.

Arreda-se a vertente cultural, da mesma forma que se arreda de outras áreas.

Cultura pode estragar o prato. Pois este confecciona-se com muita altivez e em total desprezo pelas condições sociais e económicas, assim como em perfeita negação com tradições e padrões culturais.

A culinária da moda, a que despreza a cultura e nega a gastronomia, carrega-nos de exotismos e transporta-nos para cenários irreais.

Usa-se ouro na confecção de pratos, vacas massajadas com cerveja, trufas de preços astronómicos, hambúrgueres absurdos.

Não há, ou há muito pouco, quem fale e promova a gastronomia. Que a encare e respeite como a arte de confeccionar verdadeiras iguarias com os produtos de que se dispõe e de os trazer à mesa de todos com a elegância que merecem. Regados com os bons vinhos da terra e entoados com as canções ecoadas por gerações.

Saberão os master chefes qual é o sabor do agrião selvagem? Saberão distinguir uma trufa de uma túbera? Saberão ao que sabe uma fêvera de um porco alentejano engordado a bolota com sobremesa de abóbora?

Ao que sabe uma lasca de toucinho salgado sobre uma fatia de pão recheado com uma fatia de alho regada com um tinto emborcado ao balcão de uma taberna entoada com cante alentejano numa tarde princípio de noite numa aldeia por aqui perdida?

Escrito assim, sem paragens e sem pressas, da mesma forma  como se come e como se bebe. “Gerúndiando”.  - escrevendo…comendo…bebendo…ouvindo (porque por defeito próprio, não pode ser: cantando), mas às vezes: arranhando.

Sendo madrasta a vida, os alentejanos aprenderam a dar-lhe a volta. E inventaram sopas de tomate, de beldroegas e açordas. Fizeram migas com pão e espargos. Inventaram caldos a que chamaram sopas da panela e juntaram cardo com feijão e poejos.

Ficai pois masters com os melhores do mundo que nós por aqui ficamos com os melhores da terra.

Vou beber um tintinho da Vidigueira que já vai longa a seca.

O D’ a Cozinha do Pobre

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Já não nos atuamos porquê?

 

Poderia simplesmente ter perguntado: «já não nos tratamos por tu, porquê?».

Por razões para as quais o mais certo é não haver uma razão, optei pelo uso de desusado verbo.

Mas o que importa – como sempre – nas questões que para aqui trago, é a essência e no caso, a essência, é o facto de ser hoje quase raro o tratamento por tu entre nós, que partilhamos ideais e formas de ver e interpretar o mundo. Que partilhamos vontades e percursos na ação para a sua transformação num mundo mais justo, mais solidário, mais humano. Ou seja, partilhamos partido.

Se é verdade, que sobre o uso, no meu caso concreto, sempre usei de alguma reserva (nuns casos por deferência, noutros precisamente pelo seu contrário) não é menos verdade que o seu uso era entre nós, generalizado e assumia-se como a forma de partilha, de elo.

O que poderá significar a perda deste uso?

No domingo passado, no comício evocativo do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, em mais de uma situação (aliás em muitas situações) confirmei esta alteração.

Em algumas situações, presenciei mesmo, aquele alheamento que em nós não existia, face à dificuldade do outro, por exemplo na mobilidade de um de nós já mais velho e com dificuldades físicas ou no apoio a outros, que já noite e numa cidade que não conheciam, não encontravam o autocarro para o regresso.

Senti mesmo a desconfiança, quando procurava agir, não como ajuda, mas como solidariedade.

O que é que se está a passar?

Não me respondam por favor que são os sinais do tempo, que a sociedade está toda ela assim, fechada em si e egoísta.

E não me respondam assim, porque se a resposta for essa, ainda agrava mais a minha preocupação.

Pois não somos nós, aqueles que se afirmam dispostos a todos os sacrifícios para mudar a sociedade? Não foi esse o exemplo de vida do Homem que fomos evocar no domingo passado em Lisboa?

Então?!

Transformamos ou rendemos-nos?

 

O D´a Porta Nova

domingo, 10 de novembro de 2013

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VIRGULAS

 

Para os que lhe dão tanta importância assim como para os que as consideram imprescindíveis e para todos os outros que as consideram elemento marcante para a análise dos textos sim para todos elaborei este texto e solicito que usem a vosso belo prazer as vírgulas que inicialmente vos disponibilizei porque quanto muito agora e neste texto utilizarei não vírgulas mas pontos e pronto ponto.

Gosto muito ou deverei procurar melhor sinónimo para substituir gosto e para dizer que gosto de palavras e gosto delas no seu contexto e na sua significância mas numa significância de sentidos ou seja gosto das palavras percebidas… gosto que percebam o sentido que lhes quero atribuir… que percebam os tempos e os ritmos e que percebam que estes não são marcados por vírgulas mas antes por significâncias.

Claro que gostar de palavras não pode significar que agarre nestas e destoadamente as largue por aqui e por ali… podeis crer que não eu nunca faria isso às palavras de que tanto gosto mas tomai nota que também não as usarei cadenciadas ou estropiadas sob regras esquizofrénicas de entalamentos entre vírgulas.

Para vós meus amigos puristas adeptos confessos das regras dediquei este amontoado de palavras e a vós peço que useis as vírgulas iniciais e ordenamente procurem um sentido para as palavras que aqui deixo solicitando no entanto encarecidamente que não alterem o sentido que lhes quis dar.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

PRISMAS

 

O expresso, habituou, quem se habitou a tal, a ver os acontecimentos sob um determinado prisma.

Confesso que nunca fui adepto, nem da perspectiva, nem sequer do tique, que uma determinada intelectualidade, mesmo a autodenominada intelectualidade de esquerda, e os seus séquitos, lhe cultivaram.

Tempos houve em que passear sob o braço aquele volumoso monte de papel atribuía estatuto.

Agradecido, reafirmo que não, nunca fui na onda.

Pois, vem agora o expresso encubar a Praça do Giraldo a propósito do seu XL aniversário.

Bem escolhido, o XL.

Por aqui sabemos que o tamanho tem uma relação duvidosa com a qualidade, pesem embora as mais diversas e ordinárias brejeirices.

A exposição com que o Expresso comemora o aniversário, na minha opinião, é esteticamente pobre e o conteúdo, um mero destaque (tipo slogan), de alguns acontecimentos marcantes da história recente de Portugal (1973 – 2013).

O 25 de Abril tem ali o mesmo destaque (se não menos) que tem a vitória da AD.

O importante, foram os acontecimentos que negaram Abril. A esses é dado realce.

A vitória da AD, o fim da Reforma Agrária, a vitória de Cavaco, O Euro, são tudo acontecimentos de destaque e são todos acontecimentos de negação de Abril.

Podem contrapor os «expressistas»: mas foram factos e como tal…

Claro que foram factos, mas sobre eles conhecemos hoje, como sempre conhecemos, o «prisma» sob o qual o Expresso os enquadrava.

Num desses prismas, creio que num dos cubos invertidos, uma fotografia mostra campos abandonados e máquinas decrépitas e merece o título de «o fim da Reforma Agrária».

Sob o prisma do Expresso, esse fim parece ter ocorrido por falência, como se não tivesse havido quem tudo tivesse feito para que ele tivesse ocorrido.

Um pouco como, «isso falhou».

O prisma do Expresso assim trata o acontecimento.

O acontecimento consistiu num fim determinado por uma política criminosa, por uma guerra sem olhar a meios, pela repressão e assassinato.

Muitos desses acontecimentos  - verdadeiros atos de guerra – com  centenas de soldados da GNR, veículos blindados, cavalaria, armas automáticas, cercos de povoações inteiras, invasão e ocupação bélica de cidades – Évora testemunha-o –, agressões, mortes (Caravela e Casquinha) barbárie…isso não foram acontecimentos.

Acontecimento, para o expresso, só foi, a consequência disso.

E isso não trata o Expresso.

Estou ansioso de voltar a ver a Praça, sem tais prismas.

O D´a Porta Nova

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O espojinho fez (faz) anos

 

A 29 de outubro de 2009 publiquei o primeiro texto numa atitude que então defini como sendo um pouco contra senso (dada a pouca empatia com blogues, outros produtos similares da altura e inovações posteriores).

Decorreram quatro anos. Publiquei entretanto, a um ritmo que sabemos muito variável, quase mais quatro centenas de outros textos.

Com focagens das mais variadas, mas sempre com um mesmo enquadramento.

Algumas coisas mudaram. Pouco.

Trinta mil visitas de página, alguns artigos lidos por mais de 2000 pessoas (Alqueva, p.e. pub a 8.06.2010), são algumas das expressões quantitativas a realçar.

Para mim, continua a ser o que sempre quis que fosse.

Um espaço – um outro – onde registo as revoltas e estados de alma. Um espaço onde quero fazer ecoar os meus gritos mudos.

Na cidade, abriram-se recentemente janelas que não duvido, varrerão o mofo entranhado de 12 anos.

No país, continuamos amargurados por uma política de gente sem escrúpulos e com sede de vingança contra tudo o que lhes cheire a Abril.

No mundo…no mundo são poucos os vislumbres de esperança.

Pois, então.

Cá vamos.

domingo, 3 de novembro de 2013

ONDAS

 

Não há – melhor dito, quase não há – terra, terreola, vila e vilarejo que não tenha um parque de feiras e exposições.

Por vezes, recheados com os pomposamente chamados pavilhões multi uso, outras, simplesmente, meros recintos aramados.

Não será certamente, por mera influência destes novos espaços, mas a verdade é que, paralelamente a este crescimento «logístico» ocorre o definhamento das feiras.

Muitos – e preocupantemente, muitos destes com responsabilidades na gestão autárquica – dominados por uma produção de discurso homogeneizado, esquecem os valores identitários da cultura e importam soluções tipo sopa de pacote.

A Feira de S. Francisco em Redondo era bonita e atraía quando preenchia as ruas da vila desordenadamente. Agora, cercada e aramada, perdeu áurea.

A Cozinha dos Ganhões, uma primeira referência no capítulo das feiras ou mostras gastronómicas, virou mais do mesmo. Uma coisa sem raiz, sem memória, sem futuro.

Nas feiras tem que se cheirar a fritos de massa – porra frita, burrinhol, farturas - , o cheiro do frango assado tem que ser misturado com o cheiro do polvo assado na brasa. Tem que haver pó e ruas augadas.

As conversas têm de ser sussurradas porque os carrinhos, os carroceis, as rodas e outras ilusões difundem a música e os anúncios de forma estridente.

Tem de haver quinquilharias, deslumbrantes relógios que vão marcar por curto tempo os nossos dias que queremos longos, ladainhas, «abra o olho, são cinco euros», botas, sapatos, cintos, gravatas, gelados de máquina, tudo em organizada convivência anárquica.

O que fizeram às feiras, foi destrui-las.

Modernizar não significa descaracterizar.

No sábado visitei a Feira dos Santos em Borba.

Deixou de ser dos Santos (aqui, com a ajuda de Passos) e passou a ser dos Finados.

Uma Feira, mais uma, finada.

Segundo ouvi, passou a ter uma distribuição espacial policêntrica.

Só consegui encontrar parte.

Com sorte, ainda consegui comprar figos, passas de abrunho e pouco mais.

Salvem as feiras.

D’a Sopa de Pedra

sábado, 2 de novembro de 2013

Os meus demónios

Sentei à minha mesa

Os meus demónios interiores

Falei-lhes com franqueza

Dos meus piores temores

Agradeço, obviamente, a Jorge Palma, a introdução que me permite falar dos meus…

Dos meus fantasmas, obviamente.

Juntei-os à minha mesa e nada me disseram.

Não sei porque carga de águas tenho por obrigação voltar a juntá-los.

Fico quase com a sensação que vou ter que elaborar um guião.

Coisa agora em moda, quando nos querem distrair.

Esperei que o D´a Porta Nova me falasse da nova governação da minha cidade mas dele só fiquei a saber que preciso de aguardar…

Cuidado. Enquanto aguardamos, alguém se movimenta.

Esperei que o D´o Jardim de Diana me falasse dos planos maquiavélicos (coitado… de Maquiavel) com que a direita fascistóide quer destruir Abril…

Esperei até que, e já em desespero de causa, o D´a Sopa do Pobre, me trouxesse uma sugestão…uma só que fosse…sei lá…com coentros e ovos à mistura, mas …

Nada. Nada me trouxeram.

Os meus fantasmas nada me trouxeram.

Pois, sendo assim.

Assina: O Espojinho.