terça-feira, 25 de maio de 2010

Manifestação 29 de Maio em Lisboa



Torna-se cada vez mais difícil usar de alguma contenção verbal face ao chorrilho de declarações contra a «crise».
E fazem-se ouvir, evidentemente que não pela qualidade do discurso mas porque os instrumentos de reprodução ideológica são seus.
As televisões, os jornais, as rádios são propriedade sua. Onde, JURAM, a liberdade de informar é respeitada. Claro, só não é respeitado, a liberdade do que informar.
Um tal de Eduardo Catroga, com culpas no estado a que as coisas chegaram diz sem corar (porque para tal não tem capacidade) que Portugal perdeu oportunidade histórica para reduzir salários. E acrescenta que pagaria o subsídio de férias e 13.º mês em obrigações do Tesouro e que reduziria em média 10% nos salários, mais coisa, menos coisa, diz o bruto.
Ah…e para os que sempre se acomodaram na aconchegante aceitação de que estas medidas se aplicariam só aos funcionários públicos – esses privilegiados – esclarece o Sr. Catroga que as medidas tanto se aplicariam no sector público, como privado.
Agora já comem todos por igual porque o que havia a fazer na função pública já foi feito – destruir uma das últimas e sólidas barreiras em defesa dos direitos e regalias dos trabalhadores – de todos os trabalhadores.
E quantas vezes, este trabalho não foi feito, sob o aplauso de alguns de entre nós???

Sendo agora ingénuo, por um momento:
A diminuição dos salários dos funcionários públicos serviria (eu por vezes ainda acredito no pai natal) para diminuir o deficit das contas públicas, não é verdade?!.
E a redução dos salários dos trabalhadores do sector privado, serviria para …?

Mas, regala-nos verificar que os mesmos que impuseram os sacrifícios aos trabalhadores – A TODOS – tomam iguais medidas e de forma muito abrangente. Ficámos por exemplo a saber que a medida de redução de 5% nos salários dos detentores de cargos políticos – medida que o Sr. Primeiro-ministro considerou simplesmente simbólica – vai ser acompanhada (ou atenuada?) de um aumento em mais de 25% face a 2009 (+ 780 mil euros) com despesas de transporte, deslocações, seminários, exposições e artigos honoríficos.

Pois, mas nos nossos bolsos, o simbolismo tem o efeito prático de diminuir a nossa já debilitada condição de vida e de hipotecar o futuro dos nossos filhos.

Convenhamos que é difícil não ser mal-educado.
Mas prefiro optar pela responsabilidade de cidadania em detrimento de histéricos gritos no ciber espaço.
Por isso, dia 29 de Maio, vou gritar de minha justiça, junto de muitos mil que agem como eu, na Manifestação em Lisboa.

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