quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Direitos

 

Dizem-me alguns que fazer greve é um direito, não uma obrigação.
São os que estão inclinados para mandar às urtigas os direitos e a borrifarem-se para as obrigações.
São aquela espécie iluminada que para além de outros dons de que se julga detentora, julga-se capaz de passear por entre a chuva sem se molhar.
As coisas estão más. O dinheiro faz-lhe falta.
Pois estão. Pois faz. A todos (ou quase).
E muita culpa têm.
Fizeram com as escolhas, que são direitos, desobrigações.
Sentiram-se desobrigados a assumirem a sua condição.
Caramba eles até têm um bmw e vão passar férias  na mesma praia que o sr. Fulano.
(agora a coisa tá feia - chegou a hora de pagar os empréstimos com que se pagaram empréstimos o cartão de crédito com que se pagaram créditos e só esperam o dia em que lhe virão buscar o bmw).
A um espécime ouvi um dia: “votar no partido dos pobres? Era o que faltava, para pobre basto eu”.
Para além de pobre é míope de ideias.
Votou junto com o sr. Fulano - deve-lhe ter dito isso mesmo, quando se cruzou com ele na praia. Só que o Sr. Fulano dirigia-se à esplanada chique onde iria comer uma “mariscada” e ele ia para a cave arrendada comer entremeada.
Mas são estes que agora me dizem: “fazer greve é um direito, não é uma obrigação”.
Mais uma vez estão enganados:
Fazer greve é uma obrigação a que temos direito.
Estamos obrigados por nós.
E por todos os que conquistaram esse direito.
Estamos obrigados pelos nossos filhos e pelo nosso País.
Estamos obrigados ou devemos estar, pela nossa consciência de seres socialmente responsáveis.
Ajudemos  os que ainda podem aprender a saber o que é isso…

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Novembro

 

Apesar de tudo, Novembro não merece.
Eu sei o que disse e sei que disse que não gosto dele.
Não lhe perdoo o facto de nos ter destruído os sonhos.
Os nossos cravos vermelhos murcharam então naquele ido e os nossos rostos até então de alegria, tisnaram-se de apreensões e revoltas.
Mas…

Mas, por outro lado, ele é também tempo de amores encontrados e construídos em ternas plataformas onde temos percorrido a vida.
E pode ser tempo em que os  homens aprendam a  corrigir rumos - é sempre tempo - de lhe tirar, a Novembro, o cinzentismo com que por vezes se tinge  .
Nem tudo é mau em Novembro.
Às vezes  já estamos com saudades da chuva e ela anuncia-se orquestrando melodias sobre os nossos telhados.
Sei que por vezes, essas melodias, assumem tons de violência e que nos dizem que muitos estão a sofrer as agruras que anunciam.
Mas…

E o estio não traz os fogos e secas?
Os tempos são assim, uma simbiose entre belezas e dramas..

Mas.. não é tão bom quando o frio nos remete para ternos aconchegos?
Ruborizados ao crepitar do lume. Castanhas e néctar dos vinhedos vizinhos como companhia.
Não é tarde para desculpar Novembro.
E porque não há-de poder ser Novembro também esperança?
Por mim, tarde, tardou esta desculpa.

E deu no que deu…
Nisto.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Intencionais tolices

 

Estou em crer (e desta forma dou mais um contributo na intrigante amálgama de ditos inseridos nas teorias da conspiração) que não são inocentes tantas tolices promovidas.
E nestas, não incluo as ditas nas paragens dos autocarros, nas barbearias e cabeleireiros e nos tascos de bairro e aldeia. E não incluo, porque nestas, por vezes, ainda encontramos rasgos de subtil ironia, enquanto naquelas que  hoje aqui quero trazer à estampa só encontro tolice pura (esforçando-me para não dizer, como se diz na minha terra: parvoeira pura).
Esclarecida a tipologia e cingindo-me às que são promovidas (através de estrondosas ressonâncias na comunicação social) dou destaque:

  • A Constituição? Para que serve a constituição? Você janta com a Constituição?

Tolice dita por: velho espalha brasas, que por falta de visão atira em todas as direções, tendo transformado os próprios pés em passadores)
Apraz dizer:Não, não janto, mas talvez devesse jantar com o Código Penal para verificar se a tolice é punida.

  • Portugal, enquanto unidade política, pode não existir daqui a 30, 50 ou 100 anos!.


Tolice dita por: Eloquente afiador de perinhas que toda a gente não quer ter como amigo.
Apraz dizer:Ou 200, acrescente-se para tão douta previsão.

  • É preferível baixar salários a eliminar empregos!


Tolice dita por: Patrão dos patrões com estágio em barrica pseudo-sindical).
Apraz dizer: Claro, desde a escravatura que se sabe quão certa está esta tirada.

  • O destino de Portugal não está decidido e o nosso caminho ainda está por escrever.


Tolice dita por: Adivinho  disléxico - diz uma coisa e faz outra -  a quem entregaram alguns, o destino do País.
Apraz dizer: Pois, só que com as cartas que está a virar, corremos o risco de já estar decidido sim senhor e ser muito igual ao presente. Quanto aos  caminhos, de facto só escritos, porque não haverá dinheiro para os fazer de facto (nem de betão, nem de ferro…).

Depois disto, não me digam que não há intenção nas tolices.
Ai há, há. (como às bruxas).

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Kadhafi

Coisas

Há pouco, há muito pouco, recebiam-no de braços abertos e beijaroca lamecha, deixavam-no instalar tenda no melhor dos jardins.
Adoravam fotografar-se junto dos seus ares bizarros.
Visitavam-no assiduamente e recordavam por mil e uma noites os idílicos desertos e as frescas tâmaras
Recebiam os dinheiros que ele sacava ao povo, vendiam-lhe armas e consumiam o petróleo.
O mesmo se passava em relação a outros facínoras vizinhos.
No Iraque, no Egipto, na Tunísia, exemplos de uma longa lista que poderia ser aqui apresentada, o cenário era igual.
E aí, nesses países e em outros, haviam povos subjugados, a viver sob ferozes ditaduras e a sofrer das consequências. Muitos a apodrecer em prisões, outros a pagar com a vida a ousadia de quererem ser livres.
E aí, como um pouco por todo o mundo, eram (e são) comunistas que também eram lutadores.
Homens, mulheres e jovens corajosos. Muito corajosos.
E agora, os amigos dos senhores tiranos, vestiram roupas primaveris e dizem-se amigos dos povos e até insinuam que os amigos ocidentais destes tiranos são os que são e sempre serão os companheiros solidários daqueles que lá lutavam.
Tenham vergonha.

A mesma vergonha que falta a quem, tendo dado cobertura para uma intervenção externa (a ONU) clama agora por um inquérito.

É de supor que com o inquérito queiram apurar o avião e o piloto que atirou a bomba certeira, ou o nome do mercenário que disparou a bala fatal.

Para efeitos de medalhas, é claro.


Não verterei uma lágrima por Kadhafi, mas não esperem que aplauda o vosso comportamento.


Li agora que o funeral foi adiado e fico a pensar que talvez se fique a dever  a necessidades das vossas agendas.
Sim porque creio que são esperados. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Adivinhação

 

Se  a incontornáveis figuras, mais a propósito figurões, da nossa  pobre e triste intelectualidade, é desculpável o recurso à adivinhação e se com o mais completo despropósito se põem estes a adivinhar que é possível que nos próximos 30, 50 ou 100 anos  Portugal não exista enquanto unidade política, então a mim, mero escrevinhador de linhas, mais desculpável será tal exercício.
E assim, de costas quentes, eis me a adivinhar.
Já tinha ficado desconfiado com a convocatória para a reunião do Conselho de Estado. Mais desconfiado fiquei com algumas declarações  posteriores de SE o PR e agora não só estou desconfiado como estou  abespinhado  ou como será mais adaptável, em pulgas: o que preparam estes senhores?
Refiro-me aos cortes nos subsídios dos funcionários públicos anunciados no  OE (Orçamento de Escândalo). Todas as objecções políticas, económicas, sociais já haviam sido apresentadas, mas agora SE o PR pronunciou-se e disse que tal corte se constituía como uma violação do principio básico da equidade fiscal.
SE o PR, não é um qualquer. Se está convicto da violação não se lhe espera outra coisa que não seja que intervenha para eliminar essa violação de princípios básicos  e é com base nesse pressuposto que entro no reino da adivinhação:

  • SE o PR insiste na denúncia da violação deste principio básico e ganha para este campo a posição do Conselho de Estado;
  • Perante tão consistente objecção o Governo entende proceder a alterações do que propõe e alarga a todos os trabalhadores por conta de outrem o  criminoso corte que só pretendia aplicar à função pública.
  • Obtém desta forma (assim planeia) forte contestação (não contra as suas medidas, mas contra os funcionários públicos - essa casta de privilegiados…).

No meio da poeira assim criada, cria as condições para desferir o golpe de morte nos direitos constitucionais de proteção do emprego dos funcionários públicos, o que verdadeiramente prossegue (100 mil que o gago quer despedir, não é?),  e ainda por cima consegue para tal desiderato apoio popular ou no mínimo forte fragmentação da contestação socia.l .

E faz mais uns cobres, que dão sempre jeito (aos esbanjadores do dinheiro dos outros)

Espero que as contas lhes saiam furadas…
Também foi uma simples adivinhação, não é verdade?….

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Por mim, se puder, vou a todas

Reflexões (breves) em torno do conceito de unidade


Perante uma ofensiva tão brutal, como a que está em curso sob batuta da direita no Governo e empurrada pela direita na Europa, seria expectável que aqueles que são as vítimas e são muitos, cerrassem fileiras e deixassem para depois as naturais divergências.


A guerra aos trabalhadores, com principal intensidade contra os funcionários públicos, aos pensionistas e a todos os jovens que não sejam filhos de papás, só pode ter o aplauso daqueles que se preparam para com ela, como seu resultado,  encher ainda mais os bolsos, aos seus acólitos e cães de fila que se contentam com sobras e a uma massa disforme de tolos que aplaudem a ida do chicote sem conseguirem perceber que na vinda vão levar com ele.
E se assim é, interrogo-me sobre a intensidade com que alguns sectores dos que estão do lado certo da barricada e na luta, colocam nas divergências que sempre partilharam.
E interrogo-me sobre o conceito de unidade.
Para além da sua aplicação na matemática, na física e em outras ciências, concentro-me em duas das suas definições que mais se enquadram na abordagem social, uma:

  • Que define unidade como caracter do que é uno, do que forma um todo orgânico,  e outra:
  • Que a define como a conformidade de sentimentos, de opiniões, de objectivos a alcançar.

Temo que parte importante no campo dos lutadores esteja subordinada à primeira em detrimento da segunda e que isso seja a expressão de uma perigosa deriva sectária que parece em curso.

Por mim, opto pelo conceito que encarna a conformidade.

Tenho consciência plena de que a luta é dura, prolongada, que exige persistência, firmeza de princípios e ideológicos e que tal não se compagina com uns ou outros rasgos repentistas  e mais ou menos mediáticos, no entanto, não estou com disposição para perguntar ao meu companheiro que chegou agora à trincheira se está para ficar ou se só está de passagem e com muito menos disposição estou, para o deixar lá sozinho enquanto discuto princípios, na caserna.

Se ali estamos, lutemos, que a luta é dura.
Por mim, se puder, vou a todas.

A todas as lutas que tenham como objectivo derrotar esta asquerosa política de direita.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Caros amigos, reencaminhem por favor

Peço aos meus amigos que me leem e nos quais não se incluem aqueles a quem me dirijo, o favor de procurarem fazer chegar a estes, os ditos seguintes:

Para os homens e mulheres, que arrastam penosamente esta condição.
Para todos os que já não vislumbram para além do quadro de miséria (material e moral) para onde os empurraram.
Para os empertigados, que qual jogo de futebol, cantaram vitória quando se anunciava a sua própria desgraça.
Para os que agora estão atónitos, talvez cegos pela sua própria ingenuidade.
Para os mal intencionados e invejosos.

Eis o resultado das vossas ações. Eis o Governo do PSD e do CDS no seu melhor.

Para o caso de já não conseguirem reparar, são os mesmos que vos falaram de velhinhos desprotegidos, de pensões de miséria, da injustiça de baixos salários.

Podem continuar a entreter-se com joguinhos reles tipo: «isto só  toca os privilegiados da função pública, pois cheguem-lhe…»
Não vale a pena sequer lembrar-vos Brecht pois não sabem quem foi e muito menos o que disse.
Não vale a pena chamar-vos à razão porque esta é algo que também desconhecem.
Só me dirijo a vós para vos dizer:
Vocês não serão mais olhados por mim como vítimas.

Vós sois culpados.

Continuem pois no vosso pequeno mundo de invejinhas estúpidas consumindo-se na miséria que vos definha.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mãe, tenho fome. Dorme que isso passa…filho.

 

Não aconselho a ninguém a leitura dos comentários que são feitos nas edições on-line dos jornais. São de uma pobreza franciscana, malcriados, mal escritos e de certa forma representativos da saúde social (e mental) dos portugueses.
Na taberna da aldeia onde cresci, o nível era bem mais elevado.
Muitos cobardes utilizam o anonimato para se imaginarem grandes.
Mas não passam de grandes m…

E foi por não ter seguido o conselho, que agora escrevo o que escrevo e foi ainda e principalmente por ter sentido tanto ressabiamento em relação aos funcionários públicos.

Mas em certa medida alguns deles merecem.
Muitos julgaram-se imunes.
Outros superiores e hoje são o que sempre foram… vitimas.

Assim como julgo que merecem hoje, todos os sacanas que votaram no PSD e no CDS (e passam agora com os outros as passinhas do Algarve)  porque (desculpavam-se antecipadamente),  diziam, não havia alternativas!!!

Para mim são tão culpados os atores como os mentores.
Somos todos crescidos e todos sabíamos o que nos esperava.

Não havia alternativa e votaram Cavaco ( o esbanjador construtor de auto estradas, desmantelador da frota pesqueira e da agricultura e atual defensor acérrimo da produção nacional).

Não havia alternativa e votaram Portas e Coelho.

Não havia alternativa e votaram Jardim.

E ainda há quem os queira fazer passar por vítimas e desculpar os seus atos. Votaram ? Assumam!

São tão sacanas como os sacanas que vos e nos lixam.

Mãe, estes gajos traíram-me!
Já devias estar habituado meu filho. Toma uma alkastzer que isso não te passa.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

MEDOS

 

São inúmeros os medos dos homens. Medo de aranhas, de répteis, de  andar de avião, de carro, de comboio, a pé, medo dos outros homens - principalmente daqueles que são estranhos aos seus olhos, medo do medo.
E assim sendo, muitos sabem usar  de forma muito eficaz esses medos e exacerbam-nos, conduzindo os comportamentos a verdadeiras e alienantes fobias.
Há na história dos homens inúmeros exemplos dos resultados trágicos do uso por parte de alguns, do medo dos outros.
Na atualidade, a projeção desses medos alienantes, ocorre mais ao nível económico. A crise, a crise, a crise…
E há reluzentes e redondas figuras, que festejam os resultados que obtêm por força dos medos que incutiram.
Recentemente, nas terra de um senhor espalhador do medo, parte expressiva do povo de lá, optou por escolher de novo esse senhor (do medo).
Há empregos por segurar (nas autarquias, nas empresas públicas, nas empresas dos amigos do senhor do medo), pequenas regalias a garantir.
Existem as vozes silenciadas, os jornais amordaçados.
Existe todo o espetáculo folclórico com que se procura disfarçar (o medo).
E depois, existem as demagogas e revoltantes expressões: «o povo decidiu…».
Alienado, o povo não decide. Aceita subjugado.
Mas por aqui, não é muito diferente.
Primeiro, tiram tudo e depois dizem temer tumultos.
Assustam-nos com as imagens da Grécia.
Quando aqui e exceptuando as imagens de violência gratuita das quais fizeram imensas cópias, o que acontece é que há povo que não teme e não se deixa alienar pelos medos.
Outros, atirando barro à parede, afirmam: «em 2012 precisamos dos vossos subsídio de férias e de natal, por inteiro».
Logo de seguida, um daqueles pensadores grandes em tamanho lateral, atenua um pouquinho, dizendo: «precisamos pelo menos de umas “”parcelitas”».
Um outro, talvez enraivecido por ter perdido para outra aberrante figura, o honorífico título de professor, proclama afiando a sua sábia pera: « daqui a 30, 50 ou 100 anos Portugal pode não existir».
Pode não ser o professor, mas quer o título de “advinhador” oficial do reino e só há duas possibilidades, ou sim ou não.
Eu por mim desejo, que antes, muito antes desses prazos, o meu país deixe de ser um país de medos.
E para vencer os medos, sabemos que temos cada um, algo a fazer.
E todos sabemos a boa sensação que se obtém quando o conseguimos.
Não podemos é continuar a desculpar eternamente os que  não se libertam dos medos… às vezes só com base em mesquinhos e egoístas interesses…

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Só para alguns

Aos homens e mulheres que julgam o mundo e agem como se o mesmo se situa-se nas envolventes sujas dos seus umbigos, não são dirigidas estas palavras que agora escrevo.

Dirijo-as sim, aos homens e mulheres que se esforçam por andarem “eretos”, mesmo aos que, distraídos ou mal intencionados, acabaram por tomar atitudes, contrárias a si e a nós.

Dirijo-as aos homens , mulheres e jovens sem trabalho e aos muitos outros que só o têm enquanto factor de exploração.

Dirijo-as aos jovens desesperados a quem fecham o presente.

Dirijo-as aos que ainda têm trabalho e o veem cada vez com menos direitos.

Dirijo-as aos que nada têm e que por isso a pouco aspiram.

E consistem numa mensagem simples:

Apesar de tudo e acima de tudo, por causa do tudo que foi referido, amanhã estarei nas ruas de Lisboa, na Manifestação convocada pela CGTP/IN.

Acredito que não é o conformismo o caminho. Acredito que há outro caminho.

E sei que é andando que ele se faz.

Aos que não acreditam, se conformam, que julgam que o melhor é optarem pelo “salve-se quem puder, apresento o meu pesar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

São as economias, estúpidos

Apesar do uso profuso da frase, em citações a propósito e a despropósito, em títulos, subtítulos e corpo de artigos de jornal, de dar nome a blogs e a grupos de reflexão e apesar também dos sentidos divergentes que se lhes podem associar, julgo-me também no direito ao uso da famosa frase que se diz criada por James Carville e usada com êxito por Bill Clinton.

Bush pai, não insinuo que a ele se dirigisse, percebeu bem o sentido.

Mas muitos ainda hoje e já passaram quase 20 anos (data de 1992, diz-se) não perceberam.

E confundem finanças com economia. E admiram-se (quais inocentes virgens) que se preveja uma forte  recessão na economia para o ano que já espreita (a somar à que se regista no ano em curso).

As medidas aplicadas (austeridade + austeridade + cortes nas prestações sociais + baixos salários é = a recessão.

A recessão provoca falências, desemprego, quebra de receitas fiscais, quebras no investimento + recessão.

Mais recessão aumenta o défice e reforça a necessidade de dependência externa.

Mais dependência externa significa uma crescente e insaciável necessidade de financiamento.

E abreviando a história… o fim é a bancarrota.

Assim se estuda em Portugal, em Inglaterra, nos EUA e estamos em crer que também no… Canadá.

Há mais economia para além da cegueira financeira e para além … da estupidez.

domingo, 18 de setembro de 2011

Mais do mesmo ou sinais de mudança?

Os islandeses bateram o pé e aplicaram no seu país o contrário das receitas que os senhores do dinheiro lhes queriam aplicar.

Depois da bancarrota, sentaram no banco dos réus os responsáveis e trataram de equilibrar as finanças do seu país.

Os alemães em todas as eleições regionais até agora realizadas – depois deste 2.º mandato da senhora – votam, penalizando o partido desta, enquanto esta continua ocupada, armada em senhora da Europa.

Em Chipre, também se desalinha.

Na Dinamarca, travam-se a fundo (nas eleições recentes) caminhos perigosos de aliança de direita e extrema direita.

Até na Bélgica parece que vão ter finalmente governo.

Em Itália suspira-se pelo fim do pesadelo e há bons indicadores que ele irá acontecer.

Nestes casos e em outros, nas mudanças de rumo em curso, têm forte participação os comunistas e outras formações de esquerda real. Mesmo acautelados para as diferenças de tonalidade que o vermelho ganha por força da «geografia», não deixam de ser sinais de esperança…

Será que a Europa vai finalmente perder o cheiro e a cor a bafio que a tem afectado nos últimos tempos?

Por aqui nesta  jangada de pedra andamos sempre ao contrário…nós já e os vizinhos a prepararem-se.

Triste fado flamenco.

E a agravar as coisas… o cheiro nauseabundo que continua vir do jardim.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Pontos desfocados

Inconstância

Por vezes, durante estes interregnos de escrita, dou por mim a pensar que o melhor é deixar-me destas coisas e reservar espaço e paciência a quem sabe escrever e «blogar».

Mas depois, sinto a falta do espaço para os meus desabafos e lamúrias e vai daí…

Gastronomia

Sendo uma arte (e não um espaço de «armações») o seu estado atual não podia ser diferente dos estados das outras artes.

Sofre dos efeitos da pimbalhagem, da massificação, do produto pronto (bastando misturar água – no caso, vinho) e vai daí, eis as 7 maravilhas da gastronomia.

Grécia

Pobre Grécia…

Pobre Portugal…Pobre Espanha…Pobre Irlanda…

De quantos países pobres se faz um país rico?

Pobre Europa…comandada por Merkel e Sarkozy (e escriturada por uma rapaz português)…

Eu por mim estou enojado.

Jardim

Quero sempre lembrar-me de rosas, acácias, malmequeres, alamedas, lagos, cantinhos de amores e de beijos furtados.

Mas sou constantemente sobressaltado com uma imagem terrível, negra e nefasta…

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Senhora chanceler unifiquemos então.

Tenho uma dificuldade que julgo nata - o que serve para desculpar uma acentuada preguiça para a aprendizagem - em pronunciar-me convenientemente noutra língua, senão nesta que partilhamos e mal tratamos neste espaço de lusofonias.

Esta dificuldade assume no caso da língua de Goethe (e em muitas outras, claro) uma completa impossibilidade.

Aprendi, vá-se lá saber porquê, a pronunciar alguns números e uns palavrões.

Estes últimos, para o caso que vou tratar, até poderiam ser suficientes para a comunicação, mas se cuido de evitar usar tais recursos em português porque o hei-de agora fazer em alemão?

Julgo que Passos Coelho sofrerá do mesmo mal ( a dificuldade no uso da língua alemã), pelo menos a fazer fé no episódio seguinte:

Na visita de apresentação de credenciais que Passos está a fazer à senhora chanceler europeia, ouviu este o recado (julgo que lhe foi traduzido depois) e vai tratar de lhe dar execução, de que é necessário unificar dias de férias e idade de reforma e que por isso, Portugal tem que reduzir as primeiras e aumentar a segunda.

Julgo que o subalterno português ainda deve ter esboçado uma ligeira tentativa de falar da necessidade de unificar os salários.

E julgo, porque conhecendo, como conhecemos, sabemos das preocupações que nutre por aqueles que têm como rendimentos, unicamente os que advêm do trabalho - veja-se a importância que lhe atribui na distribuição da carga fiscal… , mas julgo ainda que tal não se mostrou possível por força da dificuldade já referida e que partilhamos, o não domínio da língua alemã.

Mas também julgo e assim espero, que dali daquelas bandas centrais europeias, chegarão mais cedo do que tarde, boas notícias.

É que há uma linguagem universal e o povo alemão fala-a, e essa entendo eu e muitos outros: é urgente, para bem dos alemães, dos portugueses e de todos os povos que medeiam e rodeiam estas pátrias, que esta senhora leve urgentemente um grandessíssimo pontapé no…

…qualquer coisa que em português termina em eiro.

Se foi por ali que começou o descalabro, pois seja por ali que se comece a reparação.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Há unanimismos perigosos

Observação prévia: apesar do corretor de texto insistir em considerar como erro o termo unanimismo, insisto em usá-lo em detrimento da sugestão : unanimidade, por considerar existirem diferenças expressivas.

Unanimidade pode ser uma de aproximação consentida e aceite pelos intervenientes num determinado processo e que se traduz na aceitação e síntese das opiniões individuais, em uma e só opinião, que passa a colectiva.

Unanimismo é o processo resultante de uma produção , no qual se descura o esclarecimento e se insiste na difusão de chavões de fácil aceitação pela generalidade das pessoas. É a antítese de unanimidade.

Exemplos:

Unanimismo da crise

:

A crise, os discursos e a tomada de medidas justificadas por ela são um dos marcantes exemplos dos perigos do unanimismo.

Poucos, as exceções são muito raras, procuraram identificar causas.

A produção passou pela transmissão generalizada do carácter supra nacional da crise com laivos ridículos de sobre natural.

Como se o facto de ela ser supra nacional pudesse de alguma forma permitir que se descartasse a procura de responsáveis.

Claro que eles existem e claro que não só Sócrates; Passos; Teixeira, Cavaco, Durão, Portas. Também são americanos, ingleses, franceses, alemães e têm nomes.

O que não têm são processos de responsabilização criminal pelos crimes que praticaram e praticam.

E as vítimas são todos os que vivem dos rendimentos que auferem pelo seu trabalho.

E os beneficiários (vejam-se os dados referentes às gritantes desigualdades na distribuição dos rendimentos e vejam-se também as vergonhosas diferenças fiscais entre rendimentos do trabalho e rendimentos de capital) são os patos gordos que à sombra da crise - desta e de outras - e que vivendo do rendimento gerado pelos trabalhadores, acumulam colossais riquezas e privilégios

Unanimismo do «estado gordo».

A produção passa pela construção da ideia que um dos grandes culpados pela crise é a existência de um estado gordo, no qual a função publica goza de largos privilégios.

E o sucesso da estratégia está assegurado na medida em que até é verdade que existe um estado gordo e que existem privilégios na função pública.

Mas quererão identificar quem tem engordado no e o estado?

Lembram-se dos empregos para os rapazes?

E as mordomias?

Quem usufruiu (usufrui) de cartões de crédito? Quem dispunha (dispõe) telemóveis para uso ilimitado? Quem acumulou (acumula) vencimentos com senhas de presença e remunerações por participação em órgãos sociais . Quem dispôs (dispõe) da administração a seu belo prazer para arranjar empregos para sobrinhos, primos e amigas? Quem autorizou delegados regionais de toda a pelintrice a usufruir de carro e motorista para todo e qualquer fim? Será necessário dar seguimento às interrogações?

Pois o estado não pode nem deve estar gordo, mas tem de estar saudável e apto para desempenhar as funções sociais que lhe competem e para as quais pagamos os nossos impostos.

E no processo de construção / intoxicação do unanimismo, não confundam função pública com funcionários públicos, porque estes são as vitimas primeiras da pelintrice.

Unanimismo internacional

.

Ditadores são todos os que os senhores do mundo entendam que o são, mesmo que estes sejam eleitos democraticamente pelos seus povos (p.e. Hugo Chavez).

Terroristas são todos os que os senhores do mundo entendam que o são.

Democracia é uma «condição» nos moldes e conforme aos interesses dos senhores do mundo.

E por vezes é preciso levar a democracia acoplada a bombas e engatilhada em armas automáticas. E tem sido assim que os senhores do mundo têm construído as «democracias» no Afeganistão, no Iraque, na Libia, para referir os mais recentes.

E da sementeira de «democracia» que os senhores do mundo fazem, as populações colhem destruição e mortos. Muitos mortos.

Quantos mil só nestes três países?

E no entanto há unanimismo: - era preciso acabar com os ditadores. Ou por causa das armas de destruição maciça (que não existiam), ou para proteger populações indefesas (e atiram-se bombas para cima).

Nunca por razões geopolíticas e muito menos por razões de petróleo.

O facto de entre os três, estarem dois dos maiores produtores de petróleo é só mero acaso. Não é?

Se não fosse temer pela vida de milhares de pessoas, sugeriria aos senhores do mundo, logo que terminada a ação na Líbia e a provocação inicial na Síria, que incluíssem na lista de países para onde é preciso exportar democracia, a Arábia Saudita.

Basta construírem (e é vasta a experiência) o necessário unanimismo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PARADOXOS

Vivemos no tempo dos paradoxos

Paradoxos da liberdade

Aparentemente é verdade que somos livres, no entanto quase todas as atitudes que tomamos enquanto homens «pretensamente» livres contradizem a lógica dessa afirmação.

Julgamos-nos homens livres mas agimos segundo a formatação que nos é feita pelos nossos opressores.

São eles que nos determinam formas de agir e pensar. São eles que formatam a nossa liberdade.

E eles não são uma coisa abstracta, são gente palpável, que se nos apresentam de bons modos e por vezes, em determinadas situações, até apelam ao nosso sentido de liberdade… para que, livremente… os escolhamos para «gerir» a nossa liberdade.

Paradoxos da informação

Dispomos de uma plêiade de meios, através dos quais circula e temos acesso à informação.

Minutos depois de um terramoto numa qualquer remota região a milhares de quilómetros do local onde nos encontramos e já estamos a visionar imagens das desgraças entretanto causadas.

Acompanhamos os motins de Londres em direto e sabemos dos avanços dos rebeldes Líbios quase com a mesma cadência com que a NATO manda bombas sobre Trípoli.

Mas paradoxalmente, vemos e opinamos da mesma forma que o pivot do telejornal que por sua vez opina da mesma forma que opina o porta voz da NATO ou de Cameron.

Paradoxos da tecnologia

Os telemóveis servem para telefonar, para agendar, para lembrar, despertar, localizar, os aviões varrem os ares, às televisões só falta servirem para estrelar ovos, os automóveis falam e leem sinais de trânsito, os gps encontram tudo (ou quase) e no entanto, sabemos de noticias de telemóveis que explodem nas mãos dos utilizadores, de aviões que se estatelam ou simplesmente desaparecem, de televisões que perdem inexplicavelmente o pio, das mortandades provocadas pelos automóveis e de guerras que se pensam ter ganho graças aos gps.

Sabemos até de casos em que indivíduos que se anunciam terem sido mortos ontem se anuncia terem sido presos hoje (e que logo de seguida fogem) e de quartéis generais (últimos redutos de resistência) bombardeados até não ficar pedra sobre pedra e nos quais não estava nem sequer um soldado raso, quanto mais os generais.

E que dizer de gigantescos complexos subterrâneos que os gps e os poderosos satélites não descobrem, mas que se sabe que existem?

Paradoxos da economia

Para além de todo o conjunto de paradoxos que se expressam na constatação da metamorfose da economia num dramático jogo financeiro, assistimos incrédulos à tomada de posições por parte de multimilionários que imploram verem os seus impostos aumentados e se queixam de serem demasiado mimados pelos governos (os seus governos) e ao mesmo tempo assistimos ao silencio cúmplice e cobarde destes (os governos dos multimilionários) enquanto cortam nos subsídios de inserção dos mais desprotegidos, nos abonos de família, nos cuidados médicos e nos salários.

Paradoxos do «espojinho»

Quando era suposto, por força da pouca produtividade, registar uma quebra no número de visitantes e (eventualmente) leitores dos escritos que aqui se vão anichando, regista-se ao invés, um crescimento.

Talvez não seja tão paradoxo como parece, ao fim e ao cabo, talvez queiram mesmo certificar-se que o escriba não escrebeu mesmo mais nada…

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O que estão a encenar em Londres?


A questão é obviamente referente aos confusos e mal explicados acontecimentos, que nos últimos quatro dias têm assombrado Londres e inquietado o mundo e não mera curiosidade sobre a programação de qualquer um dos imensos teatros que me dizem Londres ter.

Aqui, à distância e tendo por dado unicamente a informação secundária expressa pelos media, as coisas tendem a não encaixar.
Vêem-se bandos organizados a vandalizar tudo à sua passagem, casas e carros incendiados e a policia quase que indiferente.
Há mesmo uma imagem em que um desses «amotinados» leva uma vergastada de um policia, cai desamparado e por pouco não vimos o mesmo polícia dar-lhe a mão para o ajudar a levantar, mas vimos que logo que se levanta, ensaia um bailado pseudo marcial e eis que seis policias (1 já referido e mais 5 que o acompanhavam) recuam, temerosos.
E a malta quase que grita: aí benjamim, grande herói.
Os bandos são compostos por cem , cento e cinquenta indivíduos, dizem-nos, e os bandos de policias, em pose com mãos atrás das costas são bem mais numerosos e ao todo perto de 16 mil.
Se a polícia, de um país policia do mundo, não é capaz de travar acções de algumas centenas de miúdos de 13 anos (como não se cansam de nos dizer) então o que há a esperar do futuro?
Temo já, aflito, pela segurança de sua majestade e de todos os majestosinhos (ou mastuncinhos?)
Julgo mesmo que o COI deveria desde já encontrar alternativa para os Jogos de 2012, talvez no Afeganistão, digo eu.
E é até mesmo de supor que os taliban já estejam em Londres a recrutar estes «putos».
Não fosse a coisa séria e poderia ser tentado a dar continuidade à brincadeira, mas a verdade é que é muito preocupante e sabendo nós que esta mesma policia, há bem poucos dias, foi bem capaz e eficaz a reprimir com violência desmedida protestos sociais ordeiros e de justas reivindicações.
O que também é verdade, é que os amigos ingleses, do assassino norueguês, puseram as garras de fora e preparam-se para dar azo aos seus intentos fascizóides.
O que é verdade é que já vimos políticos de meia leca de vassoura em punho, preparados para varrer o que não é difícil supor o que consideram lixo (tão asseadinhos que são os porcos…).
O que também é verdade é que, dizia hoje um chefe de polícia, existem milhares de imagens televisivas para visionar e consequentemente centenas ou milhares para deportar.
Bela oportunidade para se verem livres do que não gostam, agora que já usaram.
Os ingleses são mestres nestas artes.
E são muitas mais as interrogações que me assaltam.
Reparem que a primeira coisa que vão berrando os que fazem o mal e a escaramuça é que o multiculturalismo falhou.
Fazem-no Cameron, Merkel, Sarkozy e respectivas damas de honor.
Querem voltar às tribos.

O que querem mesmo os que permitiram o que está a acontecer em Londres?
Coisa boa não é.
Quem ainda consegue pensar, sabe a resposta.
(É que vem sempre à memória Marx e o seu «18 de Brumário de Louis Bonaparte»)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

TEMPOS

No meu tempo.
Ai, no meu tempo!

São sempre bons os nossos tempos.(Nem sempre...corrija-se.)
Mas, mau é quando deixamos de ter tempo.
Mesmo quando ainda o temos e resignados, nos lamentamos com a falta dele.
Levamos muito tempo a falar dos tempos e por vezes dedicamos pouca atenção ao tempo que temos.

Este enrodilhado temporal ou temporal enrodilhado vem a propósito de uma série de acontecimentos novos que varrem o mundo e que levam a considerações deste tipo: «vivemos tempos perigosos».
De facto, não são muito serenas as sensações de ver os motins em Londres, as mortandades na Síria e na Noruega, a hipocrisia assassina na Libia.
E os olhos e corpos de fome na Somália.
Inquietam-nos e revoltam-nos os relatos de homens e mulheres que morrem asfixiados num barco que haviam apanhado, para fugir às bombas de democracia que o ocidente lança sobre Tripoli. E os outros, os seus companheiros de infortúnio, a única manifestação de humanidade que podem transmitir é no semblante e na esperança de cada em encontrar forças para ser um sobrevivente..

E esperança-nos ver o sol a ser de novo partilhado na Praça dos indignados de Espanha e em Telavive.

E irrita-nos a conversa bacoca, insensível, criminosa da crise dos mercado, do nervosismo dos mercados, das perturbações dos mercados.

E os berros malucos de gente que diz que a culpa de tudo isto é do multiculturalismo, sem conseguir sequer perceber que é precisamente no contrário que residem todas as culpas.

Voltando à questão dos tempos dei por mim a recordar-me de uns tempos em que era criança rapaz e de uma rega de tomatal.

O dia estava então ameno, até mesmo quentinho, Um rancho de homens regavam o imenso tomatal. Trabalho rotineiro, a água corre por um regueiro central, mais caudaloso porque vai ser repartido, os homens encaminham depois parte desse caudal para o rego a regar, quando a água chega ao fundo, fecham, reencaminham para outro rego e assim sucessivamente, até que fechem o regueiro central e sejam horas de bucha..
Só que, por vezes, algo corre mal e esta rotina vira carga de trabalhos.
«Já tinha dito vezes sem conta que isto um dia se dava, gritou um dos homens».
Remenda-se ali porque ali rebentou, ali mais à frente a mesma coisa e acolá e ali mais em baixo. Por vezes é necessário suspender o caudal da água, pois já não se dá conta. È preciso voltar e reparar regueiro, regos, toda a estrutura de rega.

«Ou todo o sistema de rega, isto assim já não dá» gritou de novo o mesmo homem.

Como será em Londres?

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Alentejanices

Li há dias, em sitio que agora não consigo precisar, noticia sobre a realização do 1.º Congresso do Baixo Alentejo.
Aí rezava que este ía ter lugar, em data próxima, em Odemira segundo creio.

Não me admirará que a este se sigam os congressos do alentejo litoral, central, do norte, raiano e qualquer outra encenação geográfica que alguns lhes julguem útil.
Estou ainda em crer que a própria anedotaria sofrerá, em consequência, uma profunda reformulação, ou seja, em vez do useiro começo . «sabes aquela do alentejano…?» se passará a usar: «sabes aquela do baixo alentejano…?» ou: «sabes aquela do alentejano do norte…?».
Já conhecíamos a tendência para este tipo de «geografismos» por força da nomenclatura do INE, ao terem sido criados por este Instituto Público, os conceitos de Alentejo Central, Baixo Alentejo, Alto Alentejo, Alentejo Litoral, a que acrescentaram a pérola, Lezíria do Tejo.
Foi assim que as gentes das campinas Ribatejanas, com base num clique, passaram a ser alentejanos.
Paradoxos dos tempos, os homens e mulheres de Rio Maior, são agora alentejanos e paradoxos de lugar, os morenses e souselenses andam frequentemente aos pulinhos entre o central e o alto.
A inclusão destes territórios além tejo (para os que estão aqui a sul dele) parece ter fundamento no PIB. (e desta discussão andamos servidos).
Já as outras mexidas internas, julgo encontrarem fundamento naquilo que se poderá integrar na sigla: TASSDT - Tenho Aspirações a Ser Senhor Deste Território.
Descontada a ironia, a verdade é que os argumentos (‘) que vão sendo conhecidos, se inserem em estratégias de nichos partidários onde se alojam ambições pessoais desmedidas.
O Alentejo que vem de Niza e vai até Odemira e que abarca a planície, as serras, os rios, o mar e que é vizinho de espanhóis e acena na lezíria a ribatejanos e se cruza com algarvios nos enrodilhados caminhos do Caldeirão, é uno e indivisível.
Condicionar e procurar fragmentar a identidade de um povo por força de complexos sobre onde vai ficar a capital com base no cavernoso argumento que não se quer um novo terreiro do paço na praça do giraldo é de uma grande baixeza e só procura camuflar outras reais intenções de ambições desmedidas.
É que o tempo em que havia capitais de tudo, desde a farinheira ao caracol, já lá vai.
Discutamos regionalização e integremos nessa discussão a imperiosidade de podermos definir o rumo político de tudo aquilo que à região diga respeito.
A possibilidade de os nossos representantes serem por nós (mal ou bem) eleitos e não serem os directores regionais escolhidos.
E não venham outros com o fantasma dos custos. Os custos já existem. A legitimidade de quem os autoriza é que é duvidosa.

O Alentejo pode até ser terra de gente gorda, não queremos é que seja terra de gente «baixa».

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

É a crise

A coisa pública

Com base e enquadramento na onda geral de discursos de diverso tipo, em torno ou tendo por base a CRISE, várias consequências, digamos, colaterais, vão surgindo e assumindo dinâmicas, sem que sobre elas se trave, o necessário debate .
Assim é com o BPN. Em que pagamos e nada sabemos. E em nada fomos ouvidos.
Assim é com as PPP - Parcerias Público Privadas. Sem que, na maior parte das vezes saibamos sequer quem são os ditos «parceiros».
Assim é com o déficit. Porque há déficit? Quem autorizou mais despesa do que a que estava orçamentada? Quem inflacionou as receitas para poder fazer despesas para as quais sabia não ter condições?
E colateralmente, digamos assim desta forma «moderna», aumenta a desigualdade na repartição dos rendimentos com óbvio prejuízo para os trabalhadores. Reduzem-se direitos e espezinham-se garantias. Aumentam-se impostos, estagnam-se salários. Aumentam-se os transportes públicos e reduzem-se ou mesmo eliminam-se contribuições sociais. Aumenta-se o desemprego e facilitam-se os despedimentos.

Enfim… é a crise.

Mas o objectivo deste texto, não é chover mais no molhado (até porque parece que muitos gostam de andar enlameados) mas colocar uma questão de ordem local:

Por causa da crise, suspende-se o TGV (até mesmo a linha Poceirão - Caia) com passagem e estação em Évora.
Por causa da crise, suspende-se a conclusão do Projecto de Alqueva, aqui no Alentejo.

E parece construir-se uma unanimidade de aceitações para tais factos (como para os outros): é a crise.
Não podemos dar-nos a tais «luxos», arrematam.
Mas duas questões (para facilitar) me intrigam:

Porque não questionaram (com a mesma unanimidade opinativa e com base no mesmo argumento - ou seja, a crise) os 2,4 mil milhões que se esfumaram no BPN (creio que esta verba - somados os outros 2,6 mil milhões que agora se deixou de referir - é (seria) suficiente para construir o TGV e concluir Alqueva)?
Se estivéssemos a falar da ligação TGV Aveiro - Salamanca, ou Lisboa - Porto ou de qualquer outro investimento na Madeira, teríamos a mesma unanimidade de pensamento por parte dos opinólogos de serviço?

Mas é do Alentejo que falamos não é?!.

Pois é… e todos (quase) continuamos muito apostadinhos em partilhar dos unanimismos balofos, das soluções más mas as únicas possíveis, em não gastar tempo a interrogar porque isso dá trabalho, em mandar umas atordoadas tipo «eles são todos a mesma …» a pagar os impostos e não interrogar a que se destinam.
Entregamos sem pestanejar a gestão da coisa pública, aos corredores que melhor nos posicionam para o efeito e estes depois fazem dela coisa sua e dos seus.

É a crise.

E… «cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas».

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Coisas de espojinhos

Pois…assim como não quer a coisa…ele vai…ele volta.

É assim o espojinho.

Num destes (poucos) dias verdadeiramente quentes do ido Julho, algures por aqui, bem no centro desta nossa partilhada península, sem que nada o fizesse prever, levantou-se um, levando consigo poeirada e tampas de contentores de lixo, elevando-as no ar, para logo depois as deixar cair desamparadas no chão e sumindo-se depois, deixando o rasto da sua desarrumação.

Há muito que não assistia ao fenómeno.

É assim um espojinho.

Entretanto, durante a sossega, o Governo escolhido, retira-nos metade do 13.º mês, põe em saldo os despedimentos, aumenta os transportes e oferece o BPN.

Na Noruega um monstro promove uma carnificina.

E os «media» insistem e reinsistem em mostrar-nos a sua foto (a face bela do monstro), em divulgar o seu nome e em apresentar-nos as suas «reivindicações».

É apenas um monstro. Um abominável monstro.

Que ninguém de bom senso acredita ter agido sozinho.

Por respeito pelas vítimas, apurem-se todas todas as ligações, punam-se os culpados e acabem com a promoção mediática que fazem de tal monstro, porque esta só serve para promover a monstruosidade.

Ah… o BPN foi oferecido ao angolano BIC gerido por um senhor português pouco conhecido da vida pública e que dá pelo nome de Mira Amaral.

Não sei se será possível, mas gostaria de saber – curioso eu sou – para onde foram os 5 mil milhões que o estado português transferiu para o BPN?

O comunicado oficial do ministério do senhor ministro soletrador, no qual é dado conhecimento público da oferta, refere SÓ um prejuízo de 2,4 mil milhões.

Transferimos 5 mil milhões dos cofres públicos, recebemos 40 milhões como contrapartida da oferta e o prejuízo é SÓ de 2,4 mil milhões…bem…façam as contas!

Mas pronto. Expliquem-nos ao menos quem embolsou estes 2,4 mil milhões. Porque quem desembolsou, isso sabemos.

Do caderno de encargos desta oferta acresce ainda para o estado português a obrigatoriedade dos encargos e indemnizações a 830 funcionários que o BIC vai despedir. Um pormenor de somenos importância…

Tenho assistido, na blogosfera e nas secções de correio de alguns diários, a piedosos atos de contrição por parte de uns quantos que afirmam terem sido eleitores de Passos Coelho, mas que agora, passado mês e meio já se sentem defraudados e até arrependidos. Por amor de …

Vão penitenciar-se para o raio que os parta.

Há coisas que não se lamentam. Evitam-se.

E por favor, poupem-nos do vosso decadente espetáculo.

Deduzo que são os mesmos que enchem a boca com a banal e gasta expressão de supra ignorância sintetizada assim : «são todos iguais» . E não é que até é verdade?

Os «eles» em quem eles votam sempre, são de facto todos iguais.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Um primeiro passo

Vai ser cambaleante, certamente.

Pode até nem fazer sentido.

Mas estou a experimentar novas formas de edição que julgo resolverão alguns dos problemas que me afectavam.

Aproveito para pôr em tabela a salgalhada em que se traduziu o post anterior e  que foi consequência de procurar pôr em texto o que não era texto.

Partido % Votos Mandatos % Mand. Mand. Proporcionais
PSD 38,65 108 46,96 89
PS 28,06 74 32,1 65
CDS 11,7 24 10,43 27
PCP/ CDU 7,91 16 6,96 18
BE 5,17 8 3,45 12
MRPP 1,12 0 0 3
PAN 1,04 0 0 2
MPT 0.41 0 0 1

Neste quadro fica bem patente a discrepância entre a percentagem de votos e a percentagem de mandatos, com evidente beneficio dos partidos mais votados.

PROPORCIONALIDADES DESPROPORCIONADAS

Informação prévia:

O «espojinho» atravessou nestes dias, o período mais longo de inactividade desde o seu aparecimento. Aos amigos que me acompanham , devo uma explicação, mas não a tenho. Talvez porque cheira a férias, talvez por desalento com o sentido de voto de tantos que sendo tão vítimas quanto eu optaram por votar nos carrascos, talvez á procura de um rumo…
Talvez.
Mas caminhar é uma luta constante contra o cansaço e por vezes este julga que ganhou a batalha…
Adiante pois porque o caminho é para percorrer.

Proporcionalidades desproporcionadas.

Não tenho a menor intenção de questionar a legalidade do «sistema» mas a mesma garantia não posso dar sobre a sua legitimidade.
Habituámo-nos a citar Churchil, a enaltecer as qualidades do método de atribuição dos mandatos (Hondt), a aceitar polidamente distorções de representatividade e tendo sido assim e há tanto tempo que assim é, que não questionamos e quando alguns o fazem, surgem logo argumentos contrários de todo o tipo e estranhamente, de sítios impensáveis.
Mas porque agora andam por aí uns «papões» falando em nome do povo e enchendo o peito sob o peso da ampla maioria, decidi abordar o assunto e para tal necessitarei de mais que um «post».
A ampla maioria de que falam representa pouco mais de 50 % de 58% dos eleitores.
Mais de quatro milhões de portugueses não podem aqui ser contabilizados.
A ampla maioria representa aproximadamente 25%, um em cada quatro dos cidadãos eleitores.
Legal? Obviamente. Mas não fica mal precisarmos o dado.
Artificializando círculos - quando se recusam regiões - obtêm-se preciosas distorções.
Chamando nulos a votos que são votos activos também damos um contributo - Cavaco Silva livrou-se de uma 2ª volta (em que as coisa lhe poderiam correr mal) graça aos votos nulos.
No quadro* seguinte, parto das premissas seguintes:
+Só existência de um circulo no contexto nacional;
+Contabilização de votos brancos e nulos para atribuição de mandatos (obviamente, para o caso, não mandatos - ou seja, os mandatos que resultam destes votos, não serão preenchidos por ninguém);
+Os restos, ou sejam os votos em partidos que não conseguem mandatos não serão aproveitados por ninguém.
Da hipotética situação resultante, fica claro que os 230 mandatos não serão totalmente atribuídos, mas também fica claro que a % de mandatos de cada um, corresponde à % de votos de cada um.

PSD obtém 38,65% dos votos, que se traduzem em 108 mandatos, ou seja a 46,96% destes.
Uma proporcionalidade não desproporcionada, corresponderia a 89 mandatos.

PSD obtém 28,06% dos votos, que se traduzem em 74 mandatos, ou seja a 32,17% destes.
… corresponderia a 65 mandatos.

CDS obtém 11,7% dos votos, que se traduzem em 24 mandatos, ou seja a 46,96% destes.
… corresponderia a 27 mandatos.

PCP / CDU obtém 7,91% dos votos, que se traduzem em 16 mandatos, ou seja a 6,96% destes.
…corresponderia a 18 mandatos.

BE obtém 5,17% dos votos, que se traduzem em 8 mandatos, ou seja a 3,48% destes.
… corresponderia a 12 mandatos.

MRPP obtém 1,12% dos votos, que se traduzem em 0 mandatos, ou seja a 0% destes.
… corresponderia a 3 mandatos.

PAN obtém 1,04% dos votos, que se traduzem em 0 mandatos, ou seja a 0% destes.
…corresponderia a 2 mandatos.

MPT obtém 0,41% dos votos, que se traduzem em 0 mandatos, ou seja a 0% destes.
Uma proporcionalidade não desproporcionada, corresponderia a 1 mandato.
Teríamos assim um Parlamento com 217 mandatos (-13 do que o legalmente estabelecido) e muito mais representativo daquilo que foi a expressão do voto.
O não preenchimento de 13 lugares corresponderia de igual forma a esse sentido de voto na medida que resulta da soma de votos nulos, brancos e de votos em partidos que não conseguem eleger mandatos. Não parece legítima (embora seja legal) a apropriação por outros destes mandatos
Não se distorcia a maioria de mandatos no Parlamento que PSD e CDS obtiveram nas urnas.
O Parlamento teria uma representatividade mais próxima da realidade sociológica.
Respeitar-se-ia (nos planos formal e ético) o sentido de voto dos que optam por dar um sentido «nulo» aos seus votos.

Sabemos no entanto que pretendem , PSD e CDS, namorando já nesse sentido o aplicador de passadeiras (PS), proceder a alterações à Lei Eleitoral.
Mais distorções à representatividade são de esperar.
Para eles, a democracia é aquela coisa formal e chata através da qual «legalizam» os seus mandatos.

Nota*. Por problemas técnicos e incapacidades próprias tive que reformular este «post» e passar para texto o que era tabela.
Vou procurar resolver estas dificuldades mesmo que tal implique a eventual alteração de morada do «espojinho». Vou ver…

segunda-feira, 20 de junho de 2011

V(M)IRAGEM

Volto ao assunto
Insistem alguns, que virámos à direita a 5 de Junho e, aduzem em favor dessa tese que basta ver a composição da Assembleia em que a maioria dos seus mandatos é de partidos de direita (do PSD e do CDS).
Olhando por este prisma, nada mais haveria a dizer .
Mas a questão é uma alegada viragem à direita do sentido de voto dos eleitores portugueses e aí sou de opinião que outros factores têm de ser ponderados.
Primeiro, o que já tinha afirmado: ter-se verificado um êxito não desprezível da estratégia da direita de esvaziar de conteúdo os conceitos. (São inúmeros os exemplos e o caso Fernando Nobre não é inocente e não é tiro no pé).
Segundo, porque a ter-se verificado um movimento com essas características, estaríamos na presença de um rodopio em torno da direita e não de uma viragem, ou seja não se vira para onde se está.
Terceiro, sou de opinião que a vitória do PSD é mais a expressão da vontade «quase obsessiva » de uma massa muito grande de eleitorado de se livrar de Sócrates e entender que a melhor forma era votando PSD.
Quarto, não me apetece segurar no arquinho do Sr. Portas (salvo seja) e não o considero um vencedor.
Quinto, com esta argumentação simplificada da viragem à direita estamos a contribuir muito significativamente para a estratégia do PS que agora aposta tudo para se assumir como partido de esquerda, melhor, como sendo a própria esquerda.
Por mim, não estou disponível para branqueamentos.
Adiante.
Pretendo em breve abordar a questão da representatividade do voto e das distorções à proporcionalidade e dessa forma dar mais um contributo, assim julgo, em favor da tese que defendo.
Por agora, sigo expectante o desabrochar de inúmeros movimentos espontâneos de protesto social que ocorrem um pouco por todo o lado. Grécia; Espanha, por aqui, em Itália, para falarmos só do nosso cantinho europeu.
E regozijo-me por verificar a solidez analítica dos porta vozes que confronto com a total incapacidade dos dirigentes das democracias formais (formatadas) em perceber o que está a acontecer.
E se um dia os policias se cansam e percebem que mesmo tendo o emprego em risco não é possível mais não passar para o lado certo das barricadas?
A democracia é também participação sabiam?

A este propósito:
Sabia Sr. Presidente?

Após o Sr. Presidente ter afirmado que os que não votassem não tinham o direito a criticar - coisa absurda - pensei em escrever a SE, mas desisti da ideia por não gostar de perder tempo. No entanto, deixo aqui duas ideias principais que havia pensado em lhe transmitir:
_ Queria solicitar-lhe, muito respeitosamente que não se intitulasse presidente de todos os portugueses, mas que se limitasse à condição (honrosa) de Presidente da República Portuguesa.
_E, lembrar-lhe que mais de metade dos portugueses não votaram nele (não votaram em ninguém) e que por esse facto ninguém tem o direito de lhes diminuir os direitos da sua cidadania).

A bem da nação (democrática)

terça-feira, 14 de junho de 2011

O Patrão

A crise tem as costas largas e grandes coberturas.
De tal ordem que ninguém se atreve a questionar a própria coisa, ou seja o que é a crise, quais as suas causas e quem são os seus responsáveis?
Da Islândia chega-nos (encapotada) a noticia de que o ex - primeiro -ministro responde em tribunal pelo crime de má gestão da coisa pública.
Em Portugal, os responsáveis passam a gestores de excelência excelentemente pagos ou pela coisa pública ou pelas coisas privadas beneficiárias da coisa pública.
Mas são tão largas as costas da crise que por causa dela e com ela se abocanham direitos e se questiona a própria democracia.
Abespinham-se alguns porque são muito elevados os custos com o funcionamento das instituições democráticas. Proclamam que há municípios e freguesias a mais, deputados a mais, ministérios a mais e tudo o mais, principalmente quando o mais é o resultado da(mesmo que distorcida) representatividade popular.
Belmiro o patrão diz que 100 deputados chegavam. Julgo mesmo que com 2 ele resolveria o problema. Um do PSD, outro do CDS e ele seria o Presidente. Vitalício, para evitar chatices. Em caso de empate ou de desempate ele desempataria.
Muitos dos que acham excessivos os custos com as instituições democráticas, achariam adequados os custos com o funcionamento dos organismos de controlo próprios dos regimes antidemocráticos, como por exemplo policia politica, corpos policiais e paramilitares de repressão, cadeias, informadores e muitos outros.
Belmiro anda exuberante. Fala ao país antes do escolhido (por si e ratificado pelos outros). E publicamente traça orientações.
Imagino as que traça em privado.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dinâmicas dos sentidos de voto

Teimam muitos, por vezes mesmo sob pretensa cobertura académica, em procurar interpretar resultados eleitorais, consubstanciando as apreciações a imaginadas transferências de sentidos de voto - à boa maneira das transferências em futebol.
Dizem agora, que o voto virou à direita. E pronto.
Ora se PSD e CDS tiveram mais votos que PS; CDU e BE, logo…
Antes, votantes do BE e do PS, votaram agora PSD ou CDS, afirmam.
Não têm o mais elementar indicador lógico de que tal se tenha processado assim. Mas afirmam.
Não questionam.
Por exemplo:
Estratégia de esvaziamento de sentido à dicotomia esquerda, direita:
Sabemos que PSD e CDS se esforçaram por esvaziar conteúdos ideológicos e transmitir a ideia que Esquerda e Direita eram artificialismos e que as questões com que Portugal se defrontava eram bem mais importantes do que «esta pequena questão».
Recordemos que o PSD se esganiçou para fazer passar esta mensagem e para afirmar a sua «vertente» social democrata. Acrescentemos-lhe o facto de Portas ter passeado cravo vermelho na lapela. Concentremo-nos ainda no facto de que ambos fizeram passar a ideia de que o importante era derrubar Sócrates (insinuando que poderiam participar num futuro governo até com outros - desde que não com Sócrates..
E interroguemo-nos: Não terá tido êxito esta estratégia?
E se sim, é legítimo concluir que os que se deixaram arrastar para ela, consubstanciaram uma «viragem à direita»?

Dinâmicas de sentidos de voto
Pode alguém afirmar com rigor qual o trajecto do sentido de voto mais verificado entre os eleitores?
Do PS para o PSD? Do BE para o PS, Do PS para a abstenção; do PSD para o CDS, Da abstenção para o PSD? Da CDU para o PS? Do PS para a CDU?
O único dado que parece ser objectivamente quantificado é o que se traduz no voto contra Sócrates.
E o voto contra Sócrates pode ser enquadrado no sentido de viragem à direita que alguns analistas, comentadores e dirigentes partidários agora parecem identificar?
Agora, ninguém parece afirmar que o que aconteceu foi a dura penalização do Governo de Sócrates e da política de direita que sempre seguiu.
E Sócrates até sai de mãos lavadas.
Ele bem tentou evitar esta «viragem à direita»…

Podem outros subestimar a importância de uma análise objectiva a estes factores. Por mim e cuidando-me com uma ensinamento do menino Carlinhos (quando este afirma que o que é preciso é publicidade…) atormenta-me a ideia que vamos sedimentando na direita de que o eleitorado votou à direita.
Portas, esperto como é, já fala em alterar a lei do aborto, facilitar os despedimentos - incluindo na FP - alterar a Constituição?

Vamos continuar a alimentar-lhe o seu egozinho?
Se com três deputados a mais ele parece ter ganho o país…(o sol, a lua e tudo o mais)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Pois, pois, jota belmiro

Tal como suspeitava e temia, eles aí estão. Impantes.
Presidente, maioria, governo, troika.
Nem em sonhos o outro sonhou tanto.
E estão porque alguém lhes abriu as portas e porque muitos, contra natura, assim o quiseram.
Agora vamos ter tempo para saber o que contêm todas as versões do pacto de rendição.
Vamos saber o que vamos acrescentar aos cortes salariais.
Vamos saber quantos mais de nós iremos para o desemprego.
Vamos tomar ainda mais consciência de que é necessário pôr duas embalagens de leite, em vez de uma, nos carrinhos do banco alimentar.
Vamo-nos render à caridadezinha depois de vermos destruído o estado social.
E vamos ver socialistas ferrenhos socratianos até ontem, dizerem mal de sócrates e defender «uma viragem à esquerda». (são sempre de esquerda os socialistas quando são empurrados para fora da esfera do poder).
E vamos ver muitos votantes chorar baba e ranho amaldiçoando os seus pecados (que logo em outra oportunidade estão dispostos a voltar a cometer).
E vamos ver a continuação do filme trágico que temos visto temendo pelo seu epílogo.
Os grandes e gananciosos senhores conseguiram que as vitimas das suas ganancias votassem nos rapazes que eles escolheram para mandar.
E eles vão mandar neles.
E nós vamos contribuir para a renovação das frotas de ferraris e de iates.
E tantos que entre nós, deram o seu voto e até a sua alegria e palmas para que assim fosse.
Devem-se ter imaginado «grandes» juntando os seus votos aos votos dos «grandes».
Agora
AGUENTEM (os)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Notas de campanha

Soltas e (creio)que únicas


Preparação
Passos Coelho atirando no sitio do pé onde já tinha um buraco provocado pelo último tiro, vem colocar na ordem do dia a necessidade da nomeação de um comissário para negociar com a troika de lá. Paralelamente assistimos incrédulos à defesa por parte da oligarquia europeia da ideia de entregar a uma agência privada a gestão das privatizações e a própria cobrança de impostos na Grécia.
Complementarmente Passos grita que está preparado para cumprir o acordo assinado entre as troikas (de cá e de lá). Considero oportuna uma pequena correcção: ele não está preparado ele foi preparado para tal.
Está ainda preparado para, distraindo os que parecem gostar de andar distraídos, ver ratificada a sua escolha e assumir ele próprio as funções de comissário da troika (de lá).
Para lixar os de cá - não tenham dúvidas.

Duelo
Num país com gente tão atenta às mundanices televisivas e similares é incrível que não se repare no duelo televisivo entre Sócrates e Passos. Hoje afirmo eu depois tu comentas, amanhã comento eu o que tu disseres. E nada dizem.
Porque assinaram, eles são duas das peças da troika de cá.

A terceira peça.
E que peça…
Esturra o dinheiro dos contribuintes em dispensáveis submarinos e nada tem a ver com o assunto.
Participa nos governos e nada tem a ver com eles.
Assina a capitulação (com as outras duas peças) e não tem nada a ver com o assunto.
Ele não ofende. De ele, não vêm insultos, ele é um apóstolo eugenizado.
Ele não é de esquerda, nem de direita…
Como são perigosos os homens de direita que se dizem nem de esquerda nem de direita…
Saberão do que falo muitas das cabeças pensantes que se deixam ir nesta cantiga?
Não creio. Infelizmente.

O futuro
Começa às 20,00 de domingo.
Aí começaremos a saber em pormenores angustiantes o que nos espera.
Até lá, a troika de cá (para os que teimam em andar distraídos, reforço: PS; PSD e CDS) tudo farão (se for necessário, fazem o pino - a cola da peruca é de boa qualidade - ou põem cravo vermelho na lapela) para que os portugueses se distraiam e não conheçam o que eles conhecem e assinaram.
E que distraídos eles parecem andar…os portugueses.

Convite
A todos os que vieram a Évora ao comicio de Sócrates, vindos dos lados de Lisboa, emigrantes paquistaneses, indianos e africanos e a todos os outros, quero deixar um convite muito sincero: visitem Évora, por vossa iniativa. Vão ver uma cidade linda, acolhedora e que recebe bem todos os povos do mundo.
Verão que a Praça do Giraldo é majestosa sem aquela amontoado de ferros e tubos.
Verão ainda que há nela uma fonte, onde nos juntamos aos fins de tarde. Reparararm nela?
Verão uma Praça de gente e não reconhecerão a praça cenário de 20000 euros construida e preenchida por vós.


Um apelo
Para todos os que teimam em se distrair.
Para todos os que não querem «chatices» e andam aqui como marias que vão com todos.
Para todos os que cómoda e cobardemente insistem em dizer «eu quero lá saber… eles são todos a mesma coisa…»
Para todos eles, eu faço um apelo: Não me moam.
Não venham na segunda feira chorar lágrimas de crocodilo.
Já não há pachorra para aturar a vossa irresponsabilidade.

domingo, 29 de maio de 2011

Pirâmides de Barcelona

Em plena praça da Catalunha, tal como nas Puertas del Sol ou no lisboeta Rossio, acampam sob improvisados abrigos, esperanças e desejos de uma vida melhor e mais digna, caldeadas em anos de desprezo.
Constroi-se naquelas praças e em tantas outras praças e ruas do mundo, um nesgo, uma pequena abertura, por onde se quer chegar ao futuro.
Nós, que de há muito, fazemos das nossas vidas, uma jornada constante pela liberdade e pela dignidade, sentimo-nos encorajados e tantas vezes tentados em juntar-mo-nos a vós, nestas acampadas de esperança.
Em Barcelona -para nos situarmos aí – erguem-se novas pirâmides, em muito semelhantes às que se ergueram na Praça Thair. Só que no Egipto, por razões que sabemos, denominaram (com todas as imprecisões ocidentais), as lutas aí travadas, sob o a poética designação de primavera árabe .
Em Barcelona, os mesmos que hipocritamente apelidavam a luta dos outros, sob tão poética designação, carregam ou mandam carregar à bastonada sobre os jovens construtores das brechas de esperança.
Cada bastonada dada na Praça da Catalunha, são bastonadas nas Puertas del Sol, no Rossio e em toda a parte onde tantos se levantam procurando prescrutar o futuro.
Nesta simbologia a que associo o texto, está muito presente Vitor Mora e os Plátanos de Barcelona. Continuam por aí e por aqui, muitos Francos. Com outros trajes, mas sempre trágicos.
Vamos continuar a resistir.
Vamos em conjunto procurar que as brechas de esperança se transformem em Alamedas de Liberdade.
Pessoalmente não estou muito esperançado, mas por aqui, já a 5 de Junho, podíamos (se quizessemos) abrir um grande rombo nesta estúpida muralha que nos veda o futuro.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Talvez

Talvez

Talvez porque espojinhos de outras dimensões têm assolado estes sítios, ribombando nos céus enfaíscados …
Talvez porque parei expectante olhar e atenções nas Puertas del Sol e em outras praças de Espanha…
Talvez porque atónito verifiquei que os construtores do inferno nos prometem de novo édens deslumbrantes …
Talvez porque tenha alimentado a vaga esperança de ver a guerra calada contra o povo libio ser finalmente denunciada…
Talvez porque acreditasse no amor…
Talvez… e por isso, parei.
Mas parar não parece solução.
Porque…
Podem ribombar de novo os céus.
Podem continuar o jogo das ilusões, encenando.
Podem ter quem vos bata palmas e encha os vossos cenários em troca de nada ou coisa nenhuma.
Podem até ter os votos…
Podem até brindar com champanhe a nossa derrota.
Mas tomem atenção.
São cada vez mais os que já não vos suportam mais.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Amigos

...ou Friends
(amigos em Alemão segundo a ajuda do Google)
…e também em Inglês (técnico)


Contam-me que numa aldeia sita algures neste imenso Alentejo existiu em tempos não muito longínquos um homem muito rico e muito bondoso.
Estava sempre disposto a ajudar os seus amigos.
Rendeiros, seareiros, pequenos agricultores em dificuldade para pagar as rendas encontravam a porta da sua modesta residência sempre aberta.
Claro que essa amizade tinha um pequeno custo…tão pequeno que a maior parte dos ajudados, passados poucos meses da ajuda, perdiam para o amigo, as terras, as searas e os gados.
Custos de se ter amigos agiotas…
Lembrei-me destes episódios (dolorosamente bem reais) a propósito da «ajuda» a Portugal que vários países «amigos» generosamente nos estão a conceder.
Uma das personagens irritantemente mais interveniente neste processo de «ajuda» é a senhora alemã. Em nome da «ajuda» lança frequentemente «bitates» sobre nós e sobre a forma como ela considera que nos devíamos comportar.
Agora afirmou que temos férias a mais e nos reformamos demasiado cedo. Basta um pequeno exercício de comparação para verificarmos que também aqui está a faltar à verdade, mas seria oportuno que alguém a questionasse no sentido de ela aprofundar o seu exercício comparativo ou que simplesmente a mandasse calar a boca sempre que mete o feio nariz (devidamente enquadrado) em assuntos que são da única competência dos portugueses.
Mas sobre a «ajuda»:
Sabe esta senhora tão bem (melhor) como nós o quanto vai arrecadar com ela.
Pela «ajuda» Portugal vai pagar 30 mil milhões de euros, 4,1 mil milhões por ano. O triplo dos custos com o Serviço Nacional de Saúde.
Sendo a Alemanha, um dos principais «ajudantes», será com certeza um dos principais arrebatadores.
Se não houver dinheiro para a saúde, para as pensões, para as prestações sociais…paciência.
Custos de ter amigos agiotas…
Mas pior ainda é ter os culpados por tudo isto a aparecerem agora como vítimas.
Sócrates não tem culpa. A culpa é da crise e dos outros.
Passos não tem culpa. Votou todos os PEC (s) e só não votou o último porque estava com pressa.
Portas. O apóstolo que comprou (e gora pagamos nós) ferro velho imersível (ou nem sequer) por milhares de milhão também não tem culpa.
É usual por aqui e perante situações semelhantes dizer-se que a culpa morre solteira, mas para o caso parece fazer mais sentido dizer-se que morre viúva.
A senhora alemã tem aqui um bom trio de compinchas.
Custos de se ter amigos agiotas...

terça-feira, 17 de maio de 2011

ÓPIO DO POVO

Hoje, talvez Marx hesitasse entre Religião e Televisão, para a definição de ópio do povo.

Se continua a ser verdade - e de que maneira - que a religião (qualquer uma), continua a desempenhar importante papel nos processos de alienação, não é menos verdade e menos dinâmico esse mesmo papel, desempenhado pela televisão.
A caixa que mudou o mundo, mudou-o à sua imagem e colocou o mundo na caixa.
Intelectuais de toda a espécie, onde proliferam os que se armam aos cucos, deleitam-se com as suas grandes tiradas sobre o papel da televisão no mundo actual, gostando muito de concluir que esta, só o reflecte e proporciona o que este quer, ou seja, a televisão é medíocre porque o povo é medíocre.
E nesse processo medíocre tem crescido a mediocridade ao ponto de hoje atingir níveis em que a adjectivação pode ganhar contornos grosseiros.
Tudo em televisão (e não tenho, propositadamente, o cuidado de dizer quase tudo) é banal, grosseiro e alienante., desde o entretenimento à informação.
Esta última, nem sequer é actual. Um facto, tratado pelos jornais, é depois encenado para televisão, dois, três dias depois. Ganha então e só então, a real dimensão de facto: «deu na televisão» comenta-se no outro dia no café da esquina.
Instalam, dentro da caixa e sob pretexto de informar, um conjunto de jarrões especialistas nas mais diversas áreas - comentadores, comendadores, professores, politólogos, ECONOMISTAS (Com destaque de maiúsculas, porque, os outros - os que são de facto - denominam-se de Economistas) e muitos outros istas que dizem todos o mesmo num jogo divertido em que até parece que se contradizem.
É incrível verificar que estes cujos, passam mais tempo a analisar e comentar os factos do que o tempo de ocorrência dos próprios factos. Exemplos perfeitos destas aberrações, são os comentários de horas a um jogo que dura noventa minutos ou agora, muito actual, os comentários aos debates entre candidatos às próximas eleições.
A televisão é pois um instrumento maldito.
Seríamos hoje mais livre sem ela.
Assim quase como um despropósito a propósito lembro-me de uma história que me contaram e que se passou algures por aqui. Conta-se que, um homem já bem vergado pelo peso da idade e farto de ouvir um determinado individuo a «pregar» frequentemente na televisão, foi à arrecadação, trouxe a caçadeira e zás… pregou um tiro na televisão «aqui não pregas mais» tê-lo-ão ouvido dizer os familiares que acorreram atónitos e em pânico.
Fôssemos nós capazes de fazer, se não o mesmo, pelo menos algo semelhante…
Abaixo a televisão.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

VOTO ÚTIL

Não sei se teria algum sucesso comercial mas sinto cada vez mais a necessidade de um dicionário de eleitoralês.
Não que não se conheça o significado dos termos. O que não se conhece é o significado que assumem em determinados contextos e vindos de determinadas personagens.
Por exemplo: Voto Útil.
Uns, usam-no com uma desfaçatez com tudo de ridículo. Segundo eles, o voto útil, é aquele voto que não só vai sancionar tudo o que de mau foi feito até agora, como ainda vai dar novo mandato e alento aos que o fizeram.
É muito usado pelo PS (e compinchas afim, onde se incluem peças de trens diversos) acompanhado com o uso dos sacro argumentos de governabilidade e estabilidade a que acrescem (sem ruborescer) a salvaguarda de uma política social que salvaguarde os mais desfavorecidos das gulas do capital.
A utilidade é a mesma.
É também usado pelo PSD. Que entende que o voto útil é em si, porque são os verdadeiros e mais dignos representantes da política actual. Servirão melhor as troikas de cá e de lá. Não apresentam nada de novo ou diferente - prometem mais do mesmo e da mesma forma - mas apresentam-nos numa nova embalagem.
A utilidade é a mesma.
É também usado pelo CDS. Outro dos falsos gémeos, sendo que aqui a «lamúria» é ainda mais pungente. Todos os desgraçados deste país tem neste apóstolo a garantia da sua estóica defesa. Todos, desde que não sejam emigrantes, ciganos, negros, vermelhos, amarelos, desempregados, trabalhadores conscientes, sindicalizados, ateus. Ou seja, se obedientes, crentes e beatos, aos domingos haverá esmolazinha.
A utilidade é a mesma.
E há ainda quem pareça vir brincar. Com vassouras e outros instrumentos.
A utilidade é a mesma.
E quem, como quem não quer a coisa, vá dizendo: «com políticos deste calibre o melhor é não votar ou votar em branco».
A utilidade ´a mesma.
Qualquer uma destas expressões de voto útil, traduz-se, se oriunda de quem trabalha e de quem é vítima da política actual, num voto útil para os carrascos.
O voto é útil sim e muito.
Usado em consciência e como expressão da livre vontade de cada um.
Não há nele outra utilidade.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

IMPORTARÁ?

Porque se calam?

Porque se calam os órgãos de comunicação social, os fazedores de opinião e os pensadores ditos livres que costumam perorar sobre direitos humanos?

Porque nada - ou muito pouco - dizem sobre as tragédias que diariamente ocorrem aqui neste mar que sempre considerámos «mar nostrun»?

Quantos homens, mulheres e crianças já morreram na fuga a Tripoli, bombardeada pela NATO em consequência dos jogos de estratégia das grandes potências?

No post anterior afirmei terem sido lançados ao mar os corpos de 11 seres humanos que morreram por fome e sede num barco a quem foi recusado o devido socorro. Não foram 11. Foram 64.
Alguém já foi indiciado pelo crime de recusa de socorro?

Porque nos parece que os direitos humanos são cada vez mais, não isso, mas sim, estandartes de propaganda?

E nós?

Arrastamo-nos em dolorosas peregrinações e prostramo-nos perante as bentas imagens de santos e santas, também eles usados no trágico xadrez onde se jogam as nossas vidas. E onde se destinam as mortes de tantos..

Do Paquistão chegam imagens de mais morte. 80, dizem-nos as primeiras informações. Importará quantos são?

Quantos filhos não poderão hoje abraçar os pais? Quantos pais estarão a chorar os seus filhos?
Importará?

O que é que nos importa?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vemos, ouvimos e muitos calam

Vemos, ouvimos e muitos calam

Parece que muitos, muitos mesmo, perderam a capacidade de se indignarem.
Retiram direitos, humilham, abusam e gozam-nos.
E muitos calam .
Gastam sem escrúpulos recursos que só foram postos à sua disposição para gestão e não há quem lhes peça contas.
Alguns desses sumptuosos gastos, não só são actos imorais, como constituem crime de abuso de poder e ninguém responde por esses actos.
Dois acontecimentos distintos reforçam este comentário:
Aqui, nesta pacata cidade onde vivo, dei por mim a observar, preocupado, a profusão de bmw, audis e mercedes estacionados em cima do passeio junto da CCDRA.
Junto de cada um dos bólides estavam os respectivos motoristas, fardados a rigor. Alguns deles tinham fardas militares ou de forças de segurança.
Para fazer o trajecto, que faço a pé e para o efeito é normal usar o passeio, tive que sair deste e usar a faixa de rodagem.
Como eu, outros foram forçados ao mesmo.
E calam-se. De tão anormal esta anormalidade, acham até mesmo que é normal.
Suas excelências que deduzo seriam directores regionais de diversas coisas, representantes locais dos poderes diversos, porventura arcebispos e bispos, presidentes de algumas câmaras, não podem conduzir as suas próprias viaturas e também não podem deslocar-se até ao parque de estacionamento que estava vazio a 20 metros do local.
Eles podem estacionar em cima dos passeios, desfrutar de benesses absurdas. Eu tenho que levar cortes no salário, aumentos de irs e ter a carreira congelada.
Muitos calam. Eu, enquanto puder, NÃO.
Um dos outros acontecimentos que me indignaram, tomei dele conhecimento quase à socapa: um barco com 72 homens, mulheres e crianças, fugindo de Tripoli fez-se ao mar numa barcaça (como tantos outros pobres desgraçados à procura de uma possibilidade de viver). Acabado o gasóleo, ficaram à deriva no mar alto. Pediram ajuda e comunicaram com um navio militar e com um helicóptero da Nato e com a Guarda Costeira de Itália. Demasiado ocupados em descarregar bombas de democracia sobre Tripoli, criminosamente ignoraram os apelos e pedidos de socorro.
11 dos 72 homens, mulheres e crianças, morreram à fome e à sede.
Andaram assim, durante 16 dias. Lançando em cada dia ao mar os corpos dos que não haviam resistido.
Corpos de homens, mulheres e crianças. Tão humanos como nós.
E os «democrata»» continuaram ciosamente a lançar bombas sobre Tripoli.
Muitos calam. Eu, enquanto puder, NÃO.

Há sessenta e seis anos a Europa procurava erguer-se por entre os escombros e começar de novo a paz.(De novo tantos a quererem que a gente esqueça)
A barbárie nazi chegava ao fim e em Berlim erguiam-se bandeiras de esperança.
Calculo - só posso mesmo calcular - a imensa alegria dos sobreviventes.

Que haja um dia, em breve, a mesma alegria.
Para todos os povos do mundo.

Porque ainda há quem não se cale. Tal como eu.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

TROIKAS

Uma troika nacional, a que uns chamam «eixo da governação»» e que tem de facto estado nos governos nos últimos trinta anos, prepara-se agora, de novo, para se apresentar aos Portugueses como solução e ainda por cima como solução «patriótica» - o país precisa da «aliança de todos» clamam empresários, presidentes (actuais e ex), cardeais, doutores de tudo e vassalos de sempre.
Esta troika - que designei de nacional só por força do local de registo da patente - é constituída (formalmente) pelo PS, PSD e CDS e informalmente por todos os que se sentem confortáveis e bem retribuídos em resultado das políticas e acções que ela desenvolve.
São os responsáveis e apresentam-se como solução.

Uma outra troika, internacional, assentou por aqui praça e munidos da autoridade que lhes advém do facto de serem os «patrões»» da outra troika - a de patente nacional - determinam das nossas vidas, como não determinam sobre as suas vidas privadas. Vende-se isto, privatiza-se aquilo, aumentam-se os impostos, cortam-se os salários e as pensões, banalizam-se os despedimentos, determinam o valor do empréstimo, o valor das taxas de juro, o prazo de pagamento e os destinatários do dinheiro assim emprestado - ou seja, regressa à barriga dos mesmos.

E perante estas, uma outra se forma. E com a formação desta, assegura-se a perpetuação do domínio das outras. E nesta troika associam-se o medo, a alienação e a impotência.
As vítimas preparam-se para ajoelhar.
Uns, deixam-se levar pela candura de ex qualquer coisas que candidamente imploram «agora não é tempo de apurar responsabilidades» e por outros ex qualquer coisas - trânsfugas de toda a espécie que cresceram nos partidos e que agora mordem nas mãos dos que os empurraram para onde estão e que em suma só pretendem: deixem-se ficar quietinhos, porque senão é pior…
E a vítima nem se interroga: porque carga de águas é levado a aceitar como menos mau o que só é a continuação de todo o mal que lhe têm feito.
E prepara-se para juntar o seu voto ao voto do seu carrasco.
E provavelmente virá para a rua dar vivas à morte dos seus direitos.

E há ainda uma outra troika. Formada pelos que nunca aceitaram, sempre denunciaram e que fazem da luta o caminho possível para a mudança.
Que amam o país, a liberdade e a dignidade.
Que não ajoelharam, não ajoelham e não ajoelharão.

Que troika vencerá a 5 de Junho?

domingo, 1 de maio de 2011

Viva o 1.ºde Maio

Maio começou chuvoso.
Uma chuva miudinha, teimosa.
Mas resolvemos não ligar.
E fizémos bem.
E uma juventude irrequieta, talentosa, trouxe-nos o Maio da Luta.
E foram bonitos os reencontros.
Há muito que não víamos por aqui, a fraternidade tão solta.
E encheu-se com a dança graciosa o espaço.
E reentoámos Fausto, Sérgio Godinho, Zeca.
E cruzámos olhares cúmplices.
Abraços sentidos e largos.
E o desejo de um grande beijo.
E pusémos os olhos no futuro, em Junho, futuro imediato.
Que faremos?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Patetices e marias que vão com as outras

Estou convictamente convencido (não sei mesmo se não deveria acentuar o grau) que o conjunto de cinzentões que governa o país e a europa, julga que por aqui, somos todos um grupo de patetas.
Ou em alternativa (solução para que me inclino mais) os patetas são o grupo de cinzentões e nós, apenas uma imensa mole de marias que vão com as outras.
As conversadas (longas e entediantes) sobre os mercados e a forma como procuraram explicar a gula e a especulação desenfreada destes, é só um dos sintomas da patetice.
Nervosos, agitados, perturbados, por causa da chuva, por causa do sol, por causa das inundações, por causa dos fogos, porque corriam rumores que os príncipes não casavam, ou que casavam na coxixina, tudo foi aduzido.
Só não compreendo é como, numa situação tão prolongada de «nervosismos» os ditos cujos não foram levados a uma loucurazinha. Sei lá…
E ninguém pergunta quem são? De onde vêem e de onde vem o dinheiro?
E ninguém pergunta o destino da usura?
Convenhamos que para anti depressivos é uma verba já muito alta…
E também ninguém pergunta, porque carga de águas temos que estar nas mãos destes nervosos mercados?
Devemos biliões???
Quem os pediu emprestados em nosso nome?
Onde os gastou?
Perguntaram-nos alguma coisa?
Agora encenam outro jogo.
Todos os dias atiram barro à parede para verem qual cola melhor.
Como a toque de uma batuta, cadenciadamente, bombásticamente, vão «anunciando» as medidas que a «troika» se prepara para impor.
A par dessa preparação, preparam o acompanhamento. Que consiste em afirmar que é inevitável viver pior.
Que é inevitável viver de cabeça baixa.
Que é inevitável levar uns tautauzinhos (quais meninos mal comportados) de tudo o que se julga impante nesta europa.
E que é inevitável «unir» o gato da vizinha, o doberman vadio, o peixe do aquário, o elefante e a formiga, o rato e o saca rabos e tudo no mesmo saco.
E o senhor presidente dá-lhe a ênfase de estado. É preciso que o próximo governo tenha o apoio maioritário do Parlamento, diz.
Claro. Se não, não é possível termos governo não é verdade?
Que saibamos, o governo tem que submeter e ver aprovado o seu programa na AR, não é verdade?
Ou já não é verdade porque a «troika» assim o determinou?

Ontem vi «48» um filme / documentário impressionante.
Só espero que as marias vão com os outros não sejam cúmplices de um regresso a um tempo, tão triste, tão cinzento e tão violento como aquele que é ali tratado.
Se quisermos, somos capazes.
Ou então (se surtir mais efeito) e remoendo-me:
We can.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Não há outro caminho

Agora, depois do tempo de todas as misturas, avançamos para o 1.º de Maio com a confiança de quem sabe que afrouxar não é solução e com a apreensão que resulta desta ampla orquestração contra os direitos de quem trabalha.
A Páscoa é por aqui , só por si, tradicionalmente, um período de confluência de padrões religiosamente distintos e mesclados com hábitos pagãos.
Não se comemora de igual forma em Évora e em Castelo de Vide, por exemplo.
Em muitos locais desta pátria grande (O Alentejo), a Festa é a segunda-feira, o dia de ir para o campo comer o borrego.
A Páscoa (dor e lamento), cinge-se ao interior dos Templos.
A Festa ganha o colorido dos campos.
Quis o calendário que à «Festa» se juntasse este ano a Festa da Liberdade.
E foi com toda esta mescla que comemorámos.
Com cravos de liberdade nascidos em campos de tradição.
Este ano menos viçosos por causa das preocupações…
Mas eis Maio.
Já aí está à nossa espera.
À espera das cores vivas com que vamos enfeitar a luta.
Não há outro caminho.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Irra.

Experimentei todas as formas.
A sério e de semblante carregado, de forma aligeirada, por vezes ironicamente (no que não é de certeza o meu campo favorito), optei por deixar andar, omiti, mudei de assunto vezes sem conta, mas nenhuma destas estratégias resultou.
O problema subsiste.
Ganhou hoje de novo honras de 1ª página.
«Os mercados continuam muito nervosos».
As taxas de juro atingiram novo recorde.
Depois do novo recorde ontem obtido.
E os jornalistas nada mais têm a escolher para título do que a expressão já useira e referente ao equilíbrio emocional e psíquico dos ditos mercados: «Os mercados continuam nervosos».
E nada parece acalmá-los.
E não há um. Um que seja. Que titule: « A usura continua».
Ou:
«Continua o roubo descarado».
E a par dele, desse frenesim de loucura, finlandeses, turcos, marroquinos, alemães, luxemburgueses, franceses e todos os restantes fregueses, vão ditando postas de pescada:
Os portugueses têm de …
É preciso que os portugueses aprendam a…
Vão ter que ter juízo.
Oposição e oposição à oposição têm que se unir…
Vão ter que aprender a poupar.
Vão ter que aprender a viver sem comer (e nós que estamos avisados sobre o burro do espanhol)…
E os portugueses…
Que têm na mão uma oportunidade soberana de os mandar comer um cão…
Preparam-se para engolir toda esta cachorrada…
Irra.

domingo, 17 de abril de 2011

Uma receita para a Finlandia

A vós que aí no norte, frio e distante, ou pelo menos a parte de vós - parte expressiva, diga-se - que optaram por votar na extrema direita, xenófoba e racista, como todas as extremas direitas e que por mal dos nossos pecados, nos escolheram como alvos preferenciais, digo-vos que por aqui esteve um dia lindo.
Cheio de sol.
É Abril em Portugal, sabeis?
Ficai pois com o vosso dinheiro e a vossa boçalidade que nós ficamos com o nosso sol.
E a todos vós - também muitos - que nos queiram visitar, como amigos, vos digo: sois bem vindos e partilhemo-lo - o sol.
E eu talvez vos receba com uma sopa:
Um pouco de azeite num tacho, dois dentes de alho picados finamente, quando estes tiverem loiros junta-se um molho de espinafres cortados grosseiramente e junta-se sal, Passados poucos minutos, estando os espinafres estufados, juntamos coentros e poejos picados e alguma água a ferver. Escalfam-se ovos e pronto.
É tão simples.
Por aqui ainda há quem dê valor às coisas simples.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ai Abril...

Parece que muitos - a maioria, para também fazer uso desta entidade mítica - perderam a memória, a capacidade de indignação e acima de tudo a de interrogação.
Dizer hoje que Portugal não precisa de ajuda e dois dias depois afirmar que a ajuda que Portugal precisa não é só para seis meses mas para muito mais tempo, não envergonha o seu autor, não indigna a maioria e não conduz à curiosidade dos seus concidadãos.
Fazer de uma candidatura uma batalha de honra (segundo o conceito do próprio) contra os malefícios do partidarismo e passados alguns dias aceitar convite para integrar essa mesma partidocracia, não envergonha o próprio, não indigna a maioria e não conduz à curiosidade dos cidadãos.
Outros exemplos, imensos outros, poderiam aqui ser trazidos.
Há mesmo casos em que de tão recorrentes, muitos de nós aprendemos a interpretar os ditos nos exactos termos dos seus contrários.
Alguns afirmam - enveredando pela perspectiva moralista - que este estado de coisas é o retrato da condição e «estatura moral» do país. Em boa medida é verdade, mas a questão vai para além disso.
O que está a acontecer insere-se numa estratégia geral de descredibilização da democracia, procurando e em boa medida conseguindo, o alheamento e a culpabilização «cega» da política por todos os males.
Tudo se consubstancia na máxima das massas «são todos iguais».
E sob essa cobertura, vai ficando claro em cada dia que passa - para os que ainda não perderam as faculdades de memória, dignidade e capacidade de interrogação - que o governo de Portugal - e da Europa, acrescente-se - é o governo do capital.
São os bancos que ditam, decidem, arrecadam, arruínam famílias e países.
O dinheiro deixou de ser um factor de produção e passou a ser um instrumento de mera comercialização assente na mais descarada especulação.
A um gerente - supra sumo da inteligência «capital» - pagam-se somas escandalosas.
A um investigador que contribui com a sua inteligência, a sua dedicação e o seu trabalho para procurar encontrar soluções para os seus iguais, com merecido destaque para os que trabalham nas áreas da saúde, mitiga-se o que se lhe paga.
Pobres coitados dos gestores de meia tigela que dentro dos seus b emes e empanturrados nos tavares se julgam o supra sumo da sociedade.
Admitamos que em certa medida o são.
Desta sociedade decadente e medíocre.
Mas reconheçamos - os que ainda têm as faculdades já descritas - que homens com H são os outros.
Mas voltando à questão da natureza do poder político.
Se dúvidas existissem, bastava estar atento, aos últimos dias e às melhores prestações dos agentes nacionais do governo do capital.
Reunião de banqueiros - quais múmias -, recados de banqueiros seguidos à risca pelos seus diligentes empregados no governo, entrevistas a banqueiros - quais múmias - chegada do homens do FMI - qual Força de Intervenção - discursos dos pseudo especialistas empregados dos banqueiros, agachamentos dos outros que nem empregados são dos banqueiros. E a religião metida ao barulho, como sempre.
E o povo - as massas - as vítimas - compreendendo que a situação está difícil. Que é preciso salvar o País. Que o Sr. Presidente tem razão e que é preciso que todos se unam.
E vai daí,o povo - as massas - preparadinho para homologar mais um governo do capital, estando só indeciso se o há-de fazer com o cõnsul geral que lá tem estado se escolhe o outro cônsul geral.
E..
O general diz fanfarrão que assim não tinha feito a revolução.
Ah, pois não. Mas ela tinha-se feito muito bem sem ele.
Mas
Ai Abril….
Ai Abril.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Há muito, muito tempo...

Nem sempre assim foi, mas de uns tempos a esta parte, as segundas-feiras passaram a ser, dias de readaptação difícil.
Com o normal andar do relógio, os sintomas vão atenuando.
Mas enquanto dura, tem os efeitos de uma ressaca.
E foi durante esse período que dei por mim a recuar no tempo. A reviver momentos e a desatar memórias de um tempo distante, muito distante.
Portugal preparava-se para escolher o seu Presidente da República.
Estávamos então em Janeiro de 2011.
O candidato presidente virou presidente sem que antes nos tivesse pregado um susto, um grande susto. Ameaçou ele: «se houver uma 2ª volta» é a desgraça que se abate sobre o país, os mercados ficarão nervosos, as taxas de juro (usura) subirão e o resgate da dívida pública tornar-se-á inevitável.
O povo ouviu o professoral conselho e respeitou-o.
E como sabemos, decorrido este longo, longo tempo…
Nessas eleições havia também um candidato que se irritava quando o acusavam de ser conivente com a política do governo. Que não senhor, que ele estava lá sentado mas até votava distraído, que a ele ninguém o calava e que ele era a esquerda em pessoa.
Passado este longo, longo tempo, no comício congresso onde foi vedeta (como gosta) este candidato, vai para onde sempre esteve.
Havia um outro candidato. Homem integro como nenhum outro à face da terra, altruísta e com um grande valor intrínseco: era um homem sem partido e fora da “miserável” partidocracia .
Passado este longo, longo tempo, este candidato é candidato de um partido, para fazer parte da partidocracia e apresentado como trunfo pelo PSD.

Pelo menos as minhas ressacas só dão para embirrar com as segundas feiras. Um destes dias posso explicar o que julgo serem as causas.
Mas há para quem, as mesmas parecem dar para embirrar com o carácter e com a coerência (para referir só estes dois valores).

Pois há muito, muito tempo que este e outros homens semelhantes nos vêm cantando cantigas de embalar .

Mas também há muito, muito tempo (desdo que tenho consciência de mim) que conheço outros.
Outros Homens e Mulheres.

Íntegros.