terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Coligações Negativas



Presentemente, fala-se muito de coligações negativas.
Nas questões da governação do país ou mais caseiramente, nas da governação da cidade.
Se para a governação do país se percebe que há uma nova situação traduzida pelo facto de Sócrates não poder impor mais as suas posições, já na governação da cidade não se percebe. José Ernesto continua com o mesmo número de correligionários que tinha antes. De que se queixa então?
Sempre que o PS não consegue impor uma votação na AR ou na CM, logo se queixa da negatividade da situação.
Não se questiona sequer sobre a negatividade da sua proposta e procura mesmo arrastar outros e de forma grave, as instituições, para semelhante pantanal.
Ficámos hoje a saber, a propósito da promulgação pelo PR, da Lei que adia a entrada em vigor do Código Contributivo, que ao ter tomado esta posição, o PR se junta à dita coligação negativa.
E falam, Sócrates e portas vozes, que foram eleitos para governar… e os outros, para que foram eleitos? Para aplaudir Sócrates e o PS?
Mas ainda a propósito da legitimidade invocada, tipo: “nós fomos eleitos para governar…». Foram???
Alguém se lembra de ter visto a lista de membros do governo nos boletins de voto?
Não teremos eleito uma AR (parlamento) perante o qual o governo está obrigado a prestar contas?
E o PR ,eleito pelo voto de todos os portugueses está condicionado a promulgar tudo o que o PS lhe apresente e a vetar tudo o que o parlamento aprove?
Ficam bem ao PS estes tiques autoritários? Que PR e que AR quer o PS? Não estarão desfasados no tempo estes senhores que enchem a boca de democracia e que não se cansam de acusar todos os outros de anti democratas?
Sabemos que o PR e a AR que o PS (alguns) gostaria de ter são de outro tempo e de outra senhora.
Também sabemos que inúmeros socialistas não pensam assim.
Na governação do país e na governação da cidade, governar pressupõe dialogar.
Não é o diálogo a génese da democracia?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

FÁBRICAS



A ideia da construção de uma, ou duas, ou mais… fábricas de componentes de aviões, ou mesmo de aviões (lembram-se da fábrica anterior?) ou até mesmo fábricas de componentes de carrinhos de bebé, desde que contribuam para a criação de emprego e consequentemente gerem desenvolvimento, é uma ideia que me é grata.
A mim e à generalidade dos cidadãos e especialmente àqueles que estando desempregados ou procurem o seu 1.º emprego encontram nestes anúncios uma esperança, uma possibilidade concreta de melhorar a sua vida.
Tenho por isso dificuldades em acreditar que alguém de bom senso, se serve destas justas aspirações para outros fins.
Eternamente ingénuo ou a velha questão filosófica sobre a natureza humana.
No entanto com uma, a Skylander, ganharam eleições e com outra, a Embraer, voltaram a ganhar.
Para as próximas, a aposta terá de ser mais alta, talvez Boing…
E empregos? E desenvolvimento (este levantou voo, lembrem-se?)
A história recente de Évora é marcada por episódios em torno de fábricas de aviões.
Falconwings, voou para trás das grades.
Skylander aterrou em França.
Embraer, para já, uma pazada de areia atirada em dia de muito sol com muita pompa e circunstância e até agora nada mais.
As chuvadas recentes podem ter trazido um novo fim para os terrenos do denominado Parque Aeronáutico Industrial (PAI ?) ou Parque Industrial Aeronáutico (PIA ?) é que era tão grande a enxurrada nos acessos e os terrenos pareciam lagos (mas lagos grandes - o nosso alqueva) que talvez e não desvirtuando a génese aeronáutica, se possa aproveitar o mesmo para a construção de … hidroaviões.

domingo, 27 de dezembro de 2009

TENDAS




Agora, que estamos de volta ao mundo real, dei por mim, também de novo, a pensar a nossa cidade.
E discorrendo, conclui (da mesma forma apressada com que vemos quase todos a concluir) que, aqui onde tudo só tem valor histórico e patrimonial se levar uma datação e classificação romana (qualquer pontezeca com 200 anos é romana) há mais influência cultural árabe do que aquela que muitos querem admitir.
Tal discorrencia vem a propósito das tendas montadas na cidade nesta época natalícia.
Para patinagem, artesanato, circo, solidariedadesinhas ou caridadezinhas não se vislumbram hoje as diferenças e para outros fins.
E neste, os outros fins, inclui-se uma tenda para lançar uma fábrica e garantir os votos para a reeleição e uma outra tenda para ver passar os comboios.
Convenhamos que o futuro de Évora está nas tendas. Ou nas calendas…
Poucas praças da cidade lhe escaparam.
Só não tivemos tenda para o complexo desportivo (sim, havemos de ter um, um complexo desportivo) mas temos cerca (tem piada…também construída dias antes das eleições autárquicas), uma cerca toda catita, em chapa ondulada, muito bonita.
Aguardamos pela tenda da Acrópole onde serão expostas as lajes graníticas que alisarão a colina.
Sim porque somos uma cidade de planície, nada de colinas. E esta (a tenda) será montada de forma a tapar as vistas do miradouro do Jardim Diana não vá daqui avistar-se a cidade que se desmorona
Vamos voltar à tenda…

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Coisas do entre o ser e o dizer




Não estava mesmo nada a contar em passar por aqui, hoje. No entanto cá estou.
Talvez esta mudança se deva a uma necessidade de afirmação, talvez.
E necessito afirmar-vos que, de facto, não fui hoje a nenhum supermercado ou hiper. E estou bem, muito obrigado.
E Belmiro e os outros iros, esbirros será mais apropriado, também.
E tenho para mim, que mesmo a esta hora, as filas serão intermináveis. Faltava ainda qualquer coisinha…
Sobre este tema, o Público de hoje traz interessante reportagem de Paulo Moura e através desta apresenta-nos Marisa, Ana, Filomena, Raquel e Marília (nomes obviamente fictícios) e conta-nos um pouco das suas vidas, dos seus problemas, dos seus projectos, dos seus contratos a prazo, das ameaças perante a hipótese da greve…
Como seria interessante conseguir que aqueles que hoje atafulharam os hipermercados, pensassem pelo menos um pouquinho, enquanto esperam na fila para pagar, na Marisa, na Ana, na Filomena e em todos os outros. É que também é véspera de Natal para eles.
Também hoje ficámos a saber que a Igreja (católica) já recolheu as assinaturas necessárias para solicitar um referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e que um seu mediático Bispo considera provocação aos sentimentos e consciência cristã que legalmente se abra tal possibilidade.
E eu que esperava que a Igreja dos desamparados, dos pobres, dos desempregados, dos sem abrigo, a Igreja dos homens de bem, solidários, amigos do próximo, manifestasse a sua revolta contra as tiranias e a exploração vejo que a revolta se centra na opção sexual de cada um.
Esperava?
Mas há homens e mulheres que dentro da Igreja esperam e trabalham e praticam assim e para esse fim.
Bem hajam.
E revejam o título deste post p.f.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Coisas de hoje




Talvez pelo temporal. Talvez pelo Natal. Talvez pela boas maneiras ou talvez pela hipocrisia Suas Excelências os Sr.(s) Presidente e Primeiro trocaram votos de Boas Festas.
Não há razão para duvidarmos que serão boas, as festas…as suas.
Mas nós apesar de vós, uns por convicção e outros por tradição também vamos fazer por isso.
Também vamos procurar que, ao menos por uns dias, as nossas festas sejam boas.
Haverá umas couvitas com mais ou menos bacalhau e outros acepipes, uns nativos, outros importados, um tinto ou similar, reencontro de famílias e certamente muita esperança.
Façamos pois deste Natal um momento assim…apesar de tudo.
A todos os que costumam ler estes meus escritos desabafos, desejo um Bom Natal, seja o que for que tal signifique para cada um.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Afinal é Natal



Pelo que nos mostram as televisões a coisa hoje foi animada em S. Bento.
Confesso que tenho cada vez menos paciência para suportar aquele ar cândido, aquela voz melosa, aquele penteado de ausência de pente, aquele estilo de virgem imaculada, aquele acusar todos de tudo pois não se tem a mínima culpa de nada.
Paciência.
Pacientemente ele espera a oportunidade para ir procurar o conforto que precisa como de pão para a boca: a maioria absoluta, a forma única de não ser contrariado.
E por cá, e por todas estas terras dos seus domínios, fustigadas agora por chuvas, frios, vento fortes e neve, 523680 - só dados oficiais - dos seus compatriotas não têm emprego.
E quantos tendo ocupação não têm o rendimento suficiente para uma subsistência digna. Quantas barracas e quantas vidas miseráveis.
E é Natal, sem Pai Natal mas com Menino Jesus.
E à porta de um majestoso templo sai impante, reluzidio , um vistoso Bispo. E os presentes inclinam-se e beijam-lhe a mão e o motorista abre-lhe porta do majestoso carro e sua Iminência parte. São horas de jantar… talvez uma canja de cristas de galo.
E os 523680 desempregados o que irão jantar?
Que presentes vão comprara par os seus filhos?
Afinal é Natal.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Consumidores de todo o mundo uni-vos





Evidentemente que este vai ser apenas mais um pequeno grito (quase) mudo. Mas como acredito que será da soma dos pequenos gritos (quase) mudos que um dia troará o grande grito da revolta e da mudança.
Insisto.
A propósito das posições da APED (os grandes senhores dos hipermercados e afins), quero ressalvar a posição que segundo parece – e segundo parece porque esta não teve ressonância mediática – foi tomada pelo responsável pela Companhia Portuguesa de Hipermercados (Jumbo e Pão de Açúcar) que assumiu que a proposta da semana de trabalho de 60 horas (escravatura moderna prevista do Código de Trabalho e defendida pela APED) no seu grupo não seria aplicada já que querem honrar o seu estatuto de empresa de responsabilidade social.
Que pena não terem um estabelecimento perto da minha residência, mas ganharam um cliente.
Independentemente das voltas e reviravoltas que este assunto tem merecido por parte de todos os actores envolvidos (acabámos de ouvir que a greve foi desconvocada), mantenho a posição que já aqui manifestei: para resfriar patrões negreiros, cuja concepção sobre o trabalho derivará concerteza do seu passado colonizador, não fazer compras a 24 e 31 de Dezembro é uma boa medida, tão fácil de concretizar e sem custos.
Sobre o papel dos patrões e empresários na economia é tema a que me apetece voltar.
Quase sempre avaliados como motor, importará verificar se não estaremos na presença de pistões gripados.
É que já cansa tanta boçalidade por parte destes senhores. A produção e a intervenção no processo económico são resultados de uma interacção humana complexa, que importa conhecer e acima de tudo é preciso saber – friso: SABER – estimular.
Será por causa desta boçalidade que os campos do Alentejo são agora propriedade de proprietários espanhóis e os sectores chave da economia portuguesa passam paulatinamente para empresários brasileiros, angolanos e outros?

Nota: A ausência de alguns dias do blogue leva-me a que só agora possa dirigir os parabéns a Aminatu.
A luta vale a pena.
Sempre.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um dia... quando quizermos




Ai quando um dia descobrirmos a força que temos.
Quando tomarmos consciência que o cão que nos morde os tornozelos até se mija quando lhe fizermos frente e lhe batermos o pé.
Quando aqueles que nos cercam contra as cercas tiverem que as saltar eles próprios.
Quando não seguirmos mais em rebanho e cada um de nós for livre.
Quando …
Dirão os que nos oprimem: quando as galinhas tiverem dentes. Arrogantes e convencidos como sempre.
Pois…Mas um dia… e muitos de nós já vivemos esse dia.
Lembram-se?
Saímos para a rua a cantar somos livres e vocês os que pensam que esses dias só acontecem quando as galinhas tiverem dentes, fugiram para a então ainda franquista espanha.
Porquê? Não gostaram da Festa?
Temos agora em mãos uma boa oportunidade de dar um sinal, um pequeno sinal, de querer contrariar o rebanho.
Na véspera de Natal os trabalhadores da distribuição (Super e Hipermercados) anunciam fazer greve contra horários desumanos de 60 horas semanais.
Dizem os patrões: só estamos a adaptar o contrato à lei. É verdade, adaptam-no ao Código de Trabalho - a lei proposta pelo Governo da Esquerda e dos mais desfavorecidos. A lei do PS.
Também dizem, hipócritas. Tal greve também prejudica os consumidores.
Pois vão para o, ou seja, queria dizer: não se preocupem connosco… havemos de consumir qualquer coisita…já estamos habituados.
Mas na véspera de Natal não precisamos dos vossos altruístas serviços.
Só está nas nossas mãos…

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

VIOLENCIAS





"Um rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem." Bertold Brecht.

O «coisa» foi agredido, com violência dizem alguns. Que coisa se terá passado para que tal coisa tivesse acontecido ao «coisa».
E essa coisa, pode ter sido o acumular de muitas coisas ou simplesmente uma coisa que até deu jeito.
Coitado do «coisa»…
Foi coisa arrepiante ver algumas manchetes: «Violência Constitucional», por exemplo, e penso que pode ter sido erro de tradução ou …a não ser que a coisa da agressão, tivesse sido um belo e duro exemplar da …Constituição.
Quantas vítimas do «coisa» não terão, pelo menos por breves momentos, sentido justiçados?
E que coisas se seguirão agora?
Ali estão a passar-se coisas esquisitas.
A História não pode servir para julgar o presente, mas serve para alertar os presentes de trajectos semelhantes no passado.
Outras coisas e outros «coisas».

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mulheres




Hoje vou escrever no feminino.
Hoje em que nos dizem que é o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
E também o dia em que um homem que alimenta a guerra receberá o Nobel da Paz.
Poderia também ser o Dia Internacional da Hipocrisia.
Por razões muito diferentes entre si, as mulheres têm lugar de destaque na imprensa de hoje. Tão diferentes que a umas me apetece tratá-las deferentemente.
É o caso de Aminatu Haidar em luta pelo direito ao regresso à sua casa Saraui. Esta activista pelo direito à auto determinação do povo do Sara Ocidental está a cumprir hoje, o seu 25.º dia de greve de fome. Conta com a solidariedade de muitos e com a hipocrisia de mais.
Em Portugal a AR aprovou um voto de solidariedade com os votos do PCP e BE e a abstenção de todos os outros.
Esse voto já originou aliás uma reprimenda do Real Reino de Marrocos.
Também hoje - Dia Internacional dos Direitos Humanos, friso - tomámos conhecimento da 28.ª vítima mortal de violência doméstica em Portugal - uma mulher de 40 anos. Segundo a PSP a vítima apresentou durante o corrente ano sucessivas queixas por maus tratos - nada puderam fazer porque não houve flagrante delito. Agora aconteceu o delito flagrante.
Soubemos também que as pensões de alimentos por pagar dispararam (que verbo mais a despropósito) este ano e complementa-nos o Público esta informação com o relato de mulheres que se assumem como tal e não viram costas.
E é neste contexto que tomamos também conhecimento que uma fulana, saltarilha política com saltos entre PS, PSD e CDS, ar enfastiador de tia de cascais, deputada agora não sei por quem, malcriada e muito, deu ontem triste e deplorável espectáculo no nosso Parlamento.
Deste calibre, estou em condições de apresentar uma série de sugestões de nomes para futuros candidatos a deputados.
Há por aí uns ambientes em que rápidamente se fazem recrutamentos do género. Parece no entanto é que tal oferta deve ser dirigida a PS; PSD e CDS, dada a experiência de acolhimento.
Para a tia saltitona de cascais vai o meu desprezo.
Para todas as Mulheres dignas do M e no caso para Aminatu Haidar vai a minha solidariedade.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

SALA DE VISITAS




A nossa sala de visitas virou parque de diversões.
Tendas de gelo e sem gelo preenchem agora o nobre espaço em nome do que afirmam ser a dinamização do comércio local.
Com uma lotação de 40 pessoas para a patinagem, as filas são contínuas.
Estará ganha a aposta, dirão aqueles para quem vale tudo.
Aguardamos pelas barraquinhas de farturas, pipocas e outros complementos, assim como estamos ansiosos por renovadas diversões, carrinhos de choque, carroceis e afins.
É a nossa sala de visitas no seu melhor. Se há quem tenha cães de loiça e leões jubosos em pó de pedra nas salas das suas casas porque não parques de diversão na sala de visitas na cidade que lhes entregaram para governar?
Mas os que agora transformaram a praça para estes fins são os mesmos que há pouco vociferavam contra a sua utilização como sala de espectáculos e que chegaram mesmo a transferir para praças «secundárias» as festas da Liberdade.
Quando há uns anos se fizeram obras que visavam devolver a praça aos cidadãos, o jornal agora oficial desenvolveu uma feroz campanha - quase arruaceira - do tipo que ninguém ouse tocar nas pedras sagradas. Marcou mesmo um levantamento popular (frustrado como se viu) e agora escreve candidamente pela pena do jornalista António Rafael:..“o que não estávamos de modo nenhum à espera é que o gelo fizesse a sua aparição, e logo no espaço nobre da cidade, ou seja na Praça do Giraldo” diz e nós acrescentamos - não deslumbrados como AR, mas estupefactos - também nós não esperávamos…
ou até talvez não…
dos governantes desta cidade já tudo (de negativo) esperamos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Há outro caminho




Dizem os jornais de hoje que há fortes probabilidades do sr. cenoura raquítica ser um próximo vice presidente do BCE. Haja deus, que me perdoe Saramago. Que vá e não volte.
Não é que não suporte ideias e projectos diferentes, acontece é que me aborrece profundamente a pesporrência dos que consideram ser a sua opinião, a verdade única, o caminho a seguir, sob risco da calamidade se assim não for.
E existe outro caminho. Pode haver quem não o queira seguir. Mas existe.
O Sr. Pier Carlo Padoan, Economista Chefe da OCDE. traça em entrevista ao Diário Económico de hoje, os parâmetros de um outro caminho possível para a economia portuguesa.
Diz o Sr. Pier que o problema não reside nos salários do Estado, mas na produtividade.
E a produtividade, que se traduz na relação estabelecida entre o Produto Interno Bruto e as pessoas empregadas ou horas trabalhadas é determinada por um conjunto de factores, entre os quais da melhoria das competências da mão de obra, dos progressos tecnológicos e de novas formas de organização.
Se falamos de produtividade do trabalho na Administração Pública será aconselhável começar por abordar que item?
Competências da mão de obra? Alguém conhece um plano de formação elaborado não para responder a planeamentos financiados mas para responder às necessidades detectadas?
Progressos tecnológicos? Alguém conhece algo para além de magalhães?
Novas formas de organização? Numa administração esclerosada, assente na doutrina burocrática do chefe omnipotente?
É necessário falar a sério quando se quiser tratar de assuntos sérios.
O estado da nossa economia, o desemprego, as contas públicas, o deficit, são assuntos sérios.
Tratem-nos seriamente.

domingo, 6 de dezembro de 2009

DEMOCRACIA




O processo pelo qual cada um de nós toma determinadas decisões, assume comportamentos e se posiciona socialmente, sempre me intrigou.
Existem para o efeito campos diversos que procuram explicar essas razões (ou a razão) e centralizar em si as explicações. O económico, o cultural, o geográfico, o religioso.
Existem respostas simplistas do tipo: é a condição económica que determina a nossa forma de ser.
É evidente que muitos dos nossos comportamento são marcados pela nossa condição económica mas não são necessariamente (só) esses que me intrigam.
Por exemplo, intriga-me o facto de, conhecedores da «natureza» da «coisa», através do voto, os Italianos terem recolocado na chefia do seu Governo, a «coisa».
Assim como me intriga que, os Suiços, através do voto, tenham decidido acabar com a proliferação dos minaretes nas mesquitas. Segundo parece, existem ao todo, em toda a Suíça a módica quantia de quatro minaretes.
Tal como me intriga que, os Portugueses, conhecedores (e vitimas) de quatro anos de arrogância maioritária, tenham decidido prolongar por mais quatro a chantagem e arrogância minoritária.
Dir-me-ão, os que gostam de respostas simplistas: é o resultado da expressão democrática.
Claro que sim. Mas não deixam de ser aberrações só por isso e muito menos por isso, deixarão de ser razão para eu me deixar de intrigar.
Abespinham-se por vezes alguns, quando confrontados com os seus comportamentos incoerentes (acabam de votar Sócrates e engalfinham-se em duras criticas à sua politica) afirmando: lá vêm vocês com a lengalenga do voto…
Pois, mas sendo a democracia o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros (Churchil), é também através do voto que nós mudamos as coisas… ou que lhe damos continuidade.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

FMI



Portugal vai emprestar ao FMI – Fundo Monetário Internacional mil milhões de euros. Assim transcrevem os jornais em pequenas notas.
Simultaneamente divulgam também, que o mesmo FMI apresenta como receitas para a economia portuguesa: contenção na função pública, cortes nas transferências sociais e aumento do IVA.
Se não o fizer, não controlará o deficit e a dívida pública chegará aos 100% do PIB.
Não percebo a preocupação. Disto temos cá. Até já o haviam dito.
Aliás são sempre os mesmos e sempre as mesmas receitas mesmo quando se prova à evidência a sua falência.
Lula da Silva, Presidente do Brasil, em entrevista ao Diário Económico traz-nos exemplos de uma economia que seguiu o caminho contrário e cresce.
Diz-nos ele que cresceu significativamente o n.º dos que integram uma classe média, com rendimentos e poder de compra. Que só este ano criou 1 milhão de empregos e que são milhões os que passaram o limiar da pobreza – apesar de reconhecer que ainda há milhões que não o fizeram – e que dessa forma também contribuem para o aumento do consumo e da procura interna.
Diz-nos também que a sua aposta foi no sentido da inclusão social, do investimento e na melhor distribuição da riqueza e que sempre lutou contra a ideia que o Estado representa burocracia e entrave ao crescimento económico.
A falta de regulação está na origem da catástrofe. Mas, os que sempre negaram o Estado, vieram a correr para a sua protecção logo que a bolha rebentou na expectativa de salvar a pele.
É bom saber que há exemplos concretos, mesmo que discutíveis, de outro caminho para a economia. Mais do mesmo já enjoa.
Apesar de tudo, o capitalismo sempre prezou a inovação, pelo menos de fachada, mas agora nem isso está a saber fazer.
Ah. Dizem os especialistas, que o Brasil é a par da China, uma grande economia emergente e que pode ser considerada a quinta potência económica do mundo.
As medidas que se precisam são drásticas mas noutro sentido… mandar às urtigas os «ensinamentos» do FMI.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

ÉVORA




Uma cidade de excelência
Ou armados ao pingarelho.

Évora está a tornar-se uma cidade deprimida e preocupantemente deprimente.
No entanto, foi-nos apresentada como uma cidade de excelência. Solidária; Inteligente; Educadora; Inclusiva; Amiga do Ambiente e não sei mais quantos adjectivos. Cidade dos clusters e de milhares de empregos a que se somavam não sei quantos centros comerciais…
E infelizmente não temos empregos, não temos centros comerciais, não temos cinemas, não temos gente no Centro Histórico, não temos vida cultural.
Mas temos, no fim do fim-de-semana ou de um feriado, filas contínuas de carros vindos de Lisboa ou de Badajoz. Gente que logo que pode sai de Évora, porque a cidade deprime.
Andaram armados ao pingarelho e diga-se em abono da verdade que não se deram mal com a caçada, e agora é desolador verificar a sua incapacidade e as patéticas fugas para a frente.
Há quem diga que esperam só um ou dois pretextos da tal coligação que designaram por negativa, para saltarem de novo, armados das suas armadilhas, bradando aos sete ventos que a coisa está preta, sim senhor, mas que eles, coitadinhos, não têm a culpa.
Será que caçam de novo?
Dirão os cativos: temos a Arena de Évora e temos…
Sim, completemos e temos: touradas, forcados e marialvas, fados, faduchos e vozes do brasil e salas vazias e tabuleiros da Praça esmagados por camiões grua em vã tentativa para montagem de sino «gigante» e tendas em todas as praças – 1.º de Maio; Giraldo e dentro de dias, disseram-nos, na Joaquim António de Aguiar e porque não também na do Sertório?
Mas vamos ter….trum….trum…trum… (a onomatopeia pode estar mal usada, mas pretendia-se imitar o rufar de um tambor) pela 1ª vez em Évora, uma magnífica, uma esplendorosa Pista de Gelo.
Vamos então todos patinar…
(para uma melhor percepção do texto ajuda conhecer o significado de “pingarelho”)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

FESTA




Parece que há festa rija, em Lisboa

As televisões deram-nos há pouco imagens de festa rija em Lisboa, com fogo de artifício e tudo lá para os lados da Torre de Belém.
Parece aliás que aquilo por lá – Lisboa – tem sido uma festança…
Ao mesmo tempo soubemos dos milhões de desempregados na Europa do contentamento deles.
Em Portugal passámos a taxa de desemprego dos 10% e eles festejam. Ouvem-se mesmo: “porreiro! Pá.”
Não só nos encrecam o presente como hipotecam o futuro. Mas eles festejam.
Os jovens estão a prazo: a longo prazo desempregados ou a curto prazo explorados.
Planeiam aguardar que o contrato a prazo seja renovado – mesmo que o que recebam só dê para o arrendamento do quarto.
Caramba … mas têm emprego… menos que o salário mínimo e mais que o horário máximo… mas têm emprego...
E sonham… em comprar um carro… (em 5ª mão) e arrendar uma casita nos subúrbios a um preço em conta…
E acordam…voltando para a casa dos pais na esperança que estes ainda tenham emprego e os possam, mais uma vez ajudar…
E eles festejam e atiram foguetes e discursam e empanturram-se…