segunda-feira, 31 de maio de 2010

QUANTOS MIL ?



O Público, no dia seguinte à manifestação, num esforço para, com tanto de patético como de ridículo, procurar contestar a presença de 300 mil, socorreu-se da figura de observadores.
Ainda esperei que por força da protecção das fonte, tais observadores não fossem sequer referenciados, mas foram-no…
Deu o jornal tal importância a esta questão do número que logo na 1ª página nos referia que segundo eles, observadores por si citados, os manifestantes seriam menos, muito menos. .
E assim, para o jornal, esta passava a ser a questão central: se 300, 280 ou mesmo 200 mil.
Do leque dos observadores (que se limitavam a dois) constavam uma tal de brites que foi apresentada como ex. funcionária da CGTP e especialista em contagens de manifestações.
Sim! Assim nos foi apresentada.
Estou a falar do Público, não estou a falar de um qualquer pasquim.
Uma peça deste género, apesar do sobreaviso permanente que mantenho, não esperava.
Não esperava e confesso que ao invés de revolta, senti uma enorme vontade largar uma sonora gargalhada.
Meus senhores enxerguem-se e cuidem-se.
Excesso de ridículo, mata.
E hoje dois dias passados, silêncio.
Como se fosse possível calar o grito de BASTA que milhares, muitos milhares, 300 mil, gritaram em Lisboa.
E que ecoou por todo o país.
E que teve a força não só de um clamoroso protesto, mas também de uma majestosa participação cívica em defesa da democracia ameaçada.
Não acrescentámos crise à crise.
Acrescentámos confiança à luta para mudar o rumo.
Estes 300 mil multiplicam-se por muitos e o seu grito percorreu o país de lés a lés.
E não o conseguem silenciar, por mais que se esforcem.
A luta continua.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

DEMOCRACIA


São diários os indicadores que expressam uma crescente debilidade da democracia. Aleatoriamente podemos referir como exemplos dessa debilidade as várias tentativas de controlo governamental dos órgãos de comunicação social por parte do poder e o seu controlo efectivo por parte dos grandes grupos económicos e financeiros, o despudor de inúmeras declarações dos gurus desses mesmos grupos sobre condições sociais e sobre os salários, os ataques aos direitos e regalias sociais, as intimidações várias, algumas materializadas outras implícitas sobre a liberdade de expressão.
A par deste processo, um outro se desenvolve – como sua consequência – e que se traduz num crescente alheamento das coisas públicas por parte da generalidade dos cidadãos, uma culpabilização cega «dos políticos» pela situação criada metendo tudo no mesmo saco, uma perda de confiança na sua própria intervenção cidadã, um isolamento em si crescente.
Alienação, julgo que diria Marx.
Alienação essa que conduz a um processo que Boaventura Sousa Santos designa por fascismo social e que considero cada vez e perigosamente mais enraizado.
A culpa de tudo não é dos culpados, mas sim das vítimas da situação.
Dos funcionários públicos, dos professores, dos médicos, dos policias, dos operários de todos os que têm salários e que lutam pela manutenção de direitos. Estes são privilegiados e por força disso culpados aos olhos de uma mole crescente de alienados.
A culpa é dos africanos, dos brasileiros, dos de leste, dos que recebem o RSI (cujos custos representam uma ínfima parte dos custos da Segurança Social).
Está perigosa a situação.
E os resultados de uma sondagem hoje divulgada indiciam desse grau de perigosidade.
Perante a doença, parece que nos inclinamos para paliativos numa perspectiva de atenuar os dolorosos efeitos do estado terminal dessa doença.
Colocar como alternativa a Sócrates, aquele projecto fabricado pela direita mais direitista - para não ir mais além, do PSD, é um sinal de decadência e de debilidade grave da democracia portuguesa.
É um perigoso paliativo.
Nesta data de triste memória para a democracia, não são animadores os tempos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Paciência??? Uma ova.



Da janela do 1.º andar do seu gabinete observava que na avenida trabalhadores em manifestação protestavam.
Ele sabia que alguns dos protestos até eram justos, mas caramba …não achava que fossem razão para tanto.
Olhava mesmo com algum desdém para a atitude dos outros… os que se manifestavam na avenida. Um dia, gostou até que um seu colega tivesse vociferado: vão trabalhar malandros.
E ele, no seu gabinete, com um salário baixo, mas seguro, remetia as sua atenções para o planeamento da pescaria do próximo fim de semana.
A mulher também é funcionária pública. Têm um filho que vai agora entrar para a Universidade. Iriam fazer um esforçozinho mas conseguiriam. O curso que escolhera - por acaso até nem é ministrado na Universidade da sua cidade, o que aumenta as despesas.
Mas paciência. Conseguir-se-á, rematava.
Tinha votado no partido dos que estavam no governo (e que era também - por mero acaso - o partido do seu director). Apesar de algumas pequenas contrariedades e dificuldades, sentia-se bem com a vida.
Não conseguiu então imaginar (apesar dos avisos de alguns dos seus colegas) que tivesse que forçar o miúdo a tirar um curso diferente do que este havia imaginado, mas que era ministrado na cidade onde moram.
As propinas passaram a ser pagas (e de que maneira) e ele não havia contado com essa contrariedade…
Paciência…
Também não imaginou que os seus vencimentos fossem congelados…
Paciência…
Nem suporia que o regime de carreiras fosse destruído e que as promoções passassem a ser por «arranjinhos» gerados por um pseudo sistema de avaliação. SIADAP o famigerado
Paciência…
Por muito que o avisassem não conseguiria aceitar sequer a ideia que o vínculo que considerava seguro fosse destruído e agora…está nos disponíveis (que têm outro nome) a ganhar só parte do seu salário.
Em nome da crise aumentaram o IRS e diminuíram ainda mais o seu emagrecido salário.
Paciência??? Uma ova.
Agora, diz ele, vai para a avenida juntar-se àqueles a quem se devia ter sempre juntado.
Mais vale tarde que nunca.
Dia 29 lá estaremos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Manifestação 29 de Maio em Lisboa



Torna-se cada vez mais difícil usar de alguma contenção verbal face ao chorrilho de declarações contra a «crise».
E fazem-se ouvir, evidentemente que não pela qualidade do discurso mas porque os instrumentos de reprodução ideológica são seus.
As televisões, os jornais, as rádios são propriedade sua. Onde, JURAM, a liberdade de informar é respeitada. Claro, só não é respeitado, a liberdade do que informar.
Um tal de Eduardo Catroga, com culpas no estado a que as coisas chegaram diz sem corar (porque para tal não tem capacidade) que Portugal perdeu oportunidade histórica para reduzir salários. E acrescenta que pagaria o subsídio de férias e 13.º mês em obrigações do Tesouro e que reduziria em média 10% nos salários, mais coisa, menos coisa, diz o bruto.
Ah…e para os que sempre se acomodaram na aconchegante aceitação de que estas medidas se aplicariam só aos funcionários públicos – esses privilegiados – esclarece o Sr. Catroga que as medidas tanto se aplicariam no sector público, como privado.
Agora já comem todos por igual porque o que havia a fazer na função pública já foi feito – destruir uma das últimas e sólidas barreiras em defesa dos direitos e regalias dos trabalhadores – de todos os trabalhadores.
E quantas vezes, este trabalho não foi feito, sob o aplauso de alguns de entre nós???

Sendo agora ingénuo, por um momento:
A diminuição dos salários dos funcionários públicos serviria (eu por vezes ainda acredito no pai natal) para diminuir o deficit das contas públicas, não é verdade?!.
E a redução dos salários dos trabalhadores do sector privado, serviria para …?

Mas, regala-nos verificar que os mesmos que impuseram os sacrifícios aos trabalhadores – A TODOS – tomam iguais medidas e de forma muito abrangente. Ficámos por exemplo a saber que a medida de redução de 5% nos salários dos detentores de cargos políticos – medida que o Sr. Primeiro-ministro considerou simplesmente simbólica – vai ser acompanhada (ou atenuada?) de um aumento em mais de 25% face a 2009 (+ 780 mil euros) com despesas de transporte, deslocações, seminários, exposições e artigos honoríficos.

Pois, mas nos nossos bolsos, o simbolismo tem o efeito prático de diminuir a nossa já debilitada condição de vida e de hipotecar o futuro dos nossos filhos.

Convenhamos que é difícil não ser mal-educado.
Mas prefiro optar pela responsabilidade de cidadania em detrimento de histéricos gritos no ciber espaço.
Por isso, dia 29 de Maio, vou gritar de minha justiça, junto de muitos mil que agem como eu, na Manifestação em Lisboa.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Os gansos até nem têm culpa



Dizem os gansos, de forma melodiosa e pretensamente sábia, talvez no êxtase de mais um tango, que não é aconselhável acrescentar uma crise social à crise financeira.
Mas não é com a crise financeira que têm acrescentado mais crise à crise social?
Não tem sido sob o seu manto que se tem retirado salário, direitos e garantias aos trabalhadores, criando ou amplificando a profunda crise em que se encontram milhares de famílias portuguesas?
Não é sob o pretexto da crise que alguns dos velhos gansos da direita portuguesa a que se juntam uns patinhos marrecos do PS, vêm desescrupolosamente afirmar que se está perder uma boa oportunidade para se baixar os salários?
Não reguem com gasolina o fogo!
Vocês sabem que os trabalhadores portugueses ganham em média 55% do salário da zona euro!
E que os gestores portugueses ganham em média:
+ 32% que os gestores Norte Americanos;
+ 22,5% que os Franceses;
+ 55% que os Finlandeses;
+ 56,5% que os Suecos.
(Fonte: Manuel António Pina, Jornal de Noticias de 24.10.2009)
Dizem logo os gansinhos: ganham o que as empresas decidem! Pois, também os outros.
E os trabalhadores ? Quem decide os seus vencimentos?
Continuai com o tango.
Que eu vou acrescentar protesto ao protesto de muitos mil, na certeza que não estarei a crescentar crise social à crise, mas sim a combater a crise.
Combatendo as vossas desgraçadas políticas.
Dia 29 em Lisboa.

domingo, 23 de maio de 2010

Coisas leves



Para desintoxicar e porque gosto.
Vou experimentar aos fins de semana, uma abordagem um pouco mais «leve».
Daí que talvez escreva sobre gastronomia ou essa coisa que em mim consiste em misturar produtos na perspectiva de apaladar um produto final.
E para misturar produtos, nada como abordar primeiro os próprios produtos.
Os supermercados facilitam essa tarefa. Quase sempre estão descritos, indicam as proveniências, e ultimamente até o meio e forma de criação - no caso dos peixes, se de captura ou de aquacultura.
Para a sua escolha tenho um padrão muito subordinado a um leque que muitos designam por dieta mediterrânica, mas não cristalizo aí os gostos e prefiro, sempre que a preferência é possível, que sejam resultado de criação «artesanal».
Só quem já provou um frango do campo pode compreender as diferenças com os frangos de supermercado. Na cor, na textura e acima de tudo no sabor.
E agrião dos ribeiros, quantos conhecem a diferença para com os molhos supermercadizados?
E as beldroegas? E os espargos? as túberas? E os cagarrinhos ou cardos? O achigã ou a boga e a carpa como esta se come na Jerumenha?
Uso muito e profusamente as chamadas ervas aromáticas. Coentros, poejo, salsa, hortelã e hortelã da ribeira.
Já experimentaram temperar uma salada de tomate com uma boa mão cheia de orégãos?
Experimentem por estes dias os que são de cá, e os outros que não sendo, se por cá passarem e se o tempo estiver quente - o que é bem previsível - um refrescante gaspacho acompanhado com uns jaquizinhos fritos : nada mais que água fria que se tempera com azeite, alho pisado, vinagre e sal à qual se acrescenta cebola (nova) picada, pepino cortado miudamente em cubos, tomate (de salada) de igual forma, umas rodelas de linguiça ou pedacinhos de presunto gordo e sopas de pão ..ah e acompanha-se a sopa assim obtida com os jaquizinhos fritos.
É saboroso, refrescante e muito económico.
Nos dias que correm, com o Governo a ir-nos ao bolso, pode ser uma boa solução
Bom apetite.
Coisas de domingo…

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Haverá ou não vida para lá de...



É intenso o cheiro a bafio.
Os homens sem alma que rezam ao deus dos milhões (cifrões) espezinhando milhões (pessoas) tudo dominam.
Um qualquer dos seus boçais representantes arvora-se em previsor do futuro, constrói o cenário que lhe interessa no presente e logo nos entra casa a dentro sob a capa de grande «pensador».
Grande pensador é de facto. Pensa a cada momento em engordar desmesuradamente o seu espólio à custa seja do que for.
Estes são homens sem valores e os seus pensamentos têm o valor correspondente a si próprios.
Quantos pensadores de facto, intelectuais no profundo significado da designação, investigadores, homens e mulheres - alguns deles tão jovens - não produzirão em cada dia que passa conhecimento e não darão contributo para que a vida de cada um de nós - até a dos boçais senhores - possa ser um pouco melhor?
Consultei (e recomendo) o site: www.cienciapt.net e decidi dar relevo a três factos:

Mais de 300 jovens concorrem ao 18.º Concurso Jovens Cientistas e Investigadores 2010. Têm entre 15 a 20 anos e provêem de 57 Escolas Secundárias.

E

Investigadores do Instituto de Medicina Molecular mostram como determinados medicamentos anti virais inibem a entrada do vírus VIH 1 nos glóbulos.

E

Seminário : Empreendorismo Internacional nas PME: os desafios da globalização.

Apenas três “pequenos exemplos. Três exemplos de que há mais vida para além das finanças.(dinheiro).
São estes homens, mulheres e jovens que por formas diversas e contributos diversificados têm a dimensão de grandes homens.
Mas a estes quase ninguém presta atenção.
Eu sei que parece estranho que hoje, quando se concretiza mais um assalto aos nossos salários e às nossas condições de vida, parece estranho que venha falar de conhecimento e de ciência.
Mas não é.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O MUNDO MUDOU



Assim como não quer a coisa, de uma forma totalmente inesperada: o mundo mudou.
E mudou tão repentinamente - mais repentinamente que as mudanças de rumo da nuvem islandesa - que o primeiro ministro de Portugal foi apanhado de surpresa e forçado, por essa forma, a fazer hoje, o que ontem jurava a pés juntos não ter a menor intenção de fazer.
No entanto, só ficámos a saber que mudou mas nada nos foi dito sobre as mudanças verificadas.
Fazem todos (os que dominam os meios para tal - leia-se comunicação social) um ruído tão intenso e permanente que falta tempo para procurar perceber as mudanças e menos ainda procurar perceber-lhes as causas.
Ontem foi a falência de um banco de dois irmãos americanos, depois madof, no dia seguinte a turbulência foi provocada pelas medidas aprovadas no Congresso (EUA) sobre a protecção para a saúde, as bolsas caem, as bolsas sobem, as bolsas tremem e agora estão em chamas (já não em sentido figurado, mas real, pois hoje é o que está a acontecer em Banguecoque).
Ontem a crise era à escala planetária e devia-se ao imobiliário, depois passou para a escala europeia e deve-se aos ataques especulativos ao euro, agora parece cingir-se a economias localizadas e tem origem orçamental.
É curioso constatar que os EUA (antes origem) agora parecem não existir sequer nesta geografia da crise.
De facto, concordo que se verificou uma mudança.
Mudou a aceleração e o ritmo dos ataques às condições sociais dos trabalhadores.
Nunca como agora foram desferidos ataques tão violentos e destruídas tantas regalias sociais.
Por força disso, agora existe um mar de gente disponível para a escravatura e um oceano de homens e mulheres que temem pelo seu futuro.
Esta foi a mudança.
Agora o trabalho é um factor de produção ao preço da uva mijona e disponível para quando e nas quantidades que forem necessárias.
E pelo tempo que for necessário.
E para ela, esta mudança, o primeiro ministro de Portugal deu um importante contributo.
Falando ainda de mudança.
Verificado que está, que efectivamente o mundo mudou, é legítimo supor que o sentido de voto dos portugueses também tenha mudado, não acha senhor primeiro ministro?
E esta previsível mudança não lhe sugere nenhuma medida?
O seu parceiro coelho está ansioso que seja um pouco mais tarde.
Não tem pressa, o senhor está a trabalhar para ele.
Pelo contrário, os trabalhadores portugueses têm muita pressa na mudança.
Mas uma mudança efectiva de rumo.

A bem de Portugal.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Yn espaniol nos entendiemos… ou en doitchland?




Yeu oje intiendo devir ablar in espaniol.
Hai aprendido a ablar assim como vosotros nuestros hermanos siempre qui em Badagoz estive quirendo comprar caramielos.
Nom sei porque trouxe simpre os caramielos errados…
Nom sei tambiem porque carga di águas aquele fulano quis ontem ablar espaniol.
Estaria gozando com nosotros???
Né.
Imajino o fulano a ablar doitchland com a Merkl. Ih.Ih.
Diebe ser mais ou mienos assim:
Hielo Merkl, como wie gehti eis ihneme?
Buena? mui biem.
Mais impuestos e mienos salários si não nada feito???
Veri wel, ou sieja, assim será.
Ahora já tiengo com quiem dançar, in portugallo y es un bielo mutchacho.
Mui pariecido comigo.
Y como são buenos os tangos.
Nom??? Yeu disse tangos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

DESCUBRA AS DIFERENÇS



Os últimos dias vieram acentuar um traço cultural distintivo, um gosto enraizado em gerações, uma prática que os jornais se têm encarregue de expandir e que consiste no gosto pelo jogo de procura de diferenças entre duas fotografias ou outras imagens, aparentemente iguais.
E tal ocorre por força do que nos projectam as posições assumidas pelo PS e pelo PSD.
Que diferenças existem entre eles?
Façamos um exercício:
Ambos peroravam até há um tempo recente, não quererem aumentar os impostos.
Ambos acordaram agora aumentarem-nos.
Ambos defendem a continuação da mesma politica económica que alternadamente têm conduzido e que nos conduziram à situação actual.
Ambos ajoelham perante os ditames financeiristas oriundos do governo sombra (mas governo de facto) europeu.
Ambos sacrificam o desenvolvimento em nome de um pretenso combate ao deficit.
Ambos falam da necessidade de uma maior flexibilização do mercado de trabalho e ambos estão a pensar assim na facilitação dos despedimentos.
Ambos partilham do mesmo princípio no que concerne aos salários: quanto mais baixos estes forem mais altos serão os lucros dos empresários, seus promotores.
Não existem então diferenças?
Não sejamos injustos.
PS está à esquerda de D.
Ah e…ambos gostariam de apoiar a reeleição de Cavaco…
Por falar no… em Cavaco. Afirmou este que há sempre um momento em que alguém tem de pagar a factura.
Nós já sabíamos senhor professor…são sempre os mesmos.
E é à mesma este, que se prepara para vir hoje falar (já falou mas disse o que já sabíamos) solenemente ao país sobre… o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Os problemas sociais, o desemprego, os pobres, os salários esclavagistas, os impostos asfixiantes, são assuntos para depois.
Para Janeiro de 2011 quando precisar do nosso voto para ser reeleito.
Sem querer, introduzi uma terceira imagem.
E não descubro as diferenças.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Arre...



Não tenho estado distraído nem parti como peregrino, simplesmente afazeres cívicos impediram-me de, nos últimos dias, tecer aqui os meus comentários, e que dias…
O papa dominou e todos acompanhámos livre ou forçadamente até ao mais ínfimo pormenor as questões logísticas e cénicas que lhe foram associadas.
E sob esse sagrado manto impuseram-nos mais impostos e mais dificuldades.
Homens que se dizem de palavra (pela minha parte há muito -sempre - soube que não eram de fiar) aproveitaram esses oportunos momentos para fazer o que ontem juravam não terem intenções de fazer.
Uns, hipocritamente, pedem desculpa.
Outros, arrogantemente, dizem que não devem desculpas.
Ambos, acabam por estar certos.
Culpados são aqueles que acreditaram neles.
Assim como todos aqueles que toleram passivamente estas medidas, afirmando discordar mas…compreendendo… a crise… e coisa e tal.
Uma coisa simples todos sabemos.
Quando se tratou de assegurar tachinhos, assessoriaszinhas de todo o tipo, para os primos, primos dos primos, sobrinhos dos afilhados e…quando todos comiam à mesa do orçamento eu não fui chamado para decidir e não decidiria dessa forma, obviamente.
Mas agora que a manta está curta sou chamado e em nome do sagrado interesse da pátria.
A pagar mais imposto pelo pão, pelo leite, pela carne (pela cocacola não contribuirei… ora toma-te esperteza saloia) , a pagar mais irs a ter menos condições de vida.
Para isto sou chamado e a toda a hora.
Mas creio assistir-me ainda o direito de fazer duas simples perguntas:
1. Porquê estas medidas se, a fazer fé nas declarações do Sr. PM e passo a citar; “Portugal foi dos primeiros países a sair da condição de recessão técnica” e “Foi também um dos países que melhor resistiu à crise” ?
2. Porque não é suficiente - para resolver o desequilíbrio orçamental - suspender as medidas extraordinárias de apoio às empresas decididas em 2009 e que foram apresentadas para o valor do défice entretanto verificado?
Uma outra pergunta, esta dirigida a SESPR:
1. Diz Vexa que a visita do papa veio ajudar a combater a crise. Pode dar um exemplo senhor ilustre professor ?
Deixo as perguntas, para uma pequena informação: Gordon Brown vai para o FMI.
Xiça, que é demais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

GRAFICO



Aqui só chega papa e por aí?
Abençoados lares com televisão por cabo e coragem para usar os que não projectem papa.
O país parou para papar. E por três dias seguidos como se espera de uma boda de renome.
Não mais deficit, nem desemprego, nem impossibilidades de satisfazer os empréstimos bancários, nem meses muito compridos para salários muito curtos. Só papa.
Pobre homem que se vê forçado a pedir que o deixem dormir.
Por mim…faça favor.
O que me preocupa é o sono dos que deviam estar acordados.
Quantos gritarão nestes dias, para as multidões paradas acenando bandeiras: vão mas é trabalhar malandros, como fazem quando nos manifestamos?
Os funcionários públicos que vão ter ponte forçada agora não são malandros?
Entretanto Brown demitiu-se.
A bolsa que ontem estava farta, hoje está com azia.
Os impostos ontem não subiam.
Hoje sobem.
O 13.º mês já está destinado.
A crise ontem era internacional.
Hoje é nacional.
Ao palácio onde mora agora um dos responsáveis pela crise, afluíram outros e juntos fizeram queixinhas dos responsáveis de agora.
Se em matéria criminal se diz que o criminoso volta sempre o local do crime nesta -com grande similitude - gostam de estar juntinhos.
Hoje foi possível sabermos, com referencia por distrito, as percentagens de católicos em cada um deles. Dizem que em Évora 83% - é obra.
Mas já que gostam tanto de dados porque não nos apresentam quadro com:
Ano
Valor do deficit das contas públicas.
Valor do saldo (exportações - importações)
Nome do Ministro das Finanças
Partido no poder.
Período de referencia: 1974 -2009.
Se possível em gráfico.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mistura



O texto de hoje é um pouco como esta minha viagem, uma mistura de assuntos.
É que a viagem começou por ser ferroviária, passou para rodoviária e creio que ainda passará por ser fluvial.
Em pleno século xxi assim é. De Évora a Lisboa.
Mas não é sobre a viagem, o assunto, ou como já disse, os assuntos.
Na hierarquização confesso-me confuso. Atribuo primazia ao benfica campeão ou à visita do papa que amanhã se inicia.
Pelo meio a nuvem…mas estejam os fiéis (porque é tão frequentemente nome de cão???) descansados. Há um plano b.
Também empolgantes são as noticias dos espectaculares resultados (os melhores de sempre…faz-me lembrar o braga) do jogo de ricos a que chamam bolsa. Bolsou depois da míngua da semana passada.
Procurei noticias da renania mas só me davam das filipinas, porque será? Falo de eleições.
Na renania, ah… alemanha, parece que a direita levou tau tau a sério, passemos para outros temas… por exemplo…eleições nas filipinas, logo ali…
Na grécia, logo aqui, durante uma entrevista de sua excelência o senhor ministro da educação os professores ocuparam o canal de televisão e só à bastonada foram expulsos, sabiam ??? Claro, a nossa comunicação social é livre e plural, não repararam na notinha de roda pé?
Privilegiados dizem os entendidos. Não sabem fazer sacrifícios pelo seu país. Em portugal é a mesma coisa.
Julgava ter o capítulo do cenoura raquítica encerrado. Mas o homem não resiste. Antes da partida - para mais um sacrifício pelo seu país - insiste em mandar os recados de sempre : sacrificai-vos vós (que somos nós), diz ele.
Que grande mistura.
Parece, não parece?

domingo, 9 de maio de 2010

Bandeira Vermelha



Compreendo.
É normal.
Temos a visita do papa.
A nuvem.
O deficit e a grécia.
A turbulência nas bolsas.
O benfica campeão.
Que importância noticiosa pode ter uma efeméride tão simples como…
a que comemora a derrota do nazi fascismo e o fim (na Europa) da 2ª Guerra Mundial.
O fim de uma guerra que semeou destruição e morte. Milhões de mortes.
Inclino-me perante a memória das vitimas.
E procuro juntar o meu contributo ao contributo de tantos outros que insistem em lutar pela paz.
Hoje festejo a paz.
Se sair para a rua com uma bandeira vermelha ninguém me vai julgar doido.
Talvez aproveite.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Gravadores



Vou cuidar bastante da adjectivação e relatar só os factos e destes só parte.
Não vá o diabo tecê-las e sei dos riscos.
Um deputado, um senhor deputado, mete ao bolso dois gravadores que não são seus.
Acção directa, afirma.
Os seus parceiros aplaudem-no e elegem-no para mais uma comissãozinha.
Fim do relato.
Pronto. Fim do relato.
Esperavam que comentasse???
Livra!.
Assim de forma enviesada assalta-me o alerta, que há muito e repetidamente anda a ser feito sobre o crescimento de um fenómeno social que o Prof. Boaventura Sousa Santos denominou de fascismo social.
Atentemos seriamente nos seus desenvolvimentos

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Grécia


(foto da 1ª página do Público de 05.05.2010)
Sempre tivemos, por força da cultura, uma forte ligação à Grécia, mas ultimamente, mais do que desejávamos, ela tem sido ainda mais forte, amargamente.
De Sócrates aos ratings (porque não taxas?) um pouco de tudo associamos no presente ou por herança cultural da antiguidade, a este país.
Esperamos ficar por aqui.
O que está a acontecer neste nosso parceiro na europa e berço da nossa civilização é demasiado sério.
Os gregos estão a ser as primeiras vítimas do apogeu dos ataques aos direitos sociais de quem trabalha, que estão em curso há anos, um pouco por todo o mundo. Ali atingiram agora um nível nunca antes visto.
Coloquemos as nossas barbas de molho, pois as primeiras cenas deste filme que lá está em exibição há muito que aqui foram rodadas.
A tragédia ontem atingiu dimensões gritantes. Três pessoas foram mortas. Três pessoas duplamente vítimas das barbaridades de homens sem escrúpulos. Homens que em majestosos gabinetes, de olhos ramelosos e gulosos, miram o decote da «secretária», enquanto agendam mais um almoço e decidem o destino de povos inteiros.
Continuai assim suas bestas em forma de gente. Hoje são precisos oito mil policias, marinha, força aérea, exército, sis e outros para proteger o papa, amanhã quantos serão precisos para proteger os vossos bunkers?
Uma escrevedora de trazer por cá perguntava sob cândida capa, a propósito das trágicas mortes de Atenas: manifestantes ou terroristas?
Três vítimas. Três vidas humanas perdidas às mãos dos terroristas de Frankfurt, Wall Street e outras paragens fabricadoras de colossais riquezas à força de descomunais misérias.
É esta a resposta para esta escrevedora de meia tigela.
Há muito que especialistas (são todos aqueles que dominam determinados assuntos e a quem os «media» nunca perguntam nada) alertam para o perigo de uma explosão social em Portugal que pode assumir proporções nunca antes vistas neste país de brandos costumes, mas quem se devia importar, assobia para o lado e segue em frente.
De vez em quando arranjam um alarido para desviar as atenções e para poderem continuar.
Outras, arranjam um entretenimento. Uma visita de um papa por exemplo.
Até um dia.
Não como ameaça.
Mas como uma grande preocupação

terça-feira, 4 de maio de 2010

Um país ajoelhado



Apesar dos solavancos - projectamos TGV mas ainda temos linhas neste estado - consegui concluir as palavras cruzadas e agora cruzo os olhos para a paisagem que me projecta a janela.
E penso igualmente no papa, não que me tenha tornado seu seguidor, mas porque se aproxima a sua visita a Portugal e daí derivarem implicações várias na minha e na vida de todos os portugueses.
Tolerâncias de ponto, cidades bloqueadas, oito mil polícias na protecção de sua santidade, mobiliário urbano tirado, impedimentos de estacionamento, mobílias novas, palcos gigantescos e isto se só falar das coisas grandes…
Num país cujo o Governo nos disse que não tinha meios para aumentar os salários, que enche a boca a toda a hora a falar de crise, que nos aterroriza com o deficit, que nos ofende com a questão da produtividade.
Num pais com 700000 desempregados e dois milhões de pobres.
Num país cuja Constituição assegura a sua condição laica.
E nesse mesmo país, SESPR (Presidente da República) agenda passar todo o tempo de estada de sua santidade, de joelhos…já que não pretende faltar a uma missazinha sequer…
Somos um país ajoelhado.
Ajoelhamos perante o papa, ajoelhamos perante as agências especuladoras internacionais, ajoelhamos perante o Presidente Checo…
Aos governantes, alguns políticos - com destaque para as recentes crias saídas da cartola - empresários, economistas (alguns dos seus gurus) e toda a restante vassalagem do capital financeiro, ficar-lhes-ia bem um pouco de decoro ( e alguma coerência), mas como sabemos, é coisa que não cultivam e assim é vê-los nesse seu ajoelhar colectivo como se assim conseguissem purgar todos (ou até mesmo, algum) os seus pecados.
Mas o que dói é verificar que muitos dos esquecidos da igreja do papa que vem de visita, também ajoelham e acham bem, mas estes certamente pensando que assim poderão acalmar o deus que tem sido tão impiedoso para consigo.
Com todo o respeito do mundo para com os católicos crentes e que como eu querem um mundo melhor para os homens:
papa não, muito obrigado.

domingo, 2 de maio de 2010

Para os galaritos emproados




S (M/O)S aos Maria vai com as outras

Aos meus amigos, que vão lendo os meus desabafos, peço hoje mais um favor, remetam este S(M/O)S para os endereços de Maria vai com as outras que conheçam.
Todos conhecemos um número expressivo destas espécimes.
Reenviem-lhes então o texto seguinte:
“Para ti que pavoneias os teus ray ban enrodilhados nos teus cabelos talvez não lavados mas suficientemente pegajosos de gel, que julgas deslumbrar pelo lagarto do teu polo, que gastaste uma pipa de massa nuns sapatos de vela onde surfam os teus mal cheirosos e que consegues conviver com o fedor que libertam os teus sovacos besuntados com boss na simbiose gorjitada com a água de colónia lacoste, para ti, sim para ti, que não tens onde cair morto, mas que passaste impante, olhando de soslaio e sobranceiramente pelos que estavam na praça, estes num assomo de coragem e dignidade a pugnar por um mundo melhor para todos, deixa-me dizer-te, também te incluímos nas nossas reivindicações.
Achas estranho?
Nós não.
Não passas de um pobre coitado.
Se quiseres fazer alguma coisa por ti, ainda estás a tempo.