quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A velocidade da paragem

Vivemos num tempo alucinante em que tudo corre ou parece correr à velocidade da luz.
Muito se tem dito e muito se tem mistificado sobre essa velocidade.
Genericamente afirmam-nos: o mundo mudou. Mas mudou mesmo?
E quais são as expressões dessa mudança?
Falamos de tecnologia, de avanços científicos? Então sim é verdade, o mundo mudou.
Mas não é permanente essa mudança? (Será necessário recordar Camões?).
Não mudou ele com a aprendizagem do uso do fogo? Com o trabalhar da pedra e depois dos minerais? Com a descoberta da roda? Do motor a vapor? Da electricidade? Dos computadores e da Internet?
Não se deslumbraram os homens com a ida à Lua e com as imagens televisivas?
Pois então, é adquirido, que a mudança é um processo em contínuo aperfeiçoamento, com diferentes níveis de aceleramento (ou da capacidade de percepção desse aceleramento) e com diferentes níveis de participação dos actores em cada momento.
Não nos deslumbremos pois com a velocidade, porque o seu efeito pode ser estonteante e dediquemos algum tempo a reflectir sobre a paragem a que tantos se submetem.
De que falam as pessoas com que nos cruzamos? De graças e desgraças que por vezes somos tentados em crer reais mas que não passam de enredos da telenovela da berra.
Falam de amores e traições e tomam partido. Falam comovidamente de crimes passionais.
Interessam-se até à exaustão sobre se as cinzas poderiam ou não ser largadas no respirador do metro.
Conhecem todas as formas de morangos com açúcar. Sabem quem namora com quem - não na sua rua porque isso já lhe escapa à observação.
Em troca de uns segundos de exposição expõem na televisão males e desgraças que nunca confessariam a um padre.
Gritam, vociferam, matam, esfolam, políticos, governantes, autarcas, mas no primeiro encontro beijam-lhe a mão e oferecem-lhe o seu voto.
Para aliviar a coisa e para não se moerem com a análise vão berrando que são todos iguais.
Querem matar e esfolar ciganos, pretos, brasileiros, ucranianos porque são todos uns criminosos (dizem eles - coitados) e comovem-se com as palavras meigas do famoso pedófilo, do banqueiro que arruinou o país e dos grandes senhores dos grandes desfalques.
Esta é a imagem da mudança de uma velocidade parada.
Ah e também dizem (muitos que ganham 300€ de reforma)… isto sim é um grande homem, prescindiu do salário ( de 5600€) - coisa a que estava obrigado por lei e fica só a ganhar
as reformaszinhas (10 000€) mensais.
Grande homem de facto.
E tanto homem que já perdeu a grandeza da condição.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Branco, menos branco, não há

Antes do que aqui me traz, mais um apontamento: Os juros da dívida pública continuam a subir (Cfr Diário Económico de hoje - edição electrónica).
Mas isto não seria o que aconteceria se houvesse uma 2ª volta?

Agora então o tema a que me proponho:

Por enquanto, o direito de voto, (e consequentemente ao não voto) e salvo estúpidas excepções de origem tecnológica (dizem) é garantido, universalmente, a todos os cidadãos maiores de 18 anos.
É um direito e é uma conquista obtida com a luta corajosa de muitos.
E é um direito que, crescentemente, muitos optam por não usar.
Não tenho qualquer dúvida em aceitar como legítimo o direito ao não voto. Outra coisa é concordar com as razões, o que não faço.
Prescindir de usar o direito ao voto é, em minha opinião uma forma de desrespeitar a luta de tantos e em tão penosas condições para a que ele fosse consagrado, assim como representa o assumir da nossa negação, da nossa derrota e anulação enquanto cidadãos.
Julgo-me pois com o direito de criticar todos aqueles que tomaram essa opção.
São livres de não votar, pois são, mas eu também sou livre para dizer que assim não vale.
Dirão alguns agora: com o meu voto é que ele não foi eleito.
Puro engano. Pois ele foi eleito precisamente com o voto dos que não votaram.

Mas, tão grave como a abstenção e com expressão significativamente diferente é o que se passa com os votos brancos e nulos.
Estes, não contam. Mas são votos.
Representam uma corrente de opinião (de novo, uma opinião discutível) que o sistema pura e simplesmente ignora.
E ignora de tal forma que ele foi eleito com base nessa ignorância (e outras).
Se os 191 167 votos brancos + os 86 545 fossem considerados (o que parece legítimo) neste momento estaríamos em plena campanha para 2ª volta das eleições presidenciais a disputar entre ele e Manuel Alegre.
Estamos a falar da opinião de mais de 6% dos eleitores que pura e simplesmente foi anulada.
Por isso, branco, menos branco não há.
Por isso, ele é o Presidente da República Portuguesa, mas por favor deixe-se de hipocrisias porque não é o presidente de todos os portugueses, está isso sim constitucionalmente obrigado a ser presidente para todos os portugueses.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ele, os outros e nós

Ele disse, ameaçou , aterrorizou: Se houver segunda volta (do referendo presidencial) os mercados vão reagir e os juros da dívida pública vão subir.
Resolveu à primeira (por falta de comparência) o referendo presidencial e…
Os juros da dívida pública…aumentaram esta segunda-feira.
Este é só o primeiro apontamento, passadas que são poucas horas da sua coroação.
O segundo apontamento, é uma dúvida: Os que votaram no candidato vencedor, porque não festejaram?
Já estão envergonhados?
Ou tomaram tardiamente consciência que não há motivos para festa quando o que se anuncia é um cenário negro para a democracia?
E nós, uns, de entre nós, continuarão com profundas análises teóricas sobre razões e outros vão ter que continuar aquilo que é bandeira da sua vida:
Lutar, porque a luta continua.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Vai continuar a cheirar a mofo por aqui

Mas se fosse só o cheiro…

O problema é que os nossos problemas se vão agravar.

Assim decidiram, menos de metade dos portugueses.
E, aproximadamente metade destes, são os responsáveis por esse continuar do agravamento dos problemas.
Espero que saibam assumir as suas responsabilidades.

Eu estou bem.
Com a minha consciência.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Abram uma janela

O cheiro a mofo é aqui insuportável


Aí estão.
Vigorosas, viçosas, engenhosas e manhosas.
Confiantes na força da carga mediática de vender um vencedor, aí está ele a ser «vendido».
Mas por muito que nos custe, a verdade é que muitos (mas muitos mesmo) alienados, já são incapazes de discernir e formar opinião que não seja a de dar o seu voto ao vencedor.
Como se de uma corrida de cavalos se tratasse:: «Aposta no x porque o x é que vai ganhar».
E se lhes dizem que Cavaco é que vai ganhar…

Quanto custa a democracia?
É repugnante o uso e abuso de pseudo conceitos económicos como forma de limitar ou eliminar mesmo o pleno funcionamento democrático.
São useiros a contabilizar custos do funcionamento dos partidos, custos com eleições, custos com o funcionamento da Assembleia.
Sabemos que preferiam custos com o pagamento aos bufos, custos com o funcionamento dos serviços de espionagem aos cidadãos, custos com o funcionamento das policias políticas, com as prisões, com as deportações, custos com o funcionamento das organizações do regime tipo palhaçada de mocidades e legiões.
Nós sabemos que eles preferiam esses custos.
O que é ainda mais repugnante é ver que há quem o defenda e viva à custa dos custos com a democracia.

Pobres coitados ou grandes safados
Vidas miseráveis. Noite e dia atrás do rabo de meia dúzia de vacas. Caldos de couve e toucinho rançoso a todas as refeições. Frios de rachar ossos.
Missa para descansar.
E viver sempre de joelhos.
E agora…votar senhor cavaco pois claro.

Abram uma janela
Cheira aqui a mofo que tresanda. Hoje João Gobern falava de democracia vegetativa e Boaventura Sousa Santos vem-nos alertando para o fascismo social.
Não sei qual a designação mais adequada.
Só sei é que está irrespirável.
Que é urgente abrir uma janela.
E pelo esforço, pela emoção e dedicação, pela vontade de contribuir para abrir essa janela, deixo aqui o público obrigado ao PCP e à candidatura de Francisco Lopes.
No domingo podemos abrir essa janela.
Está nas nossas mãos.
Nas mãos dos que não ajoelham.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Em bicos de pé

Normalmente, o pôr em bicos de pé, ou pretende constituir-se como disfarce para uma pequenez que não se quer assumir (diz-se de Sarkozy) ou para procurar reduzir ao mínimo o ruído do andar.
A propósito de algumas pretensas sondagens (poucas), vemos agora alguns candidatos nesta posição, pelo que é legítimo supor uma das duas coisas: ou disfarce de pequenez (no caso, moral) ou tentativa de anular ruídos que os possam denunciar.
Não sou dos que comungo de grande confiança no saber do uso do voto pelos portugueses no próximo dia 23. A história recente está recheada de indicadores que me reforçam essa não confiança.
Uso mesmo de alguma apreensão sobre esse «saber» o que é bem visível no “post” anterior, mas independentemente do uso que possa ser feito , é prudente algum discernimento, chamemos-lhe acautelativo…
Até porque alguma coisa se está a passar no reino das sondagens… há algo que parece inquietar os seus usuários militantes.
Não gostarão do que pressentiram?
Estarão a guardar-se para a recta final?
Veremos.
Eu vou fazer uso do meu discernimento acautelativo…
Sei que alguns cantam já vitória.
Pois que cantem.
Desde que não tenham razões para o fazer no final do próximo domingo…

Nota de Roda Pé - Só por mera curiosidade, gostaria de saber quais os fundamentos técnicos e os respectivos enquadramentos teóricos que levam certos «especialistas» a tratarem a indecisão dos que pretendem inquirir como uma expressão de abstenção. Para mim, técnicamente, uma abstenção, é uma expressão de opção e não uma indecisão, sendo certo que essa indecisão pode conduzir à abstenção - mas como opção e não como consequência directa.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A insustentável leveza de uma inquietação

Os que agora procuram as guias para transporte para o tratamento que só podem fazer longe de casa e a quem dizem que o isso acabou.
Os que pedem um atestado e que lhes dizem para pagar o que eles não têm.
Os que deixaram de receber abono de família.
Os que pagam diariamente taxas ditas moderadores com valores cada vez mais imorais.
Os que pagam o IVA a 23%.
Os que vêem os descontos aumentarem sobre um salário que estagna.
Os que um ano mais vão ver a sua progressão na carreira congelada.
Os que estão desempregados.
Os precários que só não o são para os pagamentos ao fisco e à segurança social.
Os que recebem pensões de miséria.
O que vão sofrer cortes nos salários.
Estes, a que se juntam muitos outros e muitas outras situações, vão juntar o seu voto ao voto dos responsáveis por este estado de coisas???
E os responsáveis por este estado de coisas são os que as promoveram, os que as votaram (comodamente instalados no Parlamento), os que as consideraram inevitáveis e males menores e o que, com a sua assinatura, as transformaram em leis da República.
Pergunto de novo e inquieto-me, irão as vítimas juntar o seu voto ao voto dos carrascos?
Irão desistir? Baixar os braços?
Cegar e considerar que tudo é igual?
Desistir (uma e outra situação, são desistir) é entregar a vitória ao adversário.
Inquieto-me pois.
E é uma insustentável inquietação.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sapos, osgas e também um lobo mau

Numa historia em que sapos e osgas se insinuavam como elementos centrais eis que um lobo mau (e velho) insiste em se imiscuir.
Durante anos e a propósito de uma atitude de grande dignidade (votar num adversário em defesa da democracia), foram insistentes as brincadeiras (e outras considerações nada brincalhonas) em torno do engolir de um sapo.
Ainda hoje me vêem à memória as referências à anatomia do dito cujo, ao seu aspecto anafado, às suas bochechas, à sua viscosidade.
Engolimo-lo de facto e não foi muito agradável o acto. Mas foram suavizadas as consequências de um eventual (orgulhoso) não engulo e a direita fascizóide teve que aguardar por novas oportunidades para abocanhar a democracia.
Digo, para abono da verdade, que a viscosidade do sapo, acabou por facilitar a tarefa.
Agora, não parece haver sapos no cenário, mas julgo que alguns terão tarefa um pouco mais «espinhosa» e que consiste na necessidade de engolir (e fazem-no por livre e espontânea vontade) uma osga.
Também ela bem anafadinha, mas com a particularidade de não ser viscosa e ter pele e patas adaptadas a colarem-se à «situação» (tal como se colam às paredes e até tectos).
Não se vislumbra fácil a tarefa de engulo, mas quem engole está a fazê-lo porque assim quer e não é em nome da defesa da democracia (razão nossa para engolir o sapo) porque a tal ainda não foram chamados e porque para tal, também existiam e existem outras soluções.
Não sei porquê mas parece-me que ainda vamos ter de voltar a falar de osgas e sapos…
Assim seja. Seria um bom sinal.
Mas como disse, neste arrazoado em torno de osgas e sapos imiscui-se perigosamente um outro bicho.
Um lobo com histórias que o comprovam como lobo mau.
É velho e acima de tudo velhaco.
Há que cuidar de o procurar cansar - porque apesar de velho ele parece ter fôlego - e forçá-lo a corridas que ele não julgava necessário correr.
A direita fascizóide já está de novo de boca aberta.
Vamos obrigá-la a engolir de novo em seco.

Algumas palavras à parte (por não terem nada a ver com o presente texto), mas necessárias:

Para o povo brasileiro, principalmente para todos aqueles que foram vítimas da recente tragédia quero aqui deixar uma palavra de solidariedade e o manifesto do meu pesar.

Para a Tunísia uma vontade de esperança. Que seja… que seja de facto o inicio de um caminho melhor.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ORIGINALIDADES

Como me confronto frequentemente, com a necessidade de me referir a um conjunto de indivíduos, comentadores e escribas residentes do circulo (ou, mais apropriadamente, circo) mediático e porque não sei como, abreviadamente, designá-los, decidi fazer este pequeno exercício na perspectiva de encontrar uma sigla que resolvesse o problema.
Até porque todos sabemos da extrema importância das siglas na comunicação…
Procurei e esforcei-me para que a sigla correspondesse minimamente ao «objecto».
Sabendo que este (o «objecto») se caracteriza por um conjunto de indivíduos, apresentados como super entendidos em economia e leis, produtores de professias (de desejos) variadas, catalogadores incatologáveis, livres opinadores (como pássaros chilreando em gaiola), independentes de si próprios e obedientes ao «patrão», ciente disto, dizia, ocorreu-me a sigla seguinte: FIEL.
Passo a explicar:
Não tem qualquer analogia com o nome frequentemente dado ao fiel amigo, mas podia.
Não tem também associação a valores éticos, mas podia… se falássemos de fidelidade ao dono…
Significa simplesmente: Fulano Informado sobre Economia e Leis.
E assim, doravante, passarei a usar a sigla: FIEL.
Facilitada que assim fica a comunicação, passo a comentar um comentário produzido recentemente por um destes FIEL. Proclamava este: «Fazer da compra e venda de acções o assunto principal da campanha presidencial é uma vergonha».
O que devia ser uma vergonha, digo eu, porque tenho esse direito, é o «contexto» dessa compra e venda.
O que é uma vergonha, digo eu porque tenho esse direito, é que as consequências dessas «inocentes» compras e vendas sejam suportadas dolorosamente por quem não teve nada a ver com o assunto.
Um outro FIEL (ou outros, não fica claro), procurando fazer um «ranking» (coisa tão em moda) sobre os temas de campanha »explorados» pelos diversos candidatos a PR, tenha sugerido que «um pouco de originalidade era bem vinda» em referência ao facto do candidato Francisco Lopes» ter dedicado o seu dia de campanha aos «trabalhadores» e à critica «do processo de desmantelamento industrial».
Curioso.
Original poderia ser o facto de não ser necessário falar de desmantelamento industrial, assim como seria original não precisar de falar de perda de direitos e de condições de vida dos trabalhadores.
Porque será, que o candidato Francisco Lopes não usa dessas originalidades?

domingo, 9 de janeiro de 2011

TOMAR PARTIDO

A 23 de Janeiro, ou lamentaremos a consolidação de um processo de domínio de uma direita bafienta e perigosa ou festejaremos o inicio do que pode ser um caminho de esperança.
Nada ficará como até agora.
Perante este cenário e perante a clara convicção que a não vitória de Cavaco Silva pode constituir-se como acontecimento político à escala do 25 de Abril de 1974, entendo ser necessário, para o caso de ainda subsistirem dúvidas, a afirmação de tomada de partido.
A direita bafienta e fascizóide aguarda (tensa) a vitória folgada de Cavaco Silva logo à primeira volta. Com Cavaco como Presidente, só falta o resto e esse resto apresenta-se-lhes como muito fácil, até porque o caminho já foi iniciado…
Embora compreenda, não partilho das ideias, que alguns difundem, que a solução se apresenta sob a forma da anulação, ou seja, sob a forma de voto em branco.
Um voto em branco é a confirmação da anulação das vontades e das possibilidades associadas à vontade individual.
Como branco que é só serve para branquear o que muito pouco tem de branco.
Por outro lado, o que verdadeiramente interessa a 23 de Janeiro, é impedir a vitória do candidato da direita. E esse candidato é Cavaco Silva.
Essa trágica figura e personagem macabra da nossa história recente.
A figura que se insurge contra os políticos e que não faz outra coisa que não seja ser político profissional há mais de vinte anos.
A figura que está acima de todos os outros, seja em capacidades, seja em visão estratégica, seja em moral e ética. Mas que enquanto primeiro ministro e enquanto presidente, teve um uso dessas capacidades, lastimoso na maior parte dos casos e duvidoso em outros.
Nada se lhe pode apontar no caso BPN (proclama ele). Admitimos que sim. No entanto os factos indicam-nos que ele teve os lucros e agora nós pagamos os prejuízos.
Cinco mil milhões (para já) que estão a sair dos bolsos dos funcionários públicos, das pensões, dos desempregados, dos cortes nos abonos de família e noutras prestações sociais, são a parte que nos cabe nesta macabra história do BPN.
A nós…porque a outros couberam-lhe generosos lucros de 140%.
Fala-se muito de BPN. Talvez. É lamentável é que muitos não saibam do que se fala.
O quadro de candidaturas apresenta-se bem preenchido.
Para além deste supra e especial figurão. O politico não politico. O honesto como nenhum outro. O salvador como o outro (de triste memória) ,há outros candidatos.
Para todos os gostos, sendo que todos os outros (ou quase) se afirmam de esquerda.
Esta é uma discussão, talvez para mais tarde.
Porque por agora sabemos bem como aferir dessa qualidade proclamada.
Basta-nos confrontar o proclamado, com o efectuado.
Basta-nos ver o lugar que cada um tem ocupado na vida.
Basta-nos saber o lugar que cada um tem ocupado nestas barricadas que temos tido necessidade de erguer.
Ser de esquerda não pode significar ter estado do lado e ter dado o amem à política do actual governo.
Ser de esquerda não pode significar ter apoiado o orçamento dos cortes ou tê-lo considerado inevitável (Cavaco Silva diz a mesma coisa).
Ser de esquerda é ser solidário não é ser caridoso. ((inho).
Ser de esquerda é saber e estar sempre do lado certo da vida.
Ao lado de quem trabalha. Partilhando as suas dificuldades e anseios.
É ser um de nós.
E porque assim é e porque nunca receei tomar partido e porque é imperioso tomar partido.
Afirmo que o voto certo em 23 de Janeiro é em Francisco Lopes.
Depois….
Depois veremos.
Mas não existirão dúvidas nos homens de esquerda perante um cenário de uma segunda volta entre Cavaco e Francisco Lopes, pois não ? …

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Para começar o ano

Para começar o ano.
O ano em que vamos ver os nossos salários e pensões golpeadas, em que aumentam os impostos e diminuem as obrigações sociais
E em que sabemos que isto é obra de homens (e mulheres) que obtiveram os seus mandatos falando ao coração dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos.
Decidi-me por este texto:

Anatomia do sacana


O sacana é constituído na sua totalidade por uma massa viscosa, multicolor, mas com predominância de tons cinzentos.
Adquire por vezes forma humana (cabeça, tronco e membros), assim como a generalidade das funções humanas, incluindo a fala.
Difere de outros «produtos» pela forma como se adapta às diferente situações. Esta é uma característica que se julga ir buscar ao camaleão).
Gosta de se afirmar como humanista, com valores e preocupações sociais, mas à primeira situação concreta, em que se justifique que intervenha, demonstrando-os (os valores), argumenta engenhosamente a recusa.
Pendula-se frequentemente.
Gosta do movimento, afirma, mas pende sempre para a mó de cima.
Julga-se superior e cola-se para melhor o parecer aos que ele julga, superiores.
Engole em seco, quando as coisas dão para a secura e espera a oportunidade (que outros hão-de construir) para se saciar.
Corre desalmadamente para colocar na lapela os cravos que vê na lapela dos outros. (isto, quando do tempo dos cravos, abundantes, frondosos e vermelhos) depois, bem depois…prefere outras flores, mesmo que estas tenham espinhos.
Abraça os seus companheiros nas fábricas e nos campos, quando deles precisa, da mesma forma e ímpeto os atraiçoa, quando julga atingir os seus intentos.
Julga que pode ir e voltar, sempre.
Há sacanas de tipos diferentes, mas são sempre sacanas.
Os sacanas diferem dos canalhas, porque estes não se insinuam coisa diferente. Têm pelo menos o mérito de se assumirem.
Os resultados da acção de uns e outros, confunde-se no entanto, frequentemente.
Mas um sacana, é sempre um sacana.
Tem uma característica peculiar, vota sempre ao sabor da onda.
Quando a onda perde ímpeto, corre a criticar sendo habitual ouvirmos-lhe dizer: «Os políticos são todos iguais».
Preocupantemente, é uma comunidade muito numerosa.
Há muito sacana por aí.