Apesar de tudo, Novembro não merece.
Eu sei o que disse e sei que disse que não gosto dele.
Não lhe perdoo o facto de nos ter destruído os sonhos.
Os nossos cravos vermelhos murcharam então naquele ido e os nossos rostos até então de alegria, tisnaram-se de apreensões e revoltas.
Mas…
Mas, por outro lado, ele é também tempo de amores encontrados e construídos em ternas plataformas onde temos percorrido a vida.
E pode ser tempo em que os homens aprendam a corrigir rumos - é sempre tempo - de lhe tirar, a Novembro, o cinzentismo com que por vezes se tinge .
Nem tudo é mau em Novembro.
Às vezes já estamos com saudades da chuva e ela anuncia-se orquestrando melodias sobre os nossos telhados.
Sei que por vezes, essas melodias, assumem tons de violência e que nos dizem que muitos estão a sofrer as agruras que anunciam.
Mas…
E o estio não traz os fogos e secas?
Os tempos são assim, uma simbiose entre belezas e dramas..
Mas.. não é tão bom quando o frio nos remete para ternos aconchegos?
Ruborizados ao crepitar do lume. Castanhas e néctar dos vinhedos vizinhos como companhia.
Não é tarde para desculpar Novembro.
E porque não há-de poder ser Novembro também esperança?
Por mim, tarde, tardou esta desculpa.
E deu no que deu…
Nisto.
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