quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A vaca pode voar

Disse o primeiro-ministro (do Governo PS – não se esqueçam) que não se pode gastar todos os recursos do estado com a administração pública.

Claro que não senhor primeiro-ministro, até porque se assim fosse não sobrariam recursos para a banca privada e como sabemos, esta é prioritária.

Dizem-nos que já canalizou para esta – a banca privada - 10 mil milhões.

Para a reposição de direitos (coisa que tanto o senhor primeiro-ministro como o senhor presidente da republica -o afetuoso- consideram impensável que possa atingir os níveis de antes de serem tirados) indignam-se com a possibilidade de gastarem um décimo dessa verba.

Impensável, não se pode dar tudo, a todos, ao mesmo tempo.

Pois não. O que se pode é tirar tudo, a todos, ao mesmo tempo.

Todos, se forem trabalhadores da administração pública.

Mas é com a administração pública que se facultam os serviços de saúde, a segurança, transportes e infraestruturas, o ensino, a segurança social, as pensões, o apoio aos mais desprotegidos, os apoios na habitação, a defesa e a segurança do país, a representação nacional.

É com a administração pública que se geram alguns dos mecanismos de justiça na distribuição dos rendimentos e no uso de oportunidades.

É compreensível que grande parte dos recursos seja para aqui canalizado, ou não será?

Existem sempre outras excelentes alternativas. Paraísos fiscais, especulação, tubarões sem rosto e sem pátria, sanguessugas de todo o tipo.

A banca é um instrumento excelente para esses fins.

A comunicação social, apesar de adestrada, tem trazido para a opinião pública, nomes e cifras.
Senhor primeiro-ministro resista a ir por aí, deixe o senhor dos afetos a falar sozinho.

O senhor sabe que esse não é o caminho e tanto que o sabe que o tem dito e tem dado passos noutro sentido.

Porquê agora a inversão?

A vaca pode voar.

Mas também se pode estatelar.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

COMPRAS

Exmos senhores comerciantes e outros vendedores

Apresento agradecimentos pela parafernália de informação que me têm feito chegar, pelos diversos meios de que dispõem, sobre os produtos e bens que comercializam.

Podem crer que chego a ficar sensibilizado com a generosidade de facilidades, descontos e black friday diversas.

Descontos e mais descontos e muitos emtalão.

Nos últimos dias, que por mera coincidência são os que se aproximam das datas de recebimentos de salários e respetivos subsídios de natal (para quem os recebe), esta atividade informativa e quiçá até filantrópica tem assumido uma grande dimensão.

Aqui, deste burgo de onde vos escrevo, essa atividade tem sido potenciada pelo facto de alguns de vós terem investido na criação de um santuário para compras, vulgo shopping, centro comercial ou com outra designação qualquer.

Mas…

Lamento informar, mas não creio que o resultado que ides obter seja igual ou correspondente ao esforço informativo e filantrópico.
É que, meus caros senhores, os vossos representantes, nas vossas dignas associações, consideram que um salário de 600 euros é um luxo.

E assim sendo, muitos, não se podem dar ao luxo de corresponder à vossa filantropia. 

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Governo Regional

À semelhança do que já havia feito nas Grandes Opções do Plano para 2017, o Governo volta a incluir nas GOP 2018 a intenção da criação de “um novo modelo territorial assente em cinco zonas de planeamento e desenvolvimento territorial, correspondentes às áreas de intervenção das CCDRs.
Preconiza uma forma que denomina de democratização do funcionamento destas e esboça proposta para um Colégio Eleitoral a quem competirá a eleição do organismo executivo.
 Em 2017, ficou-se pelo plano e para 2018 planeia-se de novo.
Aguardamos.
Anoto no entanto que tal proposta não corresponde nem se aproxima à adiada regionalização administrativa do país que a Constituição consagra.
A concretizar-se, será mais uma peça, das várias que nos últimos anos têm sido criadas a retalho e para cujo processo não se vislumbra enquadramento constitucional.
Extinguiram-se os Governos Civis mas os distritos continuam a existir (pelo menos para fins de administração eleitoral); Criaram-se CIM (s) e estas são um misto associativo com institucional; extinguiram-se freguesias e criaram-se uniões de freguesia (sem que se perceba com que fundamentação legal; as regiões em que se suportam as CCDRs (meros arranjos administrativos de descentralização do poder central) têm a dimensão geográfica que os arranjos comunitários impõem (o Alentejo – para esses fins - inclui municípios ribatejanos).
O que agora planeiam, o que será? Como se chamará? Governo Regional?
Quantos membros? Como se vota? A quem se submetem os eleitos? Que competências? Que meios?
Sabendo – com base no esboço da proposta – quem constituirá o Colégio Eleitoral, teríamos no Alentejo – o Alentejo natural, de 47 municípios, sem municípios ribatejanos; a situação seguinte:
Eleitos em Câmaras Municipais
265
Eleitos em Assembleias Municipais (eleição direta)
795
Presidentes de Junta de Freguesia (membros de Assembleias Municipais)
230
Total de membros do Colégio Eleitoral da Região Alentejo
1290

Que, com base nos resultados eleitorais das últimas autárquicas (2017) teria a composição política seguinte:
Partido / Coligação / Grupos de Cidadãos
N.º de eleitos (Colégio Eleitoral)
Partido Socialista
610 (47.3%)
PCP / PEV
412 (31,9%)
PSD
123 (9,5%)
CDS
11 (0,9%)
PSD / CDS
34 (2,6%)
MT
2 (0,02%)
BE
5 (0,04%)
Grupo de Cidadãos
93 (7,2%)

Admitindo que o órgão a eleger (Junta Regional) seja composto por cinco elementos e admitindo uma transposição direta do sentido de voto, ou seja cada partido, coligação ou grupo de cidadão (hipótese meramente teórica, dada a heterogeneidade dos grupos) vota em candidatos politicamente sustentados em candidaturas assim elaboradas, a composição seria (aplicando o método de Hondt):
Três eleitos para o PS que incluem o Presidente e dois eleitos pelo PCP / PEV.
Admitindo cenário em que PSD, CDS e afins se unem em torno de uma candidatura, o resultado seria idêntico (distribuição).
Numa situação em que os eleitos em Grupos de Cidadãos decidissem votar todos em candidatura apresentada pelo PSD e CDS, verificar-se-ia uma alteração na composição, perdendo o PS um eleito que passaria a ser da coligação PSD/CDS e Grupos de Cidadãos.
Outras hipóteses meramente especulativas:
Todos os eleitos em Grupos de Cidadãos votam em candidatura do PS - mantêm-se a distribuição do cenário 1 (3 PS+ 2 PCP/ PEV).
Todos os eleitos em Grupos de Cidadãos votam em candidatura do PCP/PEV  - não produz alterações na distribuição do cenário 1.
Por fim, só uma nota para fazer referência ao facto de os cenários serem construídos com base numa transposição «mecânica» dos sentidos de voto. Alterações – facilmente consideradas expectáveis, que podem derivar de abstenção p.e.- podem alterar a distribuição, sendo que (da aplicação das regras do método de Hondt) a haver alterações, é em relação ao PCP/PEV que mais se coloca o risco de poder não conseguir eleger o 2º membro (exceto no cenário meramente especulativo – G. Cidadãos a votar em candidatura PCP/PEV.

21.11.2017

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Sugestão

Há por aí um alcunhador, ele próprio auto alcunhado, a quem me atrevo a sugerir que ponha alcunha.

Em tempos, considerando que Guterres falaria muito, criou a alcunha de picareta falante e atribui-lha.
Pois agora que temos figura pública, ao pé de quem Guterres até passa por reservado de falas, julgo oportuno que se alcunhe.

Se nos mantivermos nas ferramentas, sugiro martelo pneumático falante. Mais tecnológico e mais consentâneo.
Se optarmos por outro campo, sugiro metralhadora falante. Mais bélico mas de igual forma adequado.

Eu sei que ele usa outra…

Simples sugestões. 

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ubiquidade

Depois de almoço tento aproveitar uns breves instantes antes de voltar para o emprego.
Vou para a sala.
Antes de me sentar, desligo o rádio (ele lá estava).
Ligo a televisão e ei-lo, ele ali está.
Desligo.
Levanto-me e vou embora.
Tem sido assim, com uma enorme frequência.
Ele surge.
Eu desligo.
Confesso que neste campeonato, tenho perdido quase sempre.
Se salto da um, para a dois, ele parece acompanhar. Se mudo entre radio e televisão, ele faz o mesmo.
Ganho pontos quando se trata de internet ou jornal impresso, mas ganho por pouco. Globalmente perco e por muito.
Mas mesmo perdendo, insisto,
Sempre que ele surge, desligo.
Eu tenho direito à minha intimidade.
O homem, frenético, está em todo o lado. Principalmente onde haja desgraça. Parece um repórter de sensacionalismos.
Nós sabemos o quanto se sente chocado.
Nós também nos sentimos.
Sabemos que a dor é muita e que lhe compete dar uma palavra de conforto.
Nós também sentimos dor e procuramos dar o conforto possível.
Mas há muitas dores e muitos desconfortos a afetar muitos portugueses.
Vai ele usar de igual tratamento?
Por muito frenético que seja, não pode, nem lhe exigimos.
Perante a dor, as perdas, muitas, sendo a de vidas humanas irreparáveis, para além do conforto, do abraço e das palavras amigas é preciso agir já.
E agir já não é só apontar o dedo, mas usar todos os dedos para contribuir para encontrar soluções.
A alguns, parece sobrar o tempo para apontar o dedo e faltar-lhe para agir.
Outros, anónimos, vão arranjando tempo para agir.
Gostei de saber que agricultores alentejanos (a braços com uma seca terrível) reúnem fardos de palha (que lhes podem vir a faltar para alimentar o seu gado) e enviam para onde não há agora nada para dar de comer ao gado.
Gostei de saber que os pescadores de sardinha (a quem querem tirar o direito ao trabalho) enviaram para as zonas afetadas uma tonelada desses peixes.
Gostei de saber das ações da Cruz Vermelha Portuguesa que reúnem alimentos.
Dos médicos que desconvocaram a greve.
Estes (e muitos outros) são os confortos que devem ser dados de imediato após os confortos e as palavras de consolação.

O dedo deve apontar agora nessa direção.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Coisas sem nexo explícito

Os e as caniches
Acho os caniches insuportáveis.
Ladram, ladram, ladram por tudo e por nada. Julgo que ladram mesmo aos seus próprios rabos.
Como guardas, são inúteis, pois ladram por tudo e por nada o que faz com que não os levemos a sério, mesmo quando, eventualmente possa ser sério e como companhia são insuportáveis, por força do desassossego.
Se algum proprietário (não será anti animal falar de proprietário?) ler este desabafo, não leve a sério, ele até pode ser uma parábola….
Os velhos
Já por aqui contei estórias de velhos.
O nosso espaço de memórias de infância está repleto delas, quase sempre com o velho a assumir o papel de …velhaco.
Para lá caminhamos…para lá caminhamos.
Esta estória conta que, em tempos não muito idos, haviam na aldeia, na nossa aldeia imaginária, dois velhos. Um, cara de pau, mau como as cobras (ei-las de novo em maus papéis) e um outro, todo larachas, bonacheirão.
Como se sabe, cabe aos velhos, nessa nossa aldeia imaginada, o papel de chefes de aldeia.
As pessoas na aldeia, já não suportavam o velho velhaco (antes até tinham engraçado com ele e bastante…) e suspiravam pelo novo velho, o bonacheirão.
Passaram-se muitos anos assim, até que um dia, o velho velhaco foi embora da aldeia, ao que parece amuado e zangado com as pessoas.
E assim, de forma mais que esperada e desejada pelas pessoas da aldeia (não todas…não todas) o velho mais novo, bonacheirão, passou a ser o chefe.
As pessoas (quase todas) viviam encantadas…
Só que com o correr dos dias, as pessoas da aldeia colocavam os seus problemas ao novo chefe velho e ele falava.
Colocavam de novo e ele falava.
Falava. Falava e nada fazia.
Arranjava sempre maneira de culpar alguém. Ele não tinha nenhuma culpa.
Ele estava ali para falar, nada mais.
E para dizer que a culpa é dos outros.
E as pessoas da aldeia (ainda poucas) das muitas (mas não todas) que tinham ansiado pelo novo chefe velho começaram a ficar descontentes.
Diziam: «mas afinal este velho novo é até muito parecido com o outro chefe velho que se foi embora».

«Pudera - disse alguém que escutou – ele são primos».

terça-feira, 10 de outubro de 2017

GERINGONÇA

Sabem alguns a irritação que me causa esta aberrante denominação.

Uso-a hoje (com pouca ou nenhuma vontade de o voltar a fazer) porque verifico que mesmo entre os que pensam como eu (para a generalidade dos assuntos) se vulgarizou o uso desta aberração.

Partilhar este uso é, para além de alimentar o ego de quem criou a aberração, uma forma de partilhar o “filme” montado e produzido pela direita ressentida e ressabiada com a derrota em outubro de 2015.

O governo só tem um motor e esse é o motor do partido que o constitui. Todas as outras peças são de igual origem.

Se anda [1] deve-se a esse facto, ou seja, o veículo tem motor e peças PS.

Se outra analogia mecânica tem de ser feita digamos que os apoios parlamentares dados para aprovação dos OE, por parte do PCP, PEV e BE, se constituem como constituintes do combustível que precisa para se deslocar. Nada mais.

Em novembro de 2015 abordei aqui o entendimento que tinha sobre este tema. Relembro-o, porque parece útil
https://espojinho.blogspot.pt/2015/11/apontamentos-para-memoria-futura.html



Reafirmo que o Governo é um Governo do PS e não um Governo das esquerdas.

A repartição das flores e dos espinhos que resultem da governação quando a mesma for objeto de avaliação pelo voto, depende de se saber atempadamente proceder a esta clarificação que não tem nada de mecânica (e muito menos de ressabiamento de colunistas de serviço) e tem tudo de ideológica.

Faça-se quanto antes e ponha-se a dita cuja à porta do seu criador.




[1] (bem ou mal, ou sempre bem ou sempre mal, são apreciações que não cabem neste registo)
Eurodespedidas

Schau  ble  - Assim separado o nome porque gosto do som (carregando no a) que resulta da leitura da primeira parte. A segunda parte, gosto do som que origina (carregando no é) só na perspectiva onomatopeica, ble…ble…ble.

Lá seguem então as despedidas:

Au revoir; adiós; addio; goodbye (ainda faz sentido?); vaarwel (sentido e doloroso por parte do amigo holandês); AVTÍO e em Catalão (porque pode vir a ser necessário habituarem-se): adéu.

E em Português:

Adeus ó vai-te embora, não voltes, porque não deixas saudades
DE[i] (Depois de Escrito). Podes levar o Paulinho e a Maria? Tão contentinhos que iam ficar…



[i] Não faz sentido nenhum estar para aqui armado em poliglota ah agora e tal até usa expressão em latim. Pois não sei latim e então chamo a isto: Depois de Escrito.
O tradutor do Google é um grande amigalhaço…se é. 

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Catalão me sinto

De uma leitura breve de uma síntese histórica sobre a Catalunha, ressalta uma sequência de alianças, tratados, casamentos, períodos de independência, lutas, repressão, reis, rainhas, ditadores assassinos.
Não será pois dentro dessa densidade histórica e na história, porque não a conheço, que encontro os fundamentos para a minha simpatia com o processo em curso de independência Catalã.

A primeira razão residirá nas minhas convicções republicanas e na confrontação com o absurdo de em pleno sec. XXI aqui na moderna europa, subsistirem monarquias que têm homens e mulheres que dizem que são reis porque são filhos de reis e que os seus filhos serão reis porque e que…)

Que lata tem o partido do galego ao afirmar que o processo na Catalunha não pode ser levado a sério porque a Espanha não é o Sudão…
Não é mesmo?!

Outra razão reside na minha permanente recusa em aceitar a imposição e a tirania. O galego, há pouco tempo, defendeu a realização do referendo golpista que os golpistas levaram adiante na Venezuela. Defendia que era preciso dar a voz ao povo (na expetativa de o povo dar alento aos amigos golpistas do galego).

O referendo (farsa) realizou-se e hoje nem os seus cabecilhas querem falar de tamanho fiasco.
Na Catalunha, as autoridades nacionais (sim, a Catalunha é uma nação e tal está consagrado na própria Constituição espanhola) convocaram um referendo para perguntar aos Catalães se querem ou não continuar espanhóis.

E eis o galego, vociferando.
Referendo na Catalunha, não senhor. Os catalães não têm o direito de decidir o seu futuro.
E envia milhares de polícias que ocupam as cidades, agride milhares de pessoas (mais de 800 feridos), prende dirigentes, destrói locais de voto, apreende os boletins de voto, ameaça todos os envolvidos no processo.

E agora até  ameaça com prisão e execução dando como exemplo o que o um seu antecessor mandou fazer.

Como resposta ao clamor popular e à reação tímida que aqui e ali, alguns dirigentes na europa manifestaram face à brutal repressão, articulou os seus apaniguados para uma manifestação em Barcelona.

Nessa manifestação, que os organizadores proclamaram de unidade e diálogo, aplaudiram-se os polícias que agrediram os Catalães (até aos helicópteros da polícia enviaram saudações) e exigiram a prisão de todos os organizadores e apoiantes do referendo.
Bela manifestação de vontade de dialogar…

Não deixa de ser curioso, que o principal orador nessa manifestação tenha sido um Peruano (Llosa) habitualmente nesses lados das barricadas.
E falam de um milhão (perdão: 950 000 – os media é que depois falaram de 1 milhão) … e outros de 350 mil.
Não sei quantos foram, não estive lá.


E ao invés de agora se porem (o galego e os seus amigos) a contar manifestantes, porque não se dispuseram a contar votos?

terça-feira, 26 de setembro de 2017

O voto é a arma do povo
Ah pois…

A questão é procurar saber como usa o povo a arma.

Por vezes, tantas vezes, nem sequer a usa.

Outra, muitas vezes, usa-a para dar tiros nos próprios pés.

Em alguns casos, usa-a para cometer suicídio.

Mas, mesmo sabendo de usos erróneos e já que temos mesmo de falar de armas, mais vale um povo armado que um povo desarmado.

No Reino Unido querem agora alguns que o povo seja de novo chamado a disparar. (abrir link)

Ah pois, porque quando o povo não dispara no sentido que alguns querem, não vale. Tem de disparar de novo e outra vez de novo até acertarem.

Talvez para evitar estas perdas de tempo e o desperdício em munições, o nosso vizinho Mariano não quer deixar os catalães votar.

Não votam,não votam e não votam. Era o que faltava.

Confisquem as armas, prendam os dirigentes, se não resultar, prendam o povo. (abrir link)

O povo não pode votar.
Não sabe.

Ah pois…

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

CASSETES
Sempre do mesmo

Julgo saber que, pelo menos em tempos idos (não muito idos) se lecionava retórica nos cursos de direito.

Todos somos testemunhas dos excelentes resultados obtidos com tal formação por alguns. Para exemplificar, lembramos-nos logo do super ministro das decisões irrevogáveis.

O homem era (ainda será certamente) um verdadeiro artista nas entoações, nos ênfases. Com ele, os discursos ganhavam contornos de eloquência, de limpidez. De tal forma que todos acreditámos que a decisão irrevogável era garantidamente irrevogável.

Confronto-me agora com a dúvida se não será lecionada nos cursos de comunicação social uma cadeira sobre a arte da omissão.

A dúvida ressalta (pela enésima vez e pelas enésimas razões) sobre uma análise (para os que saibam a fronteira entre análise jornalística e informação, apelo a eventual correção) publicada na edição impressa do Público de hoje.

O tema: eleições na Alemanha.

Para além de em determinada passagem (que cito em seguida) ter ficado demonstrado que demografia não é garantidamente matéria lecionada nos cursos de comunicação social (ou então a jornalista em questão teve dificuldades de perceção). Veja-se o que escreve: Houve também um choque, a entrada forte no Parlamento da Alternativa para a Alemanha (AfD), que capitalizou com medos e descontentamentos vários, sobretudo com a entrada no país de mais de 800 milhões de refugiados, fl irtando com polémicas e retórica de extrema-direita — chegou a 13,3% dos votos”[1]

Ficámos a saber que o Die Linke, (5.º partido mais votado), foi pura e simplesmente omitido (rasurado) quer do articulado, quer mesmo da infografia que ILUSTRA o texto.

Na análise de outra analista ficámos a saber que esta nada aprendeu com a derrocada dos arcos governativos em Portugal, pois por sua douta sentença exclui o Die Linke do espaço governativo.

Omite a articulista que o Die Linke que ela afasta, obtém 18,8% no Estado de Berlim sendo a 2ª força atrás da CDU (tendo esta pouco mais de 20%); 17,2% em Brandenburgo (3.º lugar) e 17,8% na Pomerania Ocidental (3.º lugar) e que participa nos governos dos estados de Berlim; Brandenburgo e Turingia[2].

Omite que o Die Linke que ela nem sequer refere, subiu de 8,2% e 64 deputados (em 2013), para 9,2% e 69 deputados (em 2017).

Uma simples sequência de omissões das muitas omissões emitidas (com arte, diga-se).
Que nada mais são que expressão de vontades próprias.



[1] Público, 25.09.17 Pg (s) 2 e 3
[2] Com a valiosa contribuição da Wikipédia. 

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

As falsas notícias começam a ser tema.
Já li, sobre o assunto, interessantes artigos escritos por conceituados especialistas na matéria.
Em inglês, como convém (não tem expressividade cientifica dizer em português, dizem-nos alguns) designam-se por “fake news”.
Em alguns meios académicos, em sequência, já falam de “pós verdade”
Rapidamente surgiram os especialistas no tema.
Ainda bem, acrescento desde já, pois num tempo recente, não existiam “falsas noticias” e os que as procuravam desmascarar eram olhados de soslaio.
Dei, o meu contributo, como se pode verificar nesta amostra de exemplos:

É evidente que me sinto reconfortado ao verificar que tem amplitude mediática a denúncia das “fake news”:


Acalento a esperança que o debate que agora parece ganhar amplitude, possa contribuir para que em grande escala, as pessoas comecem a perceber que o que tinham como noticia (informação certa) em muitas situações mais não são que construções que visam determinados fins (bem maliciosos, na generalidade).

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Geografias
Hoje deixámos de ser europeus

A Europa pode ser um continente (será?) pequeno, mas é grande em significações.

Conforme a data, ele (o continente) pode variar no conjunto de países que o compõem (uns, integrá-lo-ão antes de 1989 (muro de Berlim), outros após essa data).

A Turquia, será europeia, consoante os ventos de levante.

A Rússia (parte dela) depende, os Urais são muito inconstantes na sua localização (esperemos que não).

As posições políticas dominantes sempre definiram a composição e esta, como sabemos, variou muito nos últimos anos por força do «desaparecimento» (é assim que é usual ouvirmos) da europa do leste.

E eis que de novo regressam à Europa, países que antes não tinham esse estatuto.

Resolvida a questão do «leste», com muita frequência ouvimos falar da europa como o conjunto de países integrantes da U.E.

O Bréxit vem mexer de novo nas fronteiras. O Reino Unido deixará em breve de ser europa…
E hoje, o homem com nome de esquentador, apresentou ao mundo uma nova configuração conforme noticia que se pode consultar através do link seguinte:http://www.jn.pt/mundo/interior/juncker-esquece-se-de-portugaleuropa-vai-da-espanha-a-bulgaria-8767425.html.

Eu, geoconservador me confesso, continuo a considerar como Europa o que no link seguinte nos é apresentado: https://pt.wikipedia.org/wiki/Europa   


Constituída pelos países constantes da lista que a Wikipédia nos apresenta: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_Estados_soberanos_e_territ%C3%B3rios_dependentes_da_Europa

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Viragem à direita

Tenho esta tendência crónica de quase nunca estar integrado em maiorias  e de quase sempre discordar do que me é apresentado como amplamente consensual.
Dirá a maioria que se trata de uma patologia.
Pois.
Reafirmado o inúmeras vezes afirmado e assumindo-o, entendo por quase desnecessário dizer que não gosto do PR actual (do anterior nem me quero lembrar).
Não gosto do estilo frenético. Não gosto da presença obsessiva.
Também não gostava enquanto professor (corrijo: O Professor), ou seja (tivesse sido) o professor dos professores.
Sei que a maioria gostava do Professor e que gosta do PR.
Que lhes faça bom proveito.
Vem este escrito a propósito de o PR ter afirmado recentemente que, quando vira à direita, a direita nem repara.
Mas é perfeitamente compreensível.
Por um lado, porque não liga nem precisa, o pisca.
Por outro, porque não se trata de uma viragem propriamente dita, mas simplesmente de uma «adaptação» de tráfego à faixa mais à direita, da faixa direita onde circula.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Lembras-te?

Há muito tempo, que não passava por aqui.
Desde março deste ano.
Não passava. Pronto. Sem explicações.
Mas, episódios pequenos, daqueles a que por vezes ninguém dá importância, mas aos quais eu dou - vá-se lá saber porquê - fizeram com que sentisse a necessidade de aqui voltar.
Na Festa - do Avante, claro - um amigo tentou lembrar-me de uma afirmação minha a propósito das eleições autárquicas de 2013.
Lembras-te de teres dito que não era possível a CDU ganhar as eleições (Em Évora)?
Claro que não me lembrei.
Lembrei sim, que julgo ter dito o contrário.
Mas, como ter dito uma coisa, ou ter dito o contrário não me parece questão relevante (para o momento) resolvi não contrariar o meu amigo.
Mas,logo que  me foi possível, consultei o «espojinho», mas nada encontrei sobre o assunto onde pudesse aferir uma ou outra afirmação.
Não faz mal, até porque não tenho pretensões a seguir a carreira de adivinho, mas fez bem porque voltei ao «espojinho» de quem já tinha saudades.
Mas, caro amigo, poderei provar-te que a minha opinião sobre o resultado não era a que afirmaste.
Prevenindo situações futuras e porque se aproximam novas eleições autárquicas, deixo aqui registado: sou de opinião que a CDU vai de novo ganhar as eleições para a Câmara Municipal, porque...merece.
Um abraço caro amigo.

quarta-feira, 15 de março de 2017

A verdade e as suas construções


A História estará repleta de episódios de construção de verdades. Sempre se soube que, para atingir um determinado fim, importava que primeiro, se criassem as condições para a sua ocorrência.

Em linguagem corrente, designar-se-á por «criar o ambiente».

Para intervir no Iraque, «criou-se o ambiente» e inventaram-se armas de destruição maciça, para os serviços secretos Franceses matarem Kadhafi, tiveram primeiro que criar as condições «ambientais» e assim, de igual forma, em muitos outros sítios e em muitas outras situações.

Atualmente o processo é um pouco mais refinado. Se antes consistia no «bombardeamento» da mentira, que se queria fazer massificar como verdade, hoje consiste na pulverização (continuando a usar linguagem bélica, talvez um processo semelhante às bombas de fragmentação) de inúmeras mentiras de forma a criar a confusão generalizada.

O resultado é uma opinião pública desorientada, sem qualquer interesse em apurar a verdade e assumindo que esta – a verdade - é a que for mais bem construída e mais difundida. A verdade (que não sabe o que é) não interessa ao cidadão comum.

Confesso que já dei por mim a pensar se serão reais algumas das personagens. Vejam-se o loiro americano e o loiro holandês. Tão parecidos em tudo, com traços e posses inumanas. São gente? A mim parecem robots.

E as massas  – nunca fez tanto sentido, este termo – passeiam-se alheadamente por entre esta fragmentação, perdendo continuadamente a sua capacidade critica e a sua sensibilidade social e humana.

É incrível ouvir expressões do tipo: «eu não quero saber. Vou votar para castigar» - no caso, o voto era no robot loiro holandês».

Mas castigar quem? Diga-se que há uma grande carga de masoquismo nesta atitude anunciada.
Se não consegue espetar o prego, castigue e dê com o martelo nos seus dedos.

Vamos aguardar para ver quem sai castigado das eleições holandeses de hoje.

Pressente-se que se começam erguer, de entre a poeira causada pelas bombas de fragmentação, homens e mulheres que ainda dão valor à verdade e que gostam dela a corresponder o mais possível ao real.
Aguardemos.

terça-feira, 14 de março de 2017

A insustentável leveza das consciências pesadas


O episódio em torno de uma pretensa conferência, numa faculdade portuguesa, promovida por alguém que vangloria Salazar, virou assunto, politicamente correto e amplamente divulgado.
Bradou-se contra o ignóbil crime de violação da liberdade de expressão dos organizadores.
Os comentaristas de cartilha dedicaram-lhe extensas linhas e profundas análises, sob eruditos títulos, alguns deles de subtil carga irónica, tipo: “assim se vê a democracia do pc” ou “tolerância dia sim, dia não”.
A estes juntaram-se alguns políticos.
Ou seja, a tolerância que defendem, tem de incluir o direito de os outros fazerem a apologia da eliminação da liberdade do direito à livre expressão. Tipo, oferecer a outra face depois da agressão, coisa que nem os proprietários intelectuais da expressão, fazem ou fizeram uso.
Entretanto, ficou hoje a saber-se que o Parlamento Europeu, aplicou aquilo que define como severas medidas disciplinares, contra o eurodeputado polaco que proferiu uma série de idiotices sobre as mulheres.
Mas porquê, porque não se interrogam os mesmos analistas de cartilha? As medidas do PE não são violadoras da liberdade de expressão do eurodeputado?
Claro que a proibição da apologia do fim da liberdade de expressão e a punição ao eurodeputado são medidas que se integram na mais elementar ação pela dignidade humana e pelo pleno exercício da liberdade de expressão.
Assumir a liberdade de expressão como um princípio absoluto, pode ser um importante contributo para o fim da própria liberdade de expressão.
A liberdade de expressão pode e deve ser condicionada pelo respeito absoluto pela vida e dignidade humana.
O facto de cada um de nós ser hoje (os que o são) homens livres, não nos dá ou dará o direito de sobre um próximo, perorarmos a belo prazer, atentando contra a dignidade a honra dele.
Os homens são livres quando respeitam a liberdade dos outros homens.
Não são livres, os que defendem o fim da liberdade (como bem geral e de uso responsável por todos) e os que consideram que entre homens e mulheres, os primeiros devem ter a primazia porque são seres mais inteligentes.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Mulheres

Talvez porque a primavera se anuncia com uns dias quentes e cheios de sol.

Talvez porque para tal me deu na real gana.
Talvez por saudades.

Saio, talvez só por uns momentos, da longa hibernação a que me sujeitei.
Espero que o «espojinho» ainda esteja ativo.

Para escrever sobre mulheres.

Há dois dias distribuíram-se flores nas ruas das cidades. Mas não eram cravos.
Os homens preenchiam longas filas nas floristas.
As mulheres encheram os restaurantes ao fim do dia. Muitas saíram para a rua com cuidadoso esmero. Sobrancelhas, lábios, unhas, tudo muito bem produzido.
Vestiram as suas melhores e mais vistosas roupas.
Algumas.
Outras, foram para as fábricas trabalhar ao lado dos homens para desempenharem as mesmas funções e serem remuneradas por um salário inferior.
Ou saíram de casa às cinco da manhã, deixando os seus filhos sozinhos ou ao cuidado de avós velhos, para irem tratar das lides das casas e dos filhos de outras mulheres.
Outras, deslocaram-se para mais uma entrevista ou ao centro de (des)emprego à procura do trabalho que lhe falta.
Ou ficaram em casa, cuidando dos filhos e gerindo o quase nada para que chegue a quase todos.
E estas, que também gostam de flores, talvez ao fim do dia, alguém se lembre.
Talvez lhe baste um abraço cúmplice, do filho que regressa da escola ou do marido, companheiro e amigo regressando a casa.
Assim costuma ser nos outros dias, quando não são dias da mulher.
No dia das mulheres, as mulheres não passam todas, a ser mulheres iguais.
No dia da mulher, há mulheres que, tal como nos outros dias, vivem de superficialidades, arranjarão o cabelo, as unhas e as sobrancelhas. Irão jantar fora, com outras como elas.
Algumas enviarão sorrisos aos seus maridos que discursam e que falam da destreza das mulheres…quando em compras nos supermercados ou no papel exemplar de fadas do lar.
As mulheres de Temer e de Trump são mulheres.
Mas estas e todas as outras iguais, não são as mulheres que se evocam no 8 de Março.
Por isso, quando de novo vos oferecerem flores na rua ou quando marcarem novos jantares de mulheres para 8 de Março, não se distraiam.
Há mulheres e mulheres.

E a diferença não se atenuará, com quotas.

…porque será que tenho a sensação que andamos distraídos?!