quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O mundo do faz de conta


Vivemos no mundo de faz de conta e faz de conta que acreditamos.

Todos sabiam (fez até mesmo questão que assim fosse, que todos soubessem) mas …, fizeram questão de fazer de conta e…votaram (ou não) em Trump.

De que importaram as boçalidades, as provocações mais grosseiras à dignidade das mulheres, as declarações inumanas sobre negros, mexicanos, a tudo o que fosse diferente, se as mulheres, os negros, os mexicanos votaram nele? (ou não).

De que importa sabermos que os media nos mentem todos os dias, a todas as horas?

Sabemos, pois não somos estúpidos, que é mentira que em Alepo os Sírios bombardeiam durante dias seguidos um edifício onde estão 100 crianças (só 100 inocentes crianças, separadas dos familiares, mais ninguém) mas fazemos de conta que não sabemos, que é mentira.

Porque bombardeiam os Sírios um edifício onde só estão crianças?

Porque o bombardeiam e ele (o edifício) não colapsa?

Porquê, apesar da ferocidade dos ataques, ainda continuam 100 crianças, no edifício que os sírios continuam a bombardear?

Porquê, tendo passado dias, semanas, meses, a bombardear edifícios (com 100 inocentes crianças) hospitais (onde estavam velhos e crianças) escolas (onde estavam velhos e crianças), os Sírios derrotam os rebeldes (sim, em Alepo, são rebeldes e em Mossul os mesmos são EI)?

A toda a hora, com diretos que não sabemos de onde, somos nós os bombardeados.

Bombardeados com mentiras que sabemos que são mentiras, mas fazemos de conta que não sabemos.

Este mundo de faz de conta, já é perigoso.

Mas fazemos de conta que não sabemos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

É obra...


Há dias, um blogue do burgo, sob venenosa insinuação – que não fica nada bem aos pergaminhos ditos revolucionários dos seus autores – afirmava que o Alentejo tinha perdido, nos últimos 40 anos, metade da sua população.

Os 40 anos a que se referia, eram os 40 anos do Poder Local Democrático, balizados entre as primeiras eleições autárquicas (12/12/1976) e a presente data.

À afirmação, acrescentava: «é obra».
Insinuação tão primária e tão sem sentido.

Mas, concentremo-nos na afirmação.

A operação censitária mais próxima do início do intervalo, é a realizada em 1970. Nela, segundo o INE apurou, o Alentejo tinha então, 531191 residentes.

Em 2011, de novo por operação censitária, o INE apurou 509849. Portanto, menos 21342 (-4,01%).

A vontade de fazerem a insinuação foi tão grande que perdeu a noção do ridículo.

A perda de efetivos que o Alentejo regista a partir dos anos 90 é um problema grave. Não tem é (felizmente) a gravidade catastrófica que o bloguista lhe quis colar.

Se quiserem analisar a dinâmica demográfica recente (para além das perdas iniciadas em 90) podem analisar o êxodo dos anos 60 (e nem mesmo aqui atingiu as proporções que referem), assim como o crescimento muito positivo verificado nos anos 80 (precisamente a década de implantação do Poder Local Democrático).

Mas façam-no com rigor analítico.

Sem insinuações rasteirinhas.

domingo, 27 de novembro de 2016

Não, não morreram

Nem o comandante, nem o sonho.

Morreu o homem.

A Revolução Cubana preencheu o meu imaginario desde o tempo que me foi permitido imaginar.
E esse tempo começou quando comecei com muitos outros a trilhar os caminhos que a liberdade nos apontou.
Começou quando começou a liberdade.
Quando ficámos a saber que podiamos pensar o futuro a cores
Começou com a Reforma Agraria, com o tomar partido, com os movimentos de alfabetização de adultos, com as jornadas de trabalho voluntário.
E continuou mesmo quando a leste implodiram parte dele.
Quando aqui, com bastoes e mortes, destruiam pedra a pedra cada uma das coisas bonitas que haviamos construido.
E continua, nestes tempos de novo negros.
E vislumbra-se nos pequenos vislumbres de esperança.
Em vida, muitos quiseram matar Fidel.
Agora que morreu, querem matar-lhe o sonho.
Nao creio que o consigam.
Eu partilho-o
E sei que muitos outros, muitos, muitos mil, tambem partilham o sonho de Fidel.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Não fosse tanta a dor dos que sofrem...

E apeteceria ironizar.

Na guerra que quase todos foram fazer na Síria não há bons e maus.
Só maus.

Ou não será assim?!
Pelos vistos não é e há mesmo, bons e maus.

Maus, são os Sírios e os que os apoiam.
Bons, são todos os outros com exceção dos primeiros.

Se as «notícias» falam do objetivo de reconquistar Mossul (Iraque) tudo decorre em perfeita harmonia, quase tipo guerra de Raul Solnado, onde não há vítimas civis, hospitais bombardeados, crianças a sair de destroços. As baixas são sempre altas patentes do exército islâmico.

Se, pelo contrário, o «teatro das operações» - o que eles gostam desta definição- se centra em Alepo, então é um rol de desgraças. Ninguém disse até hoje quantos hospitais terão existido nesta cidade, mas seriam muitos certamente já que quase diariamente a aviação russa e síria destroem um. Dos bombardeamentos destes, resultam sempre e exclusivamente vítimas civis e em grande número crianças e velhos.

Infelizmente, o que contamos diariamente são mortes, muitas mortes.
E porquê e para quê?
Imensos e imorais interesses estão por detrás desta mortandade.
Geopolítica, dirão os analistas.
Canalhices, digo eu.

Nunca fui à Síria (e lamento não ter tido essa oportunidade) assim como não fui e também lamento, ao Iraque, à Líbia, ao Líbano, à Palestina, mas sei pelo que li e pelo que me deram a ver, que ali, nas redondezas e berço da nossa Antiguidade, existiam cidades bonitas, marcas civilizacionais deslumbrantes e povos como os povos de que fazemos parte.

Há uns tempos, quando dos seus diretos de Paris, era para mim impensável vir a dizer qualquer palavra elogiosa ao jornalista Paulo Dentinho (por muito alinhamento com o «sistema») mas, depois da entrevista que tantos viram, digo-lhe obrigado de forma sentida, por ele ter conseguido mostrar um pouco dessa terra, por instantes, por breves instantes, sem estar manchada de sangue, bombardeada, destruída e por ter contribuído para perceber (pela isenção que demonstrou) uma parte dos porquês e dos para quê.

sábado, 19 de novembro de 2016

Sonho de uma noite de outono

Sonhei que, numa bela manhã deste sereno Outono, nem um cliente, nem um sequer, entrava em qualquer uma das lojas deste grupo que se prepara para mudar a sede social para a Holanda.
E durante todo o dia assim continuou a ser.
Nada.
Nada houve nesse dia para registar a não ser o registo da magnífica tomada de posição coletiva dos consumidores portugueses.
Louco. Sonho louco. Apressam-se a dizer.
Retribuo dizendo: loucos, comportam-se como loucos ou pior…
Ao burro, para comer erva seca, puseram óculos verdes para ele a ver verde.
A nós, nem precisam de nos pôr óculos, mas se tal se tornar necessário, eles farão uma «promoção» e todos compraremos os óculos.
Mas são todos iguais, dizem-me alguns com um ratinho na consciência. Pois deixariam de ser, pelo menos este deixaria de ser e bastava o meu sonho concretizar-se, por um dia, só um dia.
Querem adivinhar se todos continuariam a ser iguais depois desse dia?
Experimentem.
Por um dia só que seja.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O comboio passante


Está viva a discussão sobre os malefícios da passagem do comboio no traçado proposto pela Infraestruturas de Portugal, no troço entre Évora (estação) e Évora Norte.

Este troço faz parte do Corredor Internacional Sul que visa ligar o Porto de Sines a Espanha e está integrado no Plano de Investimentos em Infraestruturas Ferrovia 2020.

O custo total estimado é de 626,1 milhões de euros e projeta-se a conclusão (traçado Évora /Fronteira – Caia) para o 4º trimestre de 2019.

Acreditando, em 2020, os eborenses poderão ir de comboio a Badajoz comprar caramelos.
Poderão mesmo?

Poucas são as vozes que anunciam a vertente de passageiros. Só se fala de carga e de carga passante entre Sines e Espanha.

Pois a ser assim, os benefícios para a cidade e para a região poderão cingir-se a…ver passar os comboios.

15 por dia, segundo declarações de responsáveis da IP,  com 750 metros de comprimento (ena) e carregadinhos e rápidos.  O plano já citado, refere que serão 51 comboios (uma pequena diferença).

Se não tem passageiros nem plataforma de carga para servir Évora e a região pois que vá passar longe.

Claro que o interesse não será a compra de caramelos (evidente ironia) mas sim a importância estratégica que o comboio poderá ter para a cidade e para a região.

Olhando só na perspetiva turística, ressalto duas possibilidades:

As praias do litoral alentejano passariam a ser as praias de fim de semana para muitos milhares de espanhóis que poderiam usar o comboio em detrimento do automóvel e acrescentar assim rapidez, comodidade e segurança na deslocação.

Muitos alentejanos, principalmente da raia, fariam o mesmo.

Cidades Património da Humanidade (Évora; Elvas; Mérida; Cáceres) passariam a estar ligadas por comboio, tornar-se-iam mais próximas e disso resultariam dinâmicas acrescidas de procura.

A existirem benefícios, sou de opinião que há lugar para a discussão e para a aceitação de medidas que possam ser de mitigação para os problemas que um projeto deste tipo acarreta.
Se não existirem e sabendo que eles existem para o país, pois que o «país» não sacrifique Évora e estude e aplique um traçado que se afaste da cidade e afaste esta dos inconvenientes de comboios passantes.


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O que Marx não disse...

 

Ou talvez tenha dito

 

Ele disse que o capitalismo acabaria por implodir minado pelas suas contradições internas.

O que são então as explosões que estão a ocorrer pelo mundo fora?

Para os analistas de alcofa, devotos de uma sebenta rançosa, são meros percalços de caminho, que o «sistema» depressa corrigirá.

Corrigirá de facto?

Algum dia quererão eles (os ditos) procurar saber o que se passa realmente?

Não creio e não anotei a mais pequena tendência para tal.

A pergunta mais honesta que se ouviu (a propósito da Trumpada) foi: «Como foi possível?»

Mas creio que subjacente, não estava a dúvida, mas sim a estupefação.

Pois fiquem sabendo que as explosões que se ouvem podem não ser mais que o culminar do processo de implosão da engrenagem.

Vocês, os analistas, ainda vão continuar com os vossos doutos saberes.

Tão doutos que nem se apercebem que quase só vocês se convencem da sua «bondade».

Mas

Marx parece ter esquecido de alertar para a gravidade dos danos colaterais.

E não o tendo feito, os desempregados, os sem direitos, as mulheres, os negros e todo um vasto leque de «desesperados» que votando Trump,  contribuíram para mais uma deflagração interna, irão também ser vitimas – senão as primeiras – dos nefastos efeitos da explosão.

Mas será que não disse, que não alertou mesmo?

Uma releitura (sim, porque toda a gente leu Marx – se não, não citavam, não é verdade?) de 0 “18 de Brumário”, talvez se aconselhe.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Bebam mais uma que pago eu


Soeiro Pereira Gomes dedicou «Esteiros» aos filhos dos homens que nunca foram meninos.

Com as salvaguardas por mais que evidentes, dedico este escrito de hoje aos boémios revolucionários que acordaram tarde para a revolução e que se entretêm dizendo mal dos que a fizeram.

Estes boémios revolucionários fazem quartel-general ali para os lados do Palácio do Barrocal, mais propriamente na esplanada que fica no seu átrio. Regam abundantemente as suas teorias e ao invés de pokemons caçam temas fraturantes.

Extinção de comandos, uso de pesticidas que queimam ervas, abundancia de ervas (por não uso do pesticida), cidade suja, grupos desportivos com dinheiros públicos.

São só alguns exemplos. Uns de natureza mais abrangente, outros bem locais.

Salta à evidência que estes boémios revolucionários estão em campanha eleitoral. E fazem-na, com a arte do que sabem fazer: dizer mal (principalmente de comunistas).

Agora é de novo o comboio. Que faz barulho, que corta a cidade. Que faz tremer as casas.
Évora não merece que o comboio aqui passe causando todos estes danos. Comboios nos centros de cidades só em cidades que em nada se podem comparar a Évora, como sejam Madrid, Barcelona, Lisboa, Porto, sei lá quantas mais.

Pois eu quero o comboio. Com medidas para atenuar ou eliminar consequências negativas (atrito, som, atravessamento da linha).

E quero o comboio «completo», ou seja, que por aqui não circulem só comboios de mercadorias, mas e também de passageiros e neste último caso com paragem e possibilidade de embarque e desembarque.

Porque eu quero ver passar (e parar) os comboios.

E vocês, boémios revolucionários, bebam mais uma que pago eu.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Regresso


O «espojinho» regressa e por agora vai focar-se (não em exclusivo) à cidade.

Sabe que é tema “arenoso”, mas assume os riscos.
O que agora por aqui é tema central, é o estado de limpeza (ou da sua ausência) de praças e ruas.
Nos borrões blogueiros do burgo estampam-se escritos que expressam as raivas e as frustrações diversas.
Num ou noutro caso, genuínas expressões de descontentamento.

E é no campo destas últimas que o «espojinho» se centrará, quer para as questões da higiene pública, quer para outras áreas.

A cidade está de facto suja. Os matagais abundam. As sarjetas cheiram mal.

As causas para tal situação serão várias. A autarquia centra-as exclusivamente na escassez de recursos humanos.
Tal escassez pode ser causa principal, mas outras razões existirão.

No que à autarquia diz respeito (no que concerne aos recursos humanos) poderá começar por avaliar gestão (p.e. : grandes equipas, ou áreas específicas sob responsabilidade de equipas mais reduzidas?), planeamento (p.e. horários, dias de descanso, férias), capacidade de motivação e  o moral (não se entenda como “ a moral”).

Os recursos técnicos (máquinas) obviamente que estão condicionados pela escassez de recursos financeiros, mas devem ser priorizados investimentos nesta área.

Algumas questões “pequenas”:

Os contentores subterrâneos são solução ou são problema? Em sua volta é uma verdadeira imundice.
Os caixotes da Gesamb  para a recolha selecionada não são uma aberração?
Os oleões deveriam imediatamente ser retirados e a Gesamb obrigada a reparar as zonas encharcadas de óleos que as circundam.
De certeza que não há uma viatura com problemas de estanquicidade? O rasto que fica nas ruas parece indicar a existência de problemas a esse nível.
Há fiscalização (na hora de fecho de restaurante e bares) quando arrastam sacos de plástico rotos deixando atrás de si um rasto de sujidade?
Se há, que penalizações foram aplicadas aos donos dos restaurantes e bares sitos na Alcárcova de Baixo (e limítrofes), na Praça Joaquim António de Aguiar, na Rua Nova?
O relvado da Praça Joaquim António de Aguiar virou parque canino? – Se sim, indiquem-no para evitar que as crianças brinquem naquele espaço que julgam verde e limpo.
Quantos proprietários de cães já foram autuados por força da conspurcação que deixam com os passeios noturnos que fazem?
Experimentam o período entre as 20 e as 22 na denominada estrada das piscinas.
Que medidas tomaram para controlar a praga de pombos?
O horário de recolha no CH é o melhor? Pelo menos nas zonas de bares e esplanadas deveria ser alterado.

A cidade está suja.
É preciso agir.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Autuações

As sanções nada mais são que revanche.
E assim sendo, não percebo as caras de pau, para não usar outra expressão, de Passos e Luis.
No mínimo parecem não ter vergonha alguma na cara.
Caladinhos, talvez alguns se esquecessem, mas assim?

A atitude deles, fez lembrar uma estória antiga, passada na minha terra.

Um soldado da GNR, zeloso e sempre disponível para apresentar serviço, ao ver que o pai se aproximava de bicicleta, logo se pôs impante à sua frente e mandou parar e apresentar documentos.
O velho, incrédulo, cumpriu.
O guarda, circundou, circundou e finalmente exclamou: Vou ter de o autuar, a luz da frente está fundida.
O velho balbuciou: mas é dia e bem claro e foste tu que me emprestaste a bicicleta.
O guarda ripostou no tom habitual com que os guardas ripostavam naquele tempo:
Nada de conversa. Está autuado.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Sansao e Dalila


O que eles querem sancionar não é o déficit coisa nenhuma mas sim o facto de aqui haver um governo não-alinhado com o status quo liberal que domina a U.E.

Esse status quo sob a batuta alemã e tenores de paragens (em todos os sentidos) próximos, não se sentem incomodados com o crescimento da extrema-direita e com os riscos de implosão que ela arrasta, mas estão furiosos com o facto de os portugueses terem despedido os seus rapazes que aqui tinham de serviço.

(E a Espanha aqui tão perto…)

E usam a sanção como Dalila e julgam que o povo de cabelo cortado não terá mais condições de se erguer.

Creio que como na história bíblica estes filisteus ainda não se aperceberam que a Sansão de novo crescerá o cabelo.

E nesta história reinventada, Sansão é o povo.

Já não se pode ouvir falar de sanções.

Por isso prefiro Sansão…

Ou futebol…ou microfone no lago…ou hiperatividade presidencial (à nossa custa, claro).

sexta-feira, 24 de junho de 2016

É a cultura, estúpido

Agora que, nem todos pelas melhores razões, os britânicos disseram não à União Europeia, talvez fosse oportuno que a oligarquia europeia parasse para refletir um pouco.

Sinceramente não creio que o venha a fazer. Fará, isso sim, mais do mesmo.

Retomará o caminho de arrogância e de prepotência que conduziu a estes resultados no referendo britânico e conduzirá a União Europeia para a implosão.

Gostaria de estar errado e de acreditar que, face a este resultado, esta gente cega e arrogante irá infletir, por pouco que seja, a sua ação.

Mas, quando na véspera do referendo, Junker, se porta como elefante em loja de porcelana (quantos britânicos não terão decidido votar não, graças às palavras dele) não se pode esperar que agora tenha juízo.

Vai, ele e os outros, continuar a ignorar que o povo pode ser fustigado pela economia (leia-se lógica liberal financeirista) mas que a cultura acaba por prevalecer e com ela os povos se libertam.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Texto para depósito



Confesso que sinto algum desconforto ao verificar que, partilhando da vontade de os britânicos dizerem não à UE no referendo, verificar que muitos dos que assim pensam, não se situarem (nem de perto, nem de longe) na minha forma de ver a Europa e a cooperação entre os seus povos, mas situarem-se sim, no seu antípoda.

Gostaria que os britânicos dissessem não à UE, não por receio da emigração, não por se recusarem a receber refugiados ou por qualquer subordinação a racismo e xenofobia, mas sim como forma de dizer não a uma eurocracia financeira, arrogante e cega.

De qualquer forma (e não menosprezando os enormes riscos, principalmente os que pendem sobre a paz e convivência pacífica) gostaria que os britânicos votassem claramente não.

Outras artimanhas os eurocratas irão inventar se tal acontecer, mas do murro no estômago, ou melhor dito, nas trombas, não se livrariam.

Aguardemos.

A UE é uma farsa que permite uma cortina atrás da qual se albergam variados interesses e ganâncias.
Pode ser que o brexit ajude na mudança de papel.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Contributos para um TGdA

Aboberices…

TGdA?!

Sim! É óbvio.

TGdA significa: Teoria Geral do Absurdo

Brexit
Não compreendo a preocupação. Se a não permanência na U.E. for a escolha dos britânicos a escolha dos que agem proclamando proteger os britânicos será anular a escolha e simular quantas as necessárias escolhas até que os britânicos escolham bem, ou seja, ficarem.
Sabemos que não seria a primeira vez...e que será no futuro o nº de vezes que se mostrar necessário para a lucidez prevalecer…

Trump
Corre-se o risco de ele ser nomeado presidente dos EUA.
E qual é o medo?
Sim, qual é o medo?
Não me digam que se corre o risco de os EUA invadirem o Iraque, o Afeganistão, a Líbia. De promoverem a guerra na Síria.
De afrontarem a Rússia usando povos como quem usa peões num jogo de xadrez (Ucrânia).
De promoverem modernos golpes de estado (que usam como armas a economia, a espionagem, a diplomacia e os media) como recentemente fizeram no Brasil.
De abafarem em petróleo os países produtores de petróleo.
De minarem a esperança que nascia na américa do sul.
De continuarem o bloqueio a Cuba apesar da generosidade (ingenuidade) cubana.
De manterem Guantánamo.
Não me digam, porque se o disserem, então sim, é preciso ter muito medo de Trump como futuro presidente dos EUA.

Glifosato
Uau, tantos que agora são especialistas em química. A um país assim o futuro só pode ser radiante ( nao confudir com nenhum derivado de radio)

Simplex
Sim, ótima ideia essa de não ser necessário preencher a declaração.
Mas… assim não há o quadradinho para a cruzinha. Pois...então nao pode ser.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Aboberices ou um filosofar de algibeira

A propósito da simplificação…ou do seu contrário…

Não há coisa mais difícil e mais injustamente tratada, que a simplificação.
Simplificar é difícil, mas depois de (se simplificar), todos se apressam a dizer: «mas é claro».
Incapazes de simplificar, muitos, na expetativa de transmitir aos seus auditórios aquele ar de eloquência que é próprio daqueles que desta, nada têm, e na espectativa dos aplausos, lançam-se num uso desenfreado de termos «complicados».
Depois do discurso, os eloquentes, adoram saber que ninguém percebeu nada do que disseram.
Essa é a garantiam que julgam adequada ao estatuto.
E são quase sempre bem-sucedidos.
Por outro lado têm também a garantia de que não serão contestadas (pois se não foram percebidas) as ideias expostas e muito menos, que sobre elas, alguém se atreverá a perguntar o que quer que seja.
Os discursos servem os seus propósitos:
Nada dizem, porque nada os seus autores tinham para dizer.
Os termos complicados e o arredondado discursivo transmitem a ideia de eloquência.
E porque nada dizem, também nada haverá para contestar ou lugar para dúvidas.
Haja palmas (e essas são garantidas) e eles ficarão satisfeitos.
Dependendo dos contextos, o uso de termos complicados e do discurso redondo pode ser substituído por frases fortes e curtas do tipo chavão.
Todo o resto se manterá.
Trata-se, nestes casos, de mera cosmética.

Simplificar…?
Para quê?
Além de que isso é difícil!

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Caldeirada



A presidência europeia da união europeia, a Holanda, num documento oficial distribuído a propósito de uma reunião daquilo a que eles chamam eurogrupo (designação que o corretor ortográfico teima em não aceitar e faz muito bem) promoveu um jornalista a ministro das finanças do governo de Portugal.
Se promoveu, está promovido. A fotografia do nosso novo ministro corresponde ao jornalista José Gomes Ferreira.
Os parabéns, obviamente, não dou. Mas pronto…eis o nosso novo ministro.
Afinal quem são os donos disto tudo han?!

Ficámos também a saber que o afilhado fica feliz quando o país está bem.
Que bom!
Mas… (adiante).

No Reino Unido – os ilhéus, coitados – teimam em referendar a continuação na união europeia.
Atrevam-se e serão uns infelizes para toda a vida, coitados.
Até Obama está preocupado e prometeu dar uma ajuda.
De facto é preciso dar uma lição aos ilhéus para que se deixem de parvoíces.
Na Síria, na Líbia, no Iraque lançaram democracia sob a forma de bombas.
De que forma enviarão agora sobre os ilhéus a dose de bom senso de que estes precisam?

Há, pois há. Há. Há.
Há plano B sim senhor.
Um esforçado jornalista (sempre eles, esforçados, abnegados, livres, isentos e sei lá que mais) descobriu-o sob a forma das cativações orçamentais.

E continuação da austeridade e subida de impostos?
Também há. Há. Há. Há.
Porque não sei quem da união europeia disse que ia haver, porque uma comissãozita de não sei quê disse que ia haver e porque o comentador de tudo disse na televisão que ia haver e porque um jornalista escreveu que ia haver.

Portanto…

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Nós já vivemos o futuro


Lembram-se?

Ficámos então, nesse futuro vivido, a conhecer os campos e as gentes que julgávamos já conhecer.
Conhecemos e apaixonámo-nos pelos sítios de onde antes queríamos fugir.
Passou a ser bom e a saber bem, viver onde vivíamos.
Receber visitas como recebemos.
Trocar abraços.
Aprendermos novo significado para a palavra camarada.
Aprendemos a cantar, mesmo os que hoje ainda não sabem.
Conhecemos poetas, escritores, revolucionários.
E tratávamo-los por tu.
Como se os conhecêssemos e conhecíamos.
Soubemos a que sabem os beijos.
Aprendemos a amar.
E para esse tempo futuro vivido, não fomos levados por máquinas nem por imaginações.
Não datámos o tempo, mas sabemos que esse tempo, o futuro, foi o tempo que alguns construíram.
Com muito esforço e coragem.
E hoje, com esse futuro tão distante é nos homens e mulheres que construíram esse tempo que penso e a quem quero deixar o obrigado.
Um obrigado a eles e a elas e um lamento por não termos sido capazes de guardar o futuro para os nossos filhos.
Hoje, é de novo passado.
É certo que que por vezes há uma aberta e um rasgo de sol surge tímido por entre as nuvens.
Mas é só uma aberta.
Já não sabemos o que significa a palavra camarada.
Mesmo aqueles que a usam.
Já não nos lembramos dos nomes dos homens e das mulheres que construíram o futuro que vivemos.
Os beijos já não sabem a sal, a sol, a amor.
Os abraços, são de circunstância.
Mas…
Alguns resistem.
Eu quero resistir.
Por isso, estas palavras, nas vésperas (quase vésperas) de nas ruas e praças, se comemorar o dia que foi então o primeiro dia do futuro que vivemos.
E por isso também, uma palavra de gratidão para os homens e mulheres que ajudaram a construir o nosso futuro.
E a esperança de ainda sermos capazes de dizer camarada.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Silêncios

Silêncios

E tantas vozes…

Nomes
Saiu de cena, recentemente e pela porta pequena, um personagem que marcou – negativamente – a história recente do país.
As marcas que deixou ficam gravadas a betão e perpetuam o nome de amigos e colaboradores próximos enlameados nas mais diversas lamas.
É uma perda de tempo lembrá-lo.
Se este apontamento aqui trago é para falar de nomes e no caso das pessoas, só os uso em relação àquelas que fazem por merecer essa condição.
Nunca usei nome para me referir á personagem.
E não tenho a menor intenção de o fazer em relação ao substituto, até porque ele próprio não deve gostar muito do seu próprio nome, já que faz questão de usar sempre cognome.
Chamar-lhe-ei, já que recuso o uso do cognome, afilhado.
E tal designação ocorre em contexto bem português e com significado preciso: «aquele que é apadrinhado por alguém».
Nada mais.
Pois o afilhado, frenético, na ânsia de ganhar agora, o que o eleitorado não lhe deu, todos os dias aparece a falar de qualquer coisa. Mas é mesmo de qualquer coisa, porque das coisas sobre as quais deveria falar, fecha-se em copas.
Nada diz sobre a grosseira e malcriada intromissão do homem das dragagens e da reprografia (onde imprime as notas) nos assuntos internos de exclusiva soberania nacional.
Nada diz sobre as criminosas fugas aos impostos de que se tem somente pequena perceção neste levantar de véu através dos papéis do panamá.
É traço do seu frenesim Julgar que foi eleito para governar.
O convite ao homem das dragagens se outra coisa não configura (submissão) configura pelo menos uma perceção confusa sobre o Conselho de Estado. Trata-se de um Conselho de Estado ou de um Conselho de Chefe de Estado?

quinta-feira, 10 de março de 2016

Coroação

Coroação

O rei foi coroado.
Há festa nas ruas e luz nas nossas vidas.
E almas (de todos os credos).
Todos. Todos. Todos. Gostam do rei.
Não é verdade?!
Quem se atreverá a não gostar de homem tão gentil e fraterno?!
Se houver, merece ser chicoteado.
O rei assinará o édito.

Lembrete

Quando em eleições internas do PCP uma determinada eleição atingia valores próximos da unanimidade, ou quando num dos países do chamado leste se escolhia por plesbicito e elevadas percentagens o seu Chefe de Estado, abundavam as anedotas e os ditos sarcásticos.
Os que o faziam, parece agora, que perderam, todo o sentido de humor.
O PSD só tem um candidato e parece reunir unanimidade.
O CDS só tem uma candidata e parece reunir unanimidade.
O PR (eleito há pouco, com 52% dos 50 e pouco que foram votar) projetam-no agora como o senhor desejado e amado por todos (tipo, grande líder do povo).
O mundo está mesmo virado do avesso e a coerência está extinta ou em vias de extinção.

Tipo raposa

Todos conhecemos a estória. As raposas gostam muito de uvas.
Passeando uma raposa sob alta latada e não conseguindo chegar aos cachos de uva, comentava para si, numa tentativa de justificação, não tem importância, as uvas ainda estão verdes», mas deu um brusco salto, quando persentiu que alguma coisa caíra lá do cimo. Azar da raposa, tratava-se de uma simples parra.
Pois assim parece Passos Coelho. Não há dia (agora) que não diga que bem, enfim, temos um Governo (e a custo, aceita, legítimo) e ele até aceita que dure o tempo da legislatura. Mas de imediato dá um pulo brusco sempre que lhe parece que uma parra caiu ou está para cair.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Ufa

Sobre o que vai

Adeus ó vai-te embora...
Saudades...so do futuro.

Sobre o que vem

O tal com nome de esquentador, presidente da comissão liquidataria, afirmou que este (agora)é o homem certo no lugar certo.
Se não fosse...quem nos iria indicar?

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Évora Comercial


Anda por aqui grande azáfama discursiva em torno da construção ou não construção de um Centro Comercial, ou de dois.

É uma discussão, como não podia deixar de ser, quase sempre pautada por razões de ordem ideológica e quase sempre destituída de argumentação plausível.

As decisões sobre abrir ou não abrir, abrir um ou dois, assim como as decisões de abrir ou não abrir uma mercearia no meu bairro, são – desde que respeitados os condicionalismos legais – decisão e problema para os investidores.

Se “dá” ou não “dá” para dois é questão que, quem investe, não vai descurar com toda a certeza.

Sobre os impactos que tal ou tais aberturas poderão provocar no comércio de base familiar são questões que estes agentes económicos terão de ponderar e tomar medidas para evitar ou minimizar eventuais consequências negativas.

Não parece que a inexistência de tais empreendimentos, tenha até agora, de alguma forma, contribuído para a vitalidade do comércio de base familiar.

Para esta discussão também quero dar o meu contributo.

O «universo» de eventuais clientes (no caso, com base em estudo associado ao empreendimento cuja construção se iniciou a sul) é de cerca de 300 mil pessoas. Aproximadamente o dobro da população do extinto Distrito de Évora e menos um pouco, do conjunto da população do Alentejo.

Sobre tal número, importa ter claro que não há uma territorialização de origens definida de forma estanque. Francisco Xavier Fragoso, Alcaide de Badajoz, disse. «Badajoz é também núcleo comercial importante do Alentejo e esta construção pode afetar o número de portugueses que visita Badajoz» ao que posso acrescentar que também (a construção) poderá afetar, trazendo a Évora, cidadãos de Badajoz.

E os 300 mil, possíveis clientes, a existirem dois centros comerciais, ao repartirem-se, não passarão a ser 150 mil para cada lado, mas sim, continuarão a ser 300 mil que repartirão destinos.

O Fórum Almada, afirma no seu sitio na internet, ter 18 milhões de visitas por ano. Não vamos extrair daqui, que todos os portugueses e uma parte dos espanhóis, visitam anualmente tal espaço.

A visita a Centros Comerciais e as compras, são atividades sociais e por isso, as dinâmicas que eventualmente ocorram em consequência da construção  e entrada em funcionamento de novos espaços, só podem ser entendidas na base das dinâmicas sociais e não por força de réguas, esquadros e máquinas de calcular.

Viseu (cidade), tem aproximadamente o mesmo número de habitantes e tem em funcionamento dois Centros Comerciais (12 salas de cinema).

A área de influência é maior? Sim. Mas também é maior a concorrência de outros centros urbanos próximos.

Deixando opinião, que mais não pretende ser que opinião e não me constituindo como adepto muito fervoroso de Centros Comerciais, julgo que investimentos e criação de postos de trabalho são bem-vindos num território sedento de tal.

Continuarei a ir ao comércio tradicional à procura do nosso pão, do nosso vinho, enchidos e queijos, frequentarei a loja do meu bairro e tomarei café nos cafés da cidade e irei ao Centro Comercial ao cinema e talvez para jantar, para poder estar até mais tarde em conversa com os amigos sem ter de olhar para a cara de enfadonho do dono do restaurante que após as sobremesas servidas à pressa anseia que a gente pague e se vá embora.

Fontes: www.economico.sapo.pt e www.tribunadoalentejo.pt , respetivamente a 25.11 e 29.11

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Nação Valente

Nação valente?

Um dia…um dia…talvez tenhamos sido, mas agora nem nação, somos.

E nem sabemos como, mas não somos. E valente, ainda menos.

Alguém (talvez D. Sebastião, irritado e degastado com tanto nevoeiro), um dia, uma noite (não sabemos) entregou a alguém (que não conhecemos) as chaves do país (era de esperar que esta mania tonta de dar chaves a torto e a direito a toda a gente iria dar mau resultado) e agora aqui estamos.

Primeiro, ansiosos que eles aprovassem o nosso orçamento, depois que não irritassem os «mercados», e agora, temerosos, sob a ameaça de «procedimento por anulação das reformas» e de calças na mão com um Plano B que eles vão impor como A.

Entretanto vamos brincando ao faz de conta. Fazemos de conta que elegemos deputados, que escolhemos governo e que ratificamos presidentes.

Pois assim sendo, abaixo o 1.º de Dezembro. Eles tinham razão, onde já se viu ter um dia para comemorar uma nação restaurada que já não existe?!.

Mas procedimentos contra a estupidez dos senhores sem rosto, donos disto tudo (do Atlântico aos Urais) ninguém se lembra de instituir.

Será possível que sejam tão estúpidos que não vejam que a borrasca está a rebentar um pouco por todo o lado?

De um lado serão (estão) pseudo nacionalistas fascizóides a aproveitar o descontentamento (por força da humilhação imposta), de outro serão (estão) os povos nas suas justas manifestações de dignidade e a condimentar a situação derivada, a repugnante ganância dos agiotas.

Neste caldeirão a ferver faltam poucos ingredientes.
Dos estúpidos não rezará a história, mas nesta, terão de ser de novo heróis, os povos valentes.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

BOMBONS


Daqueles quase esféricos, pequenos, cobertos de pratas coloridas, com recheio, com que por vezes nos brindam quando nos servem a bica.

Austeridade de direita e austeridade de esquerda

Leitão Amaro disse na AR que a austeridade de esquerda é maior e pior.
Mas claro que é! Por isso é que ele a divide entre austeridade de esquerda e austeridade de direita.
Como a que acompanha este OE (que ele designa como de esquerda) não penaliza mais, como habitualmente ocorria, salários e pensões e abre pequenos rasgos de possibilidade de recuperação de rendimentos aos trabalhadores, então, para Leitão Amaro é má e pior.
Que no próximo, a austeridade, nesta perspetiva, seja ainda maior e pior.

Sinceridade

Durão Barroso afirmou: “agora não sou da política e o meu nível de sinceridade está sempre a aumentar”.
Confesso-me com alguma disponibilidade para acreditar neste fabuloso assomo de sinceridade a começar por fingir que acredito na condição em que ele se diz agora.
Mas, vamos ter que esperar muitos anos, muitos mesmo, para que o homem possa atingir um patamar de sinceridade mínimo.
Mas deveria iniciar processo semelhante no que diz respeito a ter vergonha na cara.

O incendiário, de novo

Pronunciando-se sobre o acordo de Governo, teceu ele (o que agora não está na política e quando esteve não era sincero) duras críticas porque ele envolve a esquerda radical anti europa.
Pró europa, tal como ele, são os proto fascistas húngaros, os amigos do Brexit, os que culpam os estrangeiros das culpas que cometem, os que confiscam os bens a quem procura um abrigo.
Para ele, os que defendem uma Europa dos povos, de respeito e partilha, uma Europa promotora da Paz e garantia de liberdade e democracia, esses são radicais.
Viva o radicalismo que não mata e não mente.

FMI

Cheira-lhe de novo a sangue.
Depois dos povos da europa vítimas da chamada crise da dívida, eis que se perfilam novas vítimas: os povos dos países produtores de petróleo.
Já anunciaram: haverá dinheiro…em troca de austeridade (daquela austeridade que o Leitão português gosta).

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Planeamento


Uns afirmam que planear é desenhar o futuro que se deseja alcançar, outros, associando-lhe um sem número de outros complementos (sendo o complemento ” estratégico” o mais usual, presentemente) entendem-no como instrumento de ação e uso corrente.

Muitos, fazem dele o seu ganha-pão e outros, um objetivo.

É sobre o planeamento como objetivo que quero dedicar este apontamento.

Todos conhecemos. Planos que dão lugar a planos e planeamentos que dão lugar a nada a não ser a mais planeamento.

Está agora na berra a temática da reabilitação urbana.

Todo o processo conducente a ela tem que obedecer:
A uma Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial (um plano);
Um Plano de Mobilidade Urbana Sustentável;
A um Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano;
À definição de ARU- Área de Reabilitação Urbana (com plano);
A uma ORU – Operação de Reabilitação Urbana que têm de ser acompanhada por um Programa Estratégico (um plano).
À Elaboração de Planos de Por menor, que podem ser de Salvaguarda.
Aos respetivos projetos de obra.

Entretanto, nada.

Nem uma pedra mudou de sítio ou foi colocada no sitio onde falta, nem um canteiro viu arbustos, quanto mais uma casa reabilitada ou uma praça reutilizada.

A panóplia de instrumentos de planeamento e as discussões teóricas em torno dele, se a alguma coisa conduzem, é à inação.

Neste e noutros casos, planear é a melhor forma de não fazer.

A um plano, seguir-se-ão os planos necessários, para que nada aconteça, a não ser a produção de planos. 

E as cidades, principalmente os seus Centros Históricos, definharão.

E nos seus velórios encontraremos os planeadores, os decisores das câmaras que decidem sobre os planeadores e sobre os planeamentos e muitos outros intelectuais e especialistas.

E, com um requiem em tom de fundo, projetarão sobre as ruínas da cidade que foi, um power-point com a imagem da cidade do futuro que estão a planear para a cidade de que se despedem.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

JUROS A BAIXAR


Bolas.
Será assim tão difícil de escrever?

Mas é o que se está a passar (já há uns dias) e nada, ninguém noticia.

Mas se amanhã subirem dos valores que estão hoje, para os valores que estavam ontem, então esperem para ver…

Como contributo deixo a informação (extraída de um pequeno quadro publicado pelo Jornal de Negócios (www.jornaldenegocios.pt) sobre as taxas de juro das yield, segundo a Six International Information

A 2 anos: 0,789 – ontem estavam a 0,846 – baixaram 0,057
A 5 anos: 2,368 – ontem estavam a 2,534 – baixaram 0,166
A 10 anos: 3,266 – ontem estavam a 3.442 – baixaram 0,176

Não têm de quê. Só pretendi dar o meu contributo.
Os senhores (donos de jornais, televisões e afins) decerto não repararam, porque se tivessem reparado, tinham chamado para primeira página tais notícias…

Pois…não duvido.

Ainda e sempre a propósito do mesmo, conhecemos hoje mais uma série de preocupações sobre o nosso OE. Gostamos de saber que há quem se preocupe, mesmo que não saibamos sequer pronunciar o nome, de onde é e o que faz e porque carga de águas está preocupado e com o quê é que está preocupado.

Creio que os preocupa a eliminação dos cortes nos salários, nas pensões e em outras matérias sociais a par do aumento (ténue) da carga fiscal sobre bancos e fundos imobiliários.
Porque retirando isto, o OE é igual ao OE anterior (mais coisa, menos coisa).

Começa a ficar claro o que é esta U.E. (para quem ainda tinha dúvidas) e a continuar assim, ai desmorona, desmorona, Sr. Tusk.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

VALORES


Repito a ideia que venho perseguido de há um tempo a esta parte e que consiste na constatação de que há um patamar novo na forma de condicionar ideias, através dos órgãos de comunicação social.

Se antes a questão consistia em fazê-lo, mesmo que alternadamente, em torno dos «valores» de um centro (centrão) ideológico, no qual assentavam os pilares do arco governativo, agora que se procedeu a algumas alterações (pontuais) nesse tipo de estrutura, os «valores» difundidos já não incluem «parte» desse anterior centrão e excluem mesmo, de forma por vezes até grosseira, o PS e o Governo.

Do PCP e do Bloco, quando difundem, fazem-no sempre na perspetiva de isso poder ser útil ao objetivo central e este consiste em criar as condições que minem a estabilidade do Governo.
E fazem-no não porque não gostem do PS (gostavam e muito, até há pouco) mas porque não gostam nada da mudança em curso.

O PS bom é o PS igual ao PSD e ao CDS. O PS do centrão e da submissão aos ditames dos chefes da U.E.

Em ciência não há neutralidade axiológica mas há a obrigação de o investigador identificar com clareza o seu ponto de partida para a análise.

Talvez fosse útil colocar aos donos dos órgãos da comunicação social imposição de semelhante valor. Ninguém esperaria que mudassem mas exigir-se-ia que se assumissem.
Talvez assim, o que nos impinge como noticia, se tornasse claro que mais não é do que, opinião ou vontade. 

Primeiro foi a ressonância do falso discurso do ganhámos. Depois o eco do discurso do governo ilegítimo, depois o barulho do orçamento, agora a vontade de ver os juros da dívida subir.

Bons patriotas estes senhores donos disto.

Uma nota final sobre a questão dos juros. Fico por vezes com a ideia da ansiedade com que alguns esperam pela abertura dos mercados (de dívida secundária) para «noticiarem»: «juros da dívida sobem».

Fizeram-no ontem (às 08:45, hora de Portugal) e «noticiaram» logo. Só que…ontem os juros baixaram.

Os especialistas nestas matérias sabem e conhecem os mecanismos e sabem que, com base em metodologias diferentes se podem obter resultados não coincidentes.

Veja-se por exemplo:

Hoje, a Bloomberg e a Reuters anunciavam os valores seguintes : dívida a 10 anos – juros de 3,640; dívida a 5 anos – juros de 2,615 e dívida a 2 anos – juros 1,309.
Também hoje, os valores apresentados pela Six International  Information  eram, respetivamente: 3,442 (menos 0,198); 2,534 (menos 0,181) e 0,846 (menos 0,463).

Com base em:
Económico.sapo.pt/noticias/juros-da-divida-sobem-em quase-todos-os-prazos_242797.html   e
www.jornaldenegocios.pt/cotacoes/divida

Peanutes diria alguém.

Mas o que importa é a formatação e não a informação.

Os valores que se lixem…

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

ALENTEJO?


O INE, através do seu Portal, dá a conhecer mais uma edição de «O Alentejo em números».
Com todo o respeito, quero deixar claro que esse Alentejo, assim retratado, não existe.

O Alentejo retratado pelo INE (condicionado pela lei) é o Alentejo das tecnocracias, artificial, destinado a Bruxelas e aos seus ditames.

O Alentejo é grande, mas não é tão grande como o pintam. Nele não se inclui Santarém ou Rio Maior, Almeirim e Constança.

Não tem por isso 733370 habitantes mas sim, neste momento, um pouco menos de 500000.
Não tem a área que indicam, as cidades e vilas são em menor número.

O Alentejo que retratam não é o Alentejo que conhecemos todos, mas sim um Alentejo artificial que é urgente desconstruir.

Quando os estudos nos são apresentados de forma isolada por cada uma das NUTs III, ainda conseguimos fazer as devidas correções, agora – como é o caso – a informação nos aparece agregada a toda a NUTs II, o que nos é apresentado, não corresponde.

Obviamente que não se trata de um erro do INE e muito menos de uma opção própria, trata-se isso sim, de um erro – melhor: de uma aberração – legislativa.

O Alentejo ao Alentejo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Ventania


Assim como se espalhadas pelo vento…

Pena
Herr Shauble tem pena dos portugueses.
Os portugueses de há muito que sabem que o que tem penas são as galinhas.
E outros pássaros, passarinhos e até passarões.
Cuide-se Shauble e cuide ele do seu Deutsche  Bank (a coisa está preta, não está, caro Herr?) e deixe os portugueses cuidarem de si próprios.

Juros
Desapareceram as notícias sobre taxas de juros.
Quando subiram, a culpa era do OE (que ainda não é) e não dos maus resultados da economia em 2015 (que já foram).
Agora que baixam, a que se deve?

Mariano
Este vizinho, atolado até ao mais empertigado cabelo, em escandaleiras de toda a ordem, também está preocupado e assusta os espanhóis: «estão a ver o que se passa em Portugal?».
Mas o que se terá passado em Portugal que tanto o assusta?

Produto novo
Consta que Portas será o novo comentador de Portugal. Talvez SIC, Talvez TVI.
Que produto, vão produzir agora?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Abjectividade



Obviamente que descuro o sublinhado que o corretor ortográfico usa para chamar a atenção de erro.

Sou recorrente neste tipo de erros.

E o título assim escrito relaciona-se com muito do que se passa na comunicação dita social.
A acompanhar a nova situação política há uma situação nova que finalmente traz para a claridade aquilo que existindo, estava um tanto ou quanto obscuro, ou seja, não há comunicação social livre, ou até mesmo só tendencialmente livre, mas sim, só um conjunto de serviços informativos formatados pela ideologia dominante.

Factos

Depois das eleições foram caixa-de-ressonância dos patéticos discursos da ilegitimidade da solução democrática encontrada para formar governo.

Depois, de novo, alinharam no papão europeu de não aprovação do orçamento. Sempre de cócoras no papel de aluno subserviente e queixinhas.

Agora agitam as bandeiras do irrealismo das metas.

Aterrorizam com a subida vertiginosa (nas palavras deles) das taxas de juro da dívida.

Ficamos a saber pelos seus importantes alertas que esses valores estavam hoje (às 09.45, porque às 09:46 os valores já podiam ser outros) ao nível de …2013. 2013?

Paralelamente, sabemos que em subida se encontram os valores dos juros de…Alemanha e França (Ai o irrealista OE Português os males que traz à Europa…)

E também sabemos que descem em Espanha; Itália e…Grécia.

Ah pois…

Os investidores querem lá saber dos pormenores (zinhos) das nacionalidades em Espanha, da não existência de Governo, dos problemas (zinhos) de Itália e da Grécia.

O irrealista OE do Estado Português esse sim, pode desequilibrar toda a Europa e pelos vistos é até responsável pela situação grave que se passa no Deutche Bank.

Realista era ele contemplar como definitivo o que nos disseram que era temporário. Manter a sobretaxa, os cortes nos salários e nas pensões e medidas «estruturais» semelhantes. Isso sim é realismo.

Mas os órgãos de informação do regime apresentam outros traços interessantes.

Na greve da função pública recente, aceitaram, divulgaram e não piaram sobre as percentagens de adesão divulgadas pelos sindicados.

Num tempo muito recente…

Divulgam também com fulgor todas as posições de BE e PCP que sejam contrárias ao PS no Governo.

Interessante…



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

SELOS de GARANTIA



Muitos de nós. Mas mesmo muitos. Temos uma fé inquebrantável (e a redundância não é mero exercício) em determinados selos de garantia.

Apostos eles e nada mais há para dizer e muito menos para duvidar, quer se trate de produtos, ou mesmo ideias.

Alguns exemplos:

Verdades cientificamente provadas:

Foi (é) quase sempre o arremate final em muitas discussões, quase sempre expressa assim: «desculpa lá! Mas isso está cientificamente provado».
E assim chegados, não há mais espaço para questionar, para procurar saber como foi o «processo científico» e muito menos para contra argumentar.
A ciência ao serviço de dogmas e a anular-se enquanto tal.

É verdade! Deu na televisão.

Pronto. Deu na televisão é verdade. Passou a ser real. Mesmo que algum tempo depois, em nota pequena, se tenha admitido o “erro”, o facto, só porque foi objeto de cobertura televisiva passou a real, mesmo que tenha sido só mera e grosseira encenação.
Por mim, inclino-me muito mais para partir de constatação contrária, ou seja…se “deu” na televisão convém ter alguma reserva…

A Europa não deixa.

Este é o mais recente dos dogmas. Se queremos diminuir o iva das bicas, se se deve taxar a 13 ou a 23 as ervilhanas ou alcagoitas, se … surge logo a questão derradeira: «Não pode ser! A europa não deixa! E se alguém argumenta: «então saímos da europa» é pronta a resposta: «Não pode ser…a europa não deixa».

Porra!
Não está cientificamente provado.
Não deu na televisão
E a europa não deixa.

Por isso. Porra não.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Um sério problema

Confesso que num primeiro impulso pensei em abordar a questão na base da ironia. E essa base residia no facto de parecer não fazer sentido falar-se e fazerem-se em Portugal eleições, quando se verifica que é «bruxelas» que dita as regras e as consequências do seu não cumprimento.

Quando esta abstrata figura, «bruxelas»,até com o IVA das nossas bicas se mete, creio que se justifica que a ironia passe para uma preocupação muito séria.

Em Portugal, os que passaram a vida a acusar outros de falta de patriotismo, assinaram de caras o que não conhecemos, mas cujas consequências são a mais grosseira perda de autonomia.

À luz do direito, tais compromissos, assumidos por aqueles em quem confiámos para garantir e fazer garantir a Constituição e o seu princípio central de soberania nacional, deveriam constituir-se como atos de traição à pátria e como tal, julgados.

E esses, têm nome. São os que assinaram Maastricht, Lisboa e outros tratados (atentados) à soberania nacional.

Mas não só não são julgados como ainda se arvoram em agentes dos usurpadores da nossa soberania. É ouvi-los clamar que não nos resta outro caminho que não seja o de cumprir, rigorosa e cegamente, o que «bruxelas» impõe.

Miguel de Vasconcelos, ao pé destes, foi um pobre infeliz. Não se estranha pois que tivessem acabado com o feriado do 1.º de dezembro.

Outros, com bocas mais pequeninas e culpas só assentes na estupidez que patenteiam, esganiçam: «pediram? pois agora paguem! e cumpram as regras».

Não se interrogam sequer sobre quem pediu e para que pediu e muito menos sabem que há mais mundo para além deste clube de bruxelas e que nesse mundo, todos os dias e a todas as horas se processam operações de dívidas públicas. E também não sabem que, todos os países, têm dívidas públicas e que os EUA têm uma das maiores do mundo.

No entretanto…energúmenos suecos, de rosto tapado, juntam-se em manada e atacam crianças filhas de refugiados.

Em paragens próximas confiscam os bens miseráveis dos refugiados lembrando práticas nazis em que nem os dentes (de ouro) das vítimas escapavam.

E «bruxelas» não age, não ameaça.

Sobre isto nada tem para fazer cumprir, o que é aliás isto ao pé do IVA da bica dos portugueses?

Jorge Sampaio disse que estamos prestes a ter um problema muito grave.
Não estamos prestes. Estamos perante um problema muito grave.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Contributos para um dicionário de europees

Contributos para um dicionário de europeês

Economeira – Ciência oculta que nasceu da implosão da economia  a cujos destroços associaram os ditames financeiros.

Divida – Sistema central da economeira através do qual se procede à moderna delapidação dos patrimónios dos povos.

União Europeia – Processo nascido de uma sucessão de medidas clandestinas lesivas da independência e soberanias nacionais.

Porreiro Pá – Grito de guerra proferido no final de uma das cimeiras clandestinas na qual se usurparam independências e soberanias.

Euro – Mito moderno sem o qual a vida não é possível. Moeda da economeira através da qual a Alemanha está a conseguir tudo o que tentou através das guerras e não conseguiu com estas.

Comissão Europeia – Grupo de ativistas da economeira que ninguém conhece de lado nenhum mas que põem e dispõem em todo o lado.

Governos nacionais – Delegados submetidos aos ditames da Comissão Europeia.

Parlamento Europeu – Coisa gigantesca com complexos de inferioridade.

Fundos Europeus – Fabulosa encenação para entretenimento e ilusão das vítimas da economeira.

Construção Europeia – Processo iniciado com base num projeto menos mau, mas que com o decorrer do tempo foi sofrendo alterações, o que, associado às escolhas dos empreiteiros, deu lugar a uma «coisa» prestes a implodir.

Democracia – Sistema anterior à construção europeia e com base no qual, os cidadãos escolhiam através do voto os seus governantes. Na atualidade, continuam alguns simulacros, mas os governantes escolhido têm de se subordinar ao «poder do escritório» de Bruxelas.

Eurocentrês – Corrente filosófica em torno da qual se constrói a ideia que a Europa é a União Europeia e que não há vida para além dela. Nos outros países do mundo anseia-se desesperadamente para que um dia os deixem fazer parte deste mundo maravilhoso. Os seguidores do eurocentrês que já uniformizaram a economeira, preparam-se para uniformizar outras áreas. Côr da pele; dos olhos, altura, formas de andar; língua e cultura, gastronomia e outras.

E por aqui, vamos cantando e rindo.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Presidenciais, claro

Ila (i)ções

Pululam os analistas fabricando teses a propósito do descalabro eleitoral do candidato Edgar Silva que foi apresentado e apoiado pelo PCP.

Fabricam eles que, tendo sido assim, o «peso» do PCP no acordo que conduziu à formação do governo atual, se torna bastante mais reduzido.

Há mais vontade de fabricar – e fabricar nesse sentido – do que em analisar.

Começo pelo óbvio: o resultado de Edgar Silva é desastroso. E sendo-o, não compreendo os discursos redondos e até deselegantes por parte de dirigentes do PCP ao invés de darem a mão à palmatória e reconhecerem o óbvio.

Por outro lado, ao terem proposto e apoiado é também óbvio que deram o flanco para este tipo de fabricações.

Mas, sobre a fabricação.
Sugiro que se analisem então as eleições presidenciais na sua relação com as eleições legislativas, porque é isso que estão a fazer com Edgar Silva e o PCP.

Assim:
A candidatura de Marcelo, na sua relação com os partidos que o apoiaram PSD e PP sai beneficiada em mais 324121 votos.
Consegue fidelizar o eleitorado do PSD e CDS e acrescenta-lhe mais 15%.
(Como se tivesse sido assim...)

As candidaturas de Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém, no conjunto (e considerando que ambas foram apoiadas pelo PS) perdem em relação a este (PS), 490296 votos.
Só conseguem fidelizar 72% do eleitorado do PS.

Marisa perde em relação ao Bloco, 81571 votos.
Fideliza 85,2% do eleitorado do Bloco.

Edgar perde, em relação à CDU, 263074 votos.
Só fideliza 41% do eleitorado da CDU.

Estes são os números e as relações óbvias.

Procurar passar a ideia que só Edgar não consegui fidelizar o eleitorado da CDU e que isso se traduz numa perda da influência da CDU é mera fabricação de desejo.

Analisemos as Presidenciais enquanto tal, ou seja, enquanto Presidenciais e, por mim, creio que há um universo de factos que lhe estão associados e que devem merecer toda a atenção analítica.
Desde que se faça com o mínimo de isenção exigível.
E esse mínimo de exigência não implica a abdicação do nosso entendimento e ideia de partida, antes pelo contrário. Todos metemos um pouco de nós na análise.
Não partilho nem existe neutralidade axiológica.

Por mim, declaro, que simpatizei com a candidatura de Edgar Silva.
Tal facto não me dá o direito à distorção.
Os outros, os que nutrem outras simpatias de partida – que nem sequer têm o cuidado de identificar – também não têm o direito de distorcer.

Às Presidenciais o que é das Presidenciais.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Surpresas


Se há coisas pelas quais as eleições presidenciais de ontem podem ficar marcadas, não será pela existência de grandes surpresas.

Algumas, houve, no entanto.

A eleição de Marcelo à primeira volta não é surpresa.
Os resultados de Maria de Belém, não são surpresa.

Meia surpresa podem ser os resultados de Marisa (apesar dos quase 100 mil votos a menos face ao resultado obtido em Outubro de 2015 pelo Bloco) e surpresa inteira e grande a baixa votação de Edgar Silva.

Confesso que esperava que Edgar Silva, até como resultado da sua postura de certa forma nova e não encaixável no padrão dominante no PCP, tivesse uma votação que não se desviasse muito da votação que considerava consolidada e esta situa-se próxima dos 400 000 votos.

Mas não, Edgar Silva teve menos de metade dessa votação.

Sou de opinião, que as razões para tal devem ser procuradas, não tanto no candidato (mas também) mas principalmente no Partido que o propôs.
O candidato foi um bom candidato (os resultados obtidos na Madeira assim o atestam) e a sua candidatura uma decisão acertada do PCP.
Então o que não correu bem?
Essa é uma discussão a travar noutro espaço.

A análise dos resultados,  evidencia-nos que os resultados para eleições presidenciais são quase sempre inferiores aos resultados para outras eleições que ocorrem no mesmo período ou em períodos próximos:

A exceção ocorre em 2006, em que a candidatura de Jerónimo de Sousa obtém mais votos que os obtidos pela CDU nas legislativas de 2005.

Francisco Lopes em 2011 só obtém 68,1 % dos votos (-140 931) que a CDU obtém nas legislativas do mesmo ano.

António Abreu em 2001 só obtém 58,6% dos votos (-156669) que a CDU obtém nas legislativas seguintes, em 2002.

E agora Edgar Silva, obtém 41% dos votos (-263074) dos obtidos pela CDU em outubro passado.

É uma diferença muito grande que não pode ser explicada pela tendência.
Existirão outras razões.

Nota: Afirmei aqui que estava convicto que iria haver uma 2ª volta. Enganei-me. Por pouco, mas enganei-me. A saqueta funcionou. Misturou-se água e escolheu-se um presidente.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Contrastesaridades

Primeira

A política mudou. Mas mudou mesmo. Já não são dominantes aquelas figuras sinistras, com meia cara de gozo e outra meia cara de prazer pelo mal feito, que anunciavam, com a cadência de relógio, cortes, cortes, cortes. Nos salários, nas pensões, nas prestações sociais, evidentemente.
Mas na comunicação social tudo continua como antes. Os DDT(s) perderam os cães de fila (muitos, mas não todos) que tinham atiçado para o poder, mas não perderam o poder de dispor dos media.
Para a reportagem ou apontamento sem importância vão surgindo umas caretas novas, mas para o comentário, o douto comentário, o comentário dos comentadores especializados em especialização, mantêm-se os mesmos anafados de há 30 ou 40 anos, com os discursos redondos das inevitabilidades, dos mercados, da europa e do raio que os parta.
Não vai dar bom resultado, esta coisa.

Segunda

O trabalho destes doutos foi deveras eloquente nas diatribes a que chamam análises, após o debate entre nove candidatos à Presidência da República.
O professor – o afilhado – foi magnânimo, espetacular, de uma inteligência superior. O professor – o afilhado – soube gerir o silêncio.
Não, ele não estava a fugir às questões, estava a gerir o silêncio.
E é com esse silêncio que quer fugir ao seu passado – deixemos o passado mais longínquo, o passado das suas conversas com o padrinho no qual parece ter ido buscar inspiração para as suas conversas em família, concentremo-nos no passado recente – quando elogiava Cavaco, abraçava Salgado, dava cobertura a Passos e Portas. Quando dizia que era verde o que logo a seguir afirmava ser azul.
Com um passado destes, só lhe resta mesmo gerir o silêncio.

Terceira

O TC – o mesmo TC que considerou como inconstitucionais os cortes de salários dos funcionários públicos, mas que arrematou, proclamando:« bem, mas os que já foram feitos…já foram» e que logo em seguida permitiu que os mesmos fossem repostos em versão mais ligth vem agora proclamar como inconstitucional o corte das subvenções vitalícias e proclamar o direito às «vítimas» a receberem os «devidos» retroativos.
Os argumentos são verdadeiras pérolas de linguagem antissocial.
Alguns dos coitados viram-se na contingência de pedir ajuda às famílias. E …não é juridicamente correto defraudar justas expectativas.
Aos funcionários públicos a quem cortaram os salários não lhes foi perguntado se tinham famílias a quem pudessem recorrer.
Os salários dos trabalhadores, contratualmente definidos e estabelecidos por lei, não se constituem como uma garantia jurídica intocável. Aqui não há justas expectativas.
Irra.

Quarta

Voltaram os discursos da desgraça. Os mercados estão zangados. A europa não vai permitir. Os juros vão subir. A Srª Merkel vai zangar-se. Vamos ser como a Grécia.
Tudo isto porque o governo devolve o que o governo anterior roubou.
Passos, sem corar por um momento que seja, insurge-se contra o que define de aumentos trimestrais para os funcionários públicos.
O mesmo Passos, que tirou e que nas últimas eleições (há pouco mais de três meses), afirmou a existência de condições para devolver.
É preciso lata. Muita lata.

Quinta (que não é apropriadamente uma contrastesaridade – seja lá isto o que for)

Como provavelmente não escreverei antes das eleições de domingo (não sei) e porque não preciso de contar até 100 e gosto de eleições (o professor, suporta-as) quero deixar aqui expressa convicção que até há pouco, não tinha.
É minha convicção que o professor vai ter que continuar a contar…talvez até mil ou mesmo mil vezes isso ao cubo e que iremos ter uma segunda volta.
Tenho 50% de possibilidade de acertar.

Saquetas

- Viste? Viste? Esses, os que estão ao teu lado. Também levam daquelas saquetas de que te falo.
-Que saquetas?
-Não vês?! Caramba, as prateleiras estão cheias! Vou levar também!
-Ai, ai, ai. De novo?! Ainda estamos a pagar a bimbi, o bmw, as férias do Brasil de há dois anos. O cartão de crédito já pifou. O crédito salário está a rebentar.
-Quero lá saber, não somos menos do que os colegas e vizinhos e se eles têm, nós temos que ter!
E o decidido está decidido, vou levar uma saqueta, diz que é só misturar água, mexer com colher de chá e sai um presidente comentador…
É fácil!
Nem tem a chatice de termos de pensar!
E fazemos como fazem os nossos vizinhos e colegas.

-Alguns não fazem….
Ora.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Em vias de extinção


Estão definhando, os blogues.

Alguns dos que seguia já fecharam portas.
Em alguns casos, tal definhamento pode ter resultado de se terem julgado, em determinados momentos, órgãos de comunicação social.
Sem que tal, lhes ficasse mal, digo já.
Realçavam a contagem de visitas e os leitores on line a cada momento, publicavam (em nome de uma pretensa isenção) todo o tipo de comentário ordinário, procuravam estar «em cima» do acontecimento.
Por aqui, na cidade, chegou mesmo a haver, em surdina, uma batalha pelas «audiências».
Alguns conseguiram, de forma muito positiva, desempenhar esse papel de órgão de comunicação social. Através deles erámos informados de factos e ocorrências e isso, numa cidade pequena como aquela em que vivemos, assumiu grande importância.
Com o seu encerramento, voltámos ao mesmo de antes. Folheia-se no café ou no barbeiro a folha local. Passamos pelo placard da Praça.
O «espojinho» esse, em verdade, nunca foi um blogue.
É o meu cantinho partilhado com amigos.
Não quis ser mais. Não quer ser mais.
Vou vendo, a cada momento, o que fazer dele. Se lhe dou o rumo que agora é dominante ou se também nisso, remarei contra a maré?
Veremos.
Mas sou de opinião que há um espaço, virtual, para um blogue informativo sobre a cidade. Espaço onde não caibam a ordinarice o os heróis da treta.
Onde haja informação, ideias, debates.

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Utopias


O velho coordena os movimentos com os movimentos do sol. Levanta-se quando este nasce, deita-se, quando ele se deita.
Este movimento é para ele inquestionável. Todos os dias, da sua longa vida, testemunham tal. Ele sabe que há quem diga que não é assim, mas esses, estão errados. A realidade sobrepõe-se.
Um dia destes, ao comer a torrada, pela manhã e estando sozinho na cozinha reparou na torradeira. Quem teria tido ideia tão interessante?
Coisas...mas logo concluiu que a realidade se sobrepõe e assim sendo, não tem nada que se pôr a magicar tais coisas.
A realidade é a torradeira.
A que junta o telefone, a televisão e outras modernices…reais.
Ai como devem ser infelizes as pessoas que se moem pensando nos porquês das coisas ou pior ainda, sonhando em mudar as coisas.
Pensa.
As coisas são o que são.
A realidade sobrepõe-se.
Pensa e não vai além disto.

Bom regresso ao teu mundo, velho.
Por aqui, neste princípio de ano, muitos sonham com um mundo novo.
A sério.