quinta-feira, 24 de maio de 2012

Até quando?

 

Até quando vamos continuar a ouvir baboseiras?
Até quando vamos ter que continuar a crer nestas patacoadas enroladas em papel pardo pseudo académico?
Quem são estes ? Que currículo?
A culpa do desemprego é do salário alto dos trabalhadores???
Dizem e olhamos-lhes para as fronhas e compreendemos.
Como humanista,  não me regozija a falta de saúde mesmo de adversários, mas é óbvio que se pode estar na presença  de casos de saúde mental muito débil.

Basta ver as “curvas” sobre o comportamento do emprego e a dos salários.  Enquanto sobe a linha do desemprego, baixa a dos salários.
Devia ser ao contrário, a crer nas patacoadas.
Mas não é.
Sobe o desemprego ao mesmo tempo que baixam os salários.
Ainda pensei construir gráfico…
Mas é uma perda de tempo, não acham?

De tão desvairados, acontece fugir-lhe a boca para a verdade:

A essência da crise consiste em baixar os salários e destruir direitos.
Quando estes desideratos estiverem atingidos, acabará a crise.

Ou então,  quando gregos, troianos, lusos, gauleses e todos os outros, correrem (a sério) com os troicanos, esta espécie de gente que invadiu e destrói a Europa

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Que seja deles, o Olimpo

 

Andam alvoraçadíssimos  e convenhamos que o caso não é para menos.
Quando julgavam que tudo seria assim eternamente, uns quantos acontecimentos alteram-lhes a ordem natural das coisas.
Primeiro e de novo a Grécia, depois aquele contratempo Francês, agora nem na sacro catedral alemã se escapam.
Irra.
Berlusconi já se havia ido, Sarkozy foi-se, Merkel já tem as barbas, perdão, o buço, de molho.
O mordomo português deles em Bruxelas ataranta-se.
Anda tudo tão confuso que aqui ou ali até já se insinuam coisas do domínio não real, coisas dos espíritos, talvez.
Fiquei hoje a saber - através da leitura da crónica de Rui Tavares no Público - que o avião em que seguia Hollande, para o jantar com Sr.ª Alemã, foi atingido por um raio, o que implicou regresso à base para troca de aparelho.
Das duas uma, ou “alguém” não anotou bem a data de passagem de testemunho e “julgava” que o ocupante do dito avião ainda era o senhor antigo que frequentemente fazia aquele trajeto ou então, “alguém” quis dizer a Hollande : também tu …Hollande???.
Em Portugal, os discípulos cábulas  nem conseguem perceber que os seus mestres de cátedra estão de malas feitas e insistem, esganiçados mas esganando-nos, que sim, que sim, que é assim porque tem que ser assim.
Aquele, o das feiras, o dos velhinhos, o dos submarinos, proclama: nós sim, somos honrados, cumprimos os nossos compromissos, agora os outros… os gregos (perdão, eu não disse os gregos…pois não?)…


Pois os gregos vão de novo a eleições e são estas que agora, assustam e de que maneira, os passarões e assustados, proclamam desgraças e chovem as ameaças das mais diversas penalidades.
Todos ameaçam os gregos - só falta o Papa, que talvez ainda não se tenha metido diretamente à bulha por razões de ordem ecuménica.


Pois por mim, se os gregos se aguentarem à bronca, demonstram uma coragem que só honra a pátria dos nossos saberes.
E a ser assim, que seja deles, dos homens e mulheres livres da Grécia, o Olimpo .

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Coisas gregas

Anda por aqui e por aí uma conversada danada sobre as “anormalidades gregas”.

Caos, irresponsabilidade e suicídio coletivo são só alguns dos adjetivos usados pelos useiros e costumeiros comentadores e secundados pelos chefes políticos ainda em serviço.

Nada que não se previsse, passado o atónito, viria a soberba.

Barroso (que parece adivinhar o curto prazo da sua comissão de serviço) proclama que não há alternativa e que o caminho do desastre é para prosseguir e ameaça (ameaça, ameaça, ameaça): –“ pois se os gregos não se sabem comportar (votando como ele e os patrões dele querem) pois então, pois então…vão ter que sair do euro!”

Que chatice…mas pelos vistos, quem o vai fazer, são os próprios gregos e por decisão soberana do seu povo…

Um semanário português (de referencia, como eles gostam de se intitular) na senda de procurar ridicularizar a expressão democraticamente tomada pelo povo grego, afirma: “…na Grécia, a taxa de abstenção foi superior à % do Partido mais votado”.

Pois foi.!

E em Portugal?

Na últimas eleições legislativas (2011) O PSD (o partido mais votado) obteve:38,63% e a taxa de abstenção foi de : 41,93%.

Na Grécia votaram 65% dos eleitores e em Portugal 58,07%.

Quando compararem, comparem. Mesmo que estejam ressabiados com os resultados…

E falem também nas ardilosas engenharias que constroem para salvaguardar os interesses instalados. O que gostam mesmo é que as «coisas» saltitem de um para outro, e desse mesmo para o outro e sempre assim, dentro do que chamam o arco do poder. E para o efeito, vale tudo, na Grécia, inventaram um bónus de… 50 deputados para o vencedor, mas nem mesmo assim, se safaram agora.

Atente-se no quadro de resultados:


Formação Política(*)

% votos obtida

Mandatos atribuídos
Mandatos que seriam proporcionais aos votos
KKE (Comunistas) 8,48 26 25
Syriza (Esquerda Radical) 16,78 52 50
Dinnar (Esquerda Democrática) 6,1 19 18
PASOK 13,8 41 41
Nova Democracia (direita) 18,5 108 56
Direita nacionalista 10,6 33 32
AD (Neonazis) 6,97 21 21

* mantive a definição “original”. 

Com a engenharia do “arco” o partido mais votado tem um bónus quase igual ao nº de mandatos atribuídos pelo voto.

Os partidos  (que podem eleger, pois estão estabelecidos mínimos) obtém 82% dos votos e 100% dos mandatos.

Mas mesmo assim…

O que estarão já a engendrar os engendreiros…?

terça-feira, 8 de maio de 2012

Obrigado, camaradas

 

Aos homens e mulheres, alguns deles tão jovens, que tiveram a coragem de enfrentar as pressões, as perigosas seduções e toda a teia maquiavélica (que me perdoe Maquiavel) montada para aquele triste e prepotente espetáculo de ataque ao 1.º de Maio e aos direitos dos trabalhadores, um grande e fraterno abraço.


Obrigado pela vossa coragem e verticalidade.


Aos outros, aos que não resistiram - uns por falta de coragem, outros por imposição social, outros porque lhes era humanamente impossível - e até para aqueles que o fizeram por convicção (também os há),  que lhes fique clara a ideia,  que o aconteceu só aconteceu, porque AINDA há um 1.º de Maio.
E porque esse 1.º de Maio carrega consigo um património de lutas de muitos anos, algumas delas travadas nas mais brutais condições de repressão e de falta de liberdade, por homens e mulheres que tendo também (como vós, como nós) filhos por criar e rendas por pagar, tiveram a coragem de se erguer.


Não é um mero feriado - É o 1.º de Maio. O Dia do Trabalhador.

Aqueles que resistiram e que neste 1.º de Maio souberam honrar o património de lutas, inscrevo-os no patamar dos homens e mulheres de coragem, cuja atitude deve ser enaltecida como exemplo.

Obrigado, camaradas.

domingo, 6 de maio de 2012

VIVE LA FRANCE

 

Não precisas de me avisar, camarada.
Sei, sabemos…todos sabemos.
Dali não há que esperar grandes coisas.
A mudança de que falam, resumir-se-á, à mudança de cenários e que o que há a mudar, não mudará.
Sabemos.
Assim foi e assim é de supor que será.
Por enquanto.
Mas…
Nem esses avisos de impedem de a esta hora sorrir…e quase ser tentado a ceder à vontade de comemorar..
Podem só ter mudado o sitio dos móveis… mas mudaram-nos.
Já se tornava insuportável este aglomerar de cotão, este mofo irrespirável.
Agora Sarkozy já foi.
Merkel voltou a levar tareia…
Sobre a Grécia nem piam, estão a procurar ainda  procurar perceber o que aconteceu.
Houve um espojinho por aqui.
A  Europa parece mexer.
Vive la France
Viva a Europa.

Engraçado.
Hoje senti-me, por estranho que me pareça, europeu.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

DESCONTO TOTAL

 

Em tudo tão iguais…

Tão preocupantemente iguais…


Todos conhecemos situações semelhantes, quando outros (parecidos ou iguais), confrontados com os seus atos  e incapazes (por cobardia) de os assumirem, invocaram desconhecimento.
A história está tristemente recheada de tais episódios.
Agora, perante este vil ato de revanchismo e de puro ataque aos direitos dos trabalhadores, temendo o engrossar da repulsa, os responsáveis por tal, procuram lavar mãos.
Diz o sonso - aquele que não consegue encontrar talhantes - que não sabia da «campanha».
Pois…
E talvez também não fique a saber, mas eu digo, sabendo de antemão que tal não lhe tirará o sono, que comigo não contará mais como cliente.
E não vai perder o sono porque de dentro da sua opulência barriguda  e sob a sua caquéctica arrogância não vai nunca compreender o prazer que me dá poder decidir não pôr  mais os pés nas vossas lojecas.
Mas é um prazer enorme.
E prazer maior teria, se este meu prazer se transformasse no prazer de muitos.
Mas como o senhor que não consegue encontrar talhantes, não consegue compreender… olhe: dou-lhe um …desconto…total.

Para as suas vitimas:
Aqueles que se acotovelaram, empurraram, ofenderam para chegarem à última garrafa de óleo;
Os que, desesperadamente, precisam mesmo de aproveitar;
Os que, gananciosamente, estão sempre ávidos por borlas;
Os que , obrigatoriamente, tiveram que aturar.
Para todas estas e outras, por entre uma palavra de solidariedade para algumas, um aviso para todos:

Todos sabemos que,  quanto mais nos agachamos,  mais..

terça-feira, 1 de maio de 2012

Retrato da minha cidade no 1.º de Maio

 

Um som de fundo preenche as ruas.

O vento de sul, que arrasta consigo nuvens negras, traz também esporádicas e grossas pingas.

À mistura, arrasta o som das vendedeiras de cuecas, peúgas, atoalhados e outros bens.

No Rossio há mercado. E gente.

E nós percorremos as ruas, quase desertas.

Apesar de tudo, o comercio tradicional, quase todo, fechou portas.

Apesar disso,  encontrarmos, aqui e ali, alguns comércios abertos.

As lojas dos chineses, essas lá estão,(religiosamente – coisa estranha de dizer) à espera de nós.

Encontramos amigos que nos dizem haver enchentes nas grandes superfícies da periferia.

Nada que não tivéssemos previsto.

Na melhor estratégia Goebelsiana haviam anunciado descontos soberbos.

Canalhas.

Fascistas.

E as gentes miseráveis da minha cidade acorreram como feras esfomeadas...

Venderam-se por meio prato de lentilhas.

 

Mas nós fomos para o desfile... para a luta.

Nem um café comprámos.

Quantos éramos???

Perante o desalento, alguém me lembra os ditos de um homem simples:

«Há pobres desgraçados, que são pobres em tudo!…».

 

Lamento, mas hoje estou muito desanimado.

Só me confortam as palavras cantadas de Sergio Godinho:

...não é por mim que eu me queixo....

Quem me lê, sabe o resto.